Victoria ?
Olhei a hora e me assustei quando vi 13h. Merda! Dormi demais.
Levantei rápido lembrando que 15h tem alguma coisa lá no morro que o Terror me convidou. Peguei minhas coisas e desci.
Óbvio que primeiro tomei um café da manhã e depois entreguei o cartão na recepção.
Chamei um uber e fui direto pra minha casa, meu celular tava cheio de mensagem das meninas perguntando sobre mim, mas eu nem respondi e nem vou.
O uber me deixou em casa e eu subi. Dei oi ao porteiro chato de hoje e fui para meu apartamento.
Assim que entrei, já fui logo tomar um banho rápido sem lavar o cabelo, pois amanhã tenho hora marcada no salão.
Vesti o primeiro body e short jeans que vi no meu closet, nem escolhi por marca. Fui até onde ficava minhas bolsas e peguei uma da Chanel, a mais simples que tinha.
Coloquei dentro um dos meus gloss, meus documentos, carregador portátil e um pouco de dinheiro. Depois fiz uma make simples e passei perfume.
Procurei uma sandália ou um tênis simples pra ir e não achei nenhum que servisse para a ocasião, então vou de havaianas branca mesmo.
Coloquei meus acessórios e fui olhar a hora no relógio, já eram 14:20, então fui no quarto do meu pai para pegar a chave de algum carro.
Encarei todas aquelas chaves e fiquei tentando decidir qual eu vou pegar. Meu carro é um conversível vermelho da Ferrari, então imagina eu chegando em uma comunidade com esse carro?
O mais simples é o Audi preto do meu pai, que é esportivo e chique, então foi a chave que eu peguei.
Catei meu celular e continuei ignorando todas as mensagens, logo desci e fui direto para o estacionamento.
Eu esqueci completamente o meu TCC, mas eu já marquei presença, então quando eu voltar pra casa, eu faço.
Entrei no carro e já coloquei o cinto de segurança depois de colocar minha bolsa no banco do passageiro. Dei partida no carro e fui dirigindo até a Rocinha.
Demorou um pouco por conta do trânsito, já que é fim de semana e os cariocas parece que desaprendem a dirigir e fazem engarrafamento.
Cheguei na entrada da comunidade e fui entrando até ver os caras que fazem a tal barreira. Me assustei com os fuzis ali com eles, mas baixei o vidro pra falar com um cara que tinha o cabelo parecendo o abacaxi e era cheio de dente de prata.
_ qual foi, paty?
Victoria: o Terror disse que ia me liberar subir com o carro hoje...- falei medrosa.
_ fala aí teu nome pá mim.
Victoria: Victoria Modonni.
_ aê, LF, é a mina do Leblon.- falou para o outro.- Tá indo pro pagofunk na casa do Tigre né?
Victoria: Tigre? Não não, é na casa da Luíza.
_ é a merma merda, monga.- vontade de mandar ele ir catar coquinho lá na China, mas esse fuzil me assustava e muito.
Victoria: como chega lá?
_ teu guia ali.- apontou para um cara de moto.- Segue ele e prepara o amortecedor desse teu carrinho, patricinha... As ruas da comunidade não é igual as do Leblon.- deu dois tapinhas no carro e eu dei partida de novo, seguindo a moto então.
Nem quis contrariar ele, aquele fuzil dele me deixava nervosa.
Ele realmente não brincou quando se referiu as ruas, p**a merda, que difícil que é dirigir em uma comunidade, ainda mais com um carro desse.
O cara da moto parou em uma casa grande, apontou pra mim e eu buzinei pra ele, que logo foi embora. Procurei onde estacionar meu carro e assim fiz, depois peguei minha bolsa e desci.
Olhei para meu relógio e vi que já eram 15:55, obrigada trânsito do Rio.
Uns caras estavam na porta segurando suas armas e eu gelei.
_ tu é a patricinha do Leblon, né?- apontou pra mim com a arma e eu levantei os braços assustada. Apenas assenti de olho fechado.- Vou atirar em tu não, doidona.
_ para de assustar a mina, Dado.- o outro falou e eu abri os olhos.- Tu não é acostumada com arma assim?- fiz que não com a cabeça.
Dado: tem boca não, princesa?- debochou.
Victoria: eu posso entrar ou não?
_ sou o JN pô, satisfação.- o mais legal falou.
Victoria: Victoria.- sorri simpática e estiquei a mão pra ele, que ficou olhando pra minha cara e me cumprimentou depois.
Dado: pode passar... Lembra que ela é convidada do Terror, JN.- falou como se tivesse incomodado com algo e eu ignorei, apenas entrei na casa.
Era uma casa muito bonita e tava com umas pessoas circulando; fui seguindo o barulho do som até chegar no quintal e encontrar uma galera.
Tinham mulheres dançando, gente na churrasqueira, um monte de mesas, piscina... E quem tava em uma das mesas, era o Terror com a Luiza, a Leticia e outros caras que não conheço.
Luiza: olha quem chegou.- gritou e apontou pra mim.- Oi, gostosa!
O Terror ficou me encarando e eu sorri sem graça pra ele, que continuou sério me olhando.
Victoria: oi gente, tudo bem?
Leticia: olha quem apareceu.- riu e eu nem olhei pra ela, não tava muito afim e ainda mais depois de ontem.
_ quem é essa gata?- o Terror encarou ele.
Luíza: é a Victoria, prima da Leticia.- sorri simpática para o homem.
_ satisfação, Menor.
Victoria: prazer...- sentei numa cadeira livre.
Leticia: veio com qual carro?
Victoria: com a Audi preta.- respondi nem sem olhar pra ela.
Menor: carai... A cara de princesinha não n**a.
Terror: herdeira de hotel...- falou me encarando sério e eu quase perco tudo com esse olhar dele.
Menor: tá p***a, fi.- ele riu.
_ tá na paz de Deus.- um cara chegou cumprimentando o Terror.
Terror: que permaneça essa tranquilidade na comunidade...- retribuiu o toque e o cumprimento de uma maneira bem seca.
_ se liga no procedê... Tem uma mina ali fora querendo entrar, disse que era pra falar com a Luiza.
Luíza: qual o nome?
_ Karolina, parece.
Leticia: é a minha amiga.
Terror: da confusão?- perguntou bravo.
Luiza: sim, deixa ela entrar vai.
Terror: o pagode é do teu irmão, tu deixa entrar quem quiser... Mas o papo tá dado, se aprontar outra no meu morro, vai ser cobrada.
Leticia: ela não vai né, Vi?!- todos olharam pra mim esperando eu concordar.
Victoria: não coloco minha mão no fogo.- falei seca.
Terror: libera aí.- o carinha saiu e eu fiquei encarando o Terror enquanto ele fazia o mesmo.
_ e aí pô, quem é a mina?- outro cara bem bonito (igual a maioria dos traficantes daqui) chegou me cumprimentando.
Victoria: sou a Victoria.- sorri simpática e estiquei a mão.- Prazer.
_ Tigre, satisfação.- apertou minha mão.
Karol: cheguei, gente.- fez escândalo e sentou na cadeira vazia ao lado do Terror.
Terror: aí Luiza, senta do lado da tua amiga.- ele levantou e a Luiza fez o que ele mandou.
Quem estava do meu lado era a Luiza, então agora é o Terror.
Tigre: é a mina do Leblon?
Victoria: assim que eu tô conhecida aqui?- falei simpática e ele riu.
Tigre: o que tu quer beber?
Victoria: não sei o que tem.- ri e olhei pra mesa.- Você quem tá tomando whisky com energético?
Terror: eu e o Menor.
Victoria: ah, então me traz só um copo por favor. Vou acompanhar eles.- o Terror me olhou surpreso.
Tigre: claro, patroa.- riu e saiu de perto.
Luiza: ele é meu irmão.
Victoria: ah! Agora eu entendi porque o cara da entrada me falou aquilo.- eu ri.
Menor: falou o quê?
Victoria: que a casa da Luiza e do Tigre era a "merma" merda. Ainda me chamou de monga.- eles riram e até o Terror sorriu de canto.
Karol: não entendi porque o menino ofereceu bebida pra Vi e pra mim não.- o Terror respirou fundo.
Leticia: é que a Victoria não veio de penetra.- deu de ombros e eu ri fraco. A Karol ficou p**a com isso, era nítido.
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se interagirem bastante, eu faço maratona.