Os olhos de Hades me queimam quando saio vestindo a minha camisola super transparente e curta. Não queria usá-la, mas tive medo de que ele se irritasse pela minha demora. Me enfiei em um hobby de seda e sai, fechando a porta do closet atrás de mim.
Meus olhos estão nele enquanto ando até a mesinha onde uma xícara de chá fumegante me espera.
— Miranda deixou isso para você. Tome e venha se deitar. — Hades diz, voltando a se entreter com o seu livro. Queria perguntar o que ele estava lendo, mas ainda consigo me lembrar de como ele me pressionou contra essa cama; como foi agressivo; como agiu como se eu fosse um estorvo, mesmo sendo ele próprio quem aceitou esse acordo de merda.
Eu bebo devagar, de costas para ele, olhando para o lado de fora. Sinto como o líquido quente me conforta. A paisagem do jardim é linda. A vista do quarto é impecável. Posso ver as montanhas iluminadas pela luz da lua, brilhando intensamente no céu veranoso da Itália.
Quando termino, coloco a minha caneca sobre a mesinha e fecho a porta de correr da varanda, puxo as cortinas e me viro para ele, que me analisa agora. Sinto minhas bochechas corando enquanto começo a retirar a única peça que me protege dos olhares enojados do meu marido.
— Venha se deitar, Tate. — Ele diz, enquanto guarda seu livro na mesinha de cabeceira. — Eu não vou morder você.
Ele me observa enquanto ando calmamente até ele, sentindo-me exposta demais. Puxo o cobertor ao seu lado e me sento na cama levemente, me livrando das pantufas. Me estico o suficiente para desligar o abajur do meu lado e enfio as minhas pernas por dentro do cobertor quente, que faz constraste com o ar frio que começa a se espalhar no ambiente do nosso quarto.
Hades está me analisando. Seus olhos estão me estudando atentamente, como se pudessem desvendar todos os mistérios do mundo. Eu puxo o cobertor até o meu pescoço e me viro para o lado oposto, ficando de costas para ele. Ainda posso sentir seus olhos me queimando.
A cama cede levemente quando ele se move, deitando-se ao meu lado. O espaço entre nós diminui, e eu posso sentir a pressão de sua presença, esmagadora, ameaçadora. Ele é como uma sombra que me envolve, e eu sou apenas uma folha, frágil, à mercê dele
Sua mão roça minhas costas, o toque firme e possessivo, um arrepio atravessando minha espinha. Ele não precisa dizer nada, seu toque já fala por ele. Seus dedos deslizam lentamente ao longo do meu braço, fazendo meu corpo reagir de uma maneira que eu odeio. Algo em mim responde ao seu toque, algo que eu m*l entendo.
Seus lábios esmagam em meu pescoço e eu tensiono, estrangulando um gemido surpreso que quer deixar meus lábios.
— O que foi, Tate? — Ele pergunta, posso sentir um leve divertimento em sua voz.
— Nada. — Eu digo, engolindo em seco.
— Sabe, Tate... — Sua voz se aproxima cada vez mais do meu ouvido. Mais rouca, mais grave. Ela faz algo pinicar entre as minhas pernas e eu as pressiono.
Meu corpo traidor reage a ele. Ao seu toque.
A cama geme sob o peso de seu corpo enquanto ele se aproxima ainda mais, quase não deixando espaço entre nós. A pressão de sua presença é insuportável, e eu sinto minha respiração se acelerar, mas tento manter a compostura. Ele não faz mais nada além de me tocar de maneira fria e calculada, cada gesto dele uma promessa silenciosa de que, mais cedo ou mais tarde, eu não terei mais forças para resistir.
— Você acha que pode me desafiar, Tate? — A voz dele é baixa, como se fosse uma ameaça, mas ao mesmo tempo, há uma calmaria nela que me faz estremecer. Ele não tem pressa. Sabe que o tempo está ao seu lado.
Seus dedos param por um momento, como se ele soubesse exatamente o que está acontecendo comigo. Ele sente a tensão em meu corpo, percebe a luta silenciosa que estou travando, e isso o diverte. Eu consigo ver a expressão em seu rosto, mesmo sem olhar para ele diretamente. Ele está se divertindo com minha agonia, com a minha resistência.
Eu tento manter a postura. Levanto a cabeça, respirando fundo, tentando me convencer de que estou no controle. Mas a verdade é que não estou. Cada palavra dele, cada toque, só me faz mais frágil. Estou nas mãos desse homem, estou fadada a uma vida infeliz, solitária e dolorida ao lado dele.
Odeio os meus pais e os meus irmãos por isso. Os odeio, pois sei que jamais pensarão em voltar para me salvar, pois me odeiam a ponto de me jogar na toca do lobo apenas para livrá-los dos seus próprios erros; seus pecados. Eles são capazes de me matar para salvar a si.
— Eu não sou um brinquedo. — Eu falo, minha voz falhando um pouco. Tento ser firme, mas a cada toque dele, minha determinação se enfraquece.
Céus, o conheço a apenas algumas horas. Como esse maldito pode ter esse efeito sobre mim? Sobre meu corpo?
Eu fecho os olhos, sentindo um nó apertar minha garganta. O medo e a raiva se misturam, mas há algo mais, algo que eu não quero admitir. Sua mão finalmente encontra minha coxa, subindo lentamente, e a pressão em meu corpo me faz sentir tão pequena diante dele. Ele sente isso. Ele sabe.
Ele ri baixo, um som que me faz arrepiar.
— Não, você não é um brinquedo. — Ele se aproxima mais, seus lábios quase tocando a minha pele. Eu fecho os olhos, tentando afastar a sensação de calor crescente. — Mas você é minha, Tate. E por mais que se recuse, é só uma questão de tempo até que você se renda.
Seus dedos, agora mais firmes, traçam o contorno do meu pescoço onde ele faz uma pressão suave, mas implacável. Eu tento me afastar, mas ele está tão perto, tão dominante, sinto que estou presa a ele. Não tenho forças para resistir se ele quiser me tomar aqui e agora. Se ele quiser me fazer dele. Não vou lutar. Não vou pensar duas vezes.
— Não... — Eu sussurro, tentando reunir o que resta de minha força. Minha voz está mais baixa, mais frágil agora. Ele sorri, um sorriso que fala mais do que mil palavras. Ele sabe que está ganhando.
Seus dedos estão me enlouquecendo, sua boca lambe e mordisca a curva do meu pescoço me fazendo arrepiar e querer gritar. Eu gemo, mas fecho a minha boca antes que tenha qualquer outra reação. Ele dá uma risada contra a minha pele, seus dedos apertam a minha cintura e ele deixa meu corpo de repente.
— Eu não farei nada com você até que implore por isso. — Ele diz finalmente, sua voz fria, sem misericórdia. Eu não sou nada além de um jogo para ele, uma peça que ele moverá com paciência, até que não haja mais resistência.
— Eu não vou implorar. — Minha voz sai mais forte agora, mais decidida, mas sei que não estou mais tão certa. Ele já percebeu a minha insegurança.
— Vai sim, Tate. Você vai. — A afirmação dele é fria, quase como uma sentença. Ele se deita, virando-se de costas. Ele está me esperando, esperando que eu finalmente quebre. Eu tento manter a dignidade, mas sei que isso é apenas uma questão de tempo. — Durma. — Ele diz. Sua voz é uma ordem, não um pedido. Não há carinho, não há compreensão. Apenas controle. — Amanhã será um novo dia. E você vai aprender que aqui, quem manda sou eu.
Eu fecho os olhos, sentindo as lágrimas ameaçando escapar, mas as mantenho dentro de mim. Não vou deixá-lo ver minha fraqueza. Não agora. Eu não sei o que vai acontecer, mas sei uma coisa com certeza: Ele vai me quebrar, assim como ele prometeu.