Richard II
Droga! Droga! Mil vezes droga! Por que razão fui me meter nisso, agora a minha honra está na reta, não poderia dar pra trás nas negociações. Eu desejava muitíssimo essa aliança com a empresa "Diamante azul"
Mas não imaginava que me daria tanta dor de cabeça achar uma noiva que me agradasse.
Não deveria ter seguido o conselho de Charles e posto o anúncio na internet, no primeiro mês veio umas mulheres do meu estilo, todavia, algumas eram burras feito portas, outras eram tão interesseiras que fiquei com receio, poderiam querer me chantagear futuramente depois do inevitável divórcio.
Nunca que dividiria a minha preciosa fortuna com uma ex-mulher de faxada.
Enquanto penso nesse mês que se findou, lembro-me da última sessão de entrevistas com aquelas modelos raquíticas, céus... que desperdício de tempo. Sim, elas possuíam a beleza, mas eu não queria conviver com uma mulher que comesse salada no café da manhã, almoço ou jantar!
Desejo uma que goste de comer, aprecie se alimentar com vontade.
Termino de me arrumar para mais um dia na empresa. Saio da suíte, passando pelo corredor visualizo os aposentos do meus pais aberto. A senhorita Cibeli estava ajeitando os travesseiros da cama de dossel, seguindo as orientações da minha governanta, Trudon. Embora seja da Alemanha, sabia falar a língua brasileira perfeitamente.
Decidindo a não interromper as duas vou direto a escadaria, desço rapidamente.
Sigo para à mesa posta na varanda.
Ao me sentar ouvindo alguns pássaros cantando ao fundo sou servido pela cozinheira Catarina, ela está nesta casa há anos.
__ Bom dia, como vai os pirralhos?
__ Há, Senhor Júnior... Aqueles meninos cresceram, sem dúvida estão maiores que o reizinho... _ Diz ela soltando sua costumeira gargalhada.
Tomo um gole generoso do capuccino, preparado com mate, e muita espuma, sem desviar o olhar dessa alegria genuína dela. Ela uma senhora de idade, aposentada a força, pois ela não ousava deixar a mansão, então propus um acordo beneficiando a ambos.
__ Te garanto que nenhum dos seus netos são maiores que eu, tenho 2 metros e 20 centímetros de altura. _ Falo ao depositar o copo vazio sobre à mesa.
Seu olhos quase soltaram das órbitas.
__ Menino! Como bebeu isso numa virada só?
__ Há! Achei que seus olhos haviam ficado esbugalhados por causa da descoberta da minha altura.
Catarina entortou o canto da boca e colocou as mãos sobre a cintura larga. Estreitou os olhos ao me analizar.
Peguei um pedaço de bolo de limão levando-o a boca.
__ Júnior... Eu sei até o tamanho das suas cuecas!
Cuspo os farelos, definitivamente envergonhado por essa afirmação.
__ Epa, epa... _ Ergo os braços mastigando o resto do bolo na boca. __ Assim serei obrigado a escolher a senhora pra casar comigo. _ Falei brincando, mas ela levou a sério.
Abaixei a mão voltando a comer, escolhendo a torrada com geleia de damasco.
__ Sabe que sou contra. Não aprovo casamentos por contrato.
__ Já conversamos o essencial sobre esse assunto, me casarei custo o que custar. _ Anunciei indiferente a sua opinião.
__ Richard Júnior meu anjo...
A mirei diretamente nos seus olhos grandes, amendoados da cor do cacau.
Sempre que ela desejava a minha obediência quando criança usava esse tom de voz e lançava esse olhar de ternura.
__ Diga-me Catarina.
__ E se vocês dois se apaixonarem?
__ Não correrei esse risco.
__ Todos correm esse risco uma vez na vida, filho...
__ Assim é golpe baixo. Sabe que lhe tenho em alto preço, a senhora foi e é a minha segunda mãe, a única que me resta.
Ela se aproximou, erguendo seu braço enrugado pela idade avançada. Tocou os fios persistentes da minha testa, jogando eles para o lado.
__ Já que não quer ouvir a mama aqui, desejo imensamente que caía na armadilha do amor. Esse é um jogo que ninguém quer perder, escuta-me antes de prosseguir com esse plano...
__ Digo e repito, meu coração não está disponível para esse tal do amor, só penso nos meus negócios e aumentar o patrimônio...
__ Pra quem? Vai somar essa fortuna para quem? Richard II. _ Afastou a mão raivosamente.
__ Isso pouco importa. _ Retruquei.
__ Vai se casar com a moça depois dará um pé na b***a dela?
__ Catarina. _ Gesticulei revelando os meus planos. __ O contrato será de um ano ou menos se ela quiser, a garota sairá dessa relação fajuta endinheirada. Garanto que ao ver o montante não ficará apaixonada pelo moreno sexi aqui, com certeza contará os segundos para pular fora desse casamento.
__ Então vocês não terão relações sexuais?
__ p**a merda... _ Retorno ao copo vazio, precisava de mais capuccino. __ Me recuso a falar sobre sexo com a minha mama.
__ A garoto!
__ Já sou um homem, não me trate assim.
Entregue-a o copo.
__ Agora poderia por obséquio trazer mais dessa bebida deliciosa?
Catarina pegou o copo de forma rudi, tanto que a olho e vejo a sua mirada atravessada.
__ Acabará tendo um troço misturando cafeína com mate!
Joguei o meu charme natural.
__ Não antes de agrupar a minha empresa e ficar bilionário.
__ Argh!
Saiu em disparada, juro que se alguém passasse na sua frente ela fuzilava.
Como um pedaço de queijo de búfala enquanto pego o meu celular, abrindo nas notícias... Leio as desgraças desse mundo; desemprego, miséria e etc...
Passo para outras notícias mais agradáveis, e me pego compenetrado numa coluna sobre um museu no centro, aberto para novas exposições administrada pela bela " Janaína Paiva"
Sua foto de perfil denota os traços que busco.
Procuro saber mais da loira no face, e nos demais sites e nada.
__ Terei que ir ao museu.
__ Como?
Ouço a voz da senhorita Cibeli, ergo a cabeça dando de cara com a mesma.
Numa fração de segundos mudo o meu humor que já não era dos melhores.
__ O quê faz aqui? _ Questionei.
__ Dona Catarina pediu para fazer esse favor, desculpe se a minha presença o afeta.
__ Está redondamente enganada, não afeta, só que particularmente a sua pessoa não bati com a minha.
Fitei-a por inteira... Cibeli vestia o uniforme casual de empregada, mas era tão magricela que o traje dançava no seu corpo.
Será que essa menina fazia dieta?
__ Tome trouxe o seu capuccino.
__ Deixe sobre a mesa e saia, vai procurar o que fazer além de me servir é claro.
Vi quando algo se rompeu dentro dela e exalou pra fora, no mesmo instante pôs o copo enfurecidamente no local, em seguida suas mãozinhas finas se fecharam-se em punhos.
Que temperamento...
Sem querer brota um sorriso torto nos meus lábios, por despertar isso nela. Tomo a bebida dessa vez devagar.
__ Aprecie o seu purgante! Chefinho
Quase engasgo pensando que ela realmente poderia ter posto algo na bebida.
__ Cibeli...
A danada não disse mais nada, apenas deu de ombros colocando a pequena bandeja debaixo dos braços, que pareciam dois caniços, abandonando satisfeita o recinto.
__ Cacetada.
Cheirei o conteúdo.
Por via das dúvidas resolvi não beber.
E olha que só fazia uma semana que havia contratado essa menina... Arretada.