A minha mãe estava no quintal, ocupada com as suas tarefas diárias. Abri um sorriso largo e corri até ela, com o troféu reluzindo em minhas mãos. ]
— Mãe!- chamei, a minha voz transbordando de entusiasmo. Ela se virou, e os seus olhos se fixaram na minha medalha que eu segurava com orgulho, eu havia estudado muito para aquilo.
Havia um instante de silêncio, um momento em que os nossos olhares se encontraram, e então um sorriso de pura alegria e orgulho se formou em seu rosto.
- o meu filho - ela murmurou, sua voz carregada de emoção.
Naquele momento, todas as barreiras sociais, todas as diferenças que haviam sido impostas a nós, pareciam diminuir. Não importava quem éramos perante os olhos dos outros. O que importava era que eu havia alcançado algo, que eu havia conquistado algo para mim mesmo e, finalmente, para minha mãe também.
O sorriso dela era o que eu havia buscado, e sua expressão de orgulho era o que eu tinha esperado ver. Naquele dia, a vitória que alcancei ultrapassou as paredes da escola e alcançou o âmago da nossa relação.
No entanto, a alegria da vitória rapidamente cedeu lugar a uma realidade c***l. A patroa, ao descobrir que eu havia ganhado o campeonato de soletrar, não recebeu a notícia com o mesmo entusiasmo que a minha mãe havia demonstrado. Na verdade, a sua reação foi muito diferente. Ela não conseguia tolerar o fato de que eu havia superado Gabriel, e essa frustração rapidamente se transformou em raiva.
A patroa avançou em minha direção, e naquele momento eu soube que a suas intenções eram violentas. Ela tentou me bater, como se a simples ideia de eu ter superado Gabriel a tivesse enlouquecido. No entanto, minha mãe não ficou parada. Ela se interpôs entre nós dois, erguendo uma barreira protetora que eu nunca tinha testemunhado antes.
A minha mãe estava determinada a me proteger, a não permitir que aquela mulher me machucasse. No entanto, a patroa estava além de qualquer razão. A fúria dela não conhecia limites. Ela avançou, empurrando a minha mãe de lado e me atingindo com força. O impacto da agressão me deixou atordoado, uma dor física que ecoava a tristeza e a confusão que eu sentia por dentro.
Minha mãe, em um ato de coragem e amor inabaláveis, defendeu-me contra a agressão da patroa. A situação rapidamente se deteriorou. A patroa estava fora de controle, acusando a minha mãe de roubo e agressão. A sala estava tomada pelo caos, uma confusão de vozes elevadas e emoções ferventes.
As autoridades foram chamadas, e a minha mãe acabou sendo presa. A minha angústia era intensa, o sentimento de desamparo me sufocava enquanto eu assistia minha mãe sendo levada embora. Não havia nada que eu pudesse fazer para impedir o que estava acontecendo. A sensação de impotência era esmagadora.
A minha mãe foi levada e eu fui recolhido pela assistência social. A vida que eu conhecia foi virada de cabeça para baixo. Eu me vi em um mundo desconhecido, cercado por rostos que não eram familiares, por regras que não entendia completamente. A incerteza do futuro pesava sobre mim, uma névoa densa que obscurece qualquer vislumbre de esperança.
Seis meses se passaram desde aquele fatídico dia. Seis meses que pareceram uma eternidade. E então, recebi a notícia mais dolorosa de todas. A minha mãe havia falecido na prisão. Ela estava longe de mim quando precisava dela, e eu não pude estar ao seu lado quando ela partiu. A dor da perda me atingiu como um golpe poderoso, uma ferida que parecia impossível de curar.
Eu fugi do abrigo, e me juntei com outros meninos, vigiei o seu Alberto e a sua esposa, e em um sinal, próximo ao lugar que eu chamava de casa esvaziei uma pistola 38, três tiros em cada, me vingando das pessoas que mataram a minha mãe!
Depois eu vivi nas ruas até que meu Avô apareceu como magica, antes de morrer a minha mãe havia ligado e disse que nós dois existíamos, ele tentou nos ajudar, nos tirar dessa vida, mas ela não aceitou, eu perguntei o porquê dele ter sumido, deixando minha avó desamparada, ele disse que ela não quis falar com ele ou disse que teve uma criança, ele era muito jovem no exército e tinha ido fazer missão em outro lugar e naquela época telefones não eram muito usados
Agora ele era um coronel da polícia militar, casado, com três filhos e uma mulher encantadora que me abraçou em sua família, eu estudei, fiz direito hoje sou delegado da civil graças a ele
Peçanha meu avô, queria que eu trocasse de nome para, o dele mas decido ficar com o nome da minha mãe.
Ele aceitou de uma boa, e agora eu estou liguei para cada parente amigo e parceiro, preciso salvar minha Clarinha.