Sua tosse e sua respiração pesada, era possível ser ouvida do corredor principal da casa grande. Santiago havia tido uma noite difícil, e não era novidade para todos que viviam de baixo de seu teto.
Para Almerinda, era música em seus ouvidos.
"Que morra logo!"
Essas palavras se tornaram costumeiras em seus pensamentos, e até mesmo em seus lábios cruéis.
_Hugo.._ Santiago chamou ofegante_ HUGO!
A porta foi aberta e seu ajudante pessoal entrou as pressas.
_Senhor_ O rapaz avaliou o estado físico do patrão, e sentiu pena. Estava pálido.
_Me ajude a levantar_ Hugo não se moveu. Ficou se perguntando se realmente era uma boa ideia, ajudá-lo a se levantar, parecia tão cansado. Muito diferente de como havia chegado no dia anterior_ Você está surdo. Me ajude a me levantar.
_Acha que é prudente, patrão?_ Santiago o olho feio, fazendo Hugo se arrepender do que disse_ Digo, não teve uma boa noite de sono...seria melhor..
_Você não é pago para opinar Hugo._ Santiago forçou um sorriso debochado_ Agora, se já acabou de dar seu diagnóstico...me ajude a me preparar para o café da manhã. Quero ir para o jardim!
E outra vez, ele pensou em rosas. Um fato curioso, era que ele havia sonhado com a vendedora de flores.
"Séria o plano perfeito. Almerinda irá se arrepender até o fim dos seus malditos dias, por desejar a minha morte"
Ele sorriu. Hugo o auxiliou a se preparar para o longo dia que viria.
_Me responda, Hugo_ Ele se vira para o rapaz_ O que sabe sobre...a vendedora de flores daqui do povoado.
_Júlia Vallencia?_ Santiago ergue as sobrancelhas, ao ver o entusiasmo de seu ajudante. Hugo se recompôs_ Não sei muito na verdade patrão. Só que o todos sabem, que foi namorada de seu irmão..
_Heitor não é meu irmão!_ Santiago diz rispidamente_ Continue.
_Bom...e que ela e seu Heitor, foram noivos por um curto tempo. A senhora Almerinda a odeia mas nenhum de nós sabe o motivo_ Santiago ouvia tudo atentamente_ Mas se o senhor realmente quiser saber sobre ela, fale com o Sabiá...ele costumava ser o mensageiro do senhor Heitor.
_Quem é esse..
Hugo fechou a gaveta da cômoda.
_Ele é um dos peões da fazenda. Se quiser saber de Júlia Vallencia, ele é a pessoa certa.
Santiago saiu do quarto a passos lentos. A noite não havia sido boa, dormiu muito m*l e seu humor estava péssimo. Os empregados faziam de tudo para não atravessarem seu caminho. No Jardim da casa grande, a mesa redonda de pedra estava pronta. Santiago se sentou, e observou tudo a sua volta.
_Onde estão todos.
Santiago pergunta a Hugo.
_Dona Almerinda está no jardim em frente a fazenda, o senhor Heitor viajou para a capital com a esposa.
Hugo viu o patrão sorrir debochado.
_Qual sua opinião, Hugo, em relação a escolha de Heitor.
O rapaz pensou em silêncio, se deveria dizer realmente sua opinião. Ele resolveu que era melhor não.
_A senhorita Monteiro é uma boa pessoa.
Santiago deixou escapar uma risada grossa, e passou a mão esquerda no cabelo.
_Diga sua, verdadeira opinião Hugo, não tenha medo. Não me importo se ira desfavorecer, Mercedes Monteiro.
Hugo olhou de canto, e deu um sorriso discreto.
_Só um louco trocaria Júlia patrão. É a mulher mais bonita do povoado inteiro!
Santiago parou de sorrir, e ficou em silêncio...pensativo.
Enquanto Santiago tomava seu desjejum no jardim dos fundos, Almerinda conversava alegremente com Maura Monteiro. O caminhão de Rosalinda parou em frente ao portão principal da fazenda Monterrubio, e Júlia desceu veículo em completo ódio.
_Quero falar com Almerinda_ Ela passa pelo portão, mas é barrada por um dos peões_ Ou você chama ela agora...ou passo por cima de você.
_Está invadindo a propriedade senhorita_ O homem tenta argumentar_ A senhora Almerinda está ocupada agora.
Júlia o empurrou o tirando de seu caminho, mas o peão segura em seu braço fazendo Júlia o chutar entre as pernas. O homem se debruçou de dor, enquanto a jovem de vestido branco caminhava apressada até a casa grande.
_Quem você pensa que é, para proibir meus clientes a fazerem negócios comigo_ Almerinda se assustou, havia sido pega de surpresa.
_Como se atreve a entrar na minha propriedade_ Almerinda a olhou com nojo.
Júlia sentia tanta raiva, que sentia uma vontade absurda de arrastar Almerinda pelos cabelos por todo o povoado de São Miguel.
_Você não tem o direito de se meter...
_Eu faço o que eu quiser nesse povoado_ Almerinda a interrompeu.
_VOCÊ NÃO É DONA DESSE LUGAR_ A mulher recuou, ao ver o descontrole de Júlia_ Não passa de uma pobre coitada, se sustentando as custas de um enteado moribundo...rezando para que ele morra logo.
_CALA BOCA!
Almerinda gritou enfurecida.
_NÃO ME CALO! Se voltar a se meter nos meus negócios eu juro por seus que...
_O que?_ A mulher sorriu como um demônio_ Vai jogar terra em mim? Acha mesmo que suas ameças me assustam? Escute sua garota burra. Pegue sua irmã chechelenta, e sua mãe inútil...
Almerinda não teve tempo de terminar a frase. Júlia acertou um tapa em seu rosto com tamanha força, que fez a mulher rodar quase caindo sobre a mesa. Santiago chegou no exato momento da agressão.
_A MINHA FAMÍLIA, VOCÊ NÃO VAI OFENDER! _ Júlia foi segurada pelo peão que veio correndo.
_Vou queimar suas malditas flores...até virarem cinzas_ Almerinda diz, massageando a lateral do rosto_ Ou sai de São Miguel...ou..
_Ou, o que _ Santiago diz. Todos se viram em sua direção. Santiago foi encarando por àqueles grandes e lindos olhos verdes._ Desde quando você manda em alguma coisa nesse lugar, sua víbora.
Almerinda se recompôs, e encarou Santiago.
_Sou a viúva do seu pai.
Santiago riu.
_Você não passava de uma qualquer, que esquentava os lençóis dele.
_Santiago.._ Maura murmura perplexa.
_Cala boca!_ Ele volta sua atenção para Almerinda_ Não se esqueça, que vive aqui por caridade...por pena.
Almerinda tinha o mais puro ódio em seu olhar, e se retirou do jardim, com Maura em seu encalço.
Júlia se vira para ir embora.
_Quero falar com você.
Santiago a chama, a fazendo parar.
_Não tenho nada para falar com você_ Ela o responde com rispidez.
_Tenho uma proposta de negócios, e se for esperta...vai aceitar.
Júlia se virou lentamente e o encarou nos olhos.
_Acha mesmo que quero ter algum tipo de negócios com você?
Santiago estava sério.
_Se quiser dar um futuro melhor pra sua família...
_Eu não me vendo!_ Júlia se aproximou, ficando cara a cara com ele.
Santiago sorriu de lado.
_Todos tem um preço, Júlia...até você.
Seus olhos verdes o fitaram por alguns.
segundos.
_Quer comprar flores?
Seu tom de voz saiu debochado, e isso divertiu Santiago.
_Quero que se case comigo!