Maurício Narrando,
Eu comecei a entender como as visitas funcionavam, e como as coisas na comunidade eram administradas também, mesmo sem me envolver eu comecei a reparar mais nas pessoas, nas que trabalhavam para j**a, nos moradores e em até quem subia o morro para comprar alguma coisa, não sei se era instinto mas eu comecei a observar tudo a minha volta, dentro e fora da comunidade, o gerente que estava me ameaçando tomou uma surra no meio da praça e perdeu seu posto, foi dado um recado para geral que eu era o marido da patroa e ela queria respeito, fiquei com muita vergonha as pessoas me olhavam estranho.
Eu comecei a fazer perguntas a j**a nas visitas, apesar de ser um casamento por conveniência eu gostaria de saber mais dela, e ela também perguntou bastante coisa, os domingos iam passando e os nossos beijos iam ficando mais quentes, eu sei que se fosse outra pessoa já tinha rolado de tudo, mas com ela eu sinto que estou pisando em ovos, ela é quente e tem uma pegada firme e não n**o que fico com muita vontade, sinto que a qualquer domingo agora pode acontecer, não vou achar r**m.
A faculdade vai indo bem, parece que depois que passou a preocupação de como pagaria as mensalidades, eu tomei ainda mais gosto pelo curso.
— Tá tão concentrado aí que nem me viu chegar, tá com algum problema com a patroa?
Nenhum, só estava pensando em algumas coisas.
— Entendi, o morro só fala de você tá famosinho nas páginas de fofocas, mas quem não vai gostar nada é a patroa, obsessiva é ela, e tiraram uma foto sua sem camisa e postaram, as minas estão tudo loucas pra sentar em tu.
Deus me livre, eu tô correndo de problema.
— Garoto esperto, talvez a patroa não se importe de você ter outro alguém, mas se ela tretar sangue vai jorrar.
Por isso eu prefiro ficar na minha estudando na maior paz.
— Hoje tem baile, você vai?
Não sei se devo ir.
— Tá casado mas não castrado, vai ter um camarote fechado pra você, mas tem algumas restrições.
Quais?
— Sem mulher e sem drogas.
Isso vai ser fácil.
— Você realmente não conhece os bailes daqui, as mulheres dão nó em pingo d'água, o boa noite cinderela rola solto se não tomar conta do seu copo, e não e nem pra força uma ficada, eles fazem na s*******m tiram foto e fazem maior zoeira, você é novo aqui não bebe nada que te oferecerem, e sempre lata com canudo, se algo te acontecer a patroa mata você.
Mas eu não serei o culpado.
— Explica isso pra ela, no outro dia mesmo lá de dentro ela coloca esse morro a baixo, você ainda não viu ela brava, se transforma real, eu fico apavorado quando ela tá pocessa.
Tá me assustando.
— Esse BO é seu, a mulher é sua.
Você que me meteu nessa furada. - Ele apenas gargalhou e saiu me deixando apavorado, realmente estava muito longe de conhecer totalmente a minha tal esposa, pronunciar essa palavra tem me dado um frio na espinha, são muitos acontecimentos em pouco tempo.
Não deve ser tão assustador assim os bailes daqui, estou mesmo precisando me distrair. Eu já estava em casa e tinha até tomado gosto por arrumar a casa e deixar sempre tudo organizado, depois que tomei banho eu fiquei pensando se realmente deveria ir nesse baile, eu não sei qual seria a reação da j**a, e pensando nisso eu mandei uma mensagem pra ela, não sei se ela estava com o telefone, então fui preparar algo para comer, mas não demorou nada para meu celular apitar.
-- Te aconselho a ficar em casa.
Porquê, fiquei sabendo que vai ter um camarote só pra mim, e já sei das regras, sem mulher e sem drogas.
-- Aprendeu rápido, então aprende mais essa fique em casa, e deixe tudo trancado com apenas a luz da varanda acessa.
O que vai acontecer aqui?
-- Vai rolar um acerto de contas, claro que não vai machucar ninguém no baile mas as coisas podem sair do controle.
Devo ficar preocupado?
-- Se me obedecer não.
E se eu for lá rapidinho, queria ver como é.
-- Se passar por cima da minha palavra nossa conversa vai ser outra, terá outros bailes mais seguros para você ir curti de boa.
Devo avisar meu amigo, falar pra ele não ir.
-- Aquela bixa safada sabe como funcionas os bailes, ela quer te por a prova, vai dormi que a sua vontade passa.
Oxi, eu nem queria ir mesmo. - Ainda conversamos por mais um tempo, e ela disse que queria comer feijoada e bolo de chocolate, misericórdia a dor de barriga que isso ia dar mas quem sou eu para falar uma coisa, então eu tinha até perdido a vontade de fazer algo para comer, fui na lanchonete na rua de baixo e pedi um combo, enquanto isso eu observava as pessoas subindo na maior animação para o baile, o som foi ligado e dava a maior dor de cabeça todo aquele grave, vi uns caras estranhos subindo e lembrei do tal acerto de conta será que eram eles? mas eu não ficaria para ver o que aconteceria, peguei meu lanche uma coca e ainda comprei sorvete, tranquei toda a casa deixando a luz da varanda acessa, eu não sei se isso era algum códigos da j**a, mas eu não ia contrariar.
Como amanhã era sábado eu não tinha faculdade e nenhum trabalho pendente, eu iria ficar vendo série, na maior paz e longe dos perigos noturnos, eram 2:45 da madrugada quando recebi uma mensagem da j**a.
-- Abaixa sua televisão e fecha a janela do quarto.
Na mesma hora eu pulei da cama, como ela sabia que eu estava com a tv ligada e janela aberta, mas fiz e assim que sentei na cama para mandar uma mensagem questionando ela escutei uma rajada de tiro super alta, parecia ser aqui na porta, eu só me abaixei do lado oposto da cama e me tremia todo, era tudo novo e não negaria que dava um medo toda vez que escutava um tiro.
-- Pode ficar tranquilo agora já passou.
Como você sabe dessas coisas?
-- Eu sou a patroa, boa noite.
Eu virei os olhos, não tinha como esquecer desse detalhe, eu era casado com a patroa do morro, mas não tinha como não imaginar essa mulher segurando uma arma, ela é toda marrenta deve fazer um estrago, olha as coisas que eu fico pensando. Eu acabei perdendo o interesse na série e então fui olhar minhas redes sociais e acabei me deparando com a página de fofocas daqui, vi a tal página de fofocas, e já tinha sobre os tiros mas isso eu ia ler depois, fui procurar a tal publicação aonde tinha a minha foto.
Bota Fora Comunidade,
A Patroa tem passado bem viu, eu sentava e me acabava.
PatroaJapa: Depois morre não sabe porquê.
- Era uma foto minha que tinha no meu insta, e nem sei como esse povo já sabia das minhas redes sociais, mas o comentário da j**a me fez rir, e por algum momento cheguei a pensar que ela poderia ter ficado com ciúmes, não claro que não, não tinha motivos para ela ter já que era apenas um casamento por conveniência, fui lendo mais as notícias era muita fofoca, e essa página explanava a vida de todo mundo, era traição atrás de traição, briga atrás de briga, e era engraçado a forma como a pessoa por trás dessa página era debochado, deixava a notícia bem caótica. Não vi quando dormi mas só acordei as 5 da tarde acho que precisava desse descanso, não tinha nenhuma mensagem da j**a, e nem sei porque esperei, fiz um lanche e fui ao supermercado na pista atrás das coisas que ia precisar para fazer a feijoada e o bolo dela, tinha que deixar tudo pronto pois eu tinha que sair ainda de madrugada, era longe e quanto mais cedo chegar mais rápido entra o sol lá parece que é um para cada cabeça.
Quando acabei de montar as vasilhas com as comidas já era quase onze da noite, e como sobrou eu aproveitei para comer e tinha ficado muito bom, depois que limpei tudo tomei banho e deitei, e ai recebi uma mensagem dela o que gelou todo o meu corpo.
-- Minha visita vai ser adiada vou pra solitária, não sei quando vou sair te aviso quando der.
Eu mandei mensagem na mesma hora, mas não respondeu e as mensagens não foram mais entregues, eu fiquei preocupado e como tinha o telefone do advogado dela mandei uma mensagem para ele, talvez ele não pudesse fazer nada mas eu queria tentar ajudar de alguma forma, ele me respondeu de imediato, disse que eu deveria ir mesmo assim e levar os produtos de higiene para ela, e que provavelmente houve uma briga ou ela desacato algum agente, ela poderia ser só levada para a solitária mas como poderia levar uma surra também, e que não era para me preocupar pois ela era forte, ele sabia do nosso casamento por conveniência e acho que por isso pediu para que eu não me preocupasse ou me envolvesse na situação, mas eu não consegui fingir que nada estava acontecendo, e também não consegui dormi, eu sai duas horas mais cedo que o normal e fui o primeiro a chegar, estava ansioso e preocupado, quando me liberaram algumas agentes riram e reviraram a comida com certa raiva, eu não deixei de levar a comida queria tentar entregar a ela, mas ai eu fui liberado para ver ela e estranhei ela disse que a visita foi adiada, os minutos naquela sala parecia horas e quando ela entrou estava irreconhecível.
O que fizeram com você?
— Eu disse que a visita foi adiada.
Não queria que eu te visse assim, você esta muito machucada, senta aqui você recebeu atendimento médico?
— Eu estou bem, logo estou normal.
Você brigou com alguém?
— Aqui dentro nem precisa arrumar briga para apanhar.
Vou avisar seu advogado, apesar de não ter gostado do jeito que ele falou comigo ontem, parecia que ele não estava preocupado por
você ir para solitária.
— Falou com ele?
Sim, mandei mensagem ontem, vou procurar outro advogado esse só quer seu dinheiro e não ta fazendo seu serviço direito.
— Tanto faz.
Agora come, eu fiz a feijoada e o bolo reviram tudo, mas tenta comer pelo menos um pouco aqui na minha carteira tem uma cartela de dorflex acho que não acharam r**m e não pediram para tirar, come e toma, não vai adiantar muito mas vai relaxar um pouco o corpo, eu tenho um conhecido que é advogado não sei se ele atua na área criminalista mas vou ligar para ele assim que sair daqui, e vou comprar remédios ver se ele pode trazer, vou dispensar o outro advogado.
— Já esta dando ordens.
Sou seu marido ué, alguma coisa eu tenho que fazer.
— Esta certo, obrigado e a comida está otima mas a minha boca dói mas vou comer o bolo pois não sei quando vou comer de novo.
Estão te deixando sem comer?
— Não precisa se preocupar.
Como você vai sobreviver 5 anos aqui desse jeito, vão matar você.
— Talvez não seja uma má ideia.
Não vou deixar isso acontecer, você está precisando de mais alguma coisa?
— Não preciso de muita coisa, não fica grilado, como está a faculdade?
Está indo bem, não muda de assunto.
— Quando for quinta feira, pega suas coisas pessoais e vai para um hotel na pista, vou depositar uma grana na sua conta, vai ter invasão no morro os canas estão atrás do meu pessoal não fica lá e não é para avisar ninguém nem aquela bixa lá.
Porque eu tenho a sensação que você não vai com a cara dele.
— Não é sensação não, eu não gosto é falso, pode ser que seja seu amigo de verdade pois te conheceu fora do morro, mas ele já deixou um amigo morrer por erro dele, quase ninguém sabe mas eu sei de tudo que acontece na minha comunidade, não quero ele dentro da sua casa também não.
Ele nunca entrou lá, mas vive se convidando.
— Se entrar uma vez não vai querer sair nunca mais, não quero mandar na sua vida mas observa os detalhes e depois me diz o que você acha sobre ele depois disso.
Ok, eu vou ficar de olho, agora tenta comer mais um pouco e já toma o remédio. - Ela concordou e tomou o remédio e comeu mais um pouco fazendo careta por conta da dor, escondeu a cartela de remédio na roupa e logo vieram buscar ela, não sei o que me deu mas abracei ela dizendo que tudo iria ficar bem que era para ela ser forte e aguentar mais um pouco. Quando sai de lá eu liguei para esse meu amigo e como imaginei ele não atuava nessa área mas me indicou alguém da sua confiança que logo entrei em contato, passei toda a situação e marcamos de nos encontrar, eu marquei na pista, iria resolver essas coisas longe do morro, não sei mas eu não iria confiar em mais ninguém, eu precisava ter um respaldo e uma mente mais ampla para entender todas essas situações.
O casamento pode ser falso, mas a minha ajuda vai ser de verdade.
Não vou deixar ela sozinha, não depois de ver ela naquele estado, machucada e bem longe de ser aquela poderosa dona do morro, mas independente do status ela precisa estar bem e segura e eu vou garantir isso.