Jessie
Eu poderia estar envergonhada, chateada ou nervosa com todo o ocorrido, mas eu estava preocupada.
Não por ter ficado com alguém como Richard, ele foi maravilhoso em todo o momento, desde a descoberta da minha virgindade ao outro dia, que foi quando eu fui embora.
Eu deveria esperar que ele nunca mais me ligaria. Não deveria ter me entregado assim e me sentia pior toda vez que observava ele passar pelos corredores de maneira rápida e poderosa.
Eu o queria, sonhava com o seu toque, com os seus beijos, com o seu corpo. Sonhava em tê-lo na minha cama, mas tentava ignorar todo o fato de que o deseja e focar na rejeição.
Ele não me olhava mais. Passava com o queixo erguido e mesmo depois de ter servido o seu quarto, ele sequer teve a coragem de me encarar.
Deixou que a mulher, que me encarava prepotente, com um sorriso gritando “ele é meu, v***a” me fizesse de gato e sapato por uma hora inteira.
Depois disso, me neguei a fazer qualquer coisa que pudesse ser para ele. Me neguei a cuidar dele, das suas coisas, me neguei a ajudá-lo.
No final, eu entendia que as coisas que aconteceram foram um momento. Um momento que podia me custar muito caro.
Tranquei o banheiro de funcionários e me encarei no espelho, os dedos trêmulos segurando a caixinha branca e azul.
Fechei os olhos e puxei o ar, eu tinha que ter coragem e rápido.
Estava a alguns dias sentindo alguns enjoos e tonturas, tentei ignorar ao máximo, mas agora não sabia o que fazer, tinha que enfrentar isso de uma vez por todas, das minha cara a tapa.
Me sentei no vaso e peguei o palitinho, fazendo o processo descrito na caixinha. Depois, o virei para baixo, tentando não encarar aquilo, tentando ignorar completamente o fato de que eu podia estar grávida de um homem como Richard.
Sequer sabia como contar. Não sabia como agir. Queria esgana-lo e esganar a Jessie do passado por ter terminado na cama dele.
Eu tinha que ter sido mais forte, mas ele era como um pacote sedutor completo.
Tomando um impulso e em um misto de coragem, virei o pequeno aparelho nas mãos, deixando as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
Eu não sabia o que eu tinha que fazer agora, não quando o “grávida” estava escrito ali em negrito, me deixando a certeza de que, em alguns meses, eu teria um bebê nos meus braços.
Eu tinha que ser forte, eu tinha que lidar com isso e Richard tinha que ser homem o suficiente para assumir um filho que era seu.
— x —
Empurrei o carrinho com cuidado para dentro da suíte principal. Era possível ouvir a voz de três ou quatro garotas, assim como a de outros rapazes.
Enfiei a mão no bolso e segurei o teste com força, parando próximo a mesma de jantar da sala. Eu conhecia esse lugar como ninguém.
— Pode deixar tudo ai e descer. — A mesma mulher da última vez disse.
Assenti, engolindo em seco. Me virando e começando a tirar todos os itens dali.
Eu não podia conversar com ele agora, não tinha como. Era quase e******o tentar, ele me humilharia e eu não queria ter qualquer problema com o bebê.
Ele não tinha culpa de ter um pai horrível como o que lhe arrumei.
— Agilidade, pobretona. — ela disse, parando ao meu lado.
A encarei, voltando ao meu trabalho.
— qual seu nome? — ela parou ao meu lado.
Ignorei, observando o silêncio por toda a sala.
— Não vai me responder, criada? — ela me empurrou, me fazendo cair para trás.
Fechei os olhos por alguns segundos, pedindo, orando e rogando para que o bebê não se machucasse, para que essa louca não tivesse feito algum para a ele.
— Que mesa, Laticha. — A voz ecoou por todo o salão, enquanto passos de saltos trotavam para perto de mim. — Você está bem? Está com alguma dor?
Abri meus olhos com a testa franzida e encarei a morena, olhos verdes como os de Richard, cabelos escuros, lábios grossos. Ela era idêntica a ele.
— Vamos, eu ajudo você. — ela segurou em minhas mãos, e eu me ergui. Minhas bochechas estavam vermelhas.
— Não tinha como eu saber. — gritou.
Saber do que?, pensei.
— Não deveria ter encostado nela… — A morena retrucou.
E então, ela se agachou. Desci meus olhos para onde ela estava, se levantando com o meu teste entre os dedos.
Senti meus olhos se encherem de lágrimas e os esbugalhei, puxando-os da mão dela e segurando contra o peito.
— tem certeza que está bem?
— S-sim. — falei, em um sussurro.
— Quer ir no médico? — ela perguntou. — água?
— N-nao, obrigada. — sorri para ela. — estou bem, sério.
— Deixe a menina. — a voz dele ecoou na sala, grossa, aveludada, impotente.
O encarei, engolindo um seco. Seus olhos pararam e mim e logo se desviaram. Não parecia ter gostado de me ver.
A menina deu um longo suspiro e assentiu.
— Tenho que ir. — disse, a voz embargada, os olhos cheios de lágrimas.
Eu só precisava chorar em paz, precisava entender meus sentimentos e toda essa confusão.
Mas, de uma coisa eu tinha certeza absoluta.
Meu filho não merecía uma pai como Richard e por isso, eu não contaria a ele sobre o menino.
Não quando ele sequer se importava comigo, quem dirá com a sua criança que estou gerando em meu ventre. Para ele, eu não sou nada e menos ainda o meu menino e é isso que me mata por dentro, me magoa, me faz repensar se vale mesmo a pena me humilhar para ter a ajuda dele.
Não vale. A minha dignidade não vale um centavo. Minha dignidade é muito mais do que alguns milhares de dólares. Eu fui criada em família humilde e sobrevivi, por qual motivo ele não sobreviveria?
Eu sei que posso estar parecendo uma mãe egoista, mas prefiro isso a ver meu filho passando por algum tipo de humilhação por parte de um pai que vai rejeita-lo até o último segundo.
Posso estar sendo orgulhosa, posso estar acabando com a única confiança dele, mas acontece que eu também precisava poder contar com alguém e, literalmente, o pai do meu filho não é uma pessoa confiavel.
— x —
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