Capítulo 07

1016 Words
A noite estava quente, e quando o clima está bom, Júlia aproveita para cuidar dos botões de rosas dentro da estufa. Sua irmãzinha já havia vindo mais de uma vez chama lá para jantar...mas ela continuou seu trabalho. Precisava de novos clientes, então, rosas novas precisam abrir. Estava tão concentrada em seu trabalho, quem nem percebeu quando sua mãe apagou a luz da varanda da frente, como sempre costumava fazer, quando Júlia ficava até tarde na estufa. _Agora...você precisa só de uns toques finais_ Ela diz sorrindo para os botões. Seus olhos verdes se dirigiram para a entrada da estufa, e ela viu que sua mãe havia apagado as luzes. Ela daria tudo para estar em todas as refeições com sua família...mas a mensalidade da escola de Lúcia havia vencido a dois dias, e os remédios de sua mães estavam chegando ao fim. Júlia bocejou cansada e já se sentindo sonolenta. Tirou o avental e esticou os braços para cima. Do lado de fora, Eusebio a observava em silêncio, cada movimento da jovem eram observados por ele como se fosse um animal caçando. Ah...ele sempre quis saber o perfume que essa rosa tinha. Júlia sai de dentro da estufa e pega a caixa de madeira, seguindo para o roseiral. Entre os corredores de rosas, Júlia caminhava sem imaginar que estava sendo seguida e observada. _Está uma linda noite, não acha?...pequena rosa.._ Júlia derrubou o caixote no chão pelo susto. Ao se virar, a alguns passos de distância estava Eusebio, sorrindo para ela com seus dentes amarelos. _Como se atreve a vir até aqui_ Júlia tentou disfarçar ao máximo seu nervosismo...e seu medo. Poucas pessoas assustavam Júlia...e Eusebio era uma delas._ Vá embora...antes que.. _O que? Não tem ninguém aqui, minha flor_ Ele dá um passo a frente e Júlia recua, se amaldiçoando por não ter trazido a espingarda_ Só você, e eu. Ah...como eu esperei por isso. Júlia sabia que tinha que correr o mais rápido que suas pernas poderiam aguentar, e por ser descuidada...havia se afastado muito de casa. _Você não seria tão burro, de tentar alguma coisa, conheço seu patrão, Eusebio. O homem riu e olhou para cima, fazendo Júlia se encorajar e se afastar aos poucos. _O senhor Heitor não se importa mais, com qualquer coisa que aconteça a você. Não mais! Foi mais que um tapa na cara, ouvir aquilo, foi um soco. _Não estou falando dele_ Eusebio parou de sorrir_ Estou falando do verdadeiro patrão. Santiago Monterrubio. E a imagem dele veio a mente de Júlia. _Até me preocuparia...mas o homem está mais morto do que vivo! Ninguém vai tirar você das minhas mãos...pequena rosa. E por impulso, Júlia se virou e passou a correr. Ela conseguia ouvi-lo correr também...e parecia se aproximar cada vez mais. E então Júlia gritou pela mãe...mas sua voz foi abafada, quando a mão grande de Eusebio tapou sua boca. Júlia só esteve com um homem...Heitor, e havia sido maravilhoso... Seu cabelo foi puxado com tanta força, que ela sentiu o couro cabeludo queimar. O som da risada de seu agressor era a pior coisa que já tinha ouvido. Júlia mordeu os dedos de Eusebio o fazendo urrar de dor, e se soltou de suas mãos grandes. _MÃE!_ Sua garganta ardeu ao gritar tão alto. Eusebio a viu fazer a curva entre as rosas. Tomado pelo ódio, ele se enfiou entre as flores para cortar caminho. Sentia os espinhos arranhando sua pele e o sangue começar a pingar._ MÃE. Ele a ouviu gritar outra vez, e então se jogou para frente, fazendo seu corpo grande e largo se chocar contra o de Júlia. O impacto foi tão forte, que Júlia bateu a cabeça no chão com a queda...fazendo a ficar tonta. _Se for preciso lutar, pra fod3er você...eu luto_ Júlia se debatia de baixo de Eusebio na tentativa frustada de se soltar, foi quando ele bateu sua cabeça no chão com mais força. "Nenhuma mulher será tão amada, quanto você" A voz de Heitor invadiu sua mente. "Vai me proteger da sua mãe? Ele sorriu e beijou sua mão "De qualquer um" Seu vestido foi rasgado, e mesmo sem conseguir respirar direito, com a visão embasada...Júlia acertou com o joelho, a parte íntima já exposta de Eusebio. E dessa vez, ele gritou. Júlia chorou por não conseguir se levantar...se sentiu uma completa inútil por não conseguir defender a si mesma. Eusebio se levantou e chutou a garota já no chão. O roseiral nunca pareceu tão grande como naquele momento. As mãos grandes eram ágeis...e a viraram de bruço com facilidade, e ela penetrou...arrancando um grito agoniante de Júlia. Não existe violência pior para uma mulher, do que a aquela em que seu corpo é violado. Ele entrou uma, duas, três...a fazendo se urinar. _EUSEBIO_ Sabiá gritou, o fazendo erguer a cabeça e se deparar com o jovem peão segurando uma espingarda em mãos. O som do tiro foi ensurdecedor...mas infelizmente Sabia errou, o rapaz nunca foi bom com armas. A luz foi acessa, e Júlia não fazia ideia naquele momento...mas estava bastante longe da saída do roseiral. [...] _VOCÊ ENLOUQUECEU?_ Heitor gritou para a mãe_ SUA MALDITA AMBIÇÃO NÃO TEM FIM. _SOU SUA MÃE! Almerinda também gritou. Ambos estavam no quarto de Almerinda. Santiago havia sido levado para seu próprio quarto e estava sendo atendido pelo médico. _Você nunca agiu como mãe! O tapa em seu rosto o dez virar para o lado. _Eu aguentei todas as humilhações possíveis, por você! EU ME SACRIFIQUEI POR VOCÊ! Heitor a olhou nos olhos. _O único sacrifício que você tem feito, é por você mesma. Você é uma pessoa tão perversa...que deseja a morte de um semelhante para ficar com o que nem é seu. Almerinda empinou o queixo. _A morte dele, e a de qualquer um que ficar no meu caminho. Você também é um Monterrubio, e terá o que te pertence. Heitor caminhou até a porta mas parou, e se virou para a mãe. _Você terá o mesmo destino que deseja a seus "inimigos"...e quero estar bem longe quando esse dia chegar. Ele sai deixando Almerinda sozinha.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD