Esquentadinha

1536 Words
Alex – Alex? Está ouvindo? – Eu estava na sala do Markus, mas minha mente ainda vagava pelo apartamento da vizinha escandalosa. – Foi m*l, eu não escutei, estava com a cabeça longe. Comentei com ele que tinha uma mulher maluca que agora estava no meu pé, ele achou graça... mas não é engraçado, parece até que está me seguindo. Isso fora a vergonha de ter ido até o apartamento dela de cueca e por causa de uma barata! Depois de passar parte do dia na empresa, fui fazer alguns trabalhos de casa, as fichas dos soldados afastados eu não misturo com as coisas da empresa, não é exatamente legal ter acesso a isso, e não quero que haja algum problema para Markus e a empresa. Assim que abri a porta do meu apartamento me arrependi de ter voltado para casa. – p***a! A parede do meu apartamento estava com uma mancha gigante de água e o chão tinha uma enorme poça. Por sorte não havia nada muito importante próximo aquela parede. Respirei fundo algumas vezes até escutar passos vindo para dentro do apartamento. Minha vizinha com a cara mais lavada do mundo entrou, admito que eu não precisava ser tão rude, mas ela consegue despertar o pior de mim. Quando notei que ela tinha realmente ficado chateada, ou ofendida, eu pedi desculpas e ela saiu com um sorrisinho leve no rosto, ela fica mais bonita quando sorri. Depois de secar tudo o que precisava, a parede não parecia que fosse descascar, a tinta que eu usei era muito boa, escutei a vizinha resmungando e falando no telefone, brigando com o síndico, perguntando que horas o homem viria arrumar a parede dela. Sem pensar direito eu fui até lá e bati na porta, me arrependi de imediato, mas ela abriu a porta antes que eu pudesse voltar. – Quer uma ajuda? – Foi tudo o que eu consegui dizer diante da cara de espanto dela. – Ah... eu... entra! O apartamento dela ainda estava uma zona, ela é bem desorganizada. Parte das caixas com seus pertences haviam molhado, a parede estava com um buraco grande e pelo jeito tinha espirrado água a uma boa distância. – As paredes aqui não são lá tão grossas, acabei ouvindo algumas partes de sua discussão. – Ela continuava me olhando como se estivesse escutando que eu matei alguém. – Eu tenho algumas coisas em casa, sou eu quem faço tudo no meu apartamento, se quiser eu posso te ajudar com essa bagunça que você fez. Ela me olhou estranha, erguendo uma das sobrancelhas. – Quer que eu aceite sua ajuda assim tranquilamente quando você não aceitou a minha nenhuma das vezes em que eu me ofereci para ajudar? – Procurei qualquer indicio de brincadeira, mas ela estava falando bem sério. – Bem... se não quiser eu posso voltar para o meu apartamento e você pode continuar esperando a pessoa que o síndico te indicou que, pelo visto, já deveria ter chegado a algum tempo. – Dei de ombros. – Por mim tanto faz! Eu vim aqui apenas para tentar ajudar, mas não vou ficar insistindo, até porque quem fez isso foi ela, não eu. Ficou me olhando com uma expressão de incredulidade, eu também não sei o motivo de ela me irritar tanto, deve ter algo a ver com o que aconteceu no primeiro dia com o carro e depois com a barata... e agora inundando minha casa... bem, então eu sei porque ela me irrita tanto a final de contas. Caminhei para a porta por não ter obtido resposta. – Ei. Espera, eu quero sua ajuda, não posso continuar sem água no meu apartamento. Concertei a parede e o cano que ela havia furado, só não tinha a tinta na mesma cor da parede enquanto a mulher não parava de falar nenhum segundo. – O que você faz? – Foi uma das perguntas. – Trabalho em uma empresa multinacional. – Faz muito tempo que mora aqui? – Outra. Minha comida favorita, o que faço para me divertir, por que eu escolhi morar nesse prédio, onde faço compras, se tem algum shopping perto. Foram tantas perguntas que me deixaram tonto. – Será que você não consegue ficar quieta? – Perguntei depois de várias perguntas. – Será que você não consegue ser um pouco mais sociável? – Não... – Eu estou concertando a sua parede, esse é o meu máximo de interação social. – Só consigo ser diferente com a minha família, isso é engraçado, mas faz parte de mim, não sei ser diferente. – Eu só estou tentando conversar, sou nova aqui, não conheço ninguém além dos que trabalham comigo, mas não temos lá muito tempo de conversar. – E ai você bombardeia um estranho que você nem sabe o nome de perguntas... interessante... Ela ficou vermelha, uma mistura de vergonha com raiva, parecia que ia explodir a qualquer momento. – Quer saber? Deixe tudo como está! Eu prefiro esperar a eternidade pelo homem que o síndico me indicou, do que aguentar essa sua cara f**a e seus maus modos! – Caminhou até a porta e a abriu. – Obrigada pela sua ajuda, mas pode ir. Fiquei até desnorteado com aquela demonstração de raiva da mulher que parece ser um doce. Parece que eu também desperto o pior nela. Assenti e caminhei lentamente para perto dela, não queria deixá-la tão nervosa, mas as perguntas dela estavam mesmo me incomodando. – Não precisa esperar por ninguém. – Disse antes de passar por ela. – Eu já terminei. – Já tinha terminado a algum tempo, mas não voltei de imediato para o meu apartamento, mesmo com as perguntas irritantes ainda continuei lá. Saí do apartamento dela e votei para o meu, mas consegui escutá-la resmungando, provavelmente falando muito m*l de mim. Sorri sozinho. – O que é isso? Sorrindo feito um i****a por causa de uma mulher que nem sabe o nome? Pelos céus Alex... Tomei uma ducha quente, e fiquei lá por tempo o bastante para minha pele protestar. Os problemas tem sido tantos ultimamente, eu não posso me dar ao luxo de arrumar para minha cabeça com a minha vizinha, quando eu preciso de alguma mulher, é o mais distante possível de casa para não ter erro. Talvez eu esteja agindo dessa maneira apenas pelo estresse constante, não tenho dormido nada, mesmo com os pesadelos algumas horas de sono me caem bem as vezes. Passei as horas seguintes analisando tudo o que podia, procurando qualquer suspeito, qualquer pista que me levasse a alguém. – Não é possível que esse cara seja tão bom assim! Não sei quantas horas se passaram, mas ouvi uma batida leve na minha porta e lá estava a vizinha que eu não sei o nome novamente. – Oi... me desculpe pela maneira que eu falei com você. – Ela estava vestida para ir trabalhar. – Eu não sou ingrata, eu só... eu fiz isso para você, como um pedido de desculpas e uma oferta de paz... afinal de contas fui em que alagou seu apartamento e você estava me fazendo um favor. – Ela estendeu as mãos tinha um bolo de chocolate. – Espero que goste. Pensei em dizer que não como essas coisas, mas ela estava com o rosto tão chateado e suplicante que eu resolvi só pegar. – Obrigada e não se preocupe, eu sou um b****a na maior parte do tempo. – Ela sorriu e mais uma vez notei o quanto ela fica bonita quando sorri. Quero que ela sorria mais... condenei o pensamento assim que ele me surgiu e tranquei a cara mais uma vez. – Bem... obrigada. – Minha mãe sempre me ensinou a fazer algo quando alguém me ajuda, era sempre bolo, então é minha especialidade. – O sorriso ficou mais fraco, talvez por perceber que meu humor já tinha mudado de novo. – Até mais, estou indo trabalhar... tenha uma boa noite e mais uma vez obrigada pela ajuda. – E onde está sua mãe agora? – A pergunta saiu quase por conta própria, antes que eu pudesse pensar. – Ela se foi... – Eu sinto muito. – Já faz muito tempo, vou indo, o plantão nunca costuma ser calmo e me atrasar não é uma opção. – Ela se virou e eu olhei para o bolo, a quanto tempo eu não como um pedaço de bolo? Nem consigo me lembrar... E quando alguém fez um bolo para mim da ultima vez... a lembrança me surgiu na mente, a mulher que jurou me amar na alegria e na tristeza tirando o bolo do forno... afastei a memoria de imediato, pensar nela não é uma opção e nem um pouco saudável. Levei o bolo até o lixo, mas não consegui jogá-lo fora, então coloquei em cima da mesa sem intenção nenhuma de comer, mas não conseguia me concentrar no que estava fazendo, meus olhos iam até o bolo de minuto em minuto. Minhas pernas não paravam mais de sacudir, sinal que já estava ficando muito ansioso. Me levantei e peguei um pedaço do bolo, assim que coloquei na boca não consegui parar de comer... ela tem mão boa para a cozinha, estava delicioso... droga... tenho que manter distância dessa mulher.
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