Capítulo 29

1399 Words
Nina narrando: — Na verdade. — Ele disse quando finalmente parou de rir. — Na verdade, eu cresci em Houston. Está era, é minha casa. Minha mãe biológica, ela gostava muito de jardinagem e adorava plantas e árvores. Ela se sentava comigo por horas, me contando sobre cada árvore ou planta que víamos. Claro que, depois da mudança, esqueci a maioria do que ela havia compartilhado comigo, mas me lembrei o suficiente para saber sobre o interesse dela, por isso pesquisei sobre isso, a memória do vampiro entrando em jogo. Você sabe que costumávamos cultivar nossos próprios vegetais. Minha mãe costumava, mas eu costumava ajudá-la, sendo tão próximo quanto eu era dela. Não me lembro muito disso, mas eu me lembro que costumava trabalhar muito para cultivar nossa comida, e o sabor daqueles vegetais era diferente de qualquer outro. — Oh! — eu disse, sem saber mais o que dizer a ele. Ele parecia tão chateado e perdido que eu quase quis dar um abraço no homem. Não pude deixar de me perguntar se eu também sentiria falta de meus pais algum dia como ele. — Você tinha irmãos? — Eu perguntei, tentando aliviar o clima. Ele acenou com a cabeça. — Uma irmã mais velha, Emily. Ela era cerca de sete ou oito anos mais velha que eu, não consigo lembrar a idade exata. Minha mãe teve problemas para manter a criança, e até mesmo para as crianças que sobreviveram aos nove meses, a maioria deles morreu antes de completar quatro ou cinco anos. Emily e eu fomos os únicos dois a sobreviver dos cinco que nasceram. — Sinto muito. — Eu disse em um sussurro. Eu havia estudado a taxa de mortalidade e como ela era alta antes que instalações médicas adequadas fossem inventadas, mas isso ainda era chocante. Ele apenas deu de ombros em resposta. — Foi há muito tempo. Balancei a cabeça. — Então, você era o bebê da família? — Questionei com um sorriso. Ele escondeu o sorriso enquanto acenava com a cabeça. — Sim, você pode dizer isso. Tive duas figuras maternais superprotetoras crescendo. Emily também adorava me tratar como seu próprio filho, embora nos comportássemos como irmãos, brigando um com o outro às vezes. — Isso deve ser bom. — Falei em um sussurro. — Às vezes gostaria de ter irmãos. Ser filha única é uma d***a às vezes. Claro que adorava quando criança, quando não havia compartilhamento envolvido, mas adoraria ter outra pessoa com quem compartilhar as coisas - alguém perto de você, que esconderia seus segredos de seus pais e lhe daria o melhor conselho que você poderia pedir. Isso era uma coisa em que eu pensava com frequência - a falta de um irmão mais novo ou mais velho. Quando eu era mais jovem, desejava e rezava para que meus pais voltassem a ficar juntos e para que vivêssemos como uma família, talvez até mesmo tirando um irmão ou irmã mais novo do negócio, mas conforme cresci e me tornei uma espectadora de suas lutas, percebi que esse seria apenas mais um dos sonhos não realizados. Luke fez um som parecido com 'hmm', balançando a cabeça em concordância. — Então, como foi crescer para você, todos esses anos atrás? — Perguntei. Eu estava sentada com alguém que viveu a história, poderia muito bem tirar vantagem disso. — Simples. — Ele disse rindo — Havia menos população, muito menos poluição e muito mais felicidade. Um sorriso surgiu em meu rosto enquanto ele continuava me contando sobre seu passado. — Nasci em 1844. Meus pais eram consideravelmente ricos e tínhamos cavalos para viajar. Tínhamos uma fazenda onde o gado era guardado e cuidado. Fora isso, tínhamos um celeiro para os cavalos, meu cavalo pessoal, Lara, ela era uma égua, também ficou lá. Meu velho possuía um pouco de terra dentro e ao redor da área para vivermos confortavelmente… — Você era um cowboy? — Eu perguntei, com os olhos arregalados de surpresa e a boca em um sorriso. — Sim, senhora. — Ele disse, tirando o chapéu imaginário que estava em sua cabeça. — Acho que ainda tenho meu chapéu e botas também. — Você deveria usá-lo. — Eu disse em voz alta antes que eu pudesse me impedir. Se ele parecesse tão bem em roupas normais, eu só poderia imaginar como ele ficaria vestido como um cowboy típico. Ele riu, mas não disse nada. — Como você se lembra tanto? — Perguntei surpresa. Eu pensava que, à medida que ficávamos “mais velhos”, perdíamos a maioria de nossas memórias humanas, se não todas. Ele encolheu os ombros. — Anos e anos tentando lembrar, eu não poderia esquecer. — Isso é alguma dedicação. — Eu disse com admiração quando ele acenou com a cabeça em concordância. A ideia de começar a escrever minhas memórias humanas para eu guardar passou pela minha cabeça, soando cada vez mais tentadora a cada segundo, e decidi começar a trabalhar nisso o mais rápido possível. — Luke. — eu disse um ou dois minutos depois. — Não se importe se eu perguntar, mas seu sotaque… — Sim — ele me interrompeu. — Sophia não gostava muito do sotaque sulista, e ao longo dos anos eu simplesmente perdi o contato com ele. Eu poderia mais uma vez tentar falar com ele, mas… — ele parou com um encolher de ombros, como se não fosse importante o suficiente, mas não pude deixar de pensar que era terrivelmente injusto que ele tivesse que perder uma parte tão importante de quem ele havia sido, mas, novamente, talvez o amor fizesse as pessoas fazerem sacrifícios loucos. Argh! Mais uma vez aquele acesso de tristeza e ciúme me atingiu, inesperadamente. Fechei os olhos, esperando que passasse. Eu quase me irritei com essas emoções repentinas. Luke estava olhando para mim quando abri meus olhos novamente. Seus olhos estavam negros no momento, e eu podia ver a intensidade que havia ali. Eu impotente olhei para ele, me perdendo no momento, quando, de repente, ele piscou e se endireitou em seu assento, olhando para frente e respirando fundo. — Sinto muito. — Ele murmurou inesperadamente. Dei de ombros. Do que ele tinha que se desculpar? Não era como se eu não tivesse participado de nosso concurso de encarar. — Então, você quer saber mais sobre Houston naquela época? — Ele afirmou com entusiasmo, mudando de assunto com sucesso. — Claro. — Balancei a cabeça em resposta. Sempre gostei de ler a história de um lugar, pessoa ou objeto. Foi muito interessante, na minha opinião, conhecer a história desde o início. Ele olhou para uma das árvores ao longe, enquanto falava, perdendo-se em seu amor por sua casa. — Temos uma história muito rica, sem dúvida. Você sabe, Houston foi a primeira capital do Texas após ter sido fundada em 1836 pelos irmãos Augustus C. e John K. Allen, sendo o general Sam Houston o primeiro presidente da República do Texas. O Galveston Daily News - o jornal mais antigo do Texas - foi publicado em Houston em 1842, dois anos antes de eu nascer. O primeiro banco nacional do Texas também foi fundado aqui em 1866, eu já havia sido transformado por Helena nessa época. Só lamento não ter visto os primeiros bondes puxados por mulas. Eles surgiram em 1868. Tenho certeza de que meus amigos e eu teríamos ido vê-los. Eu era muito popular naquela época e tinha muitos amigos íntimos para falar. Você sabe… O sorriso em seu rosto ao falar sobre sua vida e como ele passou seus dias, sua história se fundindo um pouco com a história geral de Houston, foi suficiente para trazer um sorriso ao meu rosto. Luke: o historiador. Luke: o botânico. Luke: o major de um exército. Luke: o vampiro que repetiu o ensino médio década após década. Luke: o quase sempre sério, mas aquele com as falas mais espirituosas por aí… Quantos lados esse homem tinha? Eu m*l o conhecia há uma semana, no entanto, havia muito mais para saber sobre ele. Eu apenas havia visto uma parte de quem ele era como um todo. Ele amava sua família acima de todos os outros - humanos e vampiros. Essa era a verdade suprema de sua vida. Eu só queria, se não como companheira, pelo menos fazer parte da vida deste homem. Ele era uma boa pessoa, leal e atencioso para se ter por perto.
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