Capítulo 09

1018 Words
Uma hora atrás... Era difícil controlar a raiva! Sabiá não conseguiu olhar, não quando a pele da garota que amava em segredo estava marcada. Marcada por mãos maldosas. Nunca teve coragem de dizer o que sentia, no mais profundo de seu coração, nem nunca ousou toca lá de forma diferente...por medo de sua reação. Então, o peão, o rapaz de pele bronzeada pelo sol do campo, se contentava em vê-la a distância... sorrindo e cantando pelo roseiral que ambos costumavam correr desde crianças, eram inseparáveis! Sua melhor amiga, era também seu primeiro amor. Sabiá a consolou quando Heitor a deixou por outra, secou todas as suas lágrimas...e agora, mais uma vez, estava juntando seus pedaços de novo. Ele não suportou mais. Sabiá fechou os punhos ao ver a expressão de dor, no rosto de Júlia ao se sentar na cama após o banho. Ele se levantou em um impulso de raiva, pegou a espingarda do lado do sofá no canto do quarto. Ao passar por Júlia, ela segurou em seu braço. _Sabiá...não_ Estefânia estava parada, na porta do banheiro. Os dois se encararam por alguns minutos _ Por favor... _Quantas vezes terei que carregar você em meus braços, presenciar o que fazem com você...e não poderei fazer nada._ Sabiá se abaixou, ficando na altura de Júlia_ Não aguento mais, Juli...já chega. O que aconteceu hoje foi muito sério...e se eu não tivesse chegado? E se... Júlia o silenciou, tocando seus lindos com os dedos trêmulos. _Agradeço do fundo do meu coração, pelo que fez hoje. Você salvou minha vida. Prometa pra mim que não fará nada, e nem dirá a ninguém o que aquele monstro...fez. Sabiá se levantou, soltando suas mãos do contado das de Júlia. Pela primeira vez, Júlia via como Sabiá já não era aquele garoto. De pé, ali em sua frente, com a expressão séria a encarando nos olhos...ela não via o peão da casa grande. Não era Sabiá, era Gael...o garoto que cresceu com ela. _Não direi! Ele se retira, deixando Júlia e Estefânia no quarto. Sabiá subiu no cavalo e voltou as pressas para a fazenda. Quando tomaria coragem? Até outro a pedir em casamento? Sentia tanto ódio que queria gritar. Assim que entrou no estábulo, foi pego de surpresa ao ver Heitor sentado na entrada. _Boa noite, Sabiá_ Heitor diz com um certo desânimo_ Passeando uma hora dessas. Ele até tentou forçar um sorriso, mas como iria sorrir e fingir que estava tudo bem? Ali a sua frente, estava um dos maiores causadores da dor que Júlia sentia. E isso foi o bastante para ele não aguentar mais. Sabiá desceu do cavalo, e Heitor se levantou do chão. Ele não pensou, apenas fez. Sabiá fechou a mão e acertou Heitor em cheio no rosto. Ele caiu para trás, e olhou sem entender nada para o peão. _A culpa é sua..._ E outra vez as lágrimas vieram_ Se a tivesse deixado em paz, se não tivesse lhe dado esperanças...nada, NADA DISSO ESTARIA ACONTECENDO! _ Sabiá avançou contra Heitor, mas dessa vez ele foi rápido e se desviou, e empurrou o rapaz_ VOCÊ TINHA QUE PROTEGE-LÁ...ESTAR COM ELA! Heitor tentou segura-lo. _Do que você está falando... para_ Heitor foi esmurrado outra vez_ POSSO SABER O QUE ESTA ACONTECENDO? _ELE A ESTUPROU!_ Heitor sentiu o coração parar, era como se ele não tivesse raciocinando direito. O ar se tornou pesado, e Sabiá caiu de joelhos_ Ele acabou com ela...ele tocou, NA MINHA JÚLIA! E VOCÊ NÃO ESTAVA LÁ! A CULPA É SUAAA... _Quem_ Mas não houve resposta, Sabiá havia avançado sobre ele novamente_ QUEM...ME FALA. Outros peões surgiram e tentavam separar os dois. Até que Sabiá gritou um nome. _EUSEBIO! ele a estuprou...bateu nela, e a teria matado se eu não tivesse chegado. Heitor sentia a cabeça rodar, era como se estivesse tudo acelerado. A imagem de Júlia vinha em sua mente, e ele sentia náuseas ao imaginar Eusebio tocando em seu corpo, com suas mãos nojentas...a machucando. _EUSEBIO!_ Heitor saiu gritando o nome do capataz._ EUSEBIO! No quarto de Almerinda, foi possível ouvir os gritos de ódio de Heitor. _Vai embora agora, se meu filho ver você... _A senhora me deve, e eu vou cobrar _ Ele aprontou o dedo para Almerinda _ Não se esqueça disso! Almerinda fechou a porta e se encostou nela, tentando recuperar o fôlego. Ele não poderia saber...não teria como. Almerinda dizia a si mesma. A garota a essas horas estaria pra lá de bem, não haveria como ele saber. [...] Santiago abriu os olhos ao ouvir mais uma vez, os gritos de Heitor. Com movimentos lentos, ele tirou a máscara de oxigênio. Hugo não se encontrava no quarto. _Hugo..._ Ele chamou com a voz fraca_ Hugo. O rapaz entrou, e correu até a cama do patrão. _Sim, senhor Santiago. Santiago tentou se sentar. _O que está acontecendo. Por que o inútil, do Heitor está gritando. Hugo também gostaria muito de saber. _Não sei patrão, mas parece que ele está bastante irritado com Eusebio. Santiago resmungou baixinho. _E onde está a víbora da Almerinda. _Está no quarto dela patrão, se preparando para dormir. Santiago fez uma careta. _Se preparando para dormir, ou fazendo pacto com o d***o, para que eu morra logo. Hugo até diria que isso poderia ser bem provável, vindo de dona Almerinda, mas se calou...não queria aborrecer ainda mais o patrão. _Hugo, vá e descubra o que está acontecendo...preciso saber de tudo o que acontece na minha fazenda_ O rapaz anda até a porta, mas para ao ser chamado por Santiago outra vez _ Quero que, assim que amanhecer... vá até a casa de Júlia Vallencia e a traga até mim. Hugo se foi. Santiago sabia que poderia não ter muito tempo, e queria falar com ela... olhar para ela mais uma vez. "É tão linda...tem os olhos mais verdes que já vi" Ele pensou...e pela primeira vez em anos, Santiago Monterrubio sorriu de verdade, sem deboche...era um sorriso sincero. _Você será minha esposa...senhorita Vallencia! Do outro lado da porta, Almerinda estava paralisada, ao ouvir Santiago conversar com ele mesmo. _Não...porque antes eu mato ela!
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