Um sequestrador diferenciado e a primeira oportunidade

1731 Words
Sem muitas opções, acabei aceitando a sugestão de um pequeno lanche antes de conversar, mas quem por acaso negaria comida para uma criança tanto fofa? Acredito que tenho mesmo fraco para as crianças, por isso, meia sobrinhos sempre me ligavam quando apontavam ou estavam planejando. Rubi pegou chocolate e sorvete, além de duas colheres. Não faço a mínima ideia de onde surgiram, mas ao menos, o resto vi ela tirando da geladeira. Sentamos na cama. A menina colocou um filme para assistir. Descobri que a televisão só tinha acesso a plataformas de filmes e era monitorado, como de criança. Será que Hades fez isso para evitar que eu tivesse acesso na internet. Comemos e assistimos até eu adormecer. Acabei não conseguindo perguntar absolutamente nada para a menina. Quando acordei, a cama estava vazia, não havia mais ninguém por perto. Será que estou alucinando? Nem o vestígio do que comemos estava pelo quarto. — Será que foi apenas um sonho? — Pensei algo sentada na cama. O que vou fazer trancada aqui? Nunca consegui ficar em casa por mais de um dia, quem dirá presa. Olhei para a estante cheia de livros, não sabia quando tinha sido a última vez que li um livro, talvez tenha sido quando os trigêmeos eram bebês. — Licença. — Hades disse entrando no quarto da refém dele. Não pude segurar a risada. — Tenho a cara tão divertida assim, sempre fica rindo quando nos encontramos. — Você é um sequestrador estranho, do tipo que pede licença para entrar no quarto do refém. — Expliquei tentando parar de rir, não queria irritar ele. Está tudo bem em ter um sequestrador Nutela e os três patetas. — Fala como se tivesse sido sequestrada outras vezes. — Hades disse sentando em uma poltrona próximo às estantes de livros. — Sendo sincera, não é a primeira vez, acontecia muito quando eu era pequena. Não são memórias tão boas. Com o tempo, passei a lidar melhor, antes apenas chorava, desesperava querendo voltar para casa. Com o tempo, fui percebendo que não queriam realmente me machucar, a intenção era conseguir algo da minha família. Alguns me tratavam como um animal, dentro de uma gaiola, já tiveram alguns que me deixaram presa no carro. De toda a forma, você é bem diferente dos outros. Fico me perguntando quem realmente é você e o que precisa.— Odiava lembrar da minha infância, tive péssimos pais e fui sequestrada diversas vezes pela falta de cuidado, mas hoje adulta entendo, eu e Ulisses éramos apenas peças de xadrez para nossos pais. Ninguém ama ou cuida de uma peça. — Isso parece terrível. Antes que pense errado, não sou um anjo bonzinho e nem estou fazendo caridade. Você realmente foi trazida aqui a força. Apenas não preciso te machucar ou colocar em uma situação r**m para conseguir o que quer. Você é a única família que o seu irmão tem. Vocês sempre foram inseparáveis. Tenho certeza que não deve demorar muito para vir te buscar. Saiba que não tenho um problema com você, farei o necessário para que tenha uma estadia tranquila. — Haded disse enquanto folheava um livro completamente despreocupado. Olhei ao redor, pela primeira vez, eu e Hades estávamos sozinhos. Antes sempre tinham os três patetas como vigia. Eu não podia deixar passar essa oportunidade, me levantei e andei até ele. — Não adianta tentar me seduzir para sair daqui, eu não vou cair nesse golpe. Não sou uma adolescente bobo que pode ser enganado por tão pouco. — Hades disse sem me olhar, com os olhos voltados para o livro. — Se diz isso, faz com que eu tenha ainda mais vontade de te seduzir, só para provar que no fundo, uma parte de nós sempre será do adolescente que fomos um dia. E que se eu quiser, posso fazer você se apaixonar perdidamente por mim. — A segunda parte, tenha que admitir que não tinha tanta confiança, mas seduzir ele não era algo impossível. — Você acha mesmo que é capaz de conseguir isso? Tenho certeza que apenas lidou com meninos bobos, que não sabiam lidar com uma mulher como você. Sou bem diferente dos seus outros brinquedos. No fim, quem vai acabar apaixonada na história é você. — Hades não parecia nenhum pouco preocupado com a situação. Estava confiante que não seria capturado por mim. O que me dava mais vontade de fazer isso, mas eu tive uma ideia ainda melhor. — Então vamos fazer uma aposta? Se você confia tanto em si mesmo. Não deve ser um problema, não é? — Eu precisa encontrar um forma de sair daqui em segurança. O irmão da Estér não vai vir me salvar, afinal, eu não sou a verdadeira Estér. Ulisses não deve me encontrar com facilidade, deve levar um tempo, tenho certeza que já percebeu que sumi, deve ter tentando me rastrear pelo celular, ao perceber que foi roubado e não tem contato comigo, deve vir atrás de mim, mas até me encontrar vai levar um bom tempo. Preciso fazer a minha parte por aqui. E a melhor chance, deve ser usando Hades. — Qual será a aposta? — Hades perguntou me olhando com um sorriso safado. Cheguei bem perto dele, para olhar nos seus olhos. Não parecia ser do tipo que se entregava fácil. Tenho certeza que não faltam mulheres se jogando no seu charme, mas todo mundo tem uma fraqueza, só preciso encontrar para ter ele em minhas mãos, derretido por mim. — Você tem certeza que não cairá pelo meu charme, não é? Então, não terá problema em apostar comigo. Se eu fizer você se apaixonar por mim, você vai me libertar, não gosto muito de ser refém, vamos admitir que não é o melhor papel do mundo. — Expliquei a minha proposta. Não era tão r**m. Se ele se garantisse, não havia porque rejeitar a aposta. — Bom, entendo a sua proposta, realmente tenho confiança que não vou cair no papo de uma loira metida que não sabe nada da vida. Então, se você perder, acabar apaixonada por mim, o que ganharei com isso? Não faz sentido uma aposta que só uma parte ganha, não é? — Hades não tirou os olhos do meu, como se tivesse dizendo que estava preparado para tudo que eu planejava. — Óbvio, que tipo de aposta só um ganha. Se você conseguir fugir de todo o meu charme e sobreviver sem ser abatido por ele, por um acaso, acabar conseguindo ganhar o meu coração. Eu farei com que encontre com o meu irmão. Te ajudarei a encontrar com ele. — Óbvio, que não havia chance de ganhar o meu coração, ele estava muito bem ocupado por Pedro, infelizmente. E se por acaso isso acontecesse, iria demorar e Ulisses deve me encontrar logo, apenas quero sair antes que isso aconteça. Não sei quem são essas pessoas e não queria que nessa bagunça toda, a minha família fosse envolvida. Quero proteger todos eles. Eles não tem culpa dessa bagunça que acabei me metendo. — Quer dizer que se eu ganhar o seu coração, você vai por livre e espontânea vontade trazer o seu irmão até mim, sem nem saber o que eu farei quando o encontrar? — Hades me perguntou enquanto colocava o cabelo atrás da minha orelha, com um sorriso despreocupado de quem tinha certeza absoluta que ganharia o meu coração. — Farei isso, se você ganhar o meu coração, mas isso é impossível. Eu nunca me apaixonarei por você ou mais ninguém. Não há formas disso acontecer. E tenho certeza que o seu coração será todo o meu e de mais ninguém. Vou sair por aquela porta com você mesmo abrindo ela. — Respondi sentando no braço da poltrona, antes de sussurrar no ouvido dele. — Tenho certeza que o seu corpo, já está desejando loucamente o meu. — Você sabe que tá usando um moletom sujo duas vezes maior que você, não é? Como iria desejar algo assim? É confiante demais, senhorita refém. — Hades levantou rapidamente. Certeza que estava fugindo da nossa proximidade. — Eu me garanto usando qualquer coisa, mesmo com uma roupa dessa. Se não tivesse eficácia, você não teria tentando escapulir assim que me aproximei. Qual desculpa dará? — Perguntei com um sorriso enorme. — Você lembra quando foi a última vez que tomou banho? — Hades respondeu com uma risadinha. — Como é? Está dizendo que eu estou fedendo? — Na mesma hora puxei a camisa que usava, morrendo de vergonha. Eu realmente estava fedendo. Nem tinha percebido. — Seu banheiro é muito bem equipado. Use a vontade. Se precisar de algo. Toque esse botão. Isso fará com que um dos meus homens venha aqui te ajudar. O jantar deve vir já já. — Hades disse antes de fechar a porta com um sorriso enorme. Não consegui dizer nada. Estava morta de vergonha. Corri para o banheiro assim que a porta se fechou. Ele estava certo. Era bastante equipado. Passei um bom tempo na banheira, quando sai, coloquei uma camisola de renda preta. Quem escolheu as roupas pelo menos tinha um bom gosto. Quando estava saindo do closet, dei de cara os três patetas. — Ahhhhhhh! — Edson gritou ao me ver. O susto foi tão grande que derrubou a bandeja que carregava. — Seu i****a! Você derrubou a comida dela. — Márcio disse colocando a mão na cabeça. — E agora? Será que a cozinheira ainda está? — Edson perguntou nervoso. — O chefe vai acabar com a gente quando souber que derrubamos a comida. — Nós? Foi você. Tenho nada com isso. — Cláudio tirou o dele da reta. — Tu que se vire para explicar ao chefe porque a mulher não foi alimentada. — Sua cabeça vai rolar ou o seu salário. Sabe que o chefe disse não aceitará erros se tratando dessa mulher. — Márcio alertou o amigo que já estava da cor de papel. — Não pode ser. Já me falta dinheiro. Uso o salário para pagar um cartão e o cartão eu p**o outro cartão. No mesmo dia que cai na minha conta desaparece. Não posso ficar sem salário. O que vou fazer? — Edson estava bem desesperado. Sei que é errado, mas não posso deixar essa chance me escapar. Preciso aproveitar. — Acho que posso ajudar vocês. Tenho um plano. — Sugeri com um sorriso. Cláudio já me olhou cismado.
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