Proposta: Sequestro de luxo

1761 Words
— Filha, venha aqui, por favor. — Hades pediu para filha, com uma voz bastante contida e calma. Talvez quisesse tranquilizar a menina. — Sabe quanto fiquei preocupado quando te vi dormindo na cama com ela? Eu tinha ido no seu quarto a pouco, pensei que estava dormindo, olhei a sua cama, tinha alguém deitado lá ou algo. Agora não sei mais de nada. — Só vou até você se prometer que não fará nada com Ester. Eu gosto dela. — A menina disse com as mãos na cintura. Estava claro que quem dava as cartas na casa era ela. Até mesmo os três patetas baixaram a arma quando a garota ordenou. Sem nem precisar do comando de Hades. Vendo aquela cena, tive certeza de alguma coisa, há um mistério sim na relação de Hades e Rubi, mas tenho a sensação que toda a casa se curva para a menina. Como se ela tivesse mais poder até mesmo que o seu pai. O que fez tudo fazer menos sentido ainda. — Você sabe que é essa mulher que está defendendo e batendo de frente com seu pai? — Hades perguntou a garota, que havia baixado os braços e estava sentada na cama olhando para o pai. — Foi ela que cuidou de mim. Eu estava me sentindo m*l ontem a noite. Tentei chamar a babá e não achei ela. Procurei você no seu quarto, mas não estava lá. A mansão estava completamente vazia. O único lugar que pensei ter alguém foi aqui, mas estava errada, não havia a minha também. Quando tentei voltar para o quarto, adormeci. Acordei mais tarde. Haviam trocado a minha roupa e estavam colocando um pano frio. Ester cuidou de mim quando mais uma vez você não estava. Como você nunca está. E agora você quer machucar a única pessoa que esteve comigo quando precisei? Não vou deixar. Você já tirou a minha mãe de mim. Não deixarei que tire mais nada. — Rubi gritou com o pai, mas não era um grito de quem falava o respeito, mas de quem estava desabafando, as lágrimas não paravam de cair, os seus punhos estavam apertados. — Chamem o médico agora. — Hades ordenou acenando para que os três patetas saíssem. Logo se voltou na direção de Rubi — Vem cá. — Não. — Rubi parecia a cópia de Lisa, até mesmo quando é contrariada. Apenas cruza os braços e infla de ódio. — Querida, por favor. Estou tentando ser paciente e relevar o show que está dando. Quero apenas ver como está a sua febre. Se precisamos ir ao hospital. — Hades havia baixado o tom, mas mantinha firme. — Eu só deixo com uma condição. — Rubi esquivou da mão de seu pai. Ouvi ele suspirando. Como quisesse controlar a sua raiva. — Qual. — Era notável que Hades estava prestes a explodir. — Estér que vai cuidar de mim até eu melhorar e você não pode machucar ela. — Rubi explicou as suas condições ao pai. — Já perguntou se ela quer cuidar de você? Quantas vezes já te disse que é errado decidir pelas outras pessoas. — Hades repreendeu a filha. Achei o cúmulo da hipocrisia o meu sequestrador falar sobre respeitar a vontade do outro. Não aguentei a risada. — Se ela não quisesse ficar comigo, teria feito com você. Não estaria aqui quando precisei. Ela gosta de mim. Eu te odeio. Não chegue perto de mim. Apenas Ester vai me tocar a partir de hoje. Não quero mais ninguém. Demiya a babá e contrate ela.— A menina disse chorando ao pai antes de se aninhar em mim. — Acabou de dizer que eu deveria ser sua babá? — Perguntei chocada sem entender como as coisas acabaram daquele jeito, mas não quis insistir muito, a menina estava quente novamente. A febre com certeza deve ter voltado. — Ahhh! — Hades respirou fundo frustrado com toda situação. — Porque você sempre faz isso comigo? — Aqui está o médico, chefe. — Márcio disse entrando junto com um senhor de idade. — Quem é a paciência das duas? — O médico perguntou não olhando. — É a minha filha. A pirralha sem educação que não sabe respeitar os pais e nem os esforço que é dado agora cuidar dela. Faça o que for preciso para que ela melhor. De preferência, uma boa injeção na b***a, a mais dolorosas que tiver. Tenho que resolver algumas coisas. Poderia cuidar disso? Eu preciso respirar um pouco antes que eu faça uma besteira. — Hades explicou apontando para a menina que olhava confusa. — Irei examinar ela agora mesmo. — o médico disse se aproximando da menina, antes de começar uma enxurrada de perguntas vindo da pequena, que parecia tentar investigar algo. Hades foi realmente embora, pensei que ficaria preocupado e se colocaria na porta, mas ele apenas deixou tudo e desapareceu completamente. O médico fez todos os exames, me perguntou algumas coisas sobre a noite passada, antes de sair aplicou uma injeção na menina. — Estou indo, irei explicar ao senhor se me der licença. Se me der licença. — O médico apenas acompanhou e saiu sem dizer absolutamente nada do que havia acontecido. Será que era uma doença grande? Que apenas o pai pode ajudar. O que será que aconteceu? Fiquei acariciando a cabeça de Rubi adormecida na minha cama. Ela com toda certeza estava com febre novamente. O médico aplicou uma medicação dela, mas não disse mais nada, apenas saiu com Hades e não voltou mais. Demoraram tanto, que eu na estava para chamar alguém quando Hades entrou no quarto parecendo grave. — O que foi? É grave? Não é melhor levar ela para o hospital? A menina não parece bem e a febre não passou ainda. — Falei antes mesmo de Hades dizer algo. Eu estava ansiosa e bastante preocupada. Se fosse com os meus sobrinhos, eu teria colocado no carro e levado para o hospital na mesma hora. — Não sei nem por onde começar, mas pode se acalmar, não é nada grave. Para ser sincero, não há nada de errado com ela. Quer dizer, tem, mas não é físico. O médico acredita que tudo isso é causado por seu psicológico, mas ainda precisamos fazer alguns exames para ter certeza. — Hades sentou na poltrona olhando Rubi dormindo, parecia ter um pensamento bem distante. — A menina está queimando em febre e não quer melhorar, não tem como ser normal. O que aconteceu para uma criança de oito anos ficar assim? Bem, se o que aconteceu hoje acontecer com frequência, não é uma surpresa que ela esteja assim. — Uma criança não deveria ver uma cena como essa nem em filmes, quando mais ao vivo. Hades com toda a certeza é culpado por essa situação. — Olha, eu não tenho nem forças para brigar com você. Não é nada que você está pensando, mas também não é da sua conta. De toda forma, não sei como aconteceu, mas Rubi ficou bastante apegada a você. Pode me explicar como ela chegou aqui? — Hades apoiava a sua cabeça nas mãos. Como se buscasse uma forma de lidar com toda essa situação, mas não parecia está indo bem a sua busca. Não parecia ser algo simples, a filha dele está dormindo abraçada com a refém. Eu pensei que apenas os seus homens eram desajeitados, mas começo a suspeitar que talvez não sejam bandidos comuns de toda a forma. O fato de me colocarem em um quarto confortável foi uma dica irrefutável, mas pensando bem, os três patetas não parecem saber lidar com a situação. Estou na própria casa do sequestrador, onde até mesmo a sua filha mora e perambula livremente. Uma peça está faltando nesse quebra-cabeça e eu precisava descobrir, com toda a certeza, era uma das chaves para sair daqui. — Ela chorou chamando pela mãe quando estava com febre. Não sei onde ela está, mas a menina sente a falta dela. Talvez por estar doente, sinta ainda mais falta. Crianças costumam querer sempre as mães quando estão assim. — Soltei tentando recolher informações sobre a mulher da vida de Hades, tinha possibilidade de ser a mãe da garota. — A mãe dela foi embora. Rubi continua chamando por ela todos os dias quando está dormindo. Sempre que passo no quarto dela para saber se está bem, ouço os seus murmúrios chorosos pedindo por sua mãe. O que você viu acabou se transformando em um costume dela. Não é pela febre ou a doença. Essa criança sente falta todos os dias da sua mãe, mas é algo que não posso fazer nada. Está além do meu alcance. — Hades respondeu finalmente levantando a cabeça. — Pode me dizer como ela acabou parando aqui? — Sendo sincera, eu não sei. Não foi a primeira vez. Antes apareceu, pensei que era até um fantasma. Não faço ideia de onde ela está surgindo. Encontrei ela desmaiada no chão quando entrei no quarto. Como não sabia o que estava acontecendo ou quem ela era, achei melhor esperar ela acordar para tomar uma atitude. Não queria colocar uma criança em problemas por uma brincadeira normal na idade dela. — Não queria dizer que não confiava nenhum pouco nele, mas tenho certeza que ele tem ciência disso, mas é melhor não reforçar essas ideia. — Você é absurdamente estranha. Poderia ter morrido por causa da Rubi. Acho difícil acreditar que você não saiba o que estava fazendo, mas isso não importa agora, depois falamos sobre isso. Eu preciso cancelar os meus compromissos e ficar com a Rubi até ela melhorar. —Hades levantou indo em direção da porta. — Talvez ela não queira ficar com você. Não sei o que aconteceu entres vocês, mas ela não parece confortável com a sua presença. Eu tenho uma proposta. Se você quiser, eu ficarei com a menina, cuidando dela, até que melhore. Em troca, você me dará livre acesso à mansão inteira. Gosto de preparar a minha comida e ficar trancada no quarto me deixa um pouco entediada. O que acha? Será que podemos fazer um trato? — Sugeri. Depois de todo esse caos, eu tenho que aproveitar essa oportunidade para ganhar a confiança e conquistar mais espaço. — Cada vez você me parece menos com uma refém. — Hades sorriu sem humor. — Podemos dizer que estou vivendo um sequestro de luxo. Com acesso a muita coisa. O meu sequestrador não é do tipo tradicional, mas e aí? O que acha? — Era uma aposta. O não eu já tinha, porque não tentar?
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