Capítulo 04

1105 Words
Seu rosto sério, seu olhar firme, logo se transformou em uma expressão divertida. Júlia deixou escapar uma risada alta diante da proposta absurda que acabara de ouvir. Santiago arqueou as sobrancelhas, se sentindo confuso diante da risada de Júlia. _O que é tão divertido para você? Júlia parou de rir, e encarou o homem de expressão séria e nada contente a sua frente. _Está brincando né?_ Só poderia ser brincadeira, não haveria outra explicação para tamanha loucura._ Não pode estar falando sério. Santiago sentiu uma vontade imensa de gritar com ela, por sua ignorância diante de uma assunto tão importante como aquele. _É claro que não estou. Muito em breve, vou morrer...não há salvação para mim, não brincaria com um assunto tão sério. Ela foi pega de surpresa. Havia boatos de que o dono da fazenda Monterrubio era um homem doente, mas Júlia nunca deu importância para os boatos que correm pelo povoado. A fama de Santiago era grande. Conhecido por todos como um homem c***l, amargurado e principalmente, rancoroso. _A resposta é não! Não vou me envolver nunca mais, com ninguém que venha dessa fazenda. Júlia se vira mas Santiago a segura. _Pense muito bem no que está recusando, vai beneficiar muito mais você do que a mim. Júlia puxou o braço. _Estenda sua boa vontade a outra pessoa...eu não quero. Não faz ideia de como é ser o alvo da Almerinda, e não estou disposta a passar por tudo de novo. Júlia saiu a passos apressados, deixando para trás um Santiago pensativo. _Vai ser minha esposa. Querendo ou não! Foi uma promessa! Ele poderia escolher qualquer uma, mas Júlia, além de ser a única capaz de tirar Almerinda do controle...havia sido noiva de Heitor. Seria divertido desfilar com a mulher que seu "irmão de criação" amava. _Mandou me chamar patrão. Sabiá finalmente se aproximou. Ele já tinha sido informado por Hugo, que o patrão estava a sua procura, mas não sabia o que queria com ele...e conhecendo a fama de Santiago, ele tomou coragem e se apresentou ao patrão. Sabiá ouviu histórias de que o patrão costumava passear pelas terras, levando em mãos um chicote, que costumam domar os cavalos. Outros mais ousados, sussurravam que os peões que pisavam fora da linha eram duramente castigados, mas ninguém nunca provou tal boato...mas não havia ninguém corajoso o bastante para querer desobedecer Santiago e sentir sua irá. _Por que demorou tanto! Santiago o olhou de canto. _Estava nos estábulos, patrão, perdão pela demora_ Sabiá tirou o chapéu da cabeça, revelando seus cabelos loiro escuro_ O que o deseja. O rapaz observou o homem a sua frente. Vestido todo de preto. Sabiá era muito pequeno quando Edmundo Monterrubio era vivo, mas diziam que Santiago era muito semelhante a ele. _Quero que me diga, o que sabe sobre... Júlia Vallencia_ Santiago percebeu como o rapaz ficou inquieto. O silêncio se prolongou_ Está surdo ou o que...lhe fiz uma pergunta. Sabiá apertou a aba do chapéu. _Não sei muita coisa, patrão...só que ela vive com a mãe doente e irmã de oito anos. É dona do Rosalinda. Santiago sorriu e se virou, ficando de frente para Sabiá. _E que foi noiva de Heitor _ O rapaz confirmou com a cabeça_ Você costumava ser o mensageiro dele, não é mesmo? Sabiá engoliu em seco. _Si...sim. A senhora Almerinda não gostava da ideia, do senhor Heitor namorar a florista do povoado. Seria tão divertido, ver como Almerinda reagiria...ao descobrir que a "florista" era a dona da fazenda e de todas as terras do povoado. Santiago sorriu ao imaginar a expressão de Heitor, quando ele lhe desse a notícia de que Júlia, era dele...assim como costumava controlar a todos em São Miguel...a florista seria mais uma que ele dobraria até doméstica-la. _Mande preparar o carro, vou sair! Santiago passa por Sabiá, entrando na casa grande. Sabiá mais do que depressa alertou Eric, o motorista particular do patrão, que deixasse o carro pronto, e correu até o estábulo onde ficava seu cavalo e saiu a galope até o roseiral. [...] Heitor se revirou na cama a noite inteira, até que decidiu se levantar logo que o dia amanheceu. Mercedes lá no fundo, sabia que os boatos que corriam por toda a São Miguel, sobre seu marido e a vendedora de flores...tinham um certo fundo de verdade, mas Almerinda dizia com tanta frequência que aquilo não tinha importância alguma... que ela preferiu acreditar nas palavras falsas de uma mulher mentirosa e venenosa. Mas a noite perfeita...a lua de mel que todas as mulheres sonham em ter, não aconteceu. Mercedes queria ser amada, tocada, venerada por Heitor, afinal, nutria sentimentos por ele desde quando era só uma adolescente. Mas seu sonho encantado foi por terra, no momento em que deixaram a fazenda. A forma como ele soltou sua mão, a deixou arrasada. _Quer tomar o café da manhã agora_ Ela perguntou, se aproximando do marido, que estava sentado na sala do quarto de hotel._ Poderíamos ir até a praia depois, almoçar por lá, depois... _Prefiro almoçar no hotel_ Ele a cortou_ Mas se quiser ir a praia, pode ir. Mercedes piscou algumas vezes, processando a ruína que estava sendo sua lua de mel. _O que está acontecendo, Heitor?_ Ele levantou o olhar em sua direção _ Nos casamos ontem, e você parece a todo custo querer se ver o mais distante possível de mim. Sou sua esposa! Heitor se levantou e a encarou. _Eu já cumpri meu papel ontem, me casei com você...não é o bastante? Ele se vira em direção ao quarto, mas Mercedes barra seu caminho. _Não! Não é o bastante pra mim. Acha que não ouvi você ontem a noite? Chamando o nome dela? Sussurrando...ali, do meu lado. Não foi tão sem importância assim não é..._ Heitor apenas ouvia, sem dizer uma palavra sequer_ Mas eu não ligo_ Ele viu os olhos dela brilharem pelas lágrimas_ É comigo que está casado, você aceitando ou não. Heitor passou por Mercedes. _EU COMPREI VOCÊ! Ele parou de andar. _Então...faça valer a pena cada centavo_ Mercedes anda a passos firmes e para na frente do marido_ Troque de roupa, marido, nos iremos a praia! Ela tenta beija-lo mas Heitor a segura pelos ombros. _Tem toda razão...me comprou, e meu dever e ir a todos os lugares que você quiser_ Ele aproximou os lábios de sua orelha_ Mas meus beijos_ Ele roçou o lábio inferior em sua pele, causando arrepios em seu corpo_ E minhas carícias...você jamais terá! Isso não está incluso no pacote! Heitor a solta, a fazenda cair sentada na cama. Mercedes voltou a si, e finalmente sua verdadeira realidade vinha a tona.
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