Capítulo 04

1003 Words
Depois de comermos — e devo admitir que aquelas foram as conversas mais desinteressantes do mundo para mim —, Hades decidiu que subiria para seu escritório para conversar sobre negócios. Aquilo parecia importante para ele, então me limitei a acenar com a cabeça para eles e subir para o meu quarto, onde pretendia passar o restante do dia jogada na minha cama, olhando para o completo nada. Não era como se eu tivesse qualquer coisa para fazer nessa casa estupidamente grande. Ainda que, por algum motivo, tivesse uma televisão no quarto. Observava, da varanda do meu quarto, a vista das montanhas lindas, das nuvens que a abraçavam, as flores que enfeitavam o jardim. Os pássaros cantando de maneira graciosa, enchendo o meu peito. Isso ainda era melhor do que imaginei. Duas batidas soam na porta e eu me levanto, mesmo a contra gosto, andando até a porta da frente, apenas para encontrar com uma das empregadas. Esperava que fosse alguma noticia de Hades, mas ela parecia ainda mais nervosa. — Senhora. — Ela diz, e eu a analiso. — A mãe do senhor Hades está chegando. Acabou de atravessar o corredor principal. Eu franzi a testa. — Já falou com Hades sobre isso? — Pergunto, saindo do quarto e fechando a porta atrás de mim. — Não, senhora. O senhor Di Tempesta pediu para não ser incomodado. — Ela me explica. — Eu vou atendê-la. — Decido, andando na frente dela. — Ela disse alguma coisa? Pelo menos, ligou para avisar que viria? — Não, mas parece que a irmã do senhor Hades está junto com ela no carro. — Diz. — Eu devo preparar alguma bebida? — Sim. Não. Sim? — Eu paro para olhá-la. — O que Hades faria? — O senhor Di Tempesta e a mãe não tem uma... enfim, geralmente, ele e atende ainda na porta e ela nunca fica muito, então também não sei quais decisões tomar. — Ela se encolhe. — Como você se chama? — Sidney, senhora. — Ótimo, Sidney. Pode me chamar de Tate. — Sorrio fraco. — Me diga, como ela é? Ela me analisa por um segundo, seus olhos confusos, um vinco se formando na sua testa. Ela parece não entender o motivo da minha pergunta. — Eu não a conheci. — Explico. Entendimento passa pelo seu rosto por um segundo e suas bochechas ficam vermelhas. Sei que quer dizer alguma coisa, mas está retraída e com medo do que pode acontecer. — Seja sincera comigo, Sidney. — Eu peço. — Não me deixe cair na boca do lobo dessa forma c***l. Ela dá uma risadinha, colocando a mão sobre a boca. — Ela é uma completa bruxa. — Diz, por fim. — Senhor Hades não tem uma boa relação com ela, então sempre a expulsa. Ela tentou de tudo... — Ela faz uma pausa. — Bem, não de tudo. Agora é sua última cartada, aparentemente. Agora, quem está confusa sou eu. — Explique. — Ela nunca tinha trago a irmã do Senhor Di Tempesta. Ele a ama muito e faria qualquer coisa por ela. — Ela dá de ombros. — Ao menos, é isso que todos dizem por ai. Eu aceno com a cabeça e duas batidas soam na porta, eu olho para a porta pesada e branca, sentindo um calafrio percorrer a minha espinha. — Me deseje sorte. — Peço, olhando para Sidney. — Vá avisar Hades, diga que foi eu quem pediu. Ela acena com a cabeça, correndo rapidamente para a escadaria que a levaria para o segundo andar. Respiro fundo três vezes, seco minhas mãos no meu vestido e enfim, caminho até a porta, girando a maçaneta e abrindo-a. A mãe de Hades entra como um furacão. Seu rosto é sério e expressivo, demonstram raiva. Seus olhos passam por tudo, menos em mim. — Que falta de respeito comigo. — Ela reclama. — Me deixar esperando tanto tempo do lado de fora. Esses empregados não tem... — E ela me lança um olhar pela primeira vez. Estou em silêncio, a analisando. — Bom dia, senhora Di Tempesta. — Digo, enquanto fecho a porta. — E você? — Ela pergunta, chegando dois passos mais próxima. — É um prazer. Sou Tate. — Estendo a minha mão para ela, mas ela me encara com tanto nojo, que sinto-me suja. Recolho minha mão. — Hades está em seu escritório. — Chame-o. Imediatamente. — Ele pediu para não ser incomodado. E eu não sou uma empregada, senhora Di Tempesta. — Eu digo, solene. — Eu sou a esposa de Hades. Ela deu uma risada amarga, e eu jogo a cabeça para o lado. — Você acha mesmo que tem direito a esse posto? — Ela diz, séria. Agora, seus olhos estão em mim, me perfurando. Ela segura meu braço com força, suas unhas entrando na minha carne. — Você é uma mancha nessa família. Uma mancha no meu sobrenome. Acha que meu filho te respeita? Te ama? Você é menos que uma empregada, menos que uma moradora de rua. — Ela chega mais próximo. — Eu posso falar da maneira que quiser com você e você terá que se calar. Eu não consigo dizer nada, pois sua mão acerta meu rosto com um tapa estalado. Eu cambaleio, batendo contra uma mesinha de vidro, que bate contra a parede. Estou em choque, a encarando de olhos arregalados, sentindo a minha bochecha que queima. — Quem você... Mas minha frase é cortada ao meio. Meu coração bate com força em meu peito, a humilhação me toma, estou me sentindo pequena e, acredito que Hades pense da mesma maneira que ela. — O que você pensa que está fazendo? — A voz dele soa rouca, forte, um pouco sombria. Seus passos se aproximam mais depressa agora, ele parece com raiva. Meus olhos se enchem de lágrimas pensando no castigo que vou receber. Ele se põe entre nós. Fecho meus olhos, meu corpo treme de medo. — Eu perguntei que mer-da você pensa que está fazendo?
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