Capítulo 1

2033 Words
LORENA MORAES " Quando o coração fala mais alto que a razão, a nossa única opção é ouvi-lo e deixar o sentimento guiar nossas ações." Meu nome é Lorena Moraes, tenho dezenove anos, vou contar um pouco da minha vida, de como eu deixei o coração me guiar e as consequências não foram nada boas, e esse é o começo da minha história… Eu sou uma mulher bonita, tenho muitos amigos e agora tenho um trabalho e até meu próprio apartamento. Mesmo com tudo contra no começo, eu acabei tirando a sorte grande e virando o jogo da minha vida totalmente. Eu nasci aqui mesmo em São Paulo, em São José dos Campos para ser mais exata, era lá que eu morava. Sou filha de pais separados, ou melhor era, agora sou órfã de pai, que era quem cuidava de mim. Meus pais se separaram quando eu tinha cinco anos, minha mãe não queria nada com a vida, me deixava com a vizinha para sair para beber e jogar, isso mesmo que você ouviu minha mãe é uma alcoólatra viciada em jogos. Meu pai até tentou conversar mas não adiantou nada, ela gostava só de farra e curtição. Quando eu completei dez anos, meu pai ficou doente, com problemas no coração, ele se tratou, cuidou, mas no final não conseguiu e acabou falecendo depois de uma cirurgia cardíaca. Depois de perder meu pai, eu fui enviada para morar com minha mãe, pensa num inferno, situações constrangedoras, tristeza… foi justamente isso que eu passei por três anos da minha vida. Eu morei com ela até conseguir o número do ex patrão do meu pai, que é também o meu padrinho. Eu liguei pra ele e ele pediu a minha guarda. Em outra situação, ou com alguém com poder econômico menor dificilmente o meu padrinho conseguiria ganhar, mas sendo ele o Arthur Foxy e sendo a minha mãe uma pessoa totalmente incapaz de ser chamada de mãe, meu padrinho ganhou. Essa vitória no tribunal foi a minha salvação. Quando eu fui morar na mansão Foxy, eu estava quase completando meus quatorze anos. E foi lá na casa do meu padrinho que minha história de amor platônico começou, eu conheci o Rodrigo. Eu sempre fui apaixonada pelo Rodrigo, desde a primeira vez que o vi lá na casa dos Foxy, neste dia descobri um sentimento novo, um sentimento intenso que tomou conta de tudo em mim, o amor. Mas também, quem não se apaixonaria? Um moreno lindo, com belos olhos verdes, aqueles cabelos pretos lisos caindo nos olhos e um corpo enorme, cheio de músculos bem formados, mesmo com apenas dezesseis anos, já se esperava que seria o homem dos sonhos de qualquer mulher, e foi, como foi, o tempo só deixou tudo aquilo ainda mais bonito. Eu não tive coragem de me declarar naquela época. Se eu tivesse me declarado, não teria chance alguma de qualquer maneira, o Rodrigo não gosta de nada e nem ninguém que tem ligação com os Foxy, e eu sou afilhada do todo poderoso, Arthur Foxy, o chefe da família Foxy e pai dele, isso mesmo que você ouviu, o Rodrigo é filho do meu padrinho Arthur. Meu padrinho tem dois filhos, Rodrigo e Leandro, o Leandro é o mais velho, ele é o filho legítimo, nasceu em berço de ouro como dizem, é conhecido como príncipe do entretenimento, ele é filho único, do casamento do meu padrinho Arthur com a minha madrinha Helena Foxy. Eu e o Leandro somos melhores amigos, enquanto ele e Rodrigo se odeiam e, isso só diminui minhas chances com o Rodrigo. Esse foi só o começo da minha decepção amorosa. Dois anos depois, em uma festa, mais precisamente na festa da formatura do ensino médio, eu bebi, criei coragem e fui até lá. Puxei conversa com o Rodrigo, até tentei dar uns beijos, resultado: fui vergonhosamente rejeitada. — Porque você não gosta de mim? É só porque eu sou afilhada do seu pai? — Pergunto numa tentativa ridícula de entender sua rejeição, a resposta me faz perder totalmente a esperança. — Primeiro esse homem não é o meu pai, eu não tenho um pai. Segundo você não faz o meu tipo, eu não tenho interesse em você — falou curto e grosso, foi muito direto no fora que me deu. Eu deveria ter desistido, passado para outra, mas não foi isso que eu fiz, ou melhor, eu não tentei mais por um tempo, mas isso não significa que parei de amá-lo, o coração é uma b***a nessa questão de sentimentos. Depois de me formar no ensino médio, eu cursei administração e comecei meu estágio no grupo Global Foxy Mídia, a empresa do meu padrinho Arthur. O grupo Global Foxy Mídia é uma empresa de entretenimento, que conta com um canal de tv: o Foxy News tv, uma revista: a Foxy Mídia News, um site de notícias online: o Foxy diário News, eles são a maior e mais respeitada empresa de entretenimento do país, sua sede fica na cidade de São Paulo, Brasil. Eu trabalhei como estagiária no grupo por um ano, com meus dezenove anos, meu padrinho Arthur me deu meu primeiro cargo oficial na revista, diretora de mídia. Sabe aquelas coisas que falam sobre o destino criando peças para unir os casais e tal? Então, é bem isso que eu pensei quando o Rodrigo também entrou na empresa, detalhe: como meu subordinado. Eu realmente achei que era uma boa oportunidade para uma nova tentativa de conquistar ele sendo uma boa chefe, uma garota legal, tentar uma amizade… usei todas as armas que tinha, mas nada disso deu certo, nada funcionou. Um tempo depois eu acabei piorando a .porra toda quando me vi obrigada a casar com o Leandro. Isso mesmo que você ouviu, eu vou me casar! E com o Leandro! Eu ainda estou tentando filtrar tudo isso, seria tão mais fácil se fosse o outro irmão, o irmão que eu amo, mas não é, a vida nem sempre é justa, né! Eu não posso negar um pedido do homem que me ajudou no momento que eu mais precisei, que me deu tudo. Ainda lembro de cada palavra que conversamos quando meu padrinho me fez esse pedido. — Lorena, eu sei que não deveria estar fazendo esse pedido, mas eu estou desesperado. Minha querida, eu não aguento ver meu filho sofrer tanto — meu padrinho diz visivelmente cansado. O Leandro, seu primogênito está internado no hospital Albert Einstein, acabou de descobrir um tumor no cérebro, é impossível operar sem deixar sequelas e uma delas é a perda dos movimentos do corpo, ou seja, o Leandro jamais vai aceitar essa operação. Os médicos disseram que não podem afirmar quanto tempo ele terá de vida com esse tumor, mas se seguir o tratamento com remédios direitinho podem ser até anos, um, dois, três… não se sabe. Eu demorei um tempo para filtrar essa montanha de novidades, ou melhor, más notícias. — Padrinho, eu sinto muito, eu… — Lorena, eu sei que estou pedindo muito, você tem apenas dezenove anos, mas é que… — suspira profundamente — essa é a única coisa que pode impedir o Leandro de cair em uma depressão profunda — coloca as mãos no rosto — eu sinto muito, muito mesmo, mas eu estou impl… — Tudo bem, Padrinho — interrompi antes dele terminar a última palavra — está tudo bem, eu aceito — falei as últimas palavras com a voz arrastada, um misto de incerteza e medo, afinal eu estou aceitando um pedido de casamento. Eu sempre soube dos sentimentos do Leandro por mim, mas eu nunca, nunca correspondi, sempre o vi como um amigo, um irmão, nada mais que isso. Agora eu irei me casar com ele, casar com um homem por quem eu não sinto nada e que está doente, já posso me considerar totalmente ferrada? Poderia, mas eu não achei isso suficiente. O que eu fiz depois? Bom, eu já estava com meu destino traçado, em três meses iria perder minha liberdade, digamos assim, é um casamento que eu não quero, mas eu aceitei e vou respeitar meu marido. Eu cheguei no meu apartamento e chorei, chorei por horas, pensando em como vai ser agora, o que eu vou fazer? Em um momento difícil, eu tomei uma atitude desesperada. Como eu disse antes, o Rodrigo também trabalha na empresa, ele está se formando em marketing e divulgação digital, aqui ele trabalha na equipe de marketing, criando campanhas publicitárias. Ele está de rolo com uma nova candidata à celebridade, a Bruna Senna, ela fez teste na semana passada e está esperando o resultado para estrelar a campanha do próximo mês da revista. Um contrato de setenta mil reais e pelo que ouvi, aliás, ouvi não, eu perguntei por aí, essa grana e a chance de se tornar uma contratada do grupo Global Foxy, é muito importante pra ela. Uma assinatura minha é o que falta para ela se tornar o novo rosto das capas de revistas de cosméticos, anúncios de jóias e acessórios, a minha assinatura é a chave da porta para o sucesso dela. Sabe aquela situação que você sabe que é errado, mas você quer tanto que decide pagar o preço? É isso que fiz. Se vou ter que me casar com quem eu não amo, eu quero pelo menos ter a chance de passar minha primeira noite com o homem que eu sonho e quero o tempo todo. Com a decisão tomada, eu mando chamar ele até minha sala. — Você mandou me chamar? — Ele pergunta assim que entra no escritório. Ele está lindo, uma camisa polo branca, com as mangas arregaçadas até o cotovelo, calça jeans e aquela cara de poucos amigos que ele faz o tempo todo, ele odeia trabalhar aqui na empresa do pai, mas o meu Padrinho o obrigou a aceitar. — Eu pedi sim, sente-se — aponto a cadeira na frente da minha mesa. — Não é necessário. Fala logo que eu estou cheio de trabalho na minha mesa — responde sem nem me olhar direito. — Senta aí! Eu realmente preciso falar algo importante com você, Rodrigo — falo seu nome demoradamente, ele me encara estreitando os olhos. — Estou sentado, fala! — Cruza os braços sobre o peito. Como ele fica gostoso assim, ainda mais com essa cara de bravo. — Eu ouvi dizer que você é amigo daquela modelo que fez o teste para entrar no casting da revista? — Isso é da sua conta? — Respondeu grosso. — Depende — digo já me preparando para a guerra que está prestes a começar. Ele me encara pela primeira vez desde que entrou aqui. — Depende? — Estreita aqueles lindos olhos verdes. Eu pego o contrato pronto e coloco na frente dele, que me olha desconfiado. — Sua… "amiga" fez o teste para estrelar a campanha do mês de setembro, como você sabe — ele balança a cabeça confirmando. — O que eu tenho com isso? Ela é uma modelo independente, eu não sou seu empresário ou nada do tipo, porque eu estou aqui falando com você sobre o contrato dela? — Rodrigo, eu sou a diretora do departamento de publicidade da revista, para sua amiga ser contratada eu tenho que assinar. — Desde quando isso me interessa?! — Diz impaciente — Olha só, eu não sei onde você está querendo chegar com isso, se você não ser clara sobre seu objetivo, eu não vou perder meu tempo aqui! — Como sempre muito direto. Grosso. — Tudo bem, eu vou ser clara com você — digo parecendo segura, mas só eu sei como meu coração estava batendo descontroladamente — eu ainda não assinei, e minha assinatura no final desta folha depende única e exclusivamente de você. Ele me encara e eu vejo uma frieza nos seus olhos que me faz tremer um pouco na base. — Depende de mim? Lorena, eu estou perdendo a paciência, que eu nem sequer tenho com você, então fala logo o que significa essa p***a! — Fala com a voz alterada. Eu respiro fundo e uso toda a coragem que existe em mim para fazer o meu pedido. É agora ou nunca. Continua…
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