Seu corpo estava leve, como se tivesse relaxado , o raio do sol ultrapassava o vidro da janela clareando seu rosto para mostrar que um grande dia estava por vir, ela abriu os olhos despertando e sentiu sobre o corpo um fino lençol a cobrindo. Uma mão lhe abraçava pela cintura e ela reconheceu no mesmo instante de quem pertenciam aquela mão, olhando de esgueira ela viu quem dormia ao seu lado. A lembrança da noite anterior lhe invadiu a mente, assim como o excesso de bebida que surgiu naquele mesmo momento. Ela segurou com cuidado sua mão e o colocou pro lado para não o acordar e correu para a primeira porta que viu dando de cara com o banheiro, se ajoelhando no chão agarrou o cabelo para cima num coque frouxo e se debruçou sobre o vaso a fim de se livrar daquilo que estava acabando com seu estômago.
Não demorou em jogar tudo fora, usou a escova de dente de Jonathan e o pente de cabelo, ficou visivelmente envergonhada ao notar seu corpo nu em seu banheiro e se xingava mentalmente ** deixar que aquilo chegasse até ali. Se alguém descobrisse mataria sua reputação. A imagem de seu pai lhe invadiu a mente "não chegue tarde" ele definitivamente iria te m***r quando descobrisse que não dormiu em casa. Saiu do banheiro correndo agarrando suas peças de roupa espalhada pelo quarto e relembrou a cena da noite anterior.
Encarou mais uma vez aquele rapaz sonolento na cama e sorriu ao saber que algo como aquilo tivesse acontecido com ela. Jonathan se mexeu virando para o outro lado e voltou a dormir, o lençol cobria apenas seu bumbum permitindo que Hannah visse uma última vez o corpo musculoso do jovem.
O taxi que chamou pelo aplicativo já estava a sua espera e Hannah temeu pelo que lhe esperava em casa. Apreensiva por todo o caminho tentava bolar uma boa desculpa para contar para seus pais sem revelar a verdade pensou em ligar para alguma amiga para ser seu álibi, mas aquelas alturas todas ainda estariam dormindo e não pensou em mais ninguém para cobri-la. Tirou o salto quando alcançou a porta dos fundos e entrou de fininho torcendo para que sua irmã caçula não estivesse acordada e a relatasse.
Quando encontrou seu quarto trancou a porta aliviada e correu trocar de roupa. O primeiro passo havia dado, agora era arrumar uma desculpa para contar aos seus pais.
Batidas na porta lhe chamou atenção, já trocada e removida a maquiagem seguiu até a porta e abriu vendo sua mãe.
_ Posso entrar?
_ Sim – ela olha pra mãe um pouco menos apreensiva, pois sabia que com ela a bronca seria mais branda.
_ O que aconteceu?
_ Nada não – ela tenta sorrir.
Sua mãe caminha até sua cama e se senta dando leves batidas no colchão para que a filha também se sentasse.
_ Filha, eu sei que não dormiu em casa, a menos que você queira ter essa conversa com seu pai, é melhor dizer pra mim e veremos o que podemos fazer juntas. – sua voz foi acolhedora fazendo a filha se deitar em seu colo.
_ Acho que fiz besteira mãe
_ Então me conta o que aconteceu, quem sabe assim eu posso te ajudar.
_ Eu não consigo – declara triste.
_ Tudo bem, quando você se sentir confortável me conta. Mas promete que não deixará nada de fora.
_ Tá bom mãe eu prometo – ela sorri fraco, envergonhada com o que fizera.
_ Vamos para a sala assistir alguma coisa que Maria logo servirá o almoço.
_ Onde o papai está?
_ Ele saiu pela manhã, disse que resolveria algo na empresa.
A jovem concordou e seguiu até a sala atrás da mãe.
Dois meses depois
_ Como está se sentindo?
Hannah encarou o homem a sua frente, decidiu ir até ali sem o conhecimento de ninguém, temia ser julgada por qualquer que seja. Na bancada, um porta-retrato sustentava a fotografia de uma grande família, com um casal e cinco filhos e dois cachorros filhotes, num grande jardim com bexigas penduradas nas árvores, ela sorriu ao imaginar ter uma família tão grande como aquela. Atrás do homem um grande diploma destacava o nome do doutor Freeman que foi formado há trinta anos, ao lado daquele outros cincos diplomas enfeitavam a parede, todos na área de medicina. Os olhos do médico se viraram para ela após ele anotar algo.
_ Me sinto enjoada, já tem dois dias.
_ Como está sua menstruação? Está atrasada?
_ Só esse mês, era para ter vindo há três dias.
_ Consegue se alimentar?
_ Muito pouco.
_ Tem namorado?
_ Namorado? – ela pensou, não tinha namorado, entretanto tivera um relacionamento de uma noite com a paixão secreta de sua vida, balançou a cabeça sem saber o que exatamente aquilo significava – sim.
_ Senhorita Marques, está grávida.
_ Grávida? – espantou, tinha suspeitas, mas se negava a creditar. Mas aquela confirmação a deixou desnorteada, seu pai lhe mataria.
_ Vou lhe passar um remédio para te ajudar a se alimentar e um analgésico caso tenha dores de cabeça ou até mesmo nas costas. É super comum ter dores de cabeça e tonturas, então lhe aconselho a se alimentar bem e vou te passar vitaminas para implementar aquilo que você não consegue comer.
Ela estava zonza com a notícia, pegou a receita médica e agradeceu antes de se retirar do consultório. Dar essa notícia para seus pais não seria fácil, seu pai não era daqueles que seria fácil lidar com aquela situação. Tinha que tomar alguma decisão.
Seu pai terminava de almoçar quando ela chegou, sem saber o que faria naquele momento Hannah enfiou o pequeno saquinho com os medicamentos comprados na farmácia dentro da sua bolsa e seguiu até a sala de jantar quando seu pai acenou.
_ Filha vamos almoçar, temos que ir para a empresa daqui a pouco para uma reunião. – informou dando uma garfada em sua comida.
Ela encarou a mesa farta e sua comida favorita estava posta, sua mãe sorriu convidando-a para se sentar, sua irmã menor Julia, comia sem cerimônia a comida sem medo de sujar a manga da blusa e sentiu seu estomago embrulhar.
_ Obrigado, mas não estou com fome, comi na cidade. – colocou a mão de leve no rosto para disfarçar e tampou a boca.
_ Tem certeza? Fiz sua comida preferida. – sua mãe lhe encarou surpresa por sua filha nunca recusar seu prato mais famoso.
_ Sim.
_ Filha, você está um pouco pálida – seu pai observou – está tudo bem?
_ Sim, não se preocupe, vou me arrumar para irmos para a empresa.
Hannah correu escada acima antes que alguém protestasse algo.