Capítulo 17

1853 Words
Durante toda a noite não consegui encontrar conforto na minha cama. Eu me revirei, ansiosa para que o sol aparecesse no céu. Eu estava inquieta. A escuridão do quarto era o abrigo perfeito para meu humor sombrio. Eu fiz uma careta com os braços cruzados sobre o peito, perdida em pensamentos por horas. Ele não queria que eu dormisse na cama dele. Não que eu fizesse isso com frequência, mas foi uma rejeição doloros. Ele me excluiu... eu mereci isso. Meus lábios formaram uma linha fina enquanto bati meus braços ruidosamente para fora da cama. Eu gemi. — Isso é fodidamente impossível. — O sono não viria. A ideia de um sono tranquilo me provocava. Eu não conseguiria dormir. Não com as palavras de Giovanni martelando na minha cabeça. Suas ameaças. A maneira como Luke reagiu. Tudo isso me incomodou. Virei a cabeça para olhar pela janela. O céu estava ficando azul claro. Eu meio que esperava que Luke aparecesse e me arrancasse da cama, como ele parecia fazer quando estava realmente chateado, mas meus medos não eram acompanhados pelo som de passos altos e fortes. Em vez disso, houve apenas silêncio. Um silêncio ensurdecedor que me deixou louca. Sentei-me, sufocada pelos cobertores sobre meu corpo. Eu os empurrei, jogando as pernas para o lado com raiva e pressionando os pés contra o chão frio. Não foi um bom dia. Eu estava infeliz. Eu deveria estar feliz por ainda estar viva, mas lá estava eu, fazendo beicinho porque meu 'mestre' estava bravo comigo. A realidade era patética. Eu era patética. Fui até a janela e abri totalmente as cortinas, tentando arranjar um pouco de força e calma. Mas este lugar era um inferno. Tudo era escuridão, e eu estava lentamente afundando cada vez mais em tudo isso. Uma batida na porta me assustou. Virei a cabeça para o lado para olhar para a porta grossa de madeira e engoli o nó na garganta. Luke? Relaxei quando ouvi a voz familiar de Jay. — Jenna? Você está acordada? — Não. Vá embora. — eu resmunguei. Minha voz estava rouca. Eu não queria ser incomodada. Especialmente depois de ontem. A personalidade sarcasticamente alegre de Jay não era o que eu queria enfrentar. — Normalmente, as pessoas que dormem não respondem. — Ele murmurou. Revirei os olhos e cruzei os braços sobre o peito enquanto ele girava a maçaneta, abrindo a porta e enfiando a cabeça dentro do quarto. — O que você quer? — Fui direta ao assunto, deixando meu aborrecimento evidente em meu tom de voz. Ele entrou no quarto e fechou a porta atrás de si. — Eu quero te mostrar algo. — O que? — Eu perguntei, a curiosidade momentaneamente despertada. Sua boca se abriu em um sorriso e ele balançou a cabeça lentamente. — Eu não vou te contar. O objetivo é mostrar a você. — Mostre-me o que é! — Eu falei. Ele arqueou uma sobrancelha para mim e suspirou. — Não posso dizer que não fico lisonjeado toda vez que entro no seu quarto e você não está usando calças, mas vista uma. Depressa. Olhei para o meu traje e percebi como a camisa que eu usava era transparente. Ele podia ver meus m*****s e minhas pernas estavam nuas. A camisa m*l passava dos meus quadris. Se eu levantasse meus braços, minha v****a ficaria exposta. — Vire-se. — eu ordenei. Ele riu e passou a mão pelos cabelos antes de se virar relutantemente. — Se você queria me seduzir, está funcionando. Eu não conseguia tirar o sorriso do meu rosto. Fiquei feliz que ele não pudesse ver quando fui até o armário e peguei uma calça moletom e a vesti, antes de abrir os botões da camisa de Luke e deixá-la deslizar para o chão. — Então, para onde estamos indo? — Pergunte quantas vezes quiser e ainda assim não obterá resposta. Suspirei enquanto vasculhava as camisas penduradas no armário. Decidi por uma camisa roxa de manga comprida. — Tudo bem. Luke sabe? Fiquei surpresa que Jay não respondeu. Presumi que isso significava não. Eu o admirei. Ele poderia ter muitos problemas por causa disso, dependendo de onde estávamos indo. Assim que coloquei a camisa pela cabeça, passei os dedos pelo cabelo, alisando o máximo de frizz possível, antes de calçar um par de sapatilhas. — Pronto. — anunciei. Jay se virou e sorriu. — Você parece bem. — Obrigado. — eu murmurei. Ele se moveu em direção à porta e a abriu, virando a cabeça para olhar para mim rapidamente. — Vamos, antes que sejamos pegos. Caminhamos rapidamente pelos corredores. Jay murmurou palavras encorajadoras enquanto subíamos os degraus empoeirados até o que pensei ser um sótão. Quando chegamos a uma porta no topo da escada, coberta de teias de aranha, ele enfiou a mão no bolso e tirou uma chave. — Pequenos tesouros. — disse ele alegremente antes de destrancar a porta e empurrá-la. A porta rangeu alto, mas Jay não parou. O sótão estava inacabado. As paredes foram cobertas com isolamento. Uma janela estava encostada na porta. Uma que você encontraria em uma casa construída em 1800; grossa e larga. Ele sorriu para mim e caminhou até lá. — O que é isso? — Eu questionei. — Santuário. — Ele se dirigiu antes de destravar a janela e abri-la. Olhei para fora, para um deque cercado por um portão branco primorosamente moldado. Duas cadeiras estavam no convés. Jay saiu pela janela primeiro e me ofereceu a mão. — Você não vai me jogar daqui de cima, vai? Ele revirou os olhos e mexeu a mão impacientemente. — Assustada? — Ele disse. — Nem um pouco. — respondi e coloquei minha mão na dele. Saí pela janela, lutando um pouco porque sou baixa e o parapeito era um pouco alto, mas Jay me pegou quando eu cambaleei para o deque. Olhei ao redor com admiração. — O que é este lugar? — É onde eu penso e me afasto de tudo. Uma brisa fresca da manhã agitava mechas do meu cabelo. Eu ri e caminhei observando as coisas abaixo. Este lugar era enorme. Sem fim, um terreno tão grande que não havia sinais de civilização por quilômetros. Eu podia sentir os olhos de Jay em mim enquanto apreciava a vista. Olhei para ele rapidamente. Ele sorriu e abriu os braços. — Agora este pode ser o seu santuário. Balancei minha cabeça rapidamente. — Oh Jay, por que você desistiria de algo assim? Você poderia ficar com isso só para você. — Porque... — ele começou, firmando seu olhar no meu e falando com firmeza. — Tenho a chance de fazer algo certo. Para lhe dar um pouco de paz. Não porque eu sinta que você é um caso de caridade, mas porque é o certo. Posso não ser capaz de libertá-la, mas posso lhe dar um lugar em que você pode evocar os mesmos sentimentos que teria se estivesse. Enrolei meus dedos ao redor do portão e olhei para o chão. A queda era grande, qualquer um morreria por causa disso. — Como vou fugir para um lugar como este? Luke poderia perceber que eu fui embora. Jay balançou a cabeça. — Ele sabe que você não pode ir embora. Além disso, ele tem muito que fazer recentemente. Sua mente está tão focada em outras coisas. Focado em outras coisas? Eu secretamente me perguntei o que essas outras coisas seriam. Jay não deu mais detalhes, em vez disso ele se moveu ao meu lado e olhou para longe. Árvores e água. Isso tudo pode ser visto daqui de cima. Linda e imóvel. Eu não queria estragar as coisas com palavras, mas não pude evitar a coceira de curiosidade na minha língua. — Como foi a infância de Luke? Virei-me para encará-lo, notando a forma como suas sobrancelhas franziram. Sua mandíbula apertou e ele apertou as mãos ao redor do portão que nos cercava. — Todos nós tivemos uma educação bastante difícil. — Luke e Giovanni sofreram o pior. — Como assim? — Não admira que Giovanni seja um merda. Estremeci ao pensar em Luke como uma criança assustada. — Bem, eles foram colocados um contra o outro. Feitos para competir em jogos violentos. — Todos os irmãos competem. — Não apenas jogos de damas, Jenna. — Jay retrucou. — Você e seu irmão já brigaram para ver quem quebrava a perna do outro mais rápido? Eu suspirei. Eu não esperava algo tão horrível. Sádico. Não admira que eles se odiassem. — I-isso é doentio. — Bem, eu não me sentiria tão m*l. Luke foi triunfante. Todas as vezes. É por isso que ele agora é o chefe desta operação. — O abuso transformou-o no gangster definitivo? — Eu questionei horrorizada. Jay riu e encolheu os ombros. — Não definitivo. — O-o que acontece se ele for tirado? — Meus pensamentos estão nas palavras do avô de Luke. Se você não consegue começar a agir como um empresário, você é inútil para mim. — Você não quer saber. — Jay murmurou. Coloquei minha mão em seu braço e puxei suavemente. — Jay. — chamei, tentando fazer com que ele olhasse para mim. Ele lentamente virou a cabeça, trazendo seu olhar para encontrar o meu. — O que acontecerá comigo se Luke não comandar mais este império? Minha voz estava tremendo. O medo começou a se instalar em meu âmago. — Você morrerá. — Suas palavras saíram como um sussurro. Um sussurro gelado, como se as palavras fossem amaldiçoadas e se ele as falasse muito alto elas se tornariam realidade. Engulo os soluços na garganta, suprimindo as lágrimas e a sensação de desamparo que começa a girar dentro das minhas entranhas. Imagens de Luke, de sete anos, assustado, ensanguentado e espancado, assombram minhas pálpebras fechadas. Lembro-me do meu pequeno dilema. — Jay, você pode me fazer um favor? — Perguntei. — O que? — Você pode me dar um plano B? Ele inclinou a cabeça confuso. — O que você quer? — Uma pílula de prevenção da gravidez. Seus olhos se arregalaram. — Por que isso? Você está grávida? — Não. — eu falei. — É para me impedir de engravidar. Não mencionei o fato de que não funcionaria se eu já estivesse grávida. Não que eu estivesse me sentindo m*l. — Por que você não pergunta a Luke? — Ele está muito distraído... E com raiva. Tenho medo que ele me machuque. Ontem à noite vi um lado dele que me assustou mais do que nunca. Ele estava disposto a me machucar. Inferno, quase parecia que ele precisava disso. — O-ok. Acho que posso fazer isso. — Ele respondeu. — Como é chamado mesmo? — Plano B. — É um tipo de controle de natalidade? — Basicamente. Exceto que não é de longo prazo. É mais como um controle de natalidade de emergência. — Verei o que posso fazer. — Obrigado. Se Luke continuasse a esquecer os preservativos esta situação iria piorar. Eu não queria ter o filho do meu sequestrador. Desta vez, o menino espancado e assustado que assombrava meus pensamentos não era Luke, mas sim seu filho.
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