Capítulo 27

1127 Words
Nina narrando: Ele suspirou audivelmente, mas acenou com a cabeça. — Encontrei meu cantor duas vezes. O primeiro era um adolescente mais ou menos um ano após eu ter me transformado. Ele não durou mais do que um minuto, e isso também foi exagerado. O segundo era uma mulher na casa dos vinte anos, eu estava no exército de Helena. Novamente o mesmo se repetiu. — Todos os vampiros encontram seus… Deixei minha pergunta sem ser dita. Ele balançou a cabeça. — Não, depende da sorte. Alguns vampiros passam séculos sem conhecer seu cantor, enquanto alguns têm o infortúnio, ou como diriam alguns que seguem a dieta tradicional, a extrema fortuna de encontrar mais de um cantor deles. Balancei a cabeça em compreensão, uma parte de mim ainda relutante em acreditar que tudo isso era apenas uma má sorte. Claro que eu havia sido uma garota desajeitada que teve mais acidentes do que uma criança humana normal, mas ainda assim o ditado de lugar errado na hora errada não parecia se encaixar bem comigo. Não pude deixar de me perguntar se isso era realmente tão simples quanto parecia. — Ele tentou resistir, antes, você sabe… — Perguntei em um sussurro. Ele acenou com a cabeça. — Sim. Ele não queria m***r você. Anton, o líder do nosso coven, nunca aprovaria isso, e até que seja possível, não iremos contra suas crenças. Bruce tentou. Ofereceu-se para deixar o estado e ir embora, mas Sophia o deteve, dizendo-lhe que ele seria capaz de se controlar mesmo se continuasse em Sin City. — Quero saber porque… — Murmurei amargamente sob minha respiração. Se ao menos essa Sophia tivesse deixado Bruce ir embora, talvez eu não tivesse perdido minha vida. — Foi um momento de fraqueza quando ele te viu de novo. — Luke continuou, ignorando meu comentário sobre sua esposa. — Não torna as coisas mais fáceis. — Eu zombei. Lembrei-me de uma conversa minha com Peter e Victoria. Eles me deram duas opções para viver esta eternidade - ou eu poderia continuar reclamando de tudo e qualquer coisa, sendo o mais infeliz possível, ou poderia aceitar e seguir em frente, não gostando das circunstâncias da minha mudança, mas ainda aceitando isto. Decidi então que seguiria a segunda opção, sabendo que ser miserável não era solução para qualquer desgraça que tivesse acontecido comigo, mas agora que finalmente sabia a identidade de meu senhor e a situação que levou à minha mudança, não sei o quão receptiva eu poderia ser em relação a isso. Talvez eu venha a aceitá-lo um dia… — Por que ele me transformou então? Se o plano original era me m***r — Eu não pude deixar de perguntar. Ele ficou quieto por alguns minutos antes de finalmente falar. — Às vezes, quando matamos nossa vítima, sem saber, deixamos vestígios de nosso veneno nelas. Não basta tocá-las e, de qualquer forma, após drenadas completamente, não importa o quanto de veneno é deixado para trás. Quando Bruce mordeu você, ele não a drenou completamente, porém, o veneno que ele havia deixado dentro de você foi o suficiente para transformá-la. — Então, se eu estiver certa, ele não tinha ideia de que havia me transformado quando me deixou lá na floresta? — Não, ele não fazia ideia. — ele balançou a cabeça instantaneamente — Acredite em mim, nós nunca teríamos deixado ele te abandonar se tivéssemos alguma ideia de algo assim acontecendo. Todos acreditávamos que ele tinha drenado você completamente. Quando vi você aqui, foi quando percebi pela primeira vez que ele gerou você em vez de te m***r. Suspirei, balançando a cabeça. Toda essa conversa sobre minha quase morte já era bastante cansativa, para não dizer frustrante. — Nina. — a voz suave, mas cheia de confiança de Luke capturou minha atenção. Deus! Sua voz era sedutora ao extremo. Eu poderia continuar ouvindo ele falar pelo resto da eternidade sem me cansar disso, e ele nem estava tentando me seduzir. — Sei que não estou em posição de pedir favores aqui. — continuou-o. — mas ainda assim gostaria de pedir um favor. Balancei a cabeça, silenciosamente, cautelosamente, dizendo-lhe para continuar. — Perdoe-o, se possível. A eternidade é muito longa para guardar rancor, e não estou dizendo isso apenas porque ele é meu irmão. Peter e Victoria se preocupam com você. Eles veem você como família, então não posso deixar de cuidar de alguém que eles amam. — De jeito nenhum. — gritei, chocada por ele sugerir algo assim. Eu não posso perdoá-lo, nunca. Posso entender o que aconteceu e por quê, mas o perdão não é tão fácil de vir. — Não estou dizendo que ele está correto ou que você está errada, nem nada. É que a eternidade é muito longa para odiar alguém. Não gosto de Helena, mas a perdoei pelo que ela fez, pelo bem da minha própria paz e saúde mental. Odiá-la estava me afetando, me frustrando com todos aqueles pensamentos torturantes. Pensei no que ele acabou de dizer. A maneira como Peter e Victoria falavam sobre Luke, eles não tinham ressentimentos contra ele. Eles realmente o consideravam um irmão. Perdoar alguém - que quase destruiu a vida que você conhecesse como verdadeira - era tão fácil assim? Valeu mesmo a pena? — Não estou pedindo mais nada. — ele continuou — Você não precisa ser amiga dele, ou mesmo conhecê-lo se não quiser. Tudo o que estou pedindo é que deixe para lá. — Por que você se importa? — Perguntei em um sussurro. Ele deu de ombros, a máscara em seu rosto escorregando para me mostrar o verdadeiro e vulnerável Luke por baixo. — Eu não sei. Acho que posso sentir o tumulto dentro de você e quero ter certeza de que você está feliz. Sei como é viver com um fardo de ressentimentos, e não desejo que mais ninguém viva com isso. — Estou feliz. — Eu disse imediatamente, acreditando verdadeiramente no que havia dito. — Você está feliz? Ele acenou lentamente com a cabeça, o ar ao nosso redor de repente se tornando pesado e tenso, a tensão sendo grossa o suficiente para cortar com uma faca. — Então… — ele disse, quase como se não soubesse o que dizer. — Então… — eu repeti, enfrentando o mesmo problema que ele. — Pense nisso. O ódio mata a pessoa que odeia mais do que aquela que ele odeia. — ele finalmente disse, enquanto ouvíamos os passos dos outros se aproximando da casa. — Eu vou. — Eu disse com um aceno de cabeça. Eu definitivamente pensaria nisso, mas mesmo se eu pudesse de alguma forma me convencer a perdoar Bruce Crapper por me trazer a este mundo, eu definitivamente não esqueceria o que ele havia feito. Perdoar era possível, esquecer não.
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