Capítulo 4

2133 Words
RODRIGO SALLES Hoje o dia aqui foi uma correria, os preparativos para a inauguração da nova campanha estão a pleno vapor, estamos trabalhando feito loucos para terminar os últimos ajustes. —Eu vou terminar isso em casa, Rodrigo —a Olívia diz bocejando. —Estou exausta, olha a minha situação deplorável. —Não exagera, Olívia, nem está tão r**m assim —olho ela de cima a baixo e digo rindo: —se bem que olhando melhor, está deplorável sim, é bom você ir. —Vai se ferrar, Rodrigo. Eu vou embora, agora estou chateada —brinca. A Olívia é muito divertida e esforçada, sempre fica depois do horário para entregar os trabalhos, gosto muito de trabalhar com ela, nós fazemos um ótimo time, nosso trabalho fica impecável todas as vezes e isso nos rende muitos elogios. Depois que a Olívia saiu, eu fiz mais alguns ajustes para a apresentação da capa da revista. Dou um pequeno sorriso quando vejo a fotografia da Bruna, ela está linda e eu tenho certeza que será um sucesso. A Bruna já conquistou a simpatia de todos por aqui, ela é muito divertida, conversa muito e é humilde, isso é o que mais admiro nela, a humildade, claro que também admiro seu esforço para conseguir chegar onde deseja, sua beleza extraordinária, resumindo: essa mulher é tudo de bom. Nós estamos namorando, agora é oficial, e minha mãe adorou a Bruna, aliás não só a Bruna, como também a mãe e o irmão dela, já levei todos para jantar na minha casa. Depois de finalizar o slogan da apresentação da capa da revista, eu finalmente decidi ir pra casa, também estou exausto agora, mas não é pra menos, já são dezoito horas. O elevador pára um andar abaixo e infelizmente é para aquela maldita mulher, a Lorena. Nós não nos falamos depois daquela noite, parece que ela aprendeu a lição pois não me procurou mais, pelo menos foi isso que pensei. Eu estou tentando não pensar naquela maldita noite, mas confesso que está sendo meio complicado, principalmente porque tenho que ficar cruzando com a Lorena por esses corredores. Não é que eu tenha interesse por ela, acho que provavelmente deve ser porque eu me senti .mal depois que vi que ela era virgem, é só por isso que essa história não sai da minha cabeça. Ela fica paralisada na porta por algum tempo, me olhando, quando vou perguntar se ela vai entrar ou não, ela finalmente dá um passo e entra. —Boa noite —diz com aquele sorrisinho que me irrita. Ela suspira profundamente quando não ouve minha resposta —Rodrigo, não precisa fazer assim, é só um cumprimento, cara, é educado responder. Eu continuo calado, finjo que não tem ninguém ali, que ela é invisível. Ela balança a cabeça e sorri sarcástica. —Tudo bem, eu mereço isso, de… —ela para de falar quando o elevador fica escuro e pára de funcionar. —o que aconteceu? Por que parou? —Ela pergunta depois de um tempo. Eu encosto minhas costas na parede e continuo calado. De todas as mais de duas mil pessoas que trabalham nesse prédio eu tenho que ficar preso no elevador justamente com essa mulher? Que azar. Ela aperta o botão vermelho e bate na parede, pela respiração acelerada ela parece um pouco desesperada, pelo menos isso é divertido. —Socorro! Socorro! —Ela continua socando a parede e gritando a plenos pulmões. —Será que dá pra você calar essa boca! —Grito —.Porra, eu já estou ficando surdo com esses gritos —Reclamo irritado. —Você não está vendo que eu estou com medo, não? Tudo bem você não gostar de mim, mas tenha um pouquinho de empatia pelo menos, eu sou uma mulher! —Diz irritada. —Sério que você é mulher? Oh, eu nem percebi —digo debochando. —Hahaha muito engraçado —bufa —aposto que você percebeu muito bem o fato de eu ser mulher, mesmo que você negue até a .morte. Eu aperto as mãos com raiva quando ouço sua provocação, minha vontade é responder, mas respiro fundo e me contenho, eu não quero perder a cabeça com essa .peste outra vez. —Que .droga! Socorro! Tem alguém aí? —Ela continua gritando. Se essa .porra desse elevador não voltar a funcionar logo vou acabar enlouquecendo. Eu respiro fundo e falo o mais normal que consigo: —Olha, o elevador provavelmente está com algum problema e você não vai resolver isso gritando —pego o telefone e tento entrar em contato com a empresa que faz a manutenção dos elevadores. —E aí conseguiu? —Ela pergunta depois de ligar a lanterna do telefone dela na minha cara. —Tira isso da minha cara! —Tá bom, desculpa —ela vira a lanterna para o outro lado —e aí, conseguiu? —Não estão atendendo. Eu não acredito nisso! —bufo. —Tudo bem, eu vou parar de gritar, ok? —Diz parando ao meu lado, eu me afasto. —Está tudo bem, Rodrigo, eu não vou agarrar você não precisa fugir. —Olha só —a interrompi —não é porque estamos presos aqui que viramos amiguinhos. Eu não quero papo com você, ok. —Digo andando para o outro lado. Ela respira fundo. —Tudo bem, eu sei que você não quer ser meu amigo, mas não precisa agir como se eu tivesse alguma doença contagiosa —diz triste —eu só queria pedir desculpas pelo que fiz antes, eu agi no momento de desespero e… Eu dou uma risada sarcástica quando ouço suas palavras. Não é possível que seja tão cínica. —Desespero? Você estava desesperada pra quê, pra .trepar? —Pergunto entre os dentes —você não tem um noivo que pode fazer isso, ou ele é impotente? —Ela abaixa a cabeça, respira fundo e responde: —Você sabe que eu não gosto dele, não dessa forma —suspira —eu sei que vou me casar, mas você sabe que é de você que eu gosto, eu já disse isso. —É mesmo, então porque está se casando com ele? Isso só faz de você uma pessoa pior ainda, está enganando o trouxa enquanto faz chantagem para dormir com outros homens. Isso é nojento. —Digo e ouço ela suspirar descontente. —Não precisa falar assim. Além do mais você errou tanto quanto eu, você também traiu sua namorada modelo, você não está namorando, ou ela ainda é só sua "amiga"? —diz com um sorrisinho me provocando. —Ela é minha namorada sim, é modelo, é linda e eu sou apaixonado por ela, por isso fiz o sacrifício de ficar com você para ajudá-la —digo friamente. Tenho certeza que dessa vez atingi ela em cheio, posso vê pela sua cara, que está péssima. Eu sei que eu peguei pesado, mas .porra, eu não sei de onde essa mulher tira essa cara de .pau de ficar me falando essas coisas se vai casar com aquele .otário. Os minutos passam e nada do elevador voltar a funcionar. As baterias dos nossos telefones acabaram e estamos no completo escuro agora. A Lorena finalmente calou aquela boca, a única coisa que se ouve aqui é o som da nossa respiração. Eu ando de um lado para o outro, já estou completamente irritado com essa demora toda, acredito que já estamos presos aqui há uma hora ou mais. Quando já estou quase batendo nas paredes e gritando, como a Lorena fez antes, as luzes finalmente se acendem. Eu olho ao redor e a Lorena está sentada encolhida no chão com a cabeça entre os joelhos. O elevador volta a funcionar finalmente e ela continua na mesma posição, quando o elevador pára no térreo, ela finalmente levanta, mantém a cabeça baixa. Só quando as portas se abrem, ela ergue a cabeça e eu vejo que ela chorou, e pelos olhos vermelhos, chorou bastante. —Desculpem a demora, nós tivemos que reparar o sistema elétrico —o técnico diz nos encarando. —Vocês estão bem? —Sim, estamos bem. Obrigado! —Respondi. —E a senhora? —Pergunta olhando a Lorena com preocupação. —Está tudo bem, eu só não gosto de escuro. Obrigada. —Responde e acena com a cabeça se despedindo do homem antes de sair. —Ela está mesmo bem? —O homem pergunta depois que a Lorena se afasta. —Está sim, ela só estava com medo do escuro —respondi tranquilizando o homem. Eu apressei os passos para alcançar a Lorena. —Espera! —Digo a impedindo de entrar no carro. —O que foi? —Responde sem me olhar diretamente, acho que é para esconder os olhos vermelhos. —Você está mesmo bem? —Pergunto e ela me encara confusa. Como ela não responde, eu continuo: —Você consegue ir embora dirigindo sozinha? Tudo bem que eu tenho minhas diferenças com ela, mas eu realmente exagerei um pouco lá dentro, ela pode ter mesmo fobia de ficar em lugares escuros e eu fui meio rude. Ela força um sorriso e .nega: —Eu não estou tão r**m assim, eu posso chegar em casa com segurança. —Tem certeza? Você não parece estar bem. Ela dá um sorriso sarcástico e solta um longo suspiro. Passa as mãos nos cabelos meio bagunçados, parece está em dúvida se diz ou não as próximas palavras. —Rodrigo, eu não estou nada bem, isso é visível não é mesmo? —Finalmente levanta o olhar me encarando —eu sei que você não gosta de mim, nunca gostou e muito menos agora depois da .merda que eu fiz, mas eu não tenho culpa de sentir o que eu sinto, sabia, eu não escolhi me apaixonar por você. Eu sei que você não acredita em mim, mas eu não sou uma .má pessoa, eu só fiz aquilo por… por… —bufa e encolhe os ombros —eu fiz aquilo porque eu quis, eu só queria poder sentir um pouco do que é estar com você, poxa, eu só queria saber como é, pode ser errado, mas já foi. Poderia ter sido melhor, mas você não foi justo, não cumpriu direito sua parte —diz e me encara como se eu fosse o errado da situação. Não acredito no que acabei de ouvir. —Como é que é? —Pergunto e ela confirma: —É isso mesmo que você ouviu. O acordo era você dormir comigo, me dar uma noite incrível, mas não chegou nem perto disso —balança a cabeça com desgosto —eu me recuso a acreditar que você é tão r**m assim, deve fazer melhor que aquilo. Eu dou uma risada nervosa, minha vontade é apertar o pescoço dela, como pode ser tão cara de .pau! A intenção dela só pode ser me tirar do sério, mas eu não vou cair nesse jogo. Bufo e me viro para sair de perto, ela segura minha mão. —Você teria feito ser especial se soubesse que eu era virgem? —Pergunta com certa ansiedade. Eu .nego. —Não, eu não teria feito de jeito nenhum —afasto minha mão, quebrando o contato —Lorena, eu não gosto de ser pressionado, não suporto isso. Você sabe que aquela noite foi r**m e eu fiz questão que fosse assim porque eu fiquei com raiva. Eu não fiz melhor porque eu não quis mesmo. Boa noite. Saio daquele estacionamento bufando de raiva, ela ainda tem a audácia de continuar me provocando, questionando as coisas, mesmo depois de tudo, e eu inocente achando que ela estava .mal, até fui atrás dela preocupado. Aff. Estaciono meu carro na garagem e entro em casa, tudo que eu preciso agora é de um bom banho e cama. —Boa noite, meu filho, finalmente você chegou —minha mãe diz assim que me vê. —Oi mãe, eu me atrasei tanto assim? —Pergunto dando um beijo na sua bochecha. —Você não está se esquecendo de nada? —Pergunta me deixando confuso. —Eu esqueci alguma coisa? Ela sorri ao vê que eu realmente não estou me lembrando de seja lá o que for que eu deveria lembrar. —Bem que a Bruna disse que você está tão envolvido com o lançamento da revista dela —tira uma mecha do meu cabelo que está precisando de corte e caiu no olho. —A Bruna esteve aqui? —Sim, você disse a ela para vir jantar aqui hoje. .Porra. Eu realmente tinha me esquecido disso. Hoje quando a Bruna saiu da empresa eu disse a ela para vir aqui pra casa e assim poderíamos jantar juntos, mas com toda aquela bagunça que aconteceu no elevador eu acabei me esquecendo completamente. —Nossa, eu realmente me esqueci totalmente. Ela foi embora decepcionada? —Pergunto. Continua…
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