Capítulo 5
Rafa narrando :
E aí, favela. Eu sou o Rafael, mas todo mundo me chama de Rafa, tá ligado. Tenho 24 anos, sou moreno claro, corpo forte e cheio de tatuagens porque eu curto pra c*****o, tá ligado? Moro no morro desde sempre. Agora é só eu e a minha irmã. Tudo que eu faço, faço pensando nela, na segurança dela.
Tava no barraco, mexendo no celular, esperando dar a hora de ir pra boca pegar meu turno, quando a Thaís chegou desesperada, mano. Quando ela falou o que aquele filho da p**a fez com ela, eu fiquei puto pra c*****o. Não pensei em mais nada. Fui direto pro barraco do Joel. Cheguei lá e o Verme tava na sala bebendo. Já cheguei metendo o pé na porta.
— Qual foi, Rafa? Tá ficando louco, mano? — ele disse, estufando o peito pra fora.
Mano, não vi mais nada. Fui nele, peguei pelo pescoço e acertei um soco na cara dele, derrubando ele do outro lado do sofá. O sangue escorreu pelo nariz dele. Ele me encarou e ainda veio querer me estufar. Mais um soco e ele desabou. Eu queria acabar com ele ali mesmo, mas sabia que não podia perder a cabeça desse jeito.
– Seu filho da p**a , se tu chegar perto da Thaís de novo , eu te mato – eu digo pegando a minha arma da cinta .
– Qual foi, tá comendo ela seu filho da p**a – ele diz e eu não vejo mais nada , eu pego ainha pistola e dou uma coronhada na cara do safado que desmaia na hora , eu saio para os fundos da casa e acho uma madeira , eu pego aquela madeira e dou no saco do filho da p**a e ele acorda de tanta dor .
– Aí c*****o, ta louco – ele diz e eu acerto mais madeiradas nele , eu bato tanto nele que só paro quando eu vejo que ele desmaiou de novo .
Deixei ele lá, todo arrebentado, e voltei pro barraco. A Thaís tava lá, ainda chorando no sofá, com a Lu do lado dela, tentando consolar. Cheguei perto e coloquei a mão no ombro dela.
— Você tá segura agora, Thaís. Ninguém vai mais te fazer m*l — falei, tentando transmitir alguma segurança.
Ela me olhou com aqueles olhos cheios de lágrimas e eu só queria poder fazer mais. Mas, por enquanto, só podia garantir que aquele filho da p**a nunca mais chegaria perto dela.
A Lu, sempre firme, olhou pra mim e deu um sorriso de agradecimento. Sabia que ela entendia meu sentimento pela Thaís, mas também respeitava meu silêncio. Agora, a única coisa que importava era garantir que a Thaís se sentisse segura e protegida.
Eu sempre gostei da Thaís, a muito tempo , mas a mina era novinha e a mãe dela não deixava ela nem respirar. Depois que a coroa morreu, ficou aquele infeliz do padrasto em cima dela. Sempre soube que ele tinha maldade com ela , mas esperava pegar ele no flagra. Agora, esse vacilão nunca mais encosta nela porque eu não vou deixar. Se ele tentar algo de novo, eu mato ele.
Quem sabe agora, com a Thaís ficando no meu barraco, eu chegue nela e role algum bagulho entre a gente. Eu tô ligado que ela não é igual essas piranhas que eu tô acostumado a pegar no morro. A Thaís é toda diferenciada. Quem sabe ela não vai ser a mina que vai colocar o juízo aqui na mente do vagabundo?
Saí do barraco, peguei minha moto e desci até a boca. Estacionei na frente e entrei pra conferir as drogas que tinham chegado. Eu sou o chefe da boca 5. Sou eu que confiro as vendas, faço a contabilidade e levo pro chefe, que é o Rei. O cara é cabuloso. De dia tu não acha ele em lugar nenhum, mano. À noite ele anda pelo morro igual uma sombra.
Passei o olho no movimento e vi que tava tudo em ordem. Os caras trabalhando direitinho, sem levantar suspeita. O morro tem suas regras, e quem não segue, paga caro.
O meu rádio começa a tocar. Atendo na hora.
— Visão — digo assim que atendo o rádio.
— E aí, Rafa? — é o Jardel falando.
— Pode falar, patrão — respondo, já pensando que aí vem bomba.
— É pra tu colar aqui na boca... O Rei quer trocar uma ideia contigo — ele diz.
— Já é. Marca 10 que eu tô chegando aí — desligo o rádio já pensando. O que aconteceu pra ele querer trocar uma ideia comigo?
Com o coração acelerado, peguei a moto de novo e subi pra boca onde ficava a sala dele . O Rei não chama ninguém pra conversar à toa, então alguma coisa séria devia estar rolando. Chegando lá, estacionei e fui direto pra sala dele . Jardel estava na porta, me esperando.
— E aí, qual é a fita? — perguntei.
— Entra lá, o Rei tá te esperando — ele respondeu, sério.
Entrei e vi o Rei sentado, aquela presença cabulosa que ele tem, a sala m*l iluminada só aumentava a tensão. Ele olhou pra mim com aqueles olhos frios.
— Senta aí, Rafa. Precisamos trocar uma ideia sobre algumas movimentações no morro — ele começou.
Sentei, tentando manter a calma. Sabia que qualquer passo em falso podia custar caro.
— O que tá pegando, chefe? — perguntei, tentando entender o que estava acontecendo.
— Fiquei sabendo que tu andou cobrando um morador hoje mais cedo . Oque tá pegando — ele disse, direto ao ponto.
– O cara é padastro de uma mina aí que é amiga da minha irmã , a mina é como se fosse da minha família e ele tava de maldade com ela – eu digo . O Rei ouviu tudo, sem mudar a expressão. Quando terminei, ele ficou em silêncio por um momento, avaliando minhas palavras.
– Ele abusou da mina ? – ele perguntou e eu neguei .
— Dessa vez tu vai passar , mas fica sabendo que nada aqui passa despercebido por mim , se tem alguém pra ser cobrado no meu morro tem que passar por mim . Primeiro tem que trazer o bagulho pra mim e sou eu quem vou cobrar . Não quero que isso se repita . Meu morro não é bagunça — ele disse, com a voz firme.
— Pode deixar, Rei. Isso não vai mais acontecer — respondi.
Ele me dispensou com um aceno e eu saí dali, aliviado e preocupado ao mesmo tempo .
Continua .....