Cibeli
Ao anoitecer sentia o corpo esgotado por mais uma semana concluída de muito trabalho.
O serviço em si não era pesado, a questão é que não estou acostumada, e a casa sendo espantosamente gigante tenho que percorrer vários passos por dia pra lá e pra cá. Falei pra minha mente para convencer o meu corpo que este cansaço será passageiro.
Entro no meu quarto, fechando a porta, e jogando o tênis branco num canto. Meus aposentos fica no térreo, perto da cozinha, o meu lugar favorito, pois nas madrugadas gosto de ir lá e assaltar a geladeira do chefe ogro. Havia tantas guloseimas naquele refrigerador que me deixava nas nuvens, eu comia de tudo um pouco. Fora as refeições que a fofa da Catarina preparava, quando podia ajudava na cozinha também, cortava os legumes, mexia a sopa, adicionava temperos, enfim fazia tudo o que me pedisse, sem tirar a autonomia dela naquele ambiente, ali a "mama" quem dá as ordens, nós mortais apenas obedece.
Ajeito a minha roupa de dormir, só visto um baby doll, o meu favorito é o da girafinha, gosto de dormir sem calcinha. Poxa já ando com essa peça o dia todo, a noite prefiro deixar a bixinha respirar!
Aqui no meu cantinho ninguém me incomoda, muito menos o moreno irritante do meu chefe, que homem rabugento. Quanto mais longe eu ficar desse carinha melhor faço, assim a minha saúde mental estará em perfeita sincronia com o mundo... Tenho tantos planos...
Depois de separar a roupa de amanhã, para o dia de folga, e o primeiro dia de p*******o! Hu!Hu!
Vou ao banheiro dançando a dança do passinho da felicidade.
Retiro o avental branco, abro os botões nas minhas costas, logo me liberto do traje azul marinho deixando-o deslizar do meu corpo até o tapete, estou descalça pois havia me livrado do calçado no meio do caminho.
Corro para o banheiro, tomo um banho generoso, lavo os cabelos, usando o meu shampoo favorito.
Logo no primeiro dia nessa mansão, o mordomo Charles, muito atencioso por sinal, fez um favor de perguntar sobre as minhas necessidades básicas, como; produtos de higiene, comidas preferidas ou saber daquelas que em hipótese alguma poderia ingerir por causa de uma possível alergia, também quis saber o tamanho das minhas vestimentas... Bom a roupa ficou um cadinho larga, mas eu disse que até preferia assim, me sentia melhor trabalhar desta forma.
Não que eu fosse despertar algo em alguém dessa casa, não é isso, só não gosto de roupas apertadas revelando como sou sem curvas, céus, que vergonha... Vamos ver agora comendo a comida da Catarina se vou ganhar peso, pelo menos uns 10 kilos a mais.
Terminado o banho de chuveiro, me exugo rapidamente, visto a peça de dormir e enrolo a toalha na cabeça, essa cabeleira demora muito a secar e não sou fã de secador, deixa minhas madeixas ressecadas.
Ao sair praticamente me jogo na cama, já sonhando com a grana quinzenal, sim, ele vai me pagar por quinzena. Bom... admito, nisso o tal reizinho acertou em cheio, só nesse quesito ele é um ótimo chefe, não sendo mão de vaca tá ótimo.
Mesmo sabendo que se juntasse durante anos nunca chegaria no valor que a mercenária da doadora de medula quer, eu tenho grandes esperanças de conseguir um empréstimo no banco que um dos seguranças da casa me levou pra fazer o cadastro, sai de lá toda boba com o primeiro cartão de crédito. O gerente já me deixou de sobre aviso, que daqui há um mês poderei fazer um empréstimo bem gordinho.
Não por que se encantou por essa moreninha jambo aqui, mas sim, pela razão que ele conhece Richard Júnior, e todos os seus funcionários tem certas regalias. O homem não revelou o valor, no entanto já é o começo.
O médico da mana também está empenhado em ajudar, fará um empréstimo junto comigo, sendo assim o que conseguirmos vamos oferecer a malandra. " Precisamos dessa medula, uma parte dessa menina, vai salvar minha irmã"
Fecho os olhos, virando o corpo de lado... pego num sono profundo...
***
Acordo sobressaltada quase caindo da cama, ouço um barulho de música alta, acho que vem da sala de estar.
Olho o despertador, são 2 da madrugada.
Esfrego os olhos saindo definitivamente da colchão quentinho, calço as pantufas, a toalha escorregou da cabeça no trajeto da caminhada, deixo o quarto bocejando.
Ando pela casa ainda limpando a vista, até que ao chegar no local da bagunça vejo o motivo dela, me escondo para o chefe não me vê.
Ele está sentado no sofá feito um sultão das Arábias, todo á vontade, o peitoral parcialmente descoberto, pernas abertas, tomando seu Bourbon asqueroso, eca, só o cheiro daquele troço me embrulhava o estômago.
Abro bastante os olhos para a imagem da bela, e elegante mulher loira sensualizando pra ele, requebrando o corpo generosamente cheio de curvas ao som de " I Gotta Felling" de " Black Eyed Peas"
Richard parecia aprovar tudo o que a moça fazia, embora sério, seu olhar carnal era evidente, acho que dessa vez encontrou a noiva que tanto buscava, só não entendia o motivo dele procurar uma esposa desta forma. Um homem no seu nível de riqueza poderia perfeitamente...
Há! Vá!
Cibeli Almeida você está falando de Richard II. O Reizinho!
Esse sujeito parece ser impenetrável, fora que pessoas desse círculo social se casam apenas por interesse, na certa essa mulher é filha de bancário ou quer juntar a empresa dela com a dele, casamento por contrato.
Pobres coitados, são pobres de espírito por quererem tanto.
A música estava muitíssimo alta, e notava-se que a noite não havia se findado para o casalsinho.Tanto que ela sentou no seu colo de frente, começou a rebolar, as mãos dele agora vazias, alisaram das suas coxas até a cintura.
Será que vão f********o aqui?! Agora?
Melhor eu sair daqui e... Sua voz atraiu minha atenção.
__ Senhorita Paiva, devo repetir as regras novamente? És muitíssima agradável, mas iremos fechar um negócio, e sobre isso deixei bem explícita na cláusula...
__ Nem um beijo posso dar no meu futuro noivo...
Falou ela toda dengosa avançando nele, os dois seleram os lábios... Nesse ângulo só via a moça sentada de costas na minha frente, porém deu pra notar que o beijo foi quente.
Sai de fininho, sem levantar suspeitas.
Sem sono andei direto para a cozinha.
Abri a geladeira de duas portas, tirei uma travessa de bolo sorvete do freezer, e um jarro de suco de uva natural na parte debaixo. Sentei de frente a bancada, depositando as guloseimas sobre o balcão.
Comi tranquilamente...
Os minutos foram passando, acabei me distraindo com os meus pensamentos. Ao escutar passos vindo nessa direção levanto-me assustada. Richard aparece de relance na porta e se depara comigo ali, seu olhar fechado crava em meu rosto, no entanto esse mesmo olhar desvia descaradamente dele e resolve percorrer por toda extensão do meu corpo, parando nas minhas coxas finas.
Me senti exposta, vestida desse jeito na sua frente.
__ Boa noite, senhorita Cibeli...
Disse ele roucamente voltando os seus olhos audaciosos na minha face branca feito papel.