CAPÍTULO 4 (MASSIMO ROSSI)

797 Words
Decidi encerrar as entrevistas na empresa. Levantei-me e saí do meu escritório. Enquanto caminhava pelo corredor, parei ao me deparar com a cena da Sra. Evellen e o meu filho juntos, conversando no canto do sofá. — Mamãe má. Ele olhou para ela e começou a chorar. — Mas ela me deixou. Por quê? — disse ele, fungando as lágrimas com as alças das mangas da camisa. — E quem disse que ela abandonou você? — Ninguém. — Sabe por que ninguém disse isso? — Não. — Porque ela nunca te abandonou. Ela está agora no céu, olhando por você e cuidando de você. Agora ela é um anjo e vai estar com você, protegendo-o sempre, assim como meu pai cuidou de mim de lá de cima. — Ela deve estar triste e preocupada por ver seu filho lindo, como o solzinho, chorando. — Não! Eu não quero que ela fique triste. Olhei perplexo para a cena que eu estava vendo. Fiquei feliz e ao mesmo tempo furioso, pois gostaria de ser eu ali com ele, viver aquele momento e dizer-lhe que estou aqui para ele e que o amo. No momento, não sabia como reagir ou o que dizer. Continuei observando a conversa, e a cada instante, o rumo da conversa me surpreendia. Ver como a Sra. Evellen conseguiu conquistar o Enzo em tão pouco tempo foi impressionante. Ele sempre foi birrento e antipático com as babás anteriores. Como ela conseguiu isso em minutos? Ele a convenceu a ir até a sala de refeições. Eu não queria que eles notassem minha presença, então entrei na biblioteca, que ficava no corredor, e ouvi seus passos se afastando. Mas por que eu estava confiando a segurança do meu filho em uma estranha? O que raios eu estou fazendo escondido na minha própria casa? Saí da biblioteca e fui até a sala de refeições. Decidi encerrar com isso. Primeiro, porque o Enzo estava começando a ter esperança de que ela realmente ficaria e não queria que ele se machucasse caso eu não escolhesse a Sra. Evellen como sua babá. — O que faz aqui? — perguntei. — Ela está comigo. Eu pedi para ela vir aqui comigo — respondeu Enzo, como se estivesse justificando a presença dela. Olhei para a Sra. Evellen e depois para o Enzo. — Isso foi errado. Ela é uma estranha e poderia fazer m*l a você, Enzo — respondi de forma curta. Ela me olhou com desgosto e depois suavizou, como se achasse que tinha dito o certo. — Ela não é estranha. Ela vai ser a minha babá. Os pensamentos que eu não queria que ele tivesse acabaram surgindo. — Ainda não decidimos nada, filho. — Eu quero ela, papai. Por favor, deixa ela ficar. — Vou avaliar as outras candidatas e tomar uma decisão, Enzo. — Eu não quero outra. Por favor, papai. A Sra. Evellen decidiu se pronunciar depois de tanto tempo, olhando para meu filho e falando com ele, ignorando completamente minha presença. — Meu solzinho, o Sr. Rossi tem razão. Não deve falar com estranhos e muito menos andar com eles. Não precisa ficar triste porque podemos conversar sempre. Você tem o meu número, é só ligar para mim. — Ela parece simplesmente uma garota por fora, mas em pouco tempo de convívio, notei que ela era madura. O fato de ela ter me dado razão só provou isso. — Sr. Rossi, peço desculpas por esse meu comportamento. Vou me retirar agora mesmo. — Não vá, Thayla. Você também vai me abandonar. Ouvir o meu filho falar isso me destruiu. Eu sabia muito bem que a culpa era minha. Eu não estava sendo um bom pai para ele. Ela se abaixou e falou algo no ouvido do Enzo antes de ir embora. Eu e o Enzo ficamos observando ela sair da sala. No momento seguinte, Enzo olhou para mim, lacrimejando. — Pai, por favor, deixa ela ser a minha babá. Eu prometo que vou me comportar bem e vou comer sempre as minhas refeições. Por favor, papai. — Enzo, já te disse o que vai acontecer. Não faça eu repetir e aguarde minha decisão. — Eu odeio você. Enzo saiu correndo da sala e foi para o seu quarto. Achei melhor deixá-lo sozinho por agora. Apesar de termos brigado, essa foi a primeira vez em muito tempo que conversamos. Troquei de roupa e fui para a garagem. Decidi ir com meu carro favorito, um Range Rover Sport. Liguei o carro e parti para as ruas de Roma, perdido em meus pensamentos. Não sabia o que fazer. Ver o meu filho daquela forma com a Thayla me deixou feliz, pois fazia tempo que isso não acontecia, mas também fiquei de coração partido pelo meu filho ter dito que me odeia.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD