Capitulo 6
Eu estou deitado no meu quarto esperando dar meia noite para ir encontrar o Sam.
Será que o Sam iria me beijar? E o que deu em mim para querer também? E se ele só fez aquilo para fazer ciúmes na Celeste? É claro que foi isso, olha só pra mim.
Eu me acho atraente, gosto de mim. Mas a Celeste é bem mais bonita. Eu tenho um cabelo bonito, é loiro e liso como o do meu pai, meus olhos são castanho escuro, eu acho que eles tão grandes pro meu rosto, e eu não pego sol. Celeste é bronzeada e nada apagado como eu. Minhas sobrancelhas são escuras e eu tenho um rosto infantil. Kaio me compara a atriz que fez a bela adormecida, em Malévola.
Está bem. Eu sou uma revoltada de m***a, privilegiada até na aparência. Mas com certeza, tive o azar no quesito família. Às vezes me pego pensando se não é exagero tudo que faço, então lembro da minha infância e vejo que mesmo que minha aparência seja de alguém que o único sofrimento seja perder um voo pra Dubai, eu não sou bem assim. E isso me bloqueia de conhecer pessoas novas, afinal, se nem meus pais demonstram gostar de mim, por que um desconhecido iria?
Melhor agir como se nada tenha acontecido.
Finamente meia noite. Eu me levanto, pego meu celular e saio do prédio. Foi fácil, não vi o inspetor.
Encontro o Sam em frente ao prédio.
—Demorou. —Ele diz assim que me vê.
—Você que é apressado. —Retruco.
Ele revira os olhos.
—Sempre um doce.
—Eai, tudo pronto?
—Só esperando a senhorita acordar.
Dou um t**a nele e vamos para o quarto da diretora.
Nós paramos em frente à porta e lá está o balde com tinta misturada com purpurina e outras coisas.
Eu abro a porta sem fazer barulho e colocamos o balde em cima da porta deixando apenas uma fresta aberta.
Eu me escondo e deixo a câmera preparada enquanto o Sam vai para perto da porta.
Nós contamos em silêncio.
Hum ...
Dois ...
Três ...
—Socorro! —Sam grita fazendo voz de garota e se esconde junto comigo.
A diretora abre a porta e o balde cai em cima dela. Ela vai para o corredor, toda suja e melada com um pijama de Star Wars e eu tiro uma foto.
Eu e Sam corremos para fora e vamos para o jardim rindo.
Eu estou sem fôlego de tanto rir e correr ao mesmo tempo, então me seguro no Sam.
—Ei, calma — Ele diz ofegante da corrida.
—Isso foi ... incrível! —Eu digo recuperando fôlego.
—Eu sei! Você viu a cara dela? Faz tempo que eu não a vejo com essa cara.
Ainda sorrindo eu pergunto.
—Como assim?
Ele para de sorrir.
—Nada. Agora vamos para a segunda parte do plano.
—Ta legal.
Vamos para o prédio do dormitório e não encontramos o inspetor no caminho até o quarto dele.
Entramos e os garotos estão dormindo.
Samuel vai até o guarda roupa e tira um notebook e uma impressora que faz cópias.
—Onde você arruma tudo isso? —Eu pergunto.
—Caleb. Tudo o que você quiser ele consegue trazer pra dentro ... mas é claro que ele cobra.
Eu ligo o cabo do meu celular ao computador e imprimo uma foto.
—Agora só falta fazer cópias e colar por toda a escola. —Digo.
Ele sorri.
—A gente poderia encher as paredes da sala dela com esses folhetos. —Ele diz.
—Eu amo a sua mente diabólica, combina com seu sorriso.
Ele ri.
—Essa mente diabólica fica mais atentada quando está com você.
—Nossas mentes se completam. —Falo.
Nós resolvemos fazer 300 cópias, eu coloco o papel e ele coloca para copiar.
—Isso vai demorar — Eu digo.
—Quer dar uma volta enquanto isso?
—Ta.
Que m*l pode acontecer?
Saímos dos dormitórios e mais uma vez, nem sinal do inspetor, ele deve estar ajudando a diretora com a tinta.
Nós vamos para o jardim e no caminho Samuel pega minha mão. Eu até quis recuar por reflexo, mas a reação do meu corpo a esse gesto tão pequeno, não deixou.
Eu até me assusto com meu coração.
Chegamos ao jardim e nos sentamos.
Eu solto sua mão e deito no banco olhando para as estrelas. Ele deita ao meu lado, e como o banco é pequeno, eu coloco minha cabeça no peito. Ele acaricia meu cabelo.
-A noite tá linda ... antes de vim pra cá, em uma noite como essa, eu estaria agora tentando entrar em algum prédio e subir no terraço com meu melhor amigo pra ver as estrelas. —Comento.
Sinto-o sorrir.
—Me conta uma de suas aventuras, eu quase não saio daqui, passo as férias do meio do ano aqui e no final eu vou pra casa do meu pai, e eu gosto dele, não faço essas coisas com ele.
Eu penso. Que história seria boa o bastante?
—Não ano novo, meus pais contrataram um vigia pra não me deixar sair enquanto eles iam a uma festa beneficente para empresários. Eu amo fogos de artifício, não poderia deixar de ver, então eu vesti uma saia branca e um top cropped green and pulei a window. O vigia me viu e me botou pra dentro, mas sem querer eu bati nele com meu sapato de salto e ele desmaiou. Eu juro que não foi porque eu quis aí eu liguei pro Kaio e fiz ele me buscar. Ele me deixou em frente a um prédio alto e foi embora, eu entrei no prédio e fui pro terraço, foi incrível ver os fogos de lá, mas aí eu vi algumas sirenes e me desesperei, peguei um pedaço de vidro que tinha no chão e cortei meu braço, assim que a polícia entrou eu fiz a maior cena dizendo que um cara tinha me sequestrado e me levado ali, e depois que ele era como sirenes, me cortou e sumiu no prédio. Enquanto eles procuravam o tal cara, eu fui embora de fininho e entrei numa balada ali perto com o nome de Sarah Fontes. Foi legal até o vigia acordar e ligar pros meus pais.
—Na próxima vez que viver uma aventura dessa, tem que me chamar.
—Que tal esse final de semana?
Ele olha para mim.
—Não podemos sair sem permissão dos pais.
Samuel, eu não esperava ouvir isso de você.
—Por isso que vamos sair. A gente chama o pessoal e eu ligo pro Kaio, ele vem buscar a gente depois do toque e recolher e deixa antes das cinco e meia.
Ele pensa.
—Ok, no sábado então?
—Isso.
Ele continua acariciando meus cabelos e eu continuo observando as estrelas.
—Luna ... Você não falou nada sobre hoje mais cedo.
O quase beijo. Uma hora teríamos que falar sobre isso, eu só imaginava isso ocorrendo daqui uns 90 anos.
—Não aconteceu nada hoje mais cedo, eu entendo você estava tentando fazer a Celeste ficar com ciúmes.
Ele se levanta bruscamente quase me derrubando. Eu dou um olhar de Ficou louco? Pra ele.
—Não foi por causa da Celeste! Como você pode ter pensando isso? Eu ia te beijar porque eu queria te beijar.
Ele está irritado. Não tenho culpa de pensar assim, ele não precisa descontar raiva em mim.
Descontar raiva em mim é algo que meus pais fazem desde que eu era pequena, se eu não aguento deles, por que iria aguentar do Sam?
—Ta irritado, por quê? Não tenho culpa garoto, não desconta raiva em mim porque eu não sou obrigada a ouvir isso.
Me levanto e saio andando até ele segurar meu braço e me forçar a olhar nos seus olhos.
—Sua i****a, eu acabei de falar que queria te beijar e você se irrita!
—Dane-Se! Me larga que eu...
Antes que eu pudesse terminar de falar ele me beija. Eu o empurro bruscamente, mas ele me segura de novo e me beija novamente. Dessa vez eu deixo... meu corpo todo responde a ele.
Ele me puxa minha cintura contra ele fazendo nossos corpos colarem de uma forma... excitante.
Sua língua invade minha boca e tudo que eu faço é puxa-lo para mim para que ele não pare de me beijar.
Ele morde meu lábio inferior e meu corpo formiga.
Ele beija meu pescoço e ele está me segurando tão forte que eu me deixo amolecer nos seus braços.
Coloco uma mão no seu pescoço e a outra no seu cabelo. Se ele parar de me beijar eu juro que o mato ali mesmo.
Por sorte dele, ele não para o beijo, pelo ao contrário, ele pega minhas pernas e me segura como uma criança, eu enlaço minhas pernas nas suas costas e ele senta no banco, assim eu fico no colo dele.
O seu beijo, sem dúvidas, foi o melhor que eu já tive. Quando estou assim com ele, tenho vontade de nunca mais parar de beija-lo.
E contra essa vontade, eu paro.
—As cópias... —Eu digo ofegante, não pelo beijo de Sam ser do tipo sanguessuga que deixa a pessoa sem ar, mas pelo fato de Sam me deixar sem ar sem precisar mover um músculo, imagina todos da boca.
Ele me dá um último selinho e num susto, me segura pela cintura, e levanta com minhas pernas ainda entrelaçadas ao seu redor e me coloca em pé no chão delicadamente.
Foi muito difícil desviar meu olhar daqueles olhos azuis, mas assim que consigo, vamos para os dormitórios e encontramos o inspetor sentado em uma cadeira no corredor do quarto do Sam.
—E agora? —Eu sussurro.
Ele pega o celular e disca um número.
—Oi... é claro que eu sei que horas são...não me interessa se você está dormindo, eu preciso de uma coisa e sei que você tem...to indo pra aí.
Ele desliga.
—Pra onde vamos? —Eu pergunto.
—Quarto do Caleb—Ele diz me puxando para o corredor anterior ao dele.
Entramos no corredor e a última porta se abre e um garoto maior que eu uns dois centímetro e cabelos bagunçados, vestido com um pijama do Star Wars, sai. Será que esses pijamas estavam em liquidação?
—Entra em silêncio, meus amigos estão dormindo—O garoto fala sussurrando.
Nós entramos e ele não tira o olho de mim.
—Essa é a famosa Luna? A responsável pelo dia Arco iris? Tenho que admitir garota, você tem potencial.
Eu sorrio.
—Pare de canta-la e pega aquelas bombinhas que eu sei que você tem, Caleb—Sam diz.
Caleb revira os olhos e tira uma lajota do piso. Dentro tem várias bugigangas, então ele tira uma caixa pequena e um isqueiro.
—Isso vai te custar vinte reais.
—Vinte? Você compra isso de seis reais!
—Negócios, Samuel, Negócios. —Ele diz bocejando, mas logo encara Sam com expectativa. Tem algo a mais no jeito que Caleb encara Samuel.
Sam revira olhos e entrega uma nota de vinte para o Caleb, ele pega o dinheiro e dá a caixa pro Sam.
Nós vamos embora.
—Então, como vamos fazer isso? —Eu pergunto.
—A gente coloca uma trilha e bombinhas até a saída do prédio, eu ascendo uma por uma e o inspetor vai seguir a trilha e quando ele chegar lá fora, você tranca a porta e nós corremos pro meu quarto, e não deixa ele te ver.
-Tá. —Falo anotando mentalmente o que tenho que fazer.
Sam e eu fazemos uma trilha de bombinhas até o lado de fora. Eu me escondo atrás da porta e Sam vai ascender as bombinhas.
Pouco a pouco eu ouço estouros e em segundos, Sam aparece correndo e ascende a última bombinha no lado de fora e corre para se esconder comigo. Segundos depois o inspetor aparece e corre para o lado de fora. Eu fecho a porta e tranco e corremos para o quarto.
Chegamos lá ofegantes, pegamos as cópias e nos sentamos para recuperar o fôlego.
—Que diabos... ah. —Tiago acorda olha para a gente e volta a dormir.
—Seja o que for que estão aprontando, façam silêncio, por favor—Rafa grunhi.
Eu e Sam rimos alto, fazendo com que eles joguem travesseiros na gente.
—Como a gente vai sair? A essa hora ele já deve ter entrado e está procurando o culpado por isso tudo.
—Como você acha que eu saio à noite daqui sem ser pego?
—Pela porta?
Ele se levanta e vai até o guarda roupa, pega uma corda, amarra um lado no pé da cama do Tiago e joga o outro pela janela.
—Estamos no segundo andar. —Eu protesto.
—Eu te seguro... Tiago, não precisa tirar a corda dessa vez, eu vou subir por aqui.
Tiago resmunga algo e volta a dormi.
Sam coloca as cópias debaixo do braço e desce pela corda.
Eu tento descer e quando estou quase chegando ao chão, escorrego e quase caio, mas Sam me segura.
Nós fomos para o colégio e entramos na sala da diretora, colamos folhetos por toda parte e colamos o resto nos corredores e jogamos alguns no chão.
Voltamos para o prédio dos dormitórios e subimos a corda para o quarto do Sam.
Nunca subam uma corda de legging branca, sério.
—Como vou para o meu quarto? —Pergunto entrando no quarto do Sam.
—Você não vai, pelo menos não agora, seis horas você acorda e vai.
—E eu vou ficar aqui?
—O quê que tem?
—-Nada... você quer que eu arrume uma cama improvisada pra você no chão? —Pergunto.
—Não, eu já tenho a minha.
—E eu vou dormir a onde?—Pergunto indignada.
—No chão.
—Nem pensar! Vou dormir na cama!
—A cama é minha, então eu durmo nela!
—Parem de briga os dois e durmam na mesma cama, não vai arrancar pedaço. —Rafael diz m*l-humorado.
Eu reviro os olhos e deito na cama. Samuel deita ao meu lado.
Eu estou quase fechando os olhos quando Sam vem para cima de mim e me beija.
Eu mudo a posição ficando em cima dele sem desgrudar nossos lábios. É uma boa forma de pedir desculpas, disso eu não posso reclamar.
—Ah, pelo amor de Deus, vocês tão de brincadeira, ne? Vão para um quarto bem longe da gente! Deixem a gente dormir, eu odeio barulho de beijo! —Tiago diz.
Eu e Sam rimos, ele me dá um último selinho e eu rolo pro lado da cama e durmo.