Capítulo 18

2002 Words
Acordei de manhã com os braços protetores em volta da barriga. Assustada com o gesto estranho, afastei meus braços. Algumas imagens aleatórias do meu sonho vinheram a mente enquanto eu piscava rapidamente. Um Luke assustado, um bebê que se parecia com nós dois. Agora, aqui estava eu, protegendo meu estômago como se houvesse vida ali, para começar. Eu não estava pronta para ser mãe, especialmente nestas circunstâncias. Afastei lentamente os lençóis das pernas e girei-me na cama, balançando os pés sobre o chão frio de madeira. — É melhor ele pegar aquela pílula. — murmurei. Minhas palavras desapareceram no silêncio calmante. Eu balancei minha cabeça. — Não. Eu não ia me deixar acostumar com esse lugar. Essa situação. Está não era realmente minha casa. Em algum lugar lá fora eu tinha uma família e uma vida ainda esperando por mim. Estás paredes brancas pálidas eram apenas uma concha de uma vida que não era real. Aqui, eu não era a Jenna que o mundo me conhecia. Eu era uma refém moldada, alguém que encontrou seriamente conforto no silêncio quando acordou em seus aposentos de prisão. A realidade estava se transformando para mim. Algo teria que mudar. Eu estava preocupada que as mudanças não funcionassem a meu favor. Depois de pressionar meus pés no chão, levantei-me da cama e estiquei meus membros. Eu chegaria na hora hoje para o café da manhã. Nenhuma punição seria me dada, o que era algo pelo qual ansiar, mas pela falta de atenção de Luke, eu pensaria na punição como uma recompensa. Qualquer coisa para fazê-lo se concentrar em mim, mesmo que por pouco mais de um minuto. Ele ainda estava me punindo por minha falta de fé nele. Parece estranho na minha cabeça, eu só podia imaginar como soaria em voz alta. — Ele está bravo comigo por não confiar nele... meu sequestrador. — Eu bufei. Sim. Hilário. Quase tão engraçado quanto o fato, estou incomodada com a raiva dele. Isso apenas validou as emoções que eu tentava dissipar. Endireitei meus ombros e mantive minha cabeça erguida, antes de respirar fundo. — Não vou deixá-lo chegar até mim. Farei o que ele quiser e pronto. Nada mais pelo bem das minhas emoções. Sou uma prisioneira. Não uma amante em uma briga maluca. Eu sabia que se alguém pudesse me ver assim, iria rir. Que patético, mas não deixei que isso me impedisse de pular da cama e correr até o banheiro. — Sim, vou mostrar a ele o quanto não me importo. — Eu sibilei, enquanto olhava meu rosto no espelho. Grandes bolsas circulavam meus olhos, como se eu tivesse levado um soco. A falta de sono faz isso comigo. Meu cabelo estava uma bagunça, mas nada que um banho quente não pudesse resolver. Tirei a camisola e fui até o chuveiro, girando o registro antes de colocar os dedos sob o jato de água. Eu esfregaria minha pele com tanta força que não sobraria nenhum vestígio dele. Eu não ficaria pensando na reação que meu corpo tem quando ele me toca, ou na maneira como tremo sob seu olhar. Não. Eu só me concentraria em raspar violentamente as unhas enquanto forçava espuma na pele. A água aqueceu quase imediatamente. Não perdi tempo entrando debaixo do chuveiro. O vapor subiu pelas paredes do box ao meu redor, enchendo meus pulmões de ar quente. Respirei fundo e olhei para a barra de sabão. Estava pequeno e usado demais, sobrou um pequeno pedaço. Tantas lavagens dolorosas, e eu ainda não tinha me livrado de seu cheiro, da familiaridade de seus dedos roçando minha pele; Me tocando e me acariciando em todos os lugares certos. Suspirando, comecei a ensaboar as mãos com o sabonete, aplicando-o profundamente nos dedos, antes de colocar a barra de volta no chão e pressionar as palmas das mãos contra a barriga. Por alguma razão desconhecida para mim, fui gentil. Não cavei as unhas na pele nem arranhei vigorosamente até que a pele caísse. Massageei o sabonete em mim, começando pela barriga que poderia estar abrigando uma criança indesejada. — Deus, o que diabos há de errado comigo? — Rosnei e me pressionei de lado contra a parede. — Eu não quero o bebê dele. Eu não o quero. Ele não significa nada para mim. Mentirosa. Não adiantava discutir comigo mesma. Eu já conhecia a verdade por trás das minhas palavras. Eu sempre soube a verdade e me perguntei se Luke também sabia. [...] — Há algo que você gostaria de me dizer? — Luke questionou enquanto eu entrava na sala de jantar. Seus olhos não se desviaram do jornal, mas eu poderia dizer, pelo seu aperto em torno daquelas páginas cinzentas e opacas, que ele estava irritado. Parei rapidamente, um movimento momentâneo e desequilibrado praticamente me mandando para a mesa. Engoli o nó na garganta e consegui puxar meus lábios para cima, no que achei ser um sorriso convincente. — F-falar sobre o quê? — Merda. Gaguejar não iria ajudar a convencê-lo de que eu estava sendo sincera. Ele ergueu o olhar das páginas para olhar para mim com olhos assustadores. Ele estreitou os olhos e olhou para baixo do meu corpo antes de nivelar seu olhar, mais uma vez, com meu rosto. Ele sabe que estou mentindo. — Diga-me você. — Sua voz estava entrecortada. Ele dobrou o jornal e colocou-o de volta na mesa. Se ele já sabia disso, então eu não deveria me preocupar em mentir. — Sobre? — Decidi que é melhor bancar a i****a. — Você acha que está grávida? — Ele questionou sarcasticamente. Abri a boca para responder, mas não sabia exatamente como responder a essa pergunta. Não é que eu pensasse que estava grávida, mas estava preocupada que isso fosse o resultado de um monte de sexo desprotegido. Cruzei os braços sobre o peito e mordi o lábio. — Você não está grávida, Jenna. — Ele disse, franzindo as sobrancelhas e respirando fundo. — Como você sabe disso? Quem diabos era ele para me dizer se eu estava grávida ou não? Ele não é médico e tenho certeza de que não é e******o. Inclinei minha cabeça confusa e esperei que ele explicasse. Ele riu, divertido com meu próprio aborrecimento, e balançou a cabeça. — Eu não posso ter filhos. Respirei fundo e deixei meus braços caírem ao lado do corpo. — O-o que você quer dizer? — Eu não posso ter filhos. Cinco palavras que não deveriam me afetar, me fazem engasgar com o ar que se acumula no fundo da minha garganta. Ele não pode ter filhos... Não terá filhos? Não. Eu poderia dizer pela sinceridade e tom cortante que ele estava falando sério. Fisicamente ele é incapaz de ter filhos. Esse pensamento faz meu coração afundar na boca do estômago e ameaçar voltar, em pedaços pouco atraentes. Mordo a língua, engulo a saliva acumulada em minha boca e limpo o suor que se formou em meu pescoço. Como eu responderia? O que deveria dizer. Ele franziu as sobrancelhas. Diga qualquer coisa, Jenna, e acima de tudo, não fique decepcionada! Eu estava tão acostumada a pensar em estar grávida que me deixei ficar... animada? Balancei a cabeça rapidamente, dispersando esses pensamentos, qualquer coisa que ajudasse a aliviar minha própria ilusão emocional. Luke me observou através de cílios grossos. — C-como? Eu não queria saber a resposta. Alguma forma demente de passar tempo com a família que acabou em infertilidade para o resto da vida. Eu antecipei sua história fodida, mas ele pigarreou e permaneceu quieto por mais alguns momentos. — Eu nasci assim. — Ele respondeu, antes que eu ouvisse o ruído familiar de sua cadeira no chão e seus passos se afastando. Ele caminhou rapidamente em direção à cozinha. — Você pode voltar para o seu quarto. Não vou precisar de você hoje. Ele acenou com a mão com desdém atrás de si, antes de passar pela porta da cozinha, deixando-me na sala de jantar, flagrantemente chateado. "E-eu não sou necessário hoje..." As lágrimas estavam quentes em meus olhos, queimando pelo meu rosto, um lembrete irritante da minha patética incapacidade de fingir que não me importo com o que ele pensa. Eu brinquei com minhas mãos, pensando no que fazer. Eu me sentia como um cachorrinho perdido, cujo dono simplesmente o abandonou na beira da estrada no meio do nada; alguém que finalmente entende que não é cuidada e se sente estúpida porque deveria saber disso o tempo todo. Meu peito começou a subir e descer rapidamente enquanto outra emoção borbulhava dentro de mim. Raiva. Quente e cru. A raiva pura me encheu profundamente. Eu via pontos pretos toda vez que piscava enquanto caminhava em direção à cozinha. Ao passar pela porta, Luke conversando com o cozinheiro, fixei meus olhos ardentes nele e rugi. — Você não precisa de mim. — Jenna...! — Ele avisou, seus olhos assumindo aquela qualidade perigosa e animalesca. Eu não me importei. Nada iria me impedir. Ele teria que me nocautear. Eu estava muito magoada. — Quem diabos você pensa que é?! — Eu explodi. Luke lançou um olhar mudo para o cozinheiro, que então saiu correndo da cozinha como se ela estivesse pegando fogo. Poderia muito bem ter sido. — Jenna! — ele avisou novamente. — Não! — Apontei meu dedo acusadoramente para ele. — Você não vai apenas fingir que sou apenas a v***a que você sequestrou. Eu sou mais. Isso é mais, e se você não pode reconhecer isso, então me mate, acabe comigo. Minhas palavras estavam pesadas devido aos soluços que as distorciam. A verdade queria ser libertada, mas meus lábios não conseguiam se mover rápido o suficiente. Tive medo de que ele não entendesse o que eu estava dizendo. — Você sabe como eu me sinto! — Eu gritei. Ele balançou a cabeça e olhou para o chão. — Não. A palavra saiu calma e derrotada. Eu arqueei minha sobrancelha confusamente, enquanto tentava recuperar o fôlego da minha explosão. — Não. — ele repetiu. Sua mandíbula cerrou e seus punhos cerraram-se ao lado do corpo. — Sim. — respondi, movendo-me em direção a ele. Todo o seu corpo ficou tenso quando coloquei minhas mãos em seus braços, deslizando-as para baixo para segurar seus punhos. — Não. — Eu te amo. — Eu admiti. Meu coração batia forte no peito, envenenado pela minha profunda ansiedade e incapaz de me acalmar. — Você não me ama. — Ele respondeu, com naturalidade. — Eu amo. — Você não pode. — ele afirmou com firmeza, antes de afastar os punhos de mim. Ele deu um passo para trás e olhou para mim. — Eu te disse, não preciso de você hoje. Já terminei com você. Quando eu sentir v****************a trepada rápida, irei ao seu quarto. — Seu i****a. — eu cuspi. Levantei minha mão para bater nele, mas ele pegou minha mão no ar, apertando os meus dedos. — Eu disse para ir. Agora. — Ou você vai fazer o que... — eu disse ousadamente. — Talvez você consiga seu desejo, afinal. — Ele rosnou, enquanto me empurrava para longe. Tropecei alguns passos para trás e olhei para ele com olhos embaçados e cheios de lágrimas. — Eu vou matar você. Suas palavras eram frias. Não havia emoção em seus olhos enquanto ele as falava. Eu não me sentia mais como alguém com quem ele pudesse se apegar, mas apenas um incômodo. Uma mosca que ele esmagaria com um jornal para se livrar. Passei as mãos pelo cabelo e me virei, sem lhe lançar outro olhar. Qual foi a surpresa? Este homem foi aquele sobre quem ele me avisou. O monstro do qual eu deveria ter medo. — Eu deveria ter escutado. — sussurrei enquanto voltava para o corredor, andando rapidamente até meu quarto. Dor e agonia ameaçaram me consumir quando abri a porta do meu quarto. Ao empurrá-la para fechá-la atrás de mim, rezando para que meus problemas permanecessem trancados do lado de fora, fui dominada pela vontade de lamentar o relacionamento que nunca tive.
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