4UTORRETR4TO VODU

2975 Words
Você já leu algo sobre as missões cristãs na Nigéria? Geralmente os missionários que vão e ficam pouco tempo, sempre relatam sempre coisas boas e incentivam outras pessoas a se tornarem missionárias também. O estranho é que os missionários, muitas vezes não falam sobre outras coisas interessantes, que vão além de seus conceitos religiosos, pois são coisas que realmente nem eles mesmo podem ver, são advertidos ou proibidos, como por exemplo, um ritual vodu. Mas nem todos os missionários vão para a Nigéria apenas para fazer turismo e dar uma de benfeitor em seus discursos, só para terem seu ego massageado com aplausos. Alguns realmente vão e dão o sangue pela causa, como foi o caso dos missionários Carl Taylor e James Elliot. Se existe um ditado realmente certo quando chegamos a um país diferente é o de que a curiosidade matou o gato. Mas nesse caso deles, ela só adiou o inevitável. Os missionários ingleses Carl e James sempre ouviram falar dos rituais de vodu existentes nas tribos nigerianas que ficam encontradas dentro das florestas: os Ibos. E eles estão neste exato momento se aproximando cada vez mais perto de um desses rituais. - Depressa James – disse Carl caminhando o mais rápido e o mais silenciosamente possível dentro da mata, noite adentro – Estamos quase chegando! - Meu Deus Carl! – James fala extremamente assustado – Não estou gostando disso! Gostaria de ido em missão para outro país e não para a Nigéria! Nem missionário eu sou. Só vim fotografar paisagens pra pintar meus quadros! Nigéria... País de belezas remotas, lugares onde você encontra bastante alegria, conhece várias lendas e principalmente conhece seus maiores mistérios. James e Carl estão cada vez mais próximos de saciarem os desejos que seus olhos possuem, de saciar a curiosidade de verem de perto um ritual. - James, olhe ali! – Disse Carl bastante empolgado - Olhe! Chegamos bem na hora! - Pelo amor de Deus, Carl. – Disse James com a voz um pouco trêmula – Cale a boca, pois vão nos ouvir! Enquanto conversam, os tambores começam a tocar mais e mais freneticamente, com o ritual. Enquanto os nativos realizam sua dança frenética, o sacerdote coloca um boneco feito de pano e palha, ao lado do corpo imóvel que estava sendo oferecido naquele ritual. - Carl... Pelo amor de Deus! – Disse James extremamente amedrontado - Vamos embora antes que os nativos vejam a gente! Se eles nos virem... - Eu sei! Eu sei o que acontece James. – disse Carl tentando ganhar tempo – Agora fique calado, ok? - Porque eles estão fazendo com toda essa dança? – Perguntou James tentando se acalmar, a fim de fazer seu corpo tremer menos – Você sabe o que isso tudo significa? - Um nigeriano foi morto a tiros na cidade e eles estão trazendo o corpo de volta a vida. – Disse Carl, já conhecendo bem os costumes locais que nem aos missionários é permitido conhecer. Os tambores do ritual vodu começam a bater mais forte do que já estavam, quando o sacerdote se curva sobre o corpo. Os nativos fazem um círculo em volta dele, fechando-o cada vez mais, até que não se pode mais ver o que acontece dentro dele. - O que ele está fazendo? – Perguntou James, agora mais calmo, por não estar presenciando mais nada – Será que o ritual já acabou? - Não sei James – disse Carl tentando esticar o pescoço – não dá para vê-lo! Alguns minutos depois, os barulhentos Ibos silenciaram e foram se afastando do círculo que fizeram, deixando o sacerdote em pé diante do corpo e do boneco. Todos observam o sacerdote, o corpo imóvel e um silêncio de expectativa, paira no ar. Tudo parece ter acabado, quando de repente... O morto se mexe! Os olhos dele se abrem, só que vidrados, completamente vazios e ele se levanta. O boneco também fica de pé e em seguida, corre para dentro da floresta. Aquilo deixou James extremamente assustado. - CARL, O BONECO! O MORTO! ELE ESTÁ VIVO! ELE... - Cale a boca James, pelo amor de Deus! Vão ouvir você! - Tarde demais! – Disse James paralisado de medo - Já nos viram! - CORRA! Nisso os Ibos pararam o ritual, olharam para os dois missionários e correram em direção a eles. Enfurecidos com aqueles dois homens presenciando algo que era restrito apenas aos nigerianos, ele correram rapidamente até os dois missionários. Carl, que era mais rápido e já conhecia a selva nigeriana, saiu em disparada, deixando James para trás, que logo alcançado e capturado pelos nativos. - CARL! ME PEGARAM! SOCORRO! CARL! VOLTE AQUI! NÃO ME DEIXE! CARL! Carl correu freneticamente sem olhar para trás, de volta à casa missionária onde ele estava hospedado e entrou apavorado dentro de seu quarto. Ele se tremia de medo e respirava ofegante, tamanho era o terror que estava sentindo naquele momento. Pensava em James largado no meio da selva, nos nativos e tudo o que mais queria era ir embora daquele país inóspito. Após os primeiros raios de sol adentrar na janela do quarto onde estava hospedado e sem ter notícias de James, ele passou a fazer as malas com o mesmo nervosismo de quando chegou à última noite, quando de repente, a porta do quarto se abriu. - JAMES! – Se espantou Carl, correndo até o amigo – James! Graças a Deus você está bem! Estava muito preocupado com você... Mas está bem! Você escapou! - Boneco... Vodu... Pintar... – Dizia James sem conseguir falar uma frase inteira - Quadro... Zumbi... Angústia... -  Você está exausto! – Disse Carl deitando o amigo numa das camas – Mas um pouco de sono resolverá tudo. Deite aí, e quando eu terminar de fazer as malas, deixaremos esse país e voltaremos para a Inglaterra. Os dois amigos conseguem uma cabine em um navio cargueiro e partem para a Inglaterra no dia seguinte. Dois dias de descanso em alto mar, resolveram os problemas de nervos de James, e a terrível experiência que tiveram na Nigéria, parecia não ter ficado nem mesmo nas lembranças dos dois. Porém, numa noite de lua cheia, quando Carl entra na sua cabine, ele tem uma desagradável surpresa. - O quê? O que é isso na minha cama? – Pergunta para si próprio com as mãos trêmulas – Um boneco de vodu? Nisso, o boneco deitado em cima da cama, com uma agulha nas mãos, começa a se mexer, como se tivesse ganhado vida na presença de Carl, que fica extremamente apavorado com tudo aquilo. - Os Ibos enviaram um boneco de vodu atrás de mim e está começando a se mexer! – Disse Carl nervoso e quase em pânico – Terei de me livrar dele! A... Escotilha! E Carl arremessou o boneco em mar aberto sem nem pensar duas vezes, porém sem perder o nervosismo. Assustado, ele grita para James, que está na cabine ao lado. - JAMES! JAMES! VENHA AQUI, RÁPIDO!  Sem nem pensar duas vezes, o missionário James adentra na cabine de Carl, atendendo aos gritos incessantes do amigo. - Carl... – falou James com certa tranqüilidade - O que está acontecendo? - James! Tinha um boneco de vodu na minha cama! – Disse Carl bastante nervoso – E ele se mexia! - Boneco de vodu? – perguntou James um pouco cético – Tem certeza disso, Carl? - Sim James, eu não estou enlouquecendo! – Disse Carl ainda abalado – Joguei-o pela escotilha. Os nativos o mandaram atrás de mim, mas Deus guiou minhas mãos para jogá-lo no mar! Ele tinha uma agulha nas mãos! James, com bastante calma, pega o maços de cigarros de Carl, retira um e oferece para o amigo, tentando fazê-lo se acalmar um pouco mais. - Andou vendo coisas Carl.  – Disse James acendendo o cigarro do amigo com o isqueiro – Seus olhos devem ter lhe pregado uma peça. - Você... Você acha James que talvez... – Perguntou Carl tragando o cigarro ainda nervoso – Tem razão! Mas foi aquilo foi fantástico demais! Carl continuou intranqüilo durante toda a viagem. Mas quando eles chegaram à Inglaterra, ele tinha a certeza que o boneco havia sido destruído. Tanto que ele voltou à sua rotina ajudando na igreja que o havia enviado em missão na Nigéria. Já James havia regressado bastante misterioso, pois passava horas dentro de seu ateliê, pintando um quadro com pinceladas precisas. Ele saía apenas para comprar tintas e comer algo, mas logo retornava e não deixava ninguém entrar para ver o que estava pintando. Carl nem se incomodava com isso, pois achava que era um meio de James tentar esquecer o terror que viveu na Nigéria. A vida corria tranquilamente para os dois, até que em certa noite de frio, ele ouve uma batida na porta da casa que ele dividia com James. Sim? – Disse Carl após abrir a porta – Ei... Que estranho... Não há ninguém. Apenas um pacote. Carl toma o pacote nas mãos e o examina sem entender nada. “Que estranho... Não tem endereço do remetente, muito menos selos indicando de onde ele veio. O que será que tem dentro?”, pensava ele. Com a curiosidade aguçada pela dúvida, Carl abriu rapidamente o embrulho. Então suas mãos tremeram e ele ficou boquiaberto ao olhar o conteúdo. - Não... Não pode ser! – Disse ele com o olhar apavorado com o que via - O boneco vodu! Sem pensar duas vezes, Carl arremessa o boneco com caixa e tudo dentro da lareira acesa. Apavorado com o m*l que havia chegado até ele, ele saiu correndo da sala, até que ao chegar perto da porta, ele parou. - Eu joguei aquele instrumento do demônio no fogo. – Disse ele falando consigo mesmo - As chamas o destruirão. Mas... Talvez... Bom... Se ele voltou depois que eu o joguei pela escotilha, significa que se move! É melhor eu ir ver se ele realmente queimou no fogo. Carl retornou até a lareira, cujas chamas ardiam bastante por causa da quantidade de madeira colocada, mas ficou chocado com o que não encontrara lá. - Aí estão a caixa e o papel de embrulho. Mas cadê o boneco? – Disse ele tomado pelo pânico – ELE SUMIU! Transtornado, olhando para todos os lados e com as mãos na cabeça o tempo todo, Carl começa a procurar o boneco por toda a casa. Ele revira todos os cômodos, cada vez mais nervoso e preocupado com o insucesso de suas buscas. - Sumiu! E só pode estar em algum lugar dessa sala! – Disse ele sozinho com a voz trêmula, revelando todo o seu pânico – Está esperando para me atacar! Esperando para espetar aquela agulha em mim! Socorro, meu Deus! SOCORRO! O barulho foi tão grande que Carl fez na sala, que James saiu de dentro do ateliê preocupado. Quando a porta do ateliê se abriu, um forte cheiro de ferrugem adentrou na sala. James apareceu com uma atadura suja de sangue no pulso. Mas Carl estava tão nervoso que nem havia notado o forte cheiro de sangue que saía de dentro do ateliê, nem o pulso machucado do amigo pintor. - Carl! Que diabos! – Disse James incomodado com aquela gritaria – Que d***o de gritaria é essa? - James! Ainda bem que saiu de dentro desse ateliê! – Disse Carl agoniado – O boneco voltou! E ele quer me matar! Carl fica olhando para o vazio, tentando lembrar-se de alguma coisa que ele poderia ter feito para ter sido amaldiçoado com tamanha perseguição. Um suor frio descia por sua testa. Seus nervos estavam todos abalados por causa daquele terror que o rodeava. - Porque eles não me deixam em paz? – Carl pergunta tentando acender um cigarro, mas sem sucesso, pois suas mãos tremem bastante – Porque querem me matar? - Deve ter sido porque você testemunhou um ritual vodu sagrado, Carl. – disse James tentando explicar o porquê daquilo tudo ao amigo – Por causa disso é que você deve morrer. Carl para por um instante, sem acreditar no que estava ouvindo, olha para James e fala: - Como pode ficar tão calmo assim, James? James, com toda a calma do mundo, desata o nó da atadura em seu braço, mostrando a Carl um corte aberto bastante profundo, porém sem sair sangue algum. Após isso, ele olha para Carl e ri. - Ha, ha, ha, ha! Não tenho nada com o que me preocupar com essa situação, Carl, - disse James gesticulando e rindo de toda aquela situação – pois eu já estou morto! - O quê? Morto? – Perguntou Carl sem entender nada com nada, mas assustado com o ferimento no braço de James – Como assim? - Sim, meu amigo! E em breve, você também vai morrer! – Disse James com um sorriso de satisfação no rosto - Olhe para cima, Carl! Carl não tem tempo de olhar direito para cima, pois o boneco de vodu que estava escondido nas madeiras do telhado mergulha em direção a Carl, com a agulha nas mãos, cravando a mesma em seu pescoço, mas não apenas uma única vez: sete vezes. Carl lutou contra o boneco, mas sem sucesso, pois as estocadas que ele dava no pescoço dele eram rápidas e precisas. Em seguida o boneco ficou inanimado. Carl o pegou nas mãos e viu que ele realmente não se movia mais. - He, He, He! Ele... Ele me espetou, espetou e ficou imóvel, mas não me matou. – Disse Carl um pouco mais calmo após o ataque do boneco – Ei... Meu pescoço está ficando dolorido! - Claro que está doendo Carl! A agulha estava envenenada! – Disse James com um sorriso sarcástico no semblante – Logo seu corpo inteiro doerá por completo e em questão de minutos, você será um morto como eu! Carl olha para James e acha que aquilo tudo o que ele está dizendo é loucura, pois ele está ali, em pé, falando com ele e não aparenta em momento algum, ter sinais de que possuía um corpo sem vida. Porém o jovem pintor e missionário continua a revelar sua sina para o amigo. - Sim Carl, eu estou morto! – Disse James ensandecidamente – Os Ibos me mataram naquela noite em que você me deixou para trás! Eles me mataram e me trouxeram de volta à vida... Como fizeram com aquele nigeriano baleado. Eles me mandaram atrás de você com o boneco de vodu, para lhe dar um castigo de morte! O boneco já fez o serviço dele e... Quando você morrer, eu também deixarei de existir. Eu sou um morto-vivo, Carl! Cético com o que James acabara de falar, Carl começa a despedaçar o boneco nas mãos, rasgando os panos de que ele era feito. - Você está morto; eu estarei morto daqui a alguns instantes... E tudo por causa desse boneco! – Dizia ele enraivecido com toda aquela história contada por James – Vou destruir essa obra do d***o, fazê-la em pedaços e... O que é isto? A raiva de Carl cessou abruptamente, como se o som do mundo inteiro naquele momento houvesse cessado. Um grito de terror ficou estrangulado em sua garganta, ao rasgar o boneco por completo e perceber o que tinha nas mãos. - Meu Deus! É um... Coração! – Disse ele com os olhos fixos no que tinha nas mãos – Um coração humano! - Sim, Carl! – Disse James rasgando abrindo a camisa de botões suja de tinta que estava vestindo e exibindo uma enorme cicatriz em formato de cruz, com várias inscrições mutiladas na carne do peito – Foi assim que deram vida ao boneco! Deram um coração para ele! O MEU CORAÇÃO! Caindo em si para toda aquela magia n***a no qual fora mergulhado, o missionário Carl Taylor correu para o telefone da sala que estava caído ao chão, discou o 999 e pediu socorro, relatando tudo o que havia acontecido dentro da casa dele. Mas não deu tempo de falar tudo, pois o veneno logo se espalhou por todo o seu corpo, vindo a falecer com o telefone nas mãos. Assim que toda a vida existente em seu corpo havia sido ceifada, James caíra desfalecido, tombando próximo ao corpo de Carl. A polícia chegou, juntamente com uma ambulância, arrombou a porta, mas já era tarde. A cena dos dois corpos sem vida era grotesca. Reviraram a casa, a fim de encontrarem alguma pista que explicasse tudo aquilo. Mas quando abriram o ateliê de James, um forte cheiro de sangue estava impregnado no ar. Quando os policiais viram de onde vinha o odor, ele estava misturado às tintas que estavam perto de um quadro, cujos policiais deduziram ter sido pintado com as tintas misturadas ao sangue. Levaram os corpos para o necrotério e o laudo da autópsia acusou morte por envenenamento no corpo de Carl e como não puderam explicar o corpo sem sangue e com o coração retirado de dentro do corpo de James, colocaram no laudo da morte, que ele tinha morrido por suicídio. Colocaram o coração de volta dentro do corpo dele e sepultaram ambos no mesmo dia, uma semana depois de apurado tudo o que poderiam apurar sobre aquela cena que encontraram na casa dos dois missionários. O quadro que James havia pintado foi dado de presente a um colecionador, cujo nome da obra fora batizado por um dos policiais de “o homem angustiado”, tamanho terror a obra expressava. O policial explicou que o quadro foi pintado por um artista que mais tarde cometeu suicídio. Para pintar o quadro o artista utilizou seu próprio sangue misturado com outros óleos, o que dá um tom mais macabro ao quadro. O colecionador, quando conta a história do quadro para os amigos que visitam sua casa, fala dela de um jeito penetrante, que é de partir o coração.
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