Capítulo 06

1116 Words
Mesmo sabendo que havia sido chamado com urgência, Eusebio caminhava calmamente pela fazenda. Como capaz dos Monterrubio, contratado por Almerinda, Eusebio costumava se achar o "Senhor", e até mesmo exibia um chicote nas mãos quando estava longe das vistas de Heitor. Não havia como se provar, mas o homem carregava uma extensa lista de acusações, que incluíam: Violência física, abuso de autoridade e o pior deles, estupr.o! Em sua cabeça, seu chapéu com as iniciais de seu nome, escondiam a falta de cabelo. _A dona Almerinda está chamando por você, Eusebio...e já fez tempo. Carlota, a governanta da fazenda diz com voz irritada, parada no hall de entrada da casa grande. Eusebio sorriu debochado. _Já fui informado, sua venha enxerida_ Carlota estreitou o olhar_ É não é dona Almerinda_ Ele diz, já próximo da entrada_ É patroa! Carlota respirou fundo, estufou o peito avantajado, e o encarou de cima, mesmo com seus 1,58 de altura. _Primeiro: Nessa fazendo não existe patroa, somente Patrão, e ele se chama Santiago! E fale comigo dessa maneira outra vez, e o colocarei em seu lugar...e você sabe muito bem onde é!_ Eusebio a encarava com raiva_ Você até pode ser o capataz dessa fazenda, mas EU, sou a governanta! Mantenha-se em sua insignificância...capataz. Carlota se retira, seguindo para a cozinha. _Velha dos infernos. Ainda resmungando, ele segue para o segundo andar, já que Almerinda não tinha mais autorização de utilizar o escritório desde a chegada de Santiago. Ele para em frente a porta do quarto, e fecha os olhos... imaginando em sua mente doentia, a possibilidade de entrar ali, naquele cômodo tão privado e ao mesmo tempo tão vulnerável...e tomar a força a mulher que se ocultava por trás daquela porta branca. Suas mãos chegaram a ficar suadas pela expectativa. Até que ele bate a porta em um leve toque. _Quem é. _ A voz autoritária que o tanto excitava, soou abafada, mas firme. _Sou eu patroa. Eusebio!_ Ele sorriu assim que a porta foi aberta, revelando seus dentes amarelos e m*l cuidados_ Estou a suas ordens, senhora. Ele tirou o chapéu. _Como se atreve a subir até aqui, no meu quarto? trazendo essas suas botas imundas para dentro da minha casa._ Almerinda o olhou com nojo_ Mandei que me esperasse na entrada, onde é o seu lugar. E seu sorriso "gentil" desapareceu, deixando no lugar apenas uma expressão de raiva e vergonha, por ser tratado daquela maneira. Se não fosse por Santiago estar presente na fazenda...ele a arrastaria para dentro, arrancaria suas roupas e mostraria para ela onde é o lugar dela. Mas jamais se atreveria, não com o Santiago ali agora...Eusebio era corajoso mas não burro, conhecia a má fama do patrão, e mesmo estando doente... continuava sendo o próprio demônio encarnado. Eusebio não iria querer provar do gosto amargo do chicote....mas pensando por outro lado, o patrão não se importa com o que acontece com Almerinda. _Vai ficar aí parado feito um i****a, ou vai me dizer o que descobriu. Eusebio engoliu o orgulho, e olhou nos olhos de Almerinda, que não disfarçavam a curiosidade. _Parece que o patrão anda fazendo perguntas por aí, sobre a garota das flores, ex noiva do senhor Heitor_ A expressão de Almerinda foi de surpresa. _ O que? O que ele quer com aquela garota? Eusebio sorriu por dentro, ao ver o descontrole de Almerinda. Ele se divertia vendo como os patrões brigavam entre si. _E, parece que esteve lá no Rosalinda _ Ao ouvir o nome do roseiral, Almerinda gritou de ódio e socou a porta, pegando Eusébio de surpresa. É como se a história estivesse se repetindo... _Eusebio_ Sua voz saiu trêmula e carregada de raiva. Não havia explicação para o que se passava em uma mente tão perversa, como a de Almerinda...para conseguir o que queria, ela era capaz de fazer qualquer coisa. Até matar! E não haveria alguém com coragem o suficiente para fazer o seu trabalho sujo, afinal, seu capataz não era conhecido por ter uma boa índole._ Quero que faça uma visitinha para Júlia Vallencia. Seja o que Santiago esteja planejando...não vai funcionar, assim que ele morrer, tudo o que ele possui será meu! Nem que eu mesma tenha que acelerar sua morte...ele irá morrer! Eusebio sorriu ao se imaginar sozinha com a vendedora de flores, toda vez que a via pelo povoado...não conseguia deixar de olhar para aquele lindo botão de flor, que desabrochava com o passar dos anos, ficando cada dia mais bonita. "Ela lembra a mãe" Eusebio se lembrava muito bem de como Estefânia era na juventude, e a filha seguia o mesmo caminho. O botão de flor, agora se tornou uma linda mulher. O patrão Santiago não era tão i*****l afinal...escolheu bem, bem diferente do i****a do Heitor. _E se ela não estiver sozinha? Se a mãe ou a irmã estarem com ela? Almerinda se virou para ele, e seus olhos brilhavam de maldade. O sorriso que desenhou seus lábios, eram a prova que em sua mente cruel...se passava a pior das imaginações. _Se a mamãezinha estiver com ela...queime a viva_ Almerinda se aproximou da porta_ Pra isso...te pago até um bônus pelo serviço extra! [...] A noite chegou, e Santiago não achou que ela poderia ficar pior. Após sua visita fracassada...a qual ele pensou que teria êxito, assim que colocou os pés dentro da fazenda, se deparou com Heitor na sala. E agora...estavam todos reunidos a mesa na sala de jantar. Santiago se sentou na ponta, e Almerinda ocupou o lugar a sua direita. Heitor também se juntou a eles com a esposa, e é claro...Maura. _Perdão pela demora_ Carlota entrou na sala de jantar, e logo atrás suas empregadas surgiram com as travessas repletas de comida._ Tivemos um contratempo na cozinha. _Outra vez se atrasando com o jantar, Carlota_ Almerinda diz com rispidez, fazendo Santiago fechar os olhos_ Qual será a desculpa de amanhã? _Quem costuma trabalhar, senhora... infelizmente passa por contratempos. Se tudo fosse tão fácil, não se chamaria trabalho. Heitor deixou escapar uma risada, mas fingiu com uma tosse. Santiago sorriu discretamente. _Cuidado como fala...criada. Santiago virou a cabeça em direção de Almerinda, a silenciando rapidamente. _Carlota tem mais serventia nessa casa do que você. Corrigindo, você não tem serventia alguma. Deixe ela em paz. _É uma pena querido_ Almerinda tocou na mão de Santiago_ Que seus empregados não o terão para protegê-los por muito tempo. Sua morte está tão próxima...que já posso ouvir...ela chamar seu nome. Santiago teve uma crise de tosse, causando uma falta de ar... que o fez cair da cadeira. Heitor se levantou, correndo até ele, que estava estirado no chão. E ao longe... Santiago pode ouvir a governanta gritar por Hugo.
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