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3043 Words
Essa história fala sobre a condessa Jaqueline Barts, a primeira condessa francesa a ser considerada a viúva mais jovem de sua época. Mas apesar de ser a primeira de seu país, a bondade poderia ter sido a única salvação de sua alma. Corria o ano de 1703, na cidade de p*u, sul da França, a condessa Jaqueline Berith, realizava mais uma festa na mansão que comprara com a herança do marido, que fora morto por circunstâncias bastante misteriosas. O falecido conde de p*u, Marcel Barts, pôs sua esposa Jaqueline como condessa, ainda aos dezoito anos de idade, quando se casaram. Então um dia ele falecera em uma caçada matinal, deixando tudo para ela, cuja vida atual era de festas e luxos exagerados. E enquanto eu narro esta história, ela está lá, com sua mansão recém comprada, cheia de convidados, admirando a música de câmara, os homens mais bonitos e enchendo seu ego com os flertes incessantes daqueles mais influentes da cidade. - É uma honra para mim, senhora condessa, de participar de suas festas - disse um rico fazendeiro das redondezas -. Em toda a região, não há nenhuma festa igual! - Me sinto bastante lisonjeada, senhor Lorenzo. - disse a condessa enquanto levava um gole de vinho à boca - Sempre que fizer minhas festas, estará sempre convidado! Nisso um dos convidados, o recém-chegado à França, senhor Lúcio Fernandes, um rico proprietário de muitas terras, atravessa o salão sem tirar os olhos da jovem condessa de p*u, cujo escudo protetor estava se tornando frágil, diante daquele homem de meia idade, mas de traços belos e rústicos. - Com licença, - disse o elegante homem - peço permissão para compartilhar de tão encantadora presença, nesta dança. - Hum... - disse Jaqueline estendendo-lhe a mão - Isto muito me agrada, senhor Fernandes. Ainda mais por ser um homem de ricas posses, recém-chegado a essas terras. Enquanto a festa acontecia bravamente noite adentro, em um dos cantos da nova mansão, um casal de criados, conversa aos cochichos: - Está cada vez pior, viver em p*u, principalmente com essa condessa! - disse o criado - Ontem mesmo ela mandou açoitar os varredores de ruas, porque escureceu e eles não terminaram o serviço no horário! - E estas festas? No tempo do falecido conde elas eram alegres. Mas não assim, tão debochadas e espalhafatosas. Estas festas... Esta gente toda... Deus me livre e guarde desse povo! - desabafou a criada - Chego até a achar que o senhor conde não morreu por acid... Antes que a criada pudesse terminar suas palavras, o criado tapou-lhe a boca, de maneira abrupta e com certa urgência. - Cale a boca! Se a condessa sequer sonhar que você está dizendo isso, manda-lhe arrancar a língua, igual ela fez com o cocheiro ou vai assistir você sendo chicoteada no estábulo, como faz todos os dias. Silêncio! Aí vem ela! - Valha-me Deus! - Exclamou a criada - Tremo toda e perco a compostura, perante a sua presença. Nisso a condessa Jaqueline Barts e seu convidado, o senhor Fernandes, passam pelos criados, conversando pelos corredores de fora da mansão. Eles estavam tão empolgados coma  conversa, que nem notaram os empregados no corredor. Caminhara até o final do corredor e pararam em frente a uma bela pintura. - Eis aí o senhor Marcel, o meu falecido marido. - a condessa olhando para o senhor Fernandes nos olhos - Morreu no meio de uma caçada, quando seu corpo foi varado por uma flecha perdida. - Muito interessante essa história, senhora condessa! Mas pelo pouco que ouvi à respeito do senhor conde, ele era um exímio arqueiro e tinha bastante experiência no assunto. Para não se aprofundar mais na conversa e tomada de um certo nervosismo que gostaria de manter no controle, a condessa respira fundo, sorri e fala: - Acidentes acontecem em toda parte, senhor Fernandes. Todos nós temos e teremos nosso dia e o senhor conde, por mais que eu guarde luto com muito pesar, teve o seu. O vinho está fazendo efeito: vamos dançar? - Oh, com enorme prazer, senhora condessa! Enquanto a condessa e o senhor Fernandes retornavam para o salão, a criada resmunga sozinha, com certa resignação e raiva: - Você viu que cinismo da parte dela? Dá até ódio ter que conviver com essa megera, dia a pós dia. Se eu não tivesse visto pelo buraco da fechadura, a enorme bolsa de moedas de ouro que ela deu ao armeiro, um dia depois da morte do senhor conde... Enquanto ela resmungava, a festa continuava solta, adentrando a madrugada, com os convidados embriagados de vinho, a música tocando sem parar e a condessa mostrando seus dotes como exímia dançarina, que por mais que demonstrasse destreza na arte da dança, estava impressionada com o seu ilustre convidado. - Dança divinamente bem, senhor Fernandes! Onde Aprendeu? - Aprendi rodeando o mundo e passeando por ele, senhora condessa. - Conheceu muitas mulheres belas em suas andanças, não? - Sim... Mas nenhuma delas foi tão bela a ponto de se igualar à senhora. - Como o senhor é galante, senhor Fernandes. Aposto que diz isso para todas! - À propósito: descobriram o arqueiro desastrado, cuja festa atingiu o conde? Sentindo-se ofendida, a condessa Jaqueline Barts largou o senhor Fernandes, que para não deixar a bola cair, segurou-a firme em sua cintura e ainda como um casal de dançarinos no meio do salão, deu uma desculpa para se retirar da mansão. - Bem, senhora condessa, sua festa está chegando ao fim. Preciso-me ir. Tenha uma boa noite. - Boa noite, senhor Fernandes! Espero vê-lo em breve. No outro dia, assim que acorda, a condessa Jaqueline Barts, retorna ao seu estado natural de megera, quando está repreendendo um de seus criados mais importantes: o cobrador de impostos. Eles estão sentados em uma confortável cadeira estofada do início do século, discutindo as finanças do condado. - Não quero saber, Jeff! Diga a esses camponeses imundos e fedorentos, que se não pagarem todas as taxas, eu tomo as terras e tudo o que possuem! - Mas, senhora condessa... A colheita este ano foi péssima. Nisso, ela se levanta furiosa aponta o dedo para ele e esbraveja: - Pois diga àqueles imundos que tratem de melhorá-la, para o próximo ano! E quanto a você, Jeff, lembre-se de que eu o coloquei nessa função e pago-lhe muito bem, para cuidar dos meus negócios e não nos dos camponeses! - Perdão, senhora condessa. Com licença. Quando o cobrador de impostos sai da presença da condessa, ele encontra com uma das criadas dela em um dos corredores e descarrega sua raiva: - Mulher miserável! Espero que o d***o um dia, trance o r**o nas pernas dela, ou crave os chifres em suas nádegas! A criada, que caminhava com um pouco de pressa, ouve as reclamações do cobrador de impostos e vai até a condessa: - Senhora condessa, aí fora está um senhor que quer falar-lhe. Ela ordena que o estranho homem entre. Ele então se apresenta pelo nome de Marduque e diz que trás boas notícias: - Pois não, o que deseja? - Venho da parte do senhor Fernandes! Ele acaba de comprar a velha mansão Barts e manda-lhe o dinheiro da compra. E também manda-lhe avisar que assim que as reformas estiverem concluídas, realizará uma festas ainda maior do que as dadas pela condessa, e espera que a senhora condessa também possa comparecer. - Claro que irei com todo o prazer, mas... Que ideia foi essa do senhor Fernandes querer comprar a velha Mansão Barts? - Posso dizer que sejam apenas caprichos de um homem rico, senhora. O senhor Fernandes gosta de gastar dinheiro com coisas do tipo. Enquanto a condessa Jaqueline recebe os sacos cheios de moedas de ouro e os confere, ela fala animadamente, devido ao brilho do metal dourado. - Admiro homens exóticos como o senhor Fernandes, senhor Marduque. Principalmente porque a velha mansão fora construída onde antes era um antigo castelo que possuía histórias terríveis de tortura e assassinatos. Foi o meu falecido marido que acabou com aquelas histórias de terror. Que Deus o tenha em um bom lugar. Diga a ele que me sentirei honrada em participar da festa! - Me sinto lisonjeado em ter a sua confirmação, senhora. Naquela mesma noite, a condessa Jaqueline Barts, teve um sonho estranho. Estranho não... Vamos chamá-lo de um pesadelo onde ela relembrava suas memórias passadas, bastante horrorizada. No pesadelo ela está entregando uma parte do ouro ao assassino de seu marido: um criado de índole duvidosa, chamado Krebs. - Tome Krebs. Leve esta metade do ouro. A outra metade eu lhe darei, assim que seu serviço estiver feito. Depois ela é transportada para o local onde seu marido estava caçando, juntamente com alguns empregados, principalmente Krebs, que segue o conde Marcel até ter a melhor oportunidade de atacá-lo. Essa oportunidade apareceu quando o mesmo perseguia uma raposa por entre a floresta e ambos se afastaram demais do resto do grupo. Krebs aproveita a situação, arma seu arco, aponta-lhe a flecha de uma distância onde certamente ele seria varado pela mesma. - Olhe Krebs! Ela está encurralada. Atire uma flecha na raposa, rápi... Ei! Porque está apontando essa flecha para mim, Krebs? - São ordens expressas da condessa! - Aquela maldita! Não faça isso Krebs... Não! Agora, enquanto você lê essas linhas e ainda em seu terrível pesadelo, a condessa Jaqueline Barts vê o seu falecido marido voltar-se contra ela, munido de um arco e flecha, perseguindo-a. - Foi você, sua maldita! Foi você que me fez encontrar com a morte! Você terá o mesmo fim que me deste. Tome! - Não Marcel... Não! Ela acorda aos gritos, no momento em que sente a flecha atirada por seu falecido marido, atravessando seu peito. Uma das criadas que trabalham pela noite na mansão (desde que ficou viúva, a condessa obriga algumas criadas a ficarem acordadas durante a noite), adentra nos aposentos da condessa, assustada por causa da intensidade do grito que ela deu. - O que foi, senhora condessa? O que aconteceu? - Nada, nada! Apenas tive um pesadelo e pensei que... Olhe, vá embora e me deixe sozinha! Assim que sai dos aposentos da condessa, a criada murmura sozinha: - No mínimo essa megera sonhou que estava em lua-de-mel com o próprio demônio. E pensando bem... Até que não seria um casamento tão estranho, já que ambos são bem parecidos. Por mais que parecessem para você que está lendo isso, apenas alguns segundos, seis meses e dezesseis dias se passaram, desde que Jaqueline Barts teve aquele horrível pesadelo. Ela havia parado com as festas luxuosas e espalhafatosas que dava, pois tinha colocado na cabeça que aquele incidente poderia ter sido algum tipo de premonição. Mas os afazeres da vida de condessa a fizeram esquecer disso com muita facilidade. Ela já nem lembrava mais o que era uma festa, quando numa bela manhã de outono recebe uma visita. - Oh... É o senhor de novo, senhor... Marduque, não é? O que queres desta vez? - Estou aqui para convidá-la para a festa de amanhã. O senhor Fernandes a espera com muita ansiedade. A mansão está belíssima! - Pois diga a ele que lá estarei após as oito. Quero ver como ficou a velha mansão Barts. O criado do senhor Fernandes pegou na mão da condessa, curvou-se perante ele e disse: - Sim, senhora condessa. Transmitirei a ele a confirmação de sua presença. Se me permite ir, com licença. Na noite seguinte, uma sexta-feira 13, os habitantes do condado de p*u, viram atônitos e céticos, as luzes se acenderem na antiga mansão Barts. Até mesmo um dos antigos moradores do condado, ficaram sem entender tal fenômeno. - Mas que coisa estranha: há anos que ninguém vai lá, muito menos vê as luzes da velha mansão Barts, acesas. A condessa Jaqueline chega depois das oito da noite, como houvera prometido. Ela estava belíssima. Viera para ser o centro das atenções, da mesma maneira que nas festas em que dava na sua nova mansão. E apesar da nostalgia e do medo por estar na antiga mansão onde morou, a nova decoração dava-lhe a segurança que precisa para mais uma vez estar naquele lugar. Assim que fora anunciada por Marduque, o criado do senhor Lúcio Fernandes, o mesmo veio em pessoa recebê-la e conduzi-la até o salão. - Senhora condessa! Que alegria em vê-la em minha nova casa! - Obrigada, senhor Fernandes. Não tenho palavras para descrever como ficou belíssima a nova decoração da antiga mansão Barts. - Se eu não tivesse comprado esta velha mansão de suas mãos, poderia dizer que fiz isso apenas por sua causa. - Se não fosse muita presunção e vaidade da minha parte, diria que quase acredito nas suas palavras, senhor Fernandes! Nunca vi decoração tão bela em minha vida! Tomando-a pelo braço, o senhor Fernandes foi conduzindo a condessa pela nova mansão Barts, apresentando-a aos convidados e mostrando a mesa farta de iguarias. - Bem... Um banquete especial será servido à meia-noite e está ali naquelas bandejas cobertas. Mas até chegar a hora, a senhora condessa pode saborear esses quitutes refinados que mandei preparar justamente para esta ocasião. Os vinhos também foram adquiridos das melhores e mais caras safras que o dinheiro pode pagar. - Que maravilha! Quantas iguarias e vinhos das mais finas procedências! O senhor é mesmo um homem muito refinado, senhor Fernandes! A condessa Jaqueline Barts e os demais convidados, comem e bebem as iguarias oferecidas pelo anfitrião. Um tempo depois, os músicos começam a tocar e a noite começa embalada por música de câmara e um baile que parecia terminar apenas no outro dia. - A senhora condessa me dá o prazer dessa valsa, antes do banquete da meia-noite? - Como não, senhor Fernandes! Vamos! Embalados pela valsa, Jaqueline Barts, Lúcio Fernandes e os demais convidados, dançaram sem se preocupar com as horas, embalados pela música, que os envolvia de maneira sublime. - Meia-noite, senhora condessa. Algum pedido em especial? - Apenas um beijo ardente, meu querido Fernandes! E enquanto Lúcio Fernandes e Jaqueline Barts se beijavam, o relógio da igreja deu doze badaladas. O senhor Fernandes parou aquele beijo ardente e convidou a todos para o banquete. Todos se dirigiram A imensa mesa onde várias bandejas cobertas os aguardavam. Enquanto o senhor Fernandes ia aos poucos destampando as bandejas, não se sabe se pela embriaguez ou pelo clima, algo tenebroso estava acontecendo: todos os convidados estavam se transformando em zumbis. A cada bandeja destampada, uma ou duas pessoas se mudavam sua aparência para uma versão zumbi de si mesmas. A condessa está sem acreditar naquilo o que estava acontecendo bem ali, diante de seus olhos. - O que está havendo? Meu Deus, o que é isso? Quando o senhor Fernandes destampou a última bandeja, o horror: era a cabeça de Marcel Barts, o falecido marido de Jaqueline. A cena era nauseante, pois assim que ela se assustou com o que viu, as comidas que estavam na mesa se transformaram em pedaços de cadáver, que eram de seu falecido marido e todo o vinho se converteu em sangue, sem contar as iguarias que eram nada mais, nada menos do que vísceras de ratos, juntamente com baratas. E como se a visão nauseante ainda não fosse o suficiente para fazer uma c***a vomitar, a cabeça do falecido conde Marcel Barts, começou a falar. - Porque todo esse espanto, querida? - As iguarias eram ratos com baratas, e o vinho é sangue puro. Tenho que fugir daqui o mais depressa possível... Socorro! - Você não sairá daqui até o raiar do dia! Ninguém abandona um banquete de vingança oferecido pelo próprio demônio assim, sem mais nem menos, no meio da festa. Nisso os zumbis que estavam dentro do salão seguraram a condessa e a sentaram em uma cadeira perto da cabeça putrefata do falecido conde de p*u. A força dos mortos-vivos era descomunal a ponto de não deixar com que Jaqueline Barts se levantasse. A cabeça do falecido conde então fala: - Quem é você para pensar que eu perderia uma festa como essas, meu amor? Nesse banquete infernal, somente os assassinados é que são os donos da festa! Senhor Fernandes, pode servir à convidada. O senhor Fernandes, que assistia tudo em silêncio, ordenas que os mortos-vivos ali presentes comecem a servir a convidada. Eles então começam a encher as taças com sangue e obrigá-la a beber, além de arrancar pedaços da carne e dos órgãos em decomposição postos à mesa, para que a condessa coma contra sua própria vontade. Ela gritava, chorava, mas os zumbis obedeciam as ordens do senhor Fernandes cegamente, continuando a enfiar a carne do corpo do falecido conde de p*u e supostamente seu sangue, na boca da condessa. - Está gostando, querida? Esse é o meu sangue. O mesmo sangue que você tanto queria ver derramado! Tome mais! Isso! Beba com prazer, meu bem! - Pare com isso! Glub, glub, glub! Me deixe ir! Me deixe ir! Nisso, pesadas nuvens de chuva rapidamente se juntaram no céu. Do nada um raio desce e corta os céus até a velha mansão Barts. Da nova mansão, os criados viram várias luzes e um enorme incêndio se iniciando na velha mansão Barts. O fogo só aumentava, mas a forte chuva o controlava. Assustados, os criados despertam e assistem ao incêndio ao longe. - Cruzes! O que será que está acontecendo por lá? - Acho que finalmente a condessa irritou o d***o. Vou alertar os homens para ficarem de prontidão, caso o incêndio se alastre, o que eu duvido muito o fogo caminhar por aquelas rochas onde fora construída a velha mansão Barts e se espalhar pelo condado. Durante toda a madrugada, a velha mansão ardeu em chamas até não sobrar nada de sua estrutura. Os criados da condessa estiveram lá e constataram que apenas a mansão fora queimada e não acharam nenhum corpo sem vida dentro dela. Não havendo indícios de corpos carbonizados, eles passaram dias procurando pela condessa, que fora encontrada pelos camponeses, perambulando pelos campos, desgrenhada, feia, suja, com cabelos assanhados, olhos vidrados e dizendo cosas sem nexo. Estava insana e alienada. Completamente louca! - A mansão Barts... A casa do diabo... Fujam da mansão Barts... Eu não quero ir pra lá!
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