Episódio 5

1548 Words
j**a Narrando, Eu não lembrava quando foi que cuidaram de mim sem me pedir algo em troca, ou que alguém tenha demonstrado preocupação, na tarde do dia seguinte eu fui levada até a enfermaria, me deram remédio e trataram das minhas feridas, e quando acabou não fui levada para cela e sim para sala de visitas, um homem que aparentava ter seus quarenta e poucos anos, com um terno bem alinhado se apresentou como meu novo advogado, meu marido havia o contratado e foi ele quem solicitou que eu receber atendimento médico, ele me explicou como iria trabalhar no meu caso, tirou fotos minhas e disse que usaria as imagens das lesões para anexar ao inquérito. Quando fui levada para a cela, por algum momento comecei a pensar na minha vida, estava ali para proteger a minha família, mas essa saiu do morro logo após a minha prisão, não me mandaram mensagem e nem vieram me visitar, eu realmente fui usada para ser punida pelos erros dos outros, claro que por estar nessa vida eu sei a minha culpa, mas não estava aqui por ser a comandante do morro, e sim porque segurei a bronca de alguém da família que me virou as costas na primeira oportunidade. Mandei mensagem agradecendo ao Maurício por ter contratado um novo advogado e a sua resposta me deixou sem palavras. — Não me agradeça, enquanto eu for seu marido eu vou cuidar de você. Eu não sabia o que responder, realmente fiquei sem palavras, fui dormir pois agora eu tomava remédio forte e dava sono, eu só pedia que ninguém viesse aqui, e só por essa noite eu consegui dormir tranquila, não aguentaria outra surra assim. No dia seguinte, apesar das dores, eu não tive nenhuma importunação, e assim seguiu durante toda a semana, eu achei estranho mas estava ligada em toda movimentação, não podia achar que tudo estava suave. O domingo chegou e com ele o Maurício que a primeira coisa que fez foi me olhar por inteira para ver como estavam os meus machucados. Eu estou bem. —É bom ter certeza, eu trouxe lasanha e bolo de morango, comer tranquila depois nós conversamos. - Assim fiz comi com calma pois a dias eu não tinha todas as refeições apenas o almoço, e sabia que era uma punição, já que não me deram nenhuma surra durante essa semana. Estava uma delícia, obrigada. — Tem comido? Um pouco, como estão as coisas lá fora? — Como estão as coisas aqui dentro, o pouco que te vi desde que te conheci percebi que emagreceu. Eu estou bem, e tenho feito pelo menos uma refeição por dia. — Só uma? porque não quer ou porque não te dão o que comer? As coisas aqui dentro não são fáceis, a punição vem de alguma forma, a intervenção do advogado que você contratou parou as surras, então eles estão me punindo de outra forma, eu sobrevivo com uma refeição, mas certamente não sobreviveria a outra surra, então eu estou no lucro. - Ele me olhou analisando tudo que falava, e apenas segurou a minha mão me puxando devagar para um abraço, não disse nada apenas me apertou em seus braços, e eu permaneci ali sentindo seu perfume e todo aquele calor de aconchego, era estranho pensar que eu ficaria nesse abraço por muito tempo, que mesmo não termos começado do jeito certo, estamos criando um vínculo e uma amizade sincera, um apoio e isso eu jamais vou esquecer. — Tem mais alguma coisa que esteja precisando, quer que eu traga algo? Não sei se vão liberar, mas olha com o advogado eu queria cobertas, as madrugadas estão sendo frias. — Acha que esta tendo febre de madrugada? Pode ser, mas mesmo normal eu sinto frio de madrugada. — Vou providenciar isso hoje ainda. - Ele ficou me olhando e eu me sentia minúscula e bem longe de ser a destemida patroa do morro, ele se aproximou devagar e nos beijamos com uma intensidade que jamais foi sentida antes, nunca tive tal sensação, então eu apenas me deixei levar, sentindo cada emoção e mesmo ainda com dores meu corpo reagia a cada sensação de desejo e prazer que com apenas um beijo me fez sentir, a falta de ar se fez presente e ele apenas encostou a sua testa na minha sem me soltar, e então eu permaneci ali, ele me sentou no seu colo e coloquei a cabeça em seu ombro enquanto ele fazia um carinho nas minhas costas, e pela primeira vez eu senti um nó dolorido na garganta e com uma vontade de chorar, era tudo tão diferente tão calmo e com cuidado, eu sei bem que se fosse qualquer outro homem daquele morro aqui, nada disso teria acontecido e nesse momento o morro inteiro já saberia das surras que recebi aqui, das torturas para entregar o chefe do comando, como vou entregar a minha cabeça assim, então eu permaneço em silêncio e permanecer assim custa cada vez mais surras diárias. — Tá bem, quer conversar, quer que eu peço ao advogado9 para solicitar um psicólogo para você. Não precisa, eu só estou cansada, no morro tem alguma notícia sobre a minha família? — Foram embora assim que levaram você, seu avô me mandou um recado disse que era para te avisar que ele estava bem e em segurança, e não era para você se preocupar. Só isso? — Sim, não foi visto mais e nem houve notícias, soube que ele desvazio a sua casa levando todos os móveis, mas não sei se levou as suas coisas. Você pode ir lá olhar pra mim, vou pedir ao meu sub para te entregar a chave e te levar até lá, olha o que ele deixou na casa e fecha ela toda pra mim fazendo favor. — Vou lá, e se suas coisas estiverem lá eu vou levar para a minha casa. Porquê, não precisa levar. — Sua casa não tem ninguém, e mesmo que confie em todos os seus seguranças quem garante que ninguém vá entrar lá e pegar algo seu, vou deixar lá em casa e depois é só você pegar tudo bem assim? Certo, olhando por esse lado é melhor assim, lá tem joias, elas ficam na minha penteadeira de maquiagem, embaixo tem uma gaveta falsa tem um botão é só apertar, só você sabe então não acho que tenham levado elas. — Certo, vou levar a sua penteadeira também, assim eu não preciso tirar as joias de lá. Assim que você sair de lá, suas fotos com as minhas coisas vão estar nas páginas de fofocas, doidos para saber o motivo, e não darei meia hora para aquela bicha falsa aparecer no seu portão. — O ranço que você sente por ele é tão grande, que ultimamente a voz dele tem me irritado de tal maneira que eu nem sei explicar o motivo, e a culpa é sua. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Você ainda vai presenciar a falsidade daquele cara, amizade por conveniência é o seu forte. — Comigo ele não tira vantagem, eu posso ser tudo menos bobo, eu corto antes dele pensar em me passar para trás. Quem te ver assim pode imaginar que o dono do morro é você. — Me contento no momento em ser apenas o marido da patroa do morro, já é um título e tanto. Ai garoto. - Nós rimos baixinho e voltamos a nos beijar, ele não avançou o sinal certamente respeitou a minha recuperação, apesar de me controlar pois a minha vontade era tirar toda a roupa e cavalgar feito uma insana louca nesse homem, mas eu apenas me deixei sentir o carinho e cuidado, eu não sabia o que iria acontecer nesses longos anos, mas com toda certeza eu estaria muito ferrada quando eu fosse solta, e se por um acaso ele dizer que será o momento de cada um seguir seu caminho eu não vou saber o que fazer, nunca recebi essa carinho e cuidado, e agora eu não sei mais se posso viver sem esses sentimentos. — Você esta muito pensativa hoje, tem mais alguma coisa para me contar, tem mais alguma coisa acontecendo aqui dentro? Não tem, só estou com a mente cheia. — Esta quase na hora da sua medicação, e o sinal já vai tocar, eu vou sair daqui e ir compra as cobertas e ligar para o advogado, e quando chegar no morro vou procurar seu sub e pegar a chave. Aproveitar o assunto o combinado era 30 mil, porque veio 50 mil esse mês? Um bônus por ter trocado o meu advogado, e uma forma de agradecimento por toda ajuda. — Não precisa me dar valor a mais por isso, estou fazendo de coração, e já paguei o ano seguinte do curso então estou tranquilo. Quando se forma vou te colocar para trabalhar na minha administração. — Vou pensar na sua proposta. - Rimos e o sinal tocou, ele me entregou todos os meus produtos de higiene e recolheu as vasilhas, me deu um abraço e um beijo na testa dizendo para me cuidar e qualquer coisa era para mandar mensagem, voltar para cela era a parte mais difícil a solidão aqui era como um monstro dos desenhos infantis, grandes e assustadores. Mas eu iria conseguir superar.
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