Júlia

Capítulo 19

Santiago pensou em alguma forma de faze-lá notar sua presença, não queria que ela pensasse que ele a estava espiando.

_Aconteceu alguma coisa?_ Sua voz saiu baixa e firme, fazendo Júlia olhar em sua direção com os olhos vermelhos, e se levantar rapidamente_Alguém destratou você?

Júlia n**a com um aceno. Continuou parada onde estava, mantendo uma distância considerável.

_Não! É apenas...saudade de casa, mas logo vou ir para a Rosalinda e aproveito e vejo minha...

_Vai para o roseiral?_ Santiago pergunta a interrompendo, Júlia passa por ele_ Não tem que trabalhar, sabe disso, é a senhora dessa casa e não vejo razão para...

_Sempre trabalhei no roseiral, estar casada com você não vai mudar isso_ Júlia coloca o chapéu na cabeça_ Não ah o que fazer nesse lugar, existem empregados para tudo, e esse lance de ficar dando ordens as pessoas não é pra mim.

Santiago a olhou frio, era sua esposa, deveria estar onde ele estivesse...sempre por perto, longe de qualquer pessoa que lhe fizesse m*l.

_Devo lembrá-la que os empregados precisam de sua autorização agora, sendo minha esposa eles recorreram a você_ Júlia franziu a testa.

Ela nunca deu ordens a ninguém, nem mesmo quando tinha os trabalhadores no roseiral, sempre agia normalmente, sem impor autoridade a ninguém. Alguém bate a porta e Santiago pede para que entre.

_Patrão, senhora_ Carlota entra toda sem jeito_ Como o senhor pediu, já conseguimos alguém para cuidar dos interesses pessoais de sua esposa.

Júlia olhou sem entender para Santiago.

_Ótimo, já vamos descer Carlota.

A governanta sorri para Júlia e se retira.

[...]

Sabiá desceu do cavalo e se aproximou da casa. Lúcia que estava na varanda sorriu ao velo.

_Oi Gael_ Ela era a única a chamá-lo pelo nome de batismo_ Mamãe está na estufa.

Sabiá da um meio sorriso para a menina, e se dirige para a estufa. Estefânia ainda estava um pouco nervosa pelo seu encontro com Almerinda.

_Oi.._ Sabiá diz assim que entra_ Vim ver se precisava de alguma ajuda.

Os caixotes estavam repletos de novas mudas.

_Não precisava ter vindo até aqui _ Estefânia o olha e seu rosto suaviza_ Já organizei as mudas e os botões, assim que Júlia chegar ela cuida do resto.

Sabiá fechou a cara.

_Acha mesmo que ela volta? Agora ela é a senhora do povoado...ainda estou sem acreditar.

Estefânia limpou as mãos no avental. Ela olhou para o rapaz, e viu como seu olhar estava magoado, ferido e repleto de raiva.

_Quando ela me disse que Santiago queria algo dela...jamais imaginei que fosse isso.

_Sabiá..

_Ela condenou tanto o Heitor, por ter se casado por dinheiro...ter se vendido e ela fez o mesmo.

Estefânia viu as lágrimas descerem por seu rosto vermelho.

_Eu não sou um homem de posses_ Ele bateu no peito_ Nem tenho o dinheiro que Santiago Monterrubio tem...mas sou um homem de caráter, nada, NADA faltaria a ela...

_Sabiá...você não sabe como aconteceu..

Ele encara Estefânia.

_Ao contrário, sei muito bem como aconteceu_ Sua voz era fria e firme_ Santiago deu seu lance e ela se vend...

_ELA FEZ POR MIM!_ Estefânia diz em alto e bom som, calando Sabiá em automático _ Minha menina se casou por mim, para não me deixar morrer, para que Lúcia continuasse na escola...Júlia abriu mão do próprio futuro...para que Lúcia e eu tivéssemos uma chance...

Sabiá abriu e fechou a boca várias vezes, sem fazer som algum.

_Não se atreva em dizer que ela se vendeu por puro capricho_ Estefânia passa as mãos no rosto_ Fez por mim, por amor a família ela condenou a si mesma a viver ao lado de Santiago.

_Por que ela não me disse? Por que não recorreu a mim?_ Sabiá gesticulava _ É por isso que ela está com aquela expressão...como se sentisse uma tristeza profunda.

_Santiago a maltratou?

Estefânia ficou pálida.

_Não, não.._ Ele tranquilizou Estefânia _ Ao contrário, nunca vi ele tratar alguém como trata Júlia, a forma como age com ela.

Estefânia já havia conhecido essa versão de Santiago, quando ele ainda era criança, mas depois que a mãe morreu, ele nunca foi o mesmo.

_Sabiá...me prometa_ Ela segurou em suas mãos_ Para Lúcia e eu termos uma chance, Júlia não pensou duas vezes em entrar de cabeça nesse casamento...mas ela não sabe do que elas pessoas que a rodeiam são capazes...Almerinda tem o coração n***o e perverso..

_Vou cuidar dela...eu prometo a senhora!

[...]

Seus cabelos eram dourados como os raios do sol, seu rosto de feições gentis estavam corados. Não devia ter mais de dezoito anos, seu corpo pequeno estava trêmulo pelo nervosismo. Carlota cutuca a mocinha a fazendo voltar a si e sussurra um " Ande logo" a fazendo ficar ainda mais vermelha.

_Pra..prazer senhora_ Júlia sorriu diante das palavras atrapalhadas_ Sou sua ajudante particular. Meu nome é Maria da luz.

Santiago não dizia palavra alguma, apenas observava da poltrona da sala por cima do livro.

_É um prazer conhecer você, Maria da luz... que nome lindo.

A moça sorri e olha em volta, mas assim que seu olhar pousa em Santiago ela arregala os olhos e baixa o olhar. Santiago revirou os olhos.

_Não precisa ficar assustada com ele_ Júlia diz_ Ele tem aquela cara de poucos amigos, mas não morde...garanto.

Maria da luz deixou escapar uma gargalhada alta, mas logo em seguida tapou a boca. Carlota olhou para Santiago com olhar de desculpas.

_Me desculpe senhora..

_Me chame de Júlia, por favor.

Maria da luz era afilhada de Carlota, desde de criança ela vivia em Céu Azul com os pais...mas quando Carlota lhe disse que ela finalmente poderia trabalhar na fazenda Monterrubio...seus olhos brilharam. Júlia seguiu Carlota para a cozinha e Maria da Luz iniciou suas tarefas.

A jovem nunca havia visto uma fazenda tão grande como aquela, e sua curiosidade falou mais alto.

Com o cesto nas mãos, ela caminhava próximo aos estábulos, até tropeçou e caiu.

_Você está bem?

Mãos fortes a ajudaram a se levantar.

_Eu..._ Ainda envergonhada, ela juntou o cesto e as roupas do chão_ Me desculpe senhor, eu estava distraída.

_Não sou nenhum senhor_ Maria da Luz olhou para o rosto do rapaz, era muito bonito_ Sou Gael, mas todos me conhecem por Sabiá.

Ele estende a mão para a jovem.

_Sou Maria da luz.