Capítulo 08

1031 Words
Sabiá já tinha visto muitas coisas ruins. Muitas. Mas igual a cena que seus olhos contemplaram...ele jamais imaginou que veria um dia. O primeiro impulso que sentiu, era correr atrás do monstro que havia se emprenhado na escuridão como um covarde, mas quando ele se aproximou de Júlia, percebeu que o estrago era maior do que sua mente imaginava. Seu corpo pequeno, que a alguns segundos atrás estava esticado na terra, agora se encontrava encolhido. Sabiá nunca foi um rapaz muito religioso igual sua madrinha...mas naquele momento, ele rezou para todas as dinvidades que conhecia...implorando...suplicando, que fizessem a dor que Júlia estava sentindo ir embora. Ele estendeu a mão em direção de Júlia, mas ela se encolheu, assustada. _Sou eu, Juli...Sabiá_ Estefânia vinha correndo. Os cabelos bagunçados por estar dormindo. _NÃO_ Ao ouvir a voz da mãe, Júlia se encolheu ainda mais, e suas mãos tentaram puxar o que restou do tecido do vestido, para cobrir as coxas_ O que aconteceu...quem fez isso?_ Estefânia chegou perto o bastante para ver o real estado da filha. _Vamos levá-la para dentro _ Sabiá levantou Júlia nos braços, e sentiu quando algo escorreu em sua pele. Ele podia ouvir Júlia sussurrar algumas coisas, mas não entendia suas palavras atrapalhadas. Estefânia abriu a porta do quarto, onde a filha mais velha dormia, e Sabiá a colocou na cama. E então ambos, viram o estado em que Júlia se encontrava. _Mão..._ Ela sussurrou abrindo os olhos_ Eu... _Shiii_ Estefânia a silenciou_ Não fale meu amor. _Ela precisa ir ao hospital _ Sabiá diz se aproximando da cama, mas Júlia balança a cabeça em negação._ Você está muito machucada Juli _ Ele toca em sua mão, e ao erguer os olhos em direção do rosto machucado de Júlia, pode ver a lágrima correr por seu rosto_ Eu juro a você...aquele desgraçado vai pagar pelo que fez a você. Estefânia reprimiu um soluço, ao ver o vestido da filha todo rasgado. Júlia viu a mãe virar o rosto para o lado. [...] Maura bateu a porta do quarto ao entrar. Mercedes se levantou da poltrona. _Como ele está?_ Maura apenas ficou em silêncio _ Maura, como está o Santiago.. _Está bem!_ Diz com voz alterada _ Almerinda não vai conseguir o que quer, sei muito bem o que ela está tentando fazer_ Maura sorri com desdém _ Mas não vai funcionar. Antes dele morrer...vou me casar com ele, depois sim, poderá morrer em paz! Mercedes não reconhecia a própria irmã. _Por Deus, Maura, desejar a morte de um semelhante é um pecado grave _ Maura parou de andar e encarou a irmã _ Santiago não ama você minha irmã, não seria certo voc... _Quem é você pra me dar conselhos amorosos?_ Mercedes encarou a irmã com o olhar triste_ Você comprou um marido, Mercedes...casou com um homem que está apaixonado por outra. _Isso não é verdade!_ Sua voz saiu trêmula _ Heitor e eu nos amamos. Maura começou a rir alto, fazendo a irmã se sentir envergonhada. _Coloca uma coisa nessa sua cabeça, irmãzinha..._ Maura pressiona o dedo na testa da irmã, a fazendo dar alguns passos para trás _ Se não fosse Almerinda, seu príncipe encantado estaria com àquela vendedora de flores chechelenta. Não somos tão diferentes assim uma da outra. _Santiago jamais vai se casar com você _ Mercedes sorri_ Ele atiraria na própria cabeça...em vez de pedir sua mão. Mereces sai do quarto, deixando uma Maura bastante irritada. _ Ele vai...nem que eu tenha que obriga-lo a isso. [...] A água quente caiu sobre seu corpo, e suas lágrimas silenciosas se misturavam com as gotas grossas e quentes. Estefânia passava a esponja de banho nas costas da filha, que estavam arranhadas e com marcas de mãos. Júlia gemeu baixinho ao se sentar na banheira, para lavar os cabelos sujos de terra. Sentia muita dor em suas partes íntimas. Ela tentou disfarçar que não via sua mãe chorar em silêncio. _A senhora não precisa ver isso, mãe _ As duas se olharam nos olhos_ Posso me lavar sozinha... _Não!_ Estefânia continuou a lavar os cabelos da filha. Júlia continuou a encarar a mãe, que tinha rosto vermelho pelo choro. _Não foi culpa sua_ Ela sussurrou...e isso foi o bastante para Estefânia desabar em choro a ponto de seu corpo sacudir pelos soluços. _Tudo é culpa minha, eu deveria cuidar de você e da sua irmã, EU deveria estar trazendo o sustento, EU quem tinha que estar até tarde trabalhando, EU... Júlia tirou a esponja das mãos trêmulas da mãe, e a fez erguer o olhar em sua direção. _Nada é culpa sua. Nada! Após o banho, Júlia vestiu roupas limpas e sua mãe penteou seus cabelos. Ela ainda não havia se olhado no espelho...mas sabia que o que veria não seria nada agradável. Enquanto isso na fazenda Monterrubio, Eusebio tentava subir pela sacada do quarto de Almerinda. Almerinda se assustou ao ouvir que a porta janela estava sendo forçada. _Quem está aí_ Ela se levantou e amarrou o robe_ Quem está aí! _Sou eu patroa, Eusebio _ Almerinda abriu a porta da sacada e abafou um grito, ao ver o estado de Eusebio_ A senhora precisa me ajudar. _O que houve com você?_ No ombro havia sangue _ Isso é um tiro? Eusebio fez uma careta de dor ao tocar o ombro. _Foi de raspão. Sabiá atirou em mim, ele me viu no roseiral. _Como você pode ter sido tão i*****l_ Almerinda diz alterada_ A garota está morta pelo menos? Ou nem isso você fez? _Acabei com ela...mas não tenho certeza se está morta ou não, Sabiá chegou bem na hoy. A senhora precisa me pagar, _Ela pode estar viva? Seu inútil _ Almerinda acertou um tapa no rosto de Eusebio _ Você vai é sumir de São Miguel para sempre. _Primeiro a senhora precisa me pagar! Almerinda deu um passo para trás, ao ver Eusébio se aproximar. _EUSEBIO! Era a voz de Heitor, gritando do lado de fora. _EUSEBIO! _Vai embora agora, se meu filho ver você... _A senhora me deve, e eu vou cobrar _ Ele aprontou o dedo para Almerinda _ Não se esqueça disso! E então ele saiu pela porta da sacada.
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