Capítulo 1 (Thayla Evellen)

1354 Words
Eu sou Thayla Evellen, sou estudante universitária e moro com a minha avó paterna. Tenho 21 anos e moro na Itália, mas, na verdade, sou brasileira. Depois que perdemos meu pai, minha mãe casou-se com um homem rico e decidiu mentir que não tinha filha. Por conta disso, foi abandonada quando eu tinha 5 anos. Morei com uma tia, mas aos 16 anos minha avó veio ao Brasil e decidiu me levar com ela porque descobriu que a minha tia me maltratava. Eu já nem lembro da imagem da minha mãe, mas minha avó faz questão de defendê-la, mesmo ela tendo me abandonado. Por conta disso, só existem eu e minha avó neste mundo para mim. Infelizmente, ela não está bem de saúde e decidi procurar um trabalho e estudar à noite. Mas não está sendo fácil, ainda mais para uma mulher como eu que ainda não terminou a universidade. Já fui a várias entrevistas, como secretária, professora, empregada de limpeza temporária... até consegui fazer alguns b***s, mas preciso mesmo de um trabalho com contrato de pelo menos 6 meses ou um ano. Estou no terceiro ano da universidade de Administração de Empresas, mas como gosto de aprender, decidi fazer alguns cursos, como professora particular e babá de cuidados intensivos. Hoje tenho uma entrevista para ser babá. Que a Nossa Senhora das Graças me ajude. Acordei, fiz a minha higiene pessoal e decidi vestir uma calça social e uma blusa branca simples; por cima, coloquei um blazer preto. Saí do meu quarto e decidi fazer o café da manhã antes de sair, assim, quando minha avó acordar, já estará tudo pronto. Preparei a mesa e tomei meu café da manhã. Voltei para o meu quarto, peguei minha bolsa e saí. Como a entrevista é às 8:00 e ainda são 6:30, decidi caminhar até o ponto de ônibus. Cheguei lá e, por sorte, encontrei um ônibus. Fui apreciando a cidade e as pessoas, que viviam cheias de pressa. Cheguei ao local e tive de caminhar até o condomínio. Quando cheguei lá, fiquei maravilhada; era uma casa mais linda que a outra. Caminhei até o endereço e, ao chegar ao portão, deparei-me com uma casa linda e rústica, bem clássica, talvez até demais. Fui falar com o segurança e entreguei minha carta. Ele pediu-me para entrar e outro segurança me conduziu até uma entrada. Lá, fui recebida por uma mulher extremamente séria e com um semblante fechado. Se for ela a me entrevistar, acho que não vou passar. — Bom dia, senhora. — Hum! Bom dia. Sou Thayla Evellen. Prazer em conhecê-la, senhora. — Jasmim Oliveira. Está aqui para a entrevista de babá, certo, senhora Evellen? — Certo, senhora Oliveira. — Por favor, acompanhe-me. — Senhora Thayla Evellen, agradeço que siga algumas regras na sua entrevista. O Sr. Rossi é muito exigente e valoriza muito o profissionalismo. — Sem problemas, senhora Oliveira. Pode dizer-me quais são, por favor? — Ok. Não gosta de ser interrompido enquanto fala. Não gosta que falem alto. Evite pedir desculpas. — Sem problemas, senhora Oliveira. Por que tantas regras? Desculpe a indelicadeza. — Está desculpada e não é da sua conta, apenas siga as orientações. Meu Deus, que mulher amarga. — Entendo. Farei isso. Paramos em frente a uma porta e ela bateu na porta em dois toques. Depois entramos em um escritório e, quando vi o homem sentado na sua mesa, meu coração acelerou; ele era muito bonito. Minha Nossa Senhora das Causinhas Molhadas. Ele levantou a cabeça e olhou para mim. Por um segundo, senti seus olhos me analisarem e seus ombros enrijecerem. — Senhora Oliveira? — Desculpe por interromper, senhor Rossi, mas a jovem para a vaga de babá do Enzo chegou. — Obrigado. Pode se retirar. Ai meu Deus, será só nós dois. Mulher, Deus, se concentre. Que pensamentos são esses? Ele pode ser o seu futuro patrão. Concentre-se. Fiquei parada na porta onde a senhora Oliveira me deixou. Depois que ela saiu, ele não disse mais nada e já passaram alguns segundos. Será que ele se esqueceu de mim? Mas não é possível que alguém se esqueça de alguém que está bem na sua frente. Por via das dúvidas, decidi soltar um "desculpe". — Quanto tempo pretende ficar aí em pé? — Estava aguardando sua autorização. Obrigada, vou me sentar agora. — Além de distraída, tem a língua afiada. Espero que aprenda a controlá-la enquanto estiver na minha casa. Sou muito exigente com o que é transmitido para o meu filho. — Entendo, vou manter isso em mente. — Ok. Quantos anos tem? — 21, senhor Rossi. — O que estuda? — Administração de Empresas, e estou no 3º ano. — Se estuda Administração, por que está em uma entrevista para ser babá? — Primeiramente, eu fiz o curso de babá de cuidados intensivos e me sinto profissional o suficiente para exercer essa função, sem contar que sempre gostei de crianças e sempre desejei fazer esse curso para poder cuidar delas da maneira certa. — Recebi o currículo de várias pessoas competentes, mas o seu currículo me chamou a atenção. Por que deveria escolhê-la? — Tem razão, senhor Rossi. Se eu disser que não estou precisando desse salário, estarei mentindo. Mas o que fará o senhor me contratar é que eu não serei apenas a babá do seu filho, eu serei a pessoa que irá tratá-lo como uma criança e um ser humano, e não como uma fonte de rendimento. — Muito confiante de que irei lhe contratar, mas só isso não é o suficiente. Você estaria disposta a fazer noites e viajar para cuidar do meu filho sempre que necessário? — Sem problemas. Sempre que necessário, é só avisar com antecedência para que eu possa informar minha avó. Só moramos as duas, então sempre nos mantemos informadas sobre os passos uma da outra. — Compreendo. — É comprometida? — Essa é uma informação pessoal, senhor Rossi. — Senhorita, você vai cuidar do meu filho e, por isso, preciso saber tudo que eu puder sobre você. Eu não vou confiar meu filho a qualquer uma só porque tem um currículo impecável. Agora, responda-me. Que homem arrogante. Se eu não precisasse do emprego, ele teria ouvido umas boas. — Solteira, senhor Rossi. O seu semblante mudou para mais suave. Não sei, talvez eu esteja vendo coisas... — Senhorita, devo informar que meu filho não é uma criança fácil de lidar, apesar de ter apenas 10 anos. Todas as babás contratadas anteriormente desistiram por conta do seu temperamento. Deste modo, pergunto novamente: tem certeza de que quer trabalhar aqui? — Não existe ninguém que não possa mudar, ainda mais uma criança. — Minha avó sempre diz para mim que a dose certa de amor pode curar até um coração partido e eu acredito. — Sua avó deve ser uma ótima pessoa, mas lamento desiludi-la, essa história toda de amor é besteira, ainda mais para as crianças. — Sr. Rossi, não tenho nada a ver com suas crenças, mas agradeço que respeite as minhas. — Hum... Você é livre para acreditar no que desejar. Por enquanto, é tudo. Caso seja contratada, a senhora Oliveira entrará em contato com você. — Passar bem. Levantei e lembrei que não sei o nome completo do meu quase chefe arrogante. Decidi estender a minha mão e me apresentar, já que ele não perguntou. Mas eu sabia que ele, com certeza, já sabia de tudo sobre mim porque o meu currículo estava em sua mesa, mas não faz m*l nenhum cutucar a ferida. — Prazer, eu sou Thayla Evellen e o senhor? — Isso eu já sei, afinal eu selecionei seu currículo. — Certo, mas eu não sei adequadamente o seu nome, senhor Rossi. — Massimo Rossi. — Muito obrigada. Não custou nada, chefe. — Pode se retirar, senhora Thayla Evellen. — Com a sua licença, senhor Massimo Rossi. Desejo-lhe um bom trabalho. Saí da sala e comecei a me xingar mentalmente. Onde eu estava com a cabeça? Se eu ainda tinha uma chance de ser contratada, com certeza acabei de perder. Eu e essa minha boca que não me obedece. Ai, meu Deus.
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