Capítulo 1 (Thayla Evellen)
Eu sou Thayla Evellen, sou estudante universitária e moro com a minha avó paterna. Tenho 21 anos e moro na Itália, mas, na verdade, sou brasileira. Depois que perdemos meu pai, minha mãe casou-se com um homem rico e decidiu mentir que não tinha filha. Por conta disso, foi abandonada quando eu tinha 5 anos.
Morei com uma tia, mas aos 16 anos minha avó veio ao Brasil e decidiu me levar com ela porque descobriu que a minha tia me maltratava.
Eu já nem lembro da imagem da minha mãe, mas minha avó faz questão de defendê-la, mesmo ela tendo me abandonado.
Por conta disso, só existem eu e minha avó neste mundo para mim.
Infelizmente, ela não está bem de saúde e decidi procurar um trabalho e estudar à noite. Mas não está sendo fácil, ainda mais para uma mulher como eu que ainda não terminou a universidade. Já fui a várias entrevistas, como secretária, professora, empregada de limpeza temporária... até consegui fazer alguns b***s, mas preciso mesmo de um trabalho com contrato de pelo menos 6 meses ou um ano.
Estou no terceiro ano da universidade de Administração de Empresas, mas como gosto de aprender, decidi fazer alguns cursos, como professora particular e babá de cuidados intensivos.
Hoje tenho uma entrevista para ser babá. Que a Nossa Senhora das Graças me ajude.
Acordei, fiz a minha higiene pessoal e decidi vestir uma calça social e uma blusa branca simples; por cima, coloquei um blazer preto. Saí do meu quarto e decidi fazer o café da manhã antes de sair, assim, quando minha avó acordar, já estará tudo pronto.
Preparei a mesa e tomei meu café da manhã. Voltei para o meu quarto, peguei minha bolsa e saí. Como a entrevista é às 8:00 e ainda são 6:30, decidi caminhar até o ponto de ônibus. Cheguei lá e, por sorte, encontrei um ônibus. Fui apreciando a cidade e as pessoas, que viviam cheias de pressa.
Cheguei ao local e tive de caminhar até o condomínio. Quando cheguei lá, fiquei maravilhada; era uma casa mais linda que a outra.
Caminhei até o endereço e, ao chegar ao portão, deparei-me com uma casa linda e rústica, bem clássica, talvez até demais. Fui falar com o segurança e entreguei minha carta.
Ele pediu-me para entrar e outro segurança me conduziu até uma entrada. Lá, fui recebida por uma mulher extremamente séria e com um semblante fechado. Se for ela a me entrevistar, acho que não vou passar.
— Bom dia, senhora.
— Hum! Bom dia. Sou Thayla Evellen. Prazer em conhecê-la, senhora.
— Jasmim Oliveira. Está aqui para a entrevista de babá, certo, senhora Evellen?
— Certo, senhora Oliveira.
— Por favor, acompanhe-me.
— Senhora Thayla Evellen, agradeço que siga algumas regras na sua entrevista. O Sr. Rossi é muito exigente e valoriza muito o profissionalismo.
— Sem problemas, senhora Oliveira. Pode dizer-me quais são, por favor?
— Ok.
Não gosta de ser interrompido enquanto fala.
Não gosta que falem alto.
Evite pedir desculpas.
— Sem problemas, senhora Oliveira. Por que tantas regras? Desculpe a indelicadeza.
— Está desculpada e não é da sua conta, apenas siga as orientações.
Meu Deus, que mulher amarga.
— Entendo. Farei isso.
Paramos em frente a uma porta e ela bateu na porta em dois toques. Depois entramos em um escritório e, quando vi o homem sentado na sua mesa, meu coração acelerou; ele era muito bonito. Minha Nossa Senhora das Causinhas Molhadas.
Ele levantou a cabeça e olhou para mim. Por um segundo, senti seus olhos me analisarem e seus ombros enrijecerem.
— Senhora Oliveira?
— Desculpe por interromper, senhor Rossi, mas a jovem para a vaga de babá do Enzo chegou.
— Obrigado. Pode se retirar. Ai meu Deus, será só nós dois. Mulher, Deus, se concentre. Que pensamentos são esses? Ele pode ser o seu futuro patrão.
Concentre-se.
Fiquei parada na porta onde a senhora Oliveira me deixou. Depois que ela saiu, ele não disse mais nada e já passaram alguns segundos. Será que ele se esqueceu de mim? Mas não é possível que alguém se esqueça de alguém que está bem na sua frente. Por via das dúvidas, decidi soltar um "desculpe".
— Quanto tempo pretende ficar aí em pé?
— Estava aguardando sua autorização. Obrigada, vou me sentar agora.
— Além de distraída, tem a língua afiada. Espero que aprenda a controlá-la enquanto estiver na minha casa. Sou muito exigente com o que é transmitido para o meu filho.
— Entendo, vou manter isso em mente.
— Ok. Quantos anos tem?
— 21, senhor Rossi.
— O que estuda?
— Administração de Empresas, e estou no 3º ano.
— Se estuda Administração, por que está em uma entrevista para ser babá?
— Primeiramente, eu fiz o curso de babá de cuidados intensivos e me sinto profissional o suficiente para exercer essa função, sem contar que sempre gostei de crianças e sempre desejei fazer esse curso para poder cuidar delas da maneira certa.
— Recebi o currículo de várias pessoas competentes, mas o seu currículo me chamou a atenção. Por que deveria escolhê-la?
— Tem razão, senhor Rossi. Se eu disser que não estou precisando desse salário, estarei mentindo. Mas o que fará o senhor me contratar é que eu não serei apenas a babá do seu filho, eu serei a pessoa que irá tratá-lo como uma criança e um ser humano, e não como uma fonte de rendimento.
— Muito confiante de que irei lhe contratar, mas só isso não é o suficiente. Você estaria disposta a fazer noites e viajar para cuidar do meu filho sempre que necessário?
— Sem problemas. Sempre que necessário, é só avisar com antecedência para que eu possa informar minha avó. Só moramos as duas, então sempre nos mantemos informadas sobre os passos uma da outra.
— Compreendo.
— É comprometida?
— Essa é uma informação pessoal, senhor Rossi.
— Senhorita, você vai cuidar do meu filho e, por isso, preciso saber tudo que eu puder sobre você. Eu não vou confiar meu filho a qualquer uma só porque tem um currículo impecável. Agora, responda-me.
Que homem arrogante. Se eu não precisasse do emprego, ele teria ouvido umas boas.
— Solteira, senhor Rossi.
O seu semblante mudou para mais suave. Não sei, talvez eu esteja vendo coisas...
— Senhorita, devo informar que meu filho não é uma criança fácil de lidar, apesar de ter apenas 10 anos. Todas as babás contratadas anteriormente desistiram por conta do seu temperamento. Deste modo, pergunto novamente: tem certeza de que quer trabalhar aqui?
— Não existe ninguém que não possa mudar, ainda mais uma criança.
— Minha avó sempre diz para mim que a dose certa de amor pode curar até um coração partido e eu acredito.
— Sua avó deve ser uma ótima pessoa, mas lamento desiludi-la, essa história toda de amor é besteira, ainda mais para as crianças.
— Sr. Rossi, não tenho nada a ver com suas crenças, mas agradeço que respeite as minhas.
— Hum... Você é livre para acreditar no que desejar. Por enquanto, é tudo. Caso seja contratada, a senhora Oliveira entrará em contato com você.
— Passar bem.
Levantei e lembrei que não sei o nome completo do meu quase chefe arrogante. Decidi estender a minha mão e me apresentar, já que ele não perguntou. Mas eu sabia que ele, com certeza, já sabia de tudo sobre mim porque o meu currículo estava em sua mesa, mas não faz m*l nenhum cutucar a ferida.
— Prazer, eu sou Thayla Evellen e o senhor?
— Isso eu já sei, afinal eu selecionei seu currículo.
— Certo, mas eu não sei adequadamente o seu nome, senhor Rossi.
— Massimo Rossi.
— Muito obrigada. Não custou nada, chefe.
— Pode se retirar, senhora Thayla Evellen.
— Com a sua licença, senhor Massimo Rossi. Desejo-lhe um bom trabalho.
Saí da sala e comecei a me xingar mentalmente. Onde eu estava com a cabeça? Se eu ainda tinha uma chance de ser contratada, com certeza acabei de perder. Eu e essa minha boca que não me obedece.
Ai, meu Deus.