Decidi encerrar as entrevistas na empresa. Levantei-me e saí do meu escritório. Enquanto caminhava pelo corredor, parei ao me deparar com a cena da Sra. Evellen e o meu filho juntos, conversando no canto do sofá.
— Mamãe má.
Ele olhou para ela e começou a chorar.
— Mas ela me deixou. Por quê? — disse ele, fungando as lágrimas com as alças das mangas da camisa.
— E quem disse que ela abandonou você?
— Ninguém.
— Sabe por que ninguém disse isso?
— Não.
— Porque ela nunca te abandonou. Ela está agora no céu, olhando por você e cuidando de você. Agora ela é um anjo e vai estar com você, protegendo-o sempre, assim como meu pai cuidou de mim de lá de cima.
— Ela deve estar triste e preocupada por ver seu filho lindo, como o solzinho, chorando.
— Não! Eu não quero que ela fique triste.
Olhei perplexo para a cena que eu estava vendo. Fiquei feliz e ao mesmo tempo furioso, pois gostaria de ser eu ali com ele, viver aquele momento e dizer-lhe que estou aqui para ele e que o amo. No momento, não sabia como reagir ou o que dizer.
Continuei observando a conversa, e a cada instante, o rumo da conversa me surpreendia. Ver como a Sra. Evellen conseguiu conquistar o Enzo em tão pouco tempo foi impressionante. Ele sempre foi birrento e antipático com as babás anteriores. Como ela conseguiu isso em minutos?
Ele a convenceu a ir até a sala de refeições. Eu não queria que eles notassem minha presença, então entrei na biblioteca, que ficava no corredor, e ouvi seus passos se afastando.
Mas por que eu estava confiando a segurança do meu filho em uma estranha?
O que raios eu estou fazendo escondido na minha própria casa?
Saí da biblioteca e fui até a sala de refeições. Decidi encerrar com isso. Primeiro, porque o Enzo estava começando a ter esperança de que ela realmente ficaria e não queria que ele se machucasse caso eu não escolhesse a Sra. Evellen como sua babá.
— O que faz aqui? — perguntei.
— Ela está comigo. Eu pedi para ela vir aqui comigo — respondeu Enzo, como se estivesse justificando a presença dela.
Olhei para a Sra. Evellen e depois para o Enzo.
— Isso foi errado. Ela é uma estranha e poderia fazer m*l a você, Enzo — respondi de forma curta.
Ela me olhou com desgosto e depois suavizou, como se achasse que tinha dito o certo.
— Ela não é estranha. Ela vai ser a minha babá.
Os pensamentos que eu não queria que ele tivesse acabaram surgindo.
— Ainda não decidimos nada, filho.
— Eu quero ela, papai. Por favor, deixa ela ficar.
— Vou avaliar as outras candidatas e tomar uma decisão, Enzo.
— Eu não quero outra. Por favor, papai.
A Sra. Evellen decidiu se pronunciar depois de tanto tempo, olhando para meu filho e falando com ele, ignorando completamente minha presença.
— Meu solzinho, o Sr. Rossi tem razão. Não deve falar com estranhos e muito menos andar com eles. Não precisa ficar triste porque podemos conversar sempre. Você tem o meu número, é só ligar para mim.
— Ela parece simplesmente uma garota por fora, mas em pouco tempo de convívio, notei que ela era madura. O fato de ela ter me dado razão só provou isso.
— Sr. Rossi, peço desculpas por esse meu comportamento. Vou me retirar agora mesmo.
— Não vá, Thayla. Você também vai me abandonar.
Ouvir o meu filho falar isso me destruiu. Eu sabia muito bem que a culpa era minha. Eu não estava sendo um bom pai para ele.
Ela se abaixou e falou algo no ouvido do Enzo antes de ir embora. Eu e o Enzo ficamos observando ela sair da sala. No momento seguinte, Enzo olhou para mim, lacrimejando.
— Pai, por favor, deixa ela ser a minha babá. Eu prometo que vou me comportar bem e vou comer sempre as minhas refeições. Por favor, papai.
— Enzo, já te disse o que vai acontecer. Não faça eu repetir e aguarde minha decisão.
— Eu odeio você.
Enzo saiu correndo da sala e foi para o seu quarto. Achei melhor deixá-lo sozinho por agora. Apesar de termos brigado, essa foi a primeira vez em muito tempo que conversamos.
Troquei de roupa e fui para a garagem. Decidi ir com meu carro favorito, um Range Rover Sport. Liguei o carro e parti para as ruas de Roma, perdido em meus pensamentos.
Não sabia o que fazer. Ver o meu filho daquela forma com a Thayla me deixou feliz, pois fazia tempo que isso não acontecia, mas também fiquei de coração partido pelo meu filho ter dito que me odeia.