Quem protege quem?

1407 Words
— O que essa menina está fazendo aqui, gente? — Engatinhei até onde a menina estava deitada. Parecia que estava dormindo. Toquei nele tentado acordar, logo notei que ela estava ardendo de febre e não reagia ao meu toque. — Como você veio parar aqui nesse estado, garota? Ah! Acho que você não vai me responder mesmo. O que faço com você? Ah! Já sei. Espero que dê certo. Coloquei a menina nos braços na mesma hora. Levei até a banheira. Liguei e esperei que ela tivesse pelo menos na metade. Tirei o baby doll que ela estava usando e entrei junto com a menina na banheira. Deixando ela deitada por cima de mim. A garota estava completamente desacordada. Parecia bastante sonolenta e cansada. — E agora? Como vou pedir ajuda? Não sei nem que tipo de relação vocês dois tem. Se eu chamar ajuda quem virá ser Hades. E se você tiver fugindo dele? O que farei em relação a isso? Posso te colocar em problemas chamando ele aqui. Ow, menina. Tu é encrenca igualzinho a Lisa. Pior que eu já gosto de uma encrenca, viu? Sinto que dessa vez, acabei me enfiando na maior de todas sem querer ou perceber.— Pensei alto passando a mão molhada no rosto da menina, que parecia que estava recobrando a consciência. Saí da banheira completamente encharcada, tinha esquecido de tirar a minha roupa, tirei apenas da menina, mas não me importei muito, estava mais preocupada com a garota. Enrolei ela em uma toalha e levei até a cama. Fui ao closet, procurei alguma camisa de algodão que ficasse ao menos como uma espécie de vestido para a menina. — Como é que Natália fazia? Água e um pano, né? Será que encontro uma bacia em algum lugar aqui? — Pensei enquanto vestia a menina, que agarrou a minha mão. — Mamãe... fica comigo... não se vá, mamãe. — A menina disse enquanto chorava, ainda parecia está dormindo. Talvez estivesse tendo um pesadelo. — Realmente, cada pessoa é diferente, nos meus pesadelos, minha mãe estava comigo e os meus maiores sonhos, era me livrar dela, mas o que será que aconteceu com a sua mãe? E qual a ligação que você tem com o Hades, menina? — Perguntei, mas sabia que ela não responderia. — Fica bem, menina. Eu vou cuidar de você. Não sou muito boa disso, mas farei meu melhor com o que temos aqui. Procurei remédio para dor ou febre, mas não achei nenhum. Rodei o quarto todo, não achei nenhuma bacia. Fui no banheiro, peguei o copo que guardava as escova e pasta de dente, aproveitei para pegar a toalha de rosto. Usei os dois, molhando a toalha e colocando o pano na cabeça da menina. Quando esquentava o pano, eu colocava mais água, para manter a temperatura. Passei toda a madrugada cuidando daquela menina, que passou todo tempo choramingando e chamando por sua mãe. A febre dela só baixou quando sol já clareava o dia e entrava pela janela. Aliviada por ela está melhor, estava com o semblante menos pálido. Valeu a pena ter ouvido tudo que Maria e Natália conversavam quando as crianças estavam doentes. Elas nem sabem, mas acredito que salvaram uma vida ou será que fui eu. Não sei ao certo, mas estava tão feliz e aliviada que acabei adormecendo abraçada com a menina. Não sei quanto tempo dormi, mas quando acordei inesperadamente aos gritos, ainda com a menina nos meus braços. Demorei um bocado para fazer o download da alma. Nem entendia o que estava acontecendo e o que era todo aquele barulho. — O que está acontecendo? — Perguntei bocejando e esticando meus braços, sem nem abrir meus olhos. Como se nada tivesse acontecendo. Não fazia ideia do caos ao meu redor. — Eu que perguntou, Estér, o que você está fazendo abraçada com a minha filha? Como ela veio parar nesse quarto? O que você pretende fazer com minha filha? Eu quase acreditei que você era diferente do seu irmão, mas vocês são mesmo farinha do mesmo soco, dois monstros. Larguei minha filha agora, antes que eu faça uma desgraça. — Hades gritou jogando a bandeja que segurava no chão com muita força. O susto que levei foi tão grande, que despertei na mesma hora. O cérebro rapidinho voltou a funcionar. Abri meus olhos, dei de frente com Hades me olhando e atrás deles, os três patetas, ao redor da cama, apontando as armas para mim. Olhei para menina que estava me abraçando tão assustada que se tremia e depois para Hades. Não sei como, mas a raiva que senti daquela situação ultrapassou o ódio. — A sua filha? É uma piada? Só pode ser. Que tipo de pai coloca a criança em uma situação como essa? Com armas apontadas. Que tipo de pai em vez de proteger a sua filha coloca ela em uma situação não apenas arriscada, mas também assustadora. Me diz, que tipo de pai marca a sua filha com esse tipo de lembranças? Não diga absurdos. Você não é um pai. Eu conheço exatamente o tipo de pessoa que é. Deveria ter vergonha de dizer que é pai. — Senti uma dor enorme no meu coração. Naquele momento, lembrei de quantas vezes tremi de medo por causa das situações que me genitor me colocava. Fiquei presa nas suas garras e abusos até depois que já era adulta. Fui manipulada e usada, não posso permitir que o mesmo aconteça com essa garota inocente. — Quem você pensa que é para falar esse tipo de coisa para mim? Nem sequer me conhece. Muito menos que tipo de relação eu tenho com a minha filha. Você está falando bobagens. Agora se dar valor a sua vida. Quero que solte a minha menina agora. — Hades levantou ainda mais o seu tom de voz. Eles estava cheio de raiva. — Não preciso conhecer você, a sua relação ou sei lá o que mais. Tem noção que a sua filha acordou com aos gritos e com armas apontadas para sua cabeça. O que uma criança sentiria em uma situação dessa? Não deveria está protegendo ela em vez de causar um trauma irreversível nela? Pensa que ser pai é o quê? Não posso soltar uma menina que está se tremendo desse jeito com medo de você! Que deveria ser o porto-seguro dela. Alguém que deveria ser o herói para filha é um bandido. — Falei com nojo. Eu conhecia muito bem aquela história. — Acredito que dei a você muito mais cabimento do que deveria. Nunca deveria ter tirado você daquele maldito galpão. Se não quer soltar ela por bem, será por m*l. Posso ser uma boa pessoa, mas isso acaba quando a minha família é envolvida. — Hades perguntou apontando a arma na minha direção. — Posso encontrar outras formas de encontrar com o seu irmão. Talvez no seu enterro ele deva aparecer. Senti o medo tomar conta do meu corpo. Será que ele iria ter coragem de atirar? E se pegasse na menina? E se eu fosse baleada, me deixaria morrer sangrando? Talvez fosse melhor apenas deixar ele ter a menina, estou me envolvendo em um problema que não é meu, mas quem em sã consciência viraria as costas ao ver uma criança nessa situação. Pensando bem, milhares. Muita gente viu como o meu pai tratava eu e o meu irmão, mas em momento algum ninguém tentou nos ajudar. Ninguém se importava. — Vá. Pode atirar. Não vou cometer o mesmo erro. — Respondi me abraçando com a menina, para evitar que ela se machucasse, caso aquele maluco tentasse fazer uma loucura. — Vou te mostrar o erro. — Hades respondeu irritado por não ter o seu comando ouvido. Acho que era acostumado a ter todos obedecendo tudo que ele dizia sem questionar. Ao menos, vou morrer encarando a vida de frente e fazendo o que acredito. Tentei me iludir para não acabar me ajoelhando pedindo perdão. Quando acreditei que Hades fosse realmente atirar e acabar com a minha vida, a menina que antes apenas chorava e se tremia com medo da situação, se soltou do meu abraço, ficou em pé na minha frente com os braços esticados. — Não! Não vai fazer nada com ela. Abaixe isso. Quer me machucar também? — A menina gritou com o pai, mesmo com medo, as suas lágrimas ainda rolavam em seu rosto. Na mesma hora o Hades baixou a arma.
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