Capítulo 18

1193 Words
Estefânia cuidava das rosas quando ouviu o carro se aproximar. Lúcia desenhava sobre a mesa na varanda. Por um momento Estefânia pensou que fosse a filha, e seu sorriso se alargou, havia passado apenas uma noite sem Júlia por perto, mas era como se não a visse por dias. O carro parou, o motorista não era o mesmo do dia do casamento. Almerinda desceu. Os óculos escuros ocultava seu olhar perverso e carregado de rancor. Estefânia enrigeceu assim que a viu, soltou as flores e limpou as mãos no avental. _Esse lugar não mudou nada.. Almerinda olha em volta. Aquele roseiral era o eterno lembrete de que Edmund Monterrubio nunca a amou...não como amou Estefânia, a ponto de lhe oferecer tudo o que tinha apenas para tê-la como esposa. Almerinda sentia vontade de jogar gasolina em tudo, desde a estufa até o campo de rosas...e velas queimarem até a raiz. _O que faz aqui! Não é bem vinda nesse lugar. Almerinda olha a mulher a sua frente, de cima a baixo. _Acredite, Estefânia, esse é o último lugar no mundo que gostaria de estar_ Almerinda riu, ao ver o estado em que Estefânia se encontrava_Pensei que como sua filhinha...é a senhora dessas terras e esposa de Santiago, você viveria mais dignamente, pelo jeito me enganei. _Se veio até aqui, falar uma palavra sequer da minha filha, é melhor dar a volta, não vai gostar do que terei a dizer! Lúcia permaneceu sentada no mesmo lugar, mas agora sua atenção estava nas duas mulheres. _Minha vinda até aqui, foi para ver o real estado em que se encontrava, Estefânia. Júlia é uma moça tão orgulhosa...tão parecida com você quando jovem_Almerinda tira os óculos_ Que custei a acreditar que havia sido capaz de se vender para o Santiago. Qual a sensação de ver a história se repetindo? _Vá embora, agora! Almerinda riu alto. _Foi por você não foi, sua preciosa garotinha condenou a si mesma em um casamento horrível, com o verdadeiro demônio...por você. Ah que ponto você chegou Estefânia...sua própria filha tendo que se sacrificar para você ter o mínimo de dign... Estefânia esbofeteou Almerinda, a fazendo dar passos para trás. _Minha filha aceitou ser esposa de Santiago, para que eu sobrevivesse_ Ela bateu no peito_Mas e você? Condenou seu único filho a um casamento sem amor, apenas por ambição...a mesma ambição de anos atrás que te fez preferir ser uma amante qualquer para Edmund, esquentando a cama dele todas as noites, implorando para ser reconhecida como esposa...e nem isso conseguiu_ Almerinda levantou a mão mas Estefânia segurou seu pulso _ E agora faz o mesmo com Santiago, se arrasta pela aquela fazenda igual uma parasita, implorando pra que ele morra logo...mas no final você sempre fica sem nada. Até seu filho não suporta você, Almerinda, você mesma não se suporta! Almerinda puxa o braço. _Aproveite muito seu tempo com sua filha, Estefânia... _NÃO AMEACE MINHA FILHA!_ Estefânia empurra Almerinda que cai para trás, sujando toda sua roupa de terra. . _SUA MALDITA.. Almerinda se levanta mas é segurada pelo motorista, que se coloca entre as duas mulheres. _EU VOU MATAR VOCÊ...TA ME OUVINDO?_ Almerinda é arrastada para dentro do carro_ EU VOU TE QUEIMAR VIVAAA.... O carro se afasta. Estefânia sente uma dor no peito, e o massageia. Lúcia corre até a mãe. _Mamãe...a senhora está bem? Estefânia sorriu fraco para a filha. _Está tudo bem querida. [...] Sabiá escovava os cavalos, quando Júlia se aproximou. Júlia e Sabiá eram melhores amigos, cresceram juntos, mas ela nunca havia recebido um olhar tão repleto de julgamento...como aquele que Sabiá lhe direcionou. _Oi.. Júlia diz cautelosa. Sabiá lhe deu as costas, respirou fundo. _Bom dia, patroa...precisa de alguma coisa? O tom de desprezo em sua voz, foi como um tapa em seu rosto. _Sabiá...você não tem que me chamar assim, sou eu, a mesma Júlia de sempre...nada mudou. Ele balançou a cabeça em negação, soltou a escova e se virou, encarando Júlia. _Não, a Júlia que eu conheço, nunca teria se casado por dinheiro...a Júlia que cresceu comigo, nunca teria escolhido o caminho mais fácil...se vendendo para um cara rico... _Você não sabe do que tá falan... _EU SEI!_ Sabiá gritou_ E sabe o que é pior? Eu estava lá quando você pagou por ter se colocado no caminho deles_ Sabiá apontou na direção da casa grande_ Eu te peguei nos braços...EU VI COM MEUS PRÓPRIOS OLHOS, O ESTADO EM QUE VOCÊ FICOU... VOCÊ_Ele apontou para Júlia_ A única mulher que eu já amei nessa vida..._ Júlia tinha os olhos cheios de lágrimas e olha para Sabiá com olhar de surpresa_ Eu amo você, nunca deixei de amar...mas não vou ficar aqui pra ver o que farão com você, assim que ele morrer... porque ele vai morrer, e você vai enfrentar todos eles sozinha. _Você teve todos esses anos para me contar, e só me diz agora? Que foi? Sua covardia é tão grande que... _Eu não sou covarde.. _VOCÊ É SIM!_ Júlia apontou o dedo no rosto de Sabiá_ Eu olhei nos seus olhos...e perguntei...e você negou. Quer me condenar por ter me casado com Santiago Monterrubio por conveniência? Ótimo, faça como quiser...mas somente eu sei meus motivos, e não devo explicação a NINGUÉM! De todos eu já esperava esse julgamento...menos de você! Júlia saiu andando a passos firmes, seu choro podia ser notado por alguns peões que passavam por ela. Assim que entra na casa, Maura descia as escadas, rumo ao escritório de Santiago. Maura para no meio do caminho. _Parece que a felicidade durou pouco, não é querida_ Maura sorri, mas Júlia passa por ela e sobe as escadas em direção ao quarto_ Patética! Maura abre a porta do escritório, e vê Santiago e Hugo conversando. _Mas patrão...eles tem crianças pequenas_ Hugo tentava argumentar_ Pra onde eles vão? _Eu não ligo, Hugo, dei um prazo e não foi cumprido, não me interessa se eles tem crianças ou não_ Santiago jogou a pasta para Hugo_ Quero eles fora da minha prioridade! _Sim patrão. Hugo se retira e Maura sorri ao se aproximar da mesa. Santiago estava com um péssimo humor, era mais que visivel. _Parece que o dia não começou bem pra muitos nessa casa_ Santiago a olha de canto. Maura se senta, ficando de frente para Santiago e cruza as pernas_ Acabei de esbarrar com sua querida esposa...e ela não me pareceu estar muito bem. Santiago olhou rapidamente para Maura. A loira fingiu preocupação. _O que houve. _Não faço ideia...ela veio lá de fora assim, chorava muito, parecia nervosa, nem me cumprimentou na escada. Santiago se levantou, mas Maura segurou em seu braço. _Não se preocupe, deve ser saudade de casa, não deve estar acostumada a nossa realidade...é uma moça simples e... Santiago puxou o braço e saiu, deixando Maura falando sozinha. Santiago subiu as escadas, assim que chegou na porta do quarto ele a abriu com cuidado...e ouviu claramente os soluços de Júlia. Ela estava sentada no canto da sacada, abraçando os joelhos. Seu rosto vermelho voltado para o lado de fora. _Tudo teria sido diferente...se tivesse se casado comigo. E ele soube...que não era ele a quem ela se referia!
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