Capítulo 12

2456 Words
Minha b***a latejava quando eu saí da cama. Luke não iria esperar para sempre e eu não queria irritá-lo mais do que parecia. Ignorei o modo como minhas pernas tremiam enquanto caminhava em direção à porta do banheiro. A dor consumia meus membros a cada passo, mas eu não conseguia pensar no fato de que estava sendo usada como uma boneca de pano. Isso é o que eu queria para minha vida? Acho que eu não esperava exatamente ser espancada e abusada. Pelo menos, não por Luke. Ele me mostrou lados dele que quase pareciam humanos, mas eu sabia a verdade. Ele era um animal. Um animal quebrado e ferido. Eu seria sua fuga. O banheiro era de um branco ofuscante, me lembrava um quarto de hospital, estéril e nem um pouco convidativo. A água quente melhorou um pouco meu humor enquanto eu girava o registro do chuveiro. Em minutos o cômodo encheu-se de vapor. Eu estava envolvida por um calor espesso e quase distraída o suficiente para afastar a dor quando dou um passo para dentro do chuveiro. A água aquece o frio em minhas veias e massageia meus músculos enquanto flui sobre minha pele vermelha. — Oh Deus. — eu sussurrei. Minhas palavras foram abafadas pelo som da água. Em que diabos eu me meti? — Oh meu Deus! — Eu gritei e segurei minha cabeça entre as mãos. Eu não poderia continuar assim. Eu não conseguia, isso foi uma loucura. Recuei diretamente para baixo do chuveiro para nublar minha visão com água, forçando-me a fechar os olhos. Pensei em Margo acordando em seu apartamento, sozinha, nunca em paz com meu desaparecimento, pensei em Josh, sem um dedo, mas livre, interagindo com um mundo mais pacífico. Aquele maldito filho da p**a foi a pior coisa que já aconteceu comigo. A imagem dele sorrindo para meu corpo machucado e inchado revirou meu estômago. Agarrei meu estômago e me dobrei, vomitando antes que a bile subisse pela minha garganta e descesse pelo ralo do chuveiro. A náusea embaralhou meu estômago e respirei fundo pelo nariz. Nunca pensei que ele seria tão frio comigo. Achei que Luke estava até surpreso com a falta de remorso de Josh. Era como se nunca tivéssemos namorado. Esses meses foram inexistentes... eu era um estranha. — Não! — Eu chorei quando minhas pernas cederam. Caí no chão no chuveiro e puxei os joelhos contra o peito. A dor física que senti não foi nada comparada às emoções que devastavam minha mente. Ele nunca me amou. Essa constatação foi angustiante. Meus olhos estavam vidrados enquanto eu olhava impassível para o ralo, observando a água descer. Inclinei minha cabeça confusa enquanto a água estava tingida de um vermelho rosado. O gosto de cobre rodou em minha língua. Mordi meu lábio forte o suficiente para tirar sangue e eu não percebi até que o sangue já estava escorrendo pelo ralo. Eu estava tão perdida que esqueci que meu corpo estava exausto e com dor. Passei os dedos pelos cabelos. A cada piscar de olhos, uma imagem de Josh envenenava minha mente. — Maldito mentiroso! — eu choraminguei. — Jenna. Fiquei surpresa com a voz de Luke fora do chuveiro. Ele era como um fantasma, sem nenhum som para alertar que ele havia entrado no banheiro. Eu estava na minha cabeça, não tinha notado ele. A porta do chuveiro estava quebrada, a água pingava no chão do banheiro, enquanto eu permanecia imóvel sob o poderoso jato. Ele estendeu a mão para a porta de vidro e puxou-a para trás, revelando completamente a pessoa patética que eu era. — Você está chorando. — Ele afirmou. Olhei para ele. Como ele poderia saber? Gotas de água cobriram meu rosto. Meus olhos ardiam e meu nariz estava escorrendo. Claro que eu estava chorando. Afinal, por que ele se importava? Ele não deveria se importar. Ele não sabe se importa com ninguém. Afastei meu olhar do dele, desviando meus olhos para o chão do chuveiro novamente. Eu sabia que ele estava lá apenas para me apressar. Eu estava demorando muito. Eu precisava acelerar meu colapso. Meu surto psicótico foi inconvenientemente longo. Eu não queria ver seu aborrecimento, sua pena. Eu era patética. Tudo era patético. — Levante-se. — ele ordenou. Eu me encolhi com seu tom brusco. Duvidei que conseguiria sem apoio, minha energia diminuiu significativamente. Ele tinha arrancado isso de mim. — Me dê suas mãos. Ele estendeu a mão para mim, as mangas de sua jaqueta encharcando com a água do chuveiro. Ele não parecia se importar. Eu não conseguia mover meus braços para aceitar suas mãos oferecidas. Eu estava assustada. Sua gentileza era algum jogo? Mais alguma coisa para me ferrar? Eu tinha certeza de que seria uma pilha de pedaços antes do final da minha sentença com ele, porque isso parecia uma prisão. Como se eu fosse um bloco de gelo e Luke fosse quem estava me esculpindo. — Jenna, você não precisa ter medo de mim. Eu não vou te machucar agora. Agora mesmo... Suas palavras pareciam sinceras. Ele parecia genuíno, mas eu não confiava nele. — Eu preciso que você pare de pensar por um momento e apenas ouça. — Ele estava com raiva. Impaciente com a garota quebrada a seus pés. Flexionei meus dedos, surpresa por meu cérebro não registrar dor neles. Estendi a mão em direção às suas mãos, Agarrando-se na dele, antes de ser puxada. Ele passou os braços em volta da minha cintura enquanto minhas pernas tremiam e eu lutava para ficar de pé. Ele apoiou meu peso, me ajudando a sair do chuveiro e voltar para o quarto. O quarto foi preenchido com o som do chuveiro funcionando continuamente, enquanto ele me sentava na cama. Seus olhos percorreram meu corpo, mas apenas franziu a testa preocupado. — Um momento. — Ele desapareceu no banheiro, desligou o chuveiro e remexeu nas gavetas. Quando ele voltou, ele carregava uma toalha. Ele colocou a toalha na minha cabeça, enrolando-a em volta do meu cabelo e pressionando-a contra meus cabelos molhados. Fiquei tensa sob seu toque, meu corpo preparado para um golpe. Algo doloroso, mas nada aconteceu. Ele secou meu cabelo com as mãos experientes, descendo pelas minhas costas antes de passar a toalha sobre meus s***s. Ele segurou meu corpo suavemente. Secando cada centímetro dele. — Deite-se de bruços. Eu sei que você está dolorida, mas quanto mais rápido você fizer isso, mais cedo poderemos partir. Ele não se importava em admitir as razões egoístas para suas ações. Fiquei em silêncio enquanto me deitava de bruços. A toalha passou pelas minhas costas antes que ele secasse minha b***a. Apertei meus dedos na coberta quando senti dor. Minha b***a estava incrivelmente dolorida por causa da chicotada. — Fique quieta. Vou cuidar de você. Balancei a cabeça contra a cama. Um líquido frio pingou na minha b***a antes que eu sentisse as mãos de Luke em meus glúteos. Ele massageou suavemente minha b***a, esfregando uma espécie de loção em minha pele irritada e sensível. — Você precisa comer. Meu estômago roncou com a menção de comida, e eu sabia que não aguentaria muito. Eu gentilmente concordei. — Sente-se. — Ele ordenou. Voltei para a posição sentada na ponta da cama e observei Luke caminhar até o armário. Ele parecia estranho mexendo no guarda-roupa que me designou. Ele pegou um vestido amarelo e colocou-o na cama ao meu lado. Ele se abaixou, pegou um par de sapatilhas prateadas e as colocou aos meus pés. — Levante os braços. Eu levantei meus braços. Luke pegou o vestido e colocou-o nos meus braços e na minha cabeça. Estava apertado o suficiente para manter meus s***s no lugar. A ideia de usar um sutiã apertado me estressou. Puxei o vestido até o fim do meu corpo, levantando minha b***a para poder puxá-lo até o fim. Inclinei-me para a frente e coloquei as sapatilhas. Luke vasculhou uma gaveta do armário e tirou uma calcinha cinza rendada. — Eu visto. — eu disse, tirando a calcinha de sua mão estendida. Coloquei meus pés em cada lado da peça e a puxei para cima das coxas, antes de me levantar. Tropecei um pouco enquanto tentava puxá-la para cima. Luke ficou ao meu lado imediatamente. — Segure nos meus ombros. Agarrei seus ombros com força, enquanto seus dedos roçavam minhas coxas, arrastando minha calcinha até a cintura. O ato foi tão íntimo que pisquei rapidamente porque tive certeza de ter imaginado a expressão pensativa que cruzou seu rosto. — Você gostaria que eu escovasse seu cabelo? — Sim... — Murmurei enquanto ele pegava uma escova de cabelo e penteava calmamente, me pegando de surpresa com sua delicadeza. Ele suspirou após terminar. — Vamos. Você consegue andar? — Acho que consigo. — Testei meu peso nos pés. Eu poderia fazer isso. Eu poderia mancar, mas era capaz. Caminhei ao lado de Luke, arrastando-me lentamente enquanto meu corpo se ajustava ao movimento, e empurrei para longe a dor de seu ataque recente. Caminhamos até a sala de jantar. Um prato com ovos e torradas, um copo de suco de laranja e comprimidos estavam sobre a mesa quando entramos. — Sente-se e coma, mas antes tome os analgésicos. Eu me senti estranha comendo na frente dele enquanto ele não comia. Sentei-me e a primeira coisa que passou pelos meus lábios foram os comprimidos, regados com um pouco de suco de laranja. Eu esperava que as pílulas aliviassem o efeito. Achei que Luke poderia encontrar algo forte. Dei algumas mordidas no ovo antes de balançar a cabeça. — Não aguento mais. Sinto muito. — Eu não conseguia me forçar a comer. Meu estômago estava desconfortável. Se eu continuasse a comer, vomitaria. — Isso é bom. — Sua voz estava entrecortada, o que me deu a impressão de que ele não estava feliz com o fato de eu não estar comendo, mas ele não discutiu. — O carro está nos esperando, vamos. — Para onde estamos indo, senhor? — Eu tenho algo para você. — Ele comentou enquanto eu empurrava minha cadeira para trás e me levantava da mesa. Ele estava de costas para mim quando começou a caminhar em direção à porta novamente. — Sério? — Uma surpresa. Algo pela sua obediência. Meus olhos se arregalaram de medo. Não pela surpresa dele, mas pela excitação que senti. [...] — Onde estamos? — Eu questionei enquanto o carro parava em frente a um motel sombrio. Eu não conseguia entender que surpresa ele poderia me arranjar aqui. Eu não queria parecer ingrata, mas milhões de perguntas passaram pela minha cabeça. Luke saiu do carro, seguido por dois guardas grandes e gesticulou com um aceno de mão para que eu saísse do carro. — Siga-me e você descobrirá. — Tudo bem. — Eu disse. A curiosidade estava realmente tomando conta. Saí do carro e segui o exemplo de Luke e dos homens. Caminhamos rapidamente até o quarto 5B e ficamos do lado de fora dele. A porta tinha um tom feio de azul desgastado. — Vamos bater ou? Luke olhou para mim, algo sinistro em seus olhos enquanto o canto de seus lábios se curvava para cima em um sorriso malicioso. Isso me assustou. Ele era um sádico. O que diabos ele tinha reservado? Ele me trouxe aqui para me matar? Com um chute poderoso e rápido, a porta se abriu. Eles correram para dentro da sala e eu não consegui evitar que meus pés corressem atrás deles. Josh se levantou na cama enquanto seus olhos se ajustavam à nossa intrusão. Ele claramente estava dormindo. Eu fiz uma careta. Essa foi minha surpresa? Vendo o pedaço de merda que não se importava comigo? — Josh, Josh, Josh... você realmente acha que poderia se esconder de mim? — Luke disse. Sua voz estava mais alta que o normal. Ele não gritou, mas o tom elevado fez Josh tremer de medo na cama. — Você vê. — Luke se dirigiu a mim. — Josh aqui não tem pago sua dívida. Na verdade, ele achou que se esconder era uma boa ideia. — Luke riu com humor. — Claramente não é um homem inteligente. — Luke balançou a cabeça com um sorriso nos lábios. — Segura ele. — Ele ordenou aos homens. Eles estavam sobre Josh em segundos. Ele lutou contra eles, mas sem sucesso. Ele não estava se libertando de suas garras. Eles o arrancaram da cama, trazendo-o para ficar alguns metros à nossa frente. Ele usava pijama. — Jenna. — Luke deu um passo em minha direção. Ele levantou a mão e roçou meu queixo antes de passar o polegar sobre meu lábio inferior. — Querida, meu presente para você. — Ele gesticulou com um aceno dramático para Josh. — E-eu não sei o que você quer dizer. — Ele não estava falando sério. No fundo eu sabia o que ele queria, mas não tinha certeza se conseguiria ir até o fim. Este era um homem a quem eu me dediquei. Josh e eu tínhamos uma história, e mesmo que isso não significasse nada para ele, significou algo para mim. Você está louca? Se os papéis fossem invertidos e Josh estivesse no seu lugar e você no dele, ele daria uma surra em você e sorriria com orgulho de seu trabalho. Ele não te ama, p***a! Luke esperou pacientemente, o que era novo para ele enquanto eu lutava comigo mesma. Quanto mais eu olhava para Josh, mais meu sangue fervia. Esse i****a roubou minha liberdade, minha vida! Vi o sorriso sádico no rosto de Josh diante do meu rosto ensanguentado e explodi. Eu me joguei nele. Meu punho acertou sua mandíbula repetidas vezes. Ignorei a dor em minha mão e continuei batendo em seu rosto. Ele se contorceu, mas os homens continuaram a contê-lo enquanto eu batia com os punhos em sua mandíbula. Seu rosto estava vermelho, os olhos cheios de sangue, assim como os dentes, mas minha raiva me consumia e eu não conseguia parar. Não senti vontade de parar, mesmo quando seu olho direito se fechou. Mesmo enquanto seus gritos estrangulados enchiam a sala, eu o soquei com mais força. Não percebi que estava chorando até que meus olhos ficaram completamente cegos pelas lágrimas. Meus gritos frustrados encheram o ar e, com um último soco, minhas mãos caíram para os lados. O rosto de Josh estava horrível. Inchado e sangrento. Quase irreconhecível. Eu nunca soube que tinha tanto poder. Tanta raiva. Minhas mãos tremeram ao meu lado enquanto eu as apertava. Caí de joelhos e chorei. — Leve-o embora. — Luke ordenou, antes que eu sentisse seus braços me envolvendo. Seus lábios estavam no meu ouvido. — Sinto muito, Jenna. — Ele sussurrou enquanto eu chorava em seus braços. O problema era que eu não estava arrependida.
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