Mordida do renascimento sombrio

Capítulo 30

Nina narrando:

— Você quer ver algo? — Ele se virou para olhar para mim, o brilho em seus olhos visível.

— Claro. — Balancei a cabeça com entusiasmo. Eu estava me divertindo conversando com ele e definitivamente não me importaria de continuar com nosso tempo juntos.

— Ótimo. Preciso do carro de Peter para isso. — Ele disse em um sussurro, me dizendo em ações para fazer o mesmo caso eu quisesse dizer algo sobre esse assunto, antes de desaparecer dentro de casa e sair rapidamente com as chaves do carro de Peter que sempre ficavam em um lugar fixo - uma tigela colocada em cima de um dos armários, na sala de estar.

Olhei para ele com a boca aberta de surpresa.

— Luke, você sabe que ele não gosta que ninguém toque no carro dele. Ele ficará furioso quando descobrir. — Eu disse no mesmo sussurro suave.

Luke apenas deu de ombros, sorrindo para mim.

— Não se preocupe. Joguei uma enorme quantidade de luxúria nele. No momento em que ele puder pensar em qualquer outra coisa além de Victoria, estaremos de volta.

Eu não pude deixar de rir com ele.

— Ok, major, mostre o caminho.

Ele balançou a cabeça, sorrindo, enquanto me levava para o carro de Peter.

Luke travesso, esse era outro lado dele… um lado que acho que eu gostaria muito.

Ficamos sentados em silêncio enquanto Luke dirigia para fora da garagem e em direção a uma das estradas desconhecidas. Esta foi a primeira vez que sentei em um veículo em todas essas semanas, já que a maioria da minha rotina diária (composta principalmente de caça e volta) estava ligada a pé. Até minhas roupas e itens necessários foram encomendados por meio de compras online.

Luke insistiu em manter as janelas abertas, sabendo possivelmente por suas décadas de experiência que um ambiente completamente claustrofóbico poderia deixar um recém-nascido nervoso e desconfortável. Eu era muito jovem, na opinião dele, para agir como um humano. Um vampiro recém-nascido era muito mais vampiro do que humano, apesar do sangue humano ainda neles, era o que ele afirmava.

Ele dirigiu em silêncio, ignorando a necessidade de música, enquanto eu olhava pela janela, meus olhos tendo o poder de ver as menores coisas lá fora, independentemente da velocidade em que estávamos indo. Foi uma experiência completamente nova, mas um pouco semelhante a correr pela floresta.

— Não respire por alguns minutos. — advertiu Luke alguns minutos depois. — Estaremos passando por um subúrbio populoso. Ainda é cedo e um bom dia, então muitos humanos estarão fora de suas casas.

Balancei a cabeça concordando. Eu ainda não estava completamente pronta para este teste de sair no meio dos humanos sem feri-los, mas de qualquer forma eu estava feliz que Luke estava mostrando tanta fé em mim.

Eu assumi rapidamente o controle sobre mim mesma, resistindo ao desejo desnecessário de respirar, enquanto passávamos pela rua que Luke havia me avisado. Eu podia ver crianças brincando em seus quintais, mulheres conversando umas com as outras, um homem voltando para casa após comprar mantimentos, outra família ajudando seu filho a entrar no assento do carro…

Essas pessoas estavam vivendo vidas tão normais, desconhecidas de todos os perigos que os cercavam. Eles eram felizes, talvez ignorantes, mas felizes.

Luke ficava olhando para mim a cada poucos minutos. Eu podia entender sua preocupação. Eram pessoas inocentes por perto - famílias que não mereciam ser vítimas de alguém que não conseguia controlar sua sede.

Eu sorri de volta para ele, assegurando-lhe através de minhas emoções que eu estava bem. Eu não estava respirando no momento e não tinha planos de fazê-lo até que ele acenasse que tudo estava bem.

Quando finalmente recebi seu aceno, dei um suspiro de alívio, o cheiro dos humanos por quem passamos não havia mais no ar. Eu havia passado no teste, sem nenhuma preparação prévia, e não pude deixar de ficar feliz com isso.

Ele sorriu de volta para mim, uma camada de calma tomando conta de mim, e pela primeira vez envolvi com prazer aquela camada de calma sobre mim, um sorriso satisfeito em meu rosto.

Isso foi uma conquista, por menor que fosse.

— Então, para onde estamos indo? — Eu perguntei, finalmente, percebendo que deveria ter feito essa pergunta há muito tempo.

Ele deu de ombros.

— Você vai ver. Estamos quase lá.

Balancei a cabeça em aceitação. Eu não era uma pessoa muito paciente, mas podia ver a emoção em seu rosto. Ele estava claramente animado em mostrar a outra pessoa seu lugar especial.

Ele estacionou o carro ao lado da estrada mais uns dez minutos depois, fazendo-me virar e olhar para ele com surpresa. Não havia nada que valesse a pena ver por aí que eu pudesse ver.

Ele riu.

— O resto da viagem será a pé. Não podemos deixá-los saber que alguém veio vê-los.

Eles quem?

Quem iríamos visitar?

Outro vampiro, possivelmente…

Eu poderia controlar minha respiração por alguns minutos, mas não tinha certeza de quanto tempo seria capaz de me controlar se estivéssemos realmente prestes a chegar perto de um humano.

Luke riu novamente.

— Não se preocupe. Eu não deixarei você ter problemas. Confie em mim.

Balancei a cabeça para ele. Eu poderia fazer isso. Eu poderia confiar nele. Eu tinha certeza de que ele não teria me trazido aqui se houvesse algum risco envolvido.

— Obrigado, Nina. — Ele disse, suspirando de alívio ao sentir minha confiança nele. Claro que estava nervosa com o resultado, mas acreditei nele.

Ele começou a caminhar em direção a um pequeno caminho na floresta, comigo seguindo atrás dele. Não foi uma caminhada longa de forma alguma e logo estávamos de frente para uma pequena casa a uma curta distância. Estávamos perto o suficiente para vê-los, mas longe o suficiente para sermos vistos de volta.

Não havia nada de extraordinário na casa. Era uma casa normal de dois ou três quartos com um quintal bem cuidado e uma caminhonete antiga.

Eu me virei para olhar para Luke, esperando por sua explicação.

Ele suspirou pesadamente antes de falar.

— Aqui era minha casa…

Oh!

— Claro que agora tudo é diferente, mas antes tinha um rancho e um celeiro aqui, além de uma casa enorme que meu pai construiu do zero. Está vendo aquele morro? — Ele disse, com os olhos em uma colina a uma curta distância de onde estávamos. — Eu costumava levar Lara lá sempre que queria ficar sozinho por um tempo. Era meu esconderijo sempre que queria fugir da longa lista de tarefas que eu tinha.

Ele disse com uma risada sem graça.

— Tenho tantas lembranças deste lugar. Tanta coisa mudou, mas se eu fechar os olhos, posso ver tudo como antes. — Ele disse, balançando a cabeça. — Eu não venho aqui com muita frequência, apenas uma vez a cada década ou mais. Ainda posso sentir minha mãe quando venho aqui. Sinto que ela está olhando por mim, sorrindo, sempre que venho me encontrar com ela.

— Ah… — foi tudo o que consegui dizer. Eu não tinha palavras que pudessem ser ditas no momento atual. Ele parecia tão… indefeso, algo que eu nunca havia visto antes.

— Quem mora aqui agora? — Eu perguntei, depois de alguns minutos de silêncio.

— Outro Whitlock. — Ele disse, vagamente.

Antes que eu pudesse questioná-lo mais sobre isso, uma figura saiu da casa que estávamos olhando.

— Vamos, Liz. Vamos nos atrasar muito se você não se apressar. — gritou o homem de vinte e poucos anos, de cabelos loiros e olhos azuis, olhando para a casa que acabou de deixar. — O médico não vai esperar o dia inteiro.

— Estou indo. Caramba! — disse uma mulher saindo de casa, trancando a porta atrás de si. — O médico só vai confirmar o que já sabemos, que estamos grávidos. Você sabe que nada de impressionante acontece nessas primeiras consultas, certo?

O homem chamado Carl apenas deu de ombros para ela enquanto pegava sua mão e a levava até a caminhonete. Liz reclama o tempo todo que eles deveriam investir em algo mais seguro agora que teriam um bebê.

Eu me virei para olhar para Luke enquanto a caminhonete saía da garagem. Ele ainda estava olhando para a casa com algo parecido com orgulho em seus olhos.

— Então, quem eram eles? — Perguntei quando não consegui mais manter minha curiosidade dentro de mim.

Luke respirou fundo antes de responder.

— O homem, Carl, é um descendente direto meu.