Capítulo 20

1151 Words
Sangue. Tanto sangue e tudo que pude fazer foi ficar ali e olhar para o corpo de um homem sem vida. Eu não conseguia me mover. Eu me senti presa e, enquanto Luke chamava meu nome freneticamente, não estava em mim responder. Seu rosto estava calmo, a voz firme enquanto ele me chamava. Com uma mão, ele agarrou meu rosto e moveu meu olhar para o dele. — Você precisa desviar o olhar. Olhos escuros penetrantes que em qualquer outra circunstância me deixariam submissa e me faria fazer o que ele quisesse, mas o choque dentro de mim estava me controlando agora. Ele poderia dizer o que quisesse, caramba, ele poderia apontar aquela maldita arma para minha cabeça e eu ainda não seria capaz de me impedir de olhar para o que tinha feito. — Eu não posso. Me desculpe. — Minha voz estava monótona. Sem vida como o corpo no chão. Eu o matei. Não Luke, o gangster que se divertia matando pessoas. Minhas mãos tremiam. A arma estava segura entre meus dedos, tão apertada que eu tinha certeza que eles iriam quebrar, mas quando a mão de Luke deslizou suavemente sobre a minha, e seus dedos roçaram os meus, senti meu aperto afrouxar. — Solte a arma, Jenna. — ele instruiu gentilmente. Sua voz era suave. Uma tentativa de me acalmar, mas eu estava muito nervosa. Apertei meu aperto novamente e comecei a tremer. Lentamente, meus olhos voltaram para Giovanni. — Concentre-se. — Luke colocou as duas mãos nas laterais do meu rosto e pressionou a testa contra a minha. Eu podia sentir o cheiro dele. Seu cheiro familiar envolveu meus sentidos, sendo atraído para as palavras suaves que ele falou para me acalmar. — Jenna, baby, preciso que você se concentre em mim. Ok? Concentre-se apenas em mim. Somos só nós dois, certo? — Luke. — eu solucei. — Sh, Sh, Sh, não se preocupe. Só você e eu, querida. — O calor de seu rosto penetrou em minha pele e derreteu o gelo profundo em meu peito que estava me fazendo hiperventilar. Eu me derreti nele, focando no movimento de sua boca toda vez que ele pronunciava meu nome suavemente. Por um momento, isso é tudo que o mundo era. Ele. Eu não tinha notado sua mão sobre a minha, até que a arma já estava fora do meu alcance. Eu a soltei em algum momento durante isso, e ele o colocou na borda da calça, atrás das costas. Longe da vista e da mente. — Sinto muito, Luke. Sinto muito. Ele veio me buscar. — falei enquanto chorava. — Eu sei. Está tudo bem. Eu sei. — Ele murmurou enquanto passava os braços em volta de mim. O abraço era tudo que eu precisava. Seus braços quentes me envolveram e me deram a sensação serena de estar em casa. Era onde eu queria estar. Mas ele não me amava. — Vamos. — ele disse, afastando-se e agarrando minha mão, ele me guiou de volta para o meu quarto. — Eu quero que você descanse um pouco. — E-eu estou com medo. Jay! — Eu gritei. — O que? — Ele está inconsciente no meu quarto. Ele deve ter encontrado seu irmão e apanhado. — Eu falei. Luke soltou minha mão e correu em direção ao meu quarto. — p***a! — Eu o ouvi xingar enquanto seguia atrás dele. — Não olhe. — Ele está bem? — Eu perguntei quando Luke cruzou o quarto até ele. — Ele está respirando, mas preciso que você não olhe. — Luke tirou o telefone do bolso e discou alguma coisa antes de pressioná-lo no ouvido. — Oh meu Deus. Isso é tudo culpa minha. Isso é tudo culpa minha! — Jenna! Por favor! Só não olhe. — Ele gritou comigo. Coloquei minhas mãos sobre o rosto e escutei atentamente enquanto ele começava a falar ao telefone. — Jay está ferido. Quarto de Jenna, agora! — Posso ajudar? — Eu perguntei, a voz embargada enquanto segurava meus soluços. Se houvesse alguma maneira de ajudar, eu queria. Isso foi minha culpa. Se eu não tivesse saído do meu quarto naquele dia em que bati em Giovanni, tenho certeza de que ele nunca teria vindo atrás de mim e encontrado Jay. Jay estava apenas tentando me proteger e agora estava prestes a pagar o preço final. Eu não valia a vida dele. — Eu preciso que você vá ao banheiro e tome um banho. Tire sua mente disso. Quando você sair, tudo estará limpo. Ok? Como eu deveria ignorar tudo? Eu não conseguia. Não, eu não faria isso! Jay precisava de mim. Como eu poderia simplesmente abandoná-lo? Ele era o único amigo de verdade que eu tinha aqui. — Se você me desafiar, estará apenas atrapalhando. Não posso ajudá-lo se tiver que me preocupar com você também, entendeu? — Luke afirmou. Ele estava certo. Como sempre, mas isso ainda não tirou minha relutância em ir ao banheiro. Eu teria que passar por cima de Jay só para chegar à porta, e esse pensamento me fez tremer incontrolavelmente. O som da porta do meu quarto sendo aberta novamente me assustou. Dois homens entraram correndo na sala, parando quando notaram Jay no chão. — Jenna, você vai ter que fazer isso agora. Estarei aqui quando você sair, ok? — Tudo bem. — eu choraminguei e respirei fundo antes de cruzar o quarto e passar por cima de Jay. Ele não se moveu como eu esperava. Não consegui ver aquele sorriso encantador que estava tão acostumada a ver e a cada momento que passava, caía cada vez mais fundo no abismo dos meus pensamentos. Ele conseguiria? Ele ficaria bem? Fechei a porta atrás de mim, esperando que aquele pesadelo desaparecesse completamente, mas ele persistiu. O ar do banheiro estava tingido com meu desespero e, enquanto arrastava minhas roupas pelo corpo, chutando-as para um canto, me senti inútil. A água quente do chuveiro aqueceu o banheiro assim que girei o registro, e o vapor se assentou em todas as superfícies, inclusive na minha pele, mas não conseguiu aquecer meu coração. Eu não conseguia me olhar no espelho por muito tempo sem chorar. Fiquei enojada com minha incapacidade de proteger alguém de quem eu gostava. Giovanni poderia ter me matado. Ele deveria ter me matado se isso significasse não colocar Jay em perigo. Ele era um bom garoto. Equilibrado, mas leal à sua família. Eu precisava tirar minha mente dele, como Luke instruiu. Eu deveria me concentrar apenas no chuveiro. Tento me perder no ritmo monótono da água caindo no chão, mas tudo me lembrava da monstruosidade que estava acontecendo lá fora. O ritmo da água tornou-se o ritmo acelerado do meu batimento cardíaco. O chão frio refletia o sangue congelado em minhas veias enquanto eu era dominada pelo pavor. O vapor só deixou minha pele pegajosa e úmida. Respirei fundo e continuei ali. Não ousei me mover.
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