Os três patetas e a torrada

1583 Words
— Desculpa, mas não podemos nem falar com a senhora. O chefe disse que se a gente conversar podemos falar besteira e causar problemas. Chefe Hades é um bom chefe, mas escolheu a gente por nosso profissionalismo. Não podemos puxar assunto com ele. — Márcio alertou. Tive que segurar a risada. Não sei o que Hades estava passando na cabeça ao contratar aqueles três, mas não era por profissionalismo. Cada palavras que eles dizem, liberam alguma informação importante. — Então, ele deve cobrar dos três por eu não ter comido. Seria minha primeira refeição depois de tanto tempo. Será que vou aguentar mais tempo sem comer? Já estou me sentindo um pouco fraca e tonta, mas está tudo bem. Eu devo conseguir sobreviver. Ahh! Porque desligaram as luzes. — Fingi um desmaio. Um deles me segurou, mas logo começou a briga entre eles. Enquanto brigavam sobre a culpa do que havia acontecido, fui colocada na cama. Fique um tempo ali só ouvido a confusão deles. Quando estava acalmando e eles pensando na possibilidade de chamar um médico, eu decidi despertar. — Ela está viva. Pensei que tinhamos matando ela de fome. — Edson disse nervoso. Dava até um pouco de pena. Eles devem ter esquecido totalmente que o quarto estava cheio de comida. — Você se sente melhor? Podemos pedir um médico. Tem um na vila. Ele é muito bom. — Márcio sugeriu. Olhei para ele surpresa. Não imaginava que perto de uma mansão desse tamanho poderia ter uma vila. Nem sequer imagino onde poderíamos está. — Olha tu falando merda novamente. Melhor ficar calado. Ela só precisa comer. Não vai morrer porque ficou algumas horas sem se alimentar. Só precisamos fazer algo para ela comer. — Cláudio notou que Márcio havia falado uma informação com toda certeza secreta, mas não posso reclamar. Edson e Márcio eram máquinas de informação. — Já pensou. A gente não conseguiu cuidar dessa mulher direito nenhum por um dia. É mais difícil que cuidar de Tamagotchi. — Edson alertou os amigos. Eu estava sendo comparada com um animalzinho digital. Era no mínimo perigoso esses três cuidando de alguém. — Porque não me levam até a cozinha para preparar algo? Faço rapidinho algo para comer. O chefe de vocês não vai nem perceber. Melhor, posso fazer para nós três. Assim todo mundo fica alimentado e não vai ter problema algum. — Eu queria aproveitar aquele momento para conhecer aquela casa. Se eu for fugir, preciso conhecer o lugar para não me perder. — Tá louca? O chefe não quer você andando pela mansão. Ele disse que podemos oferecer qualquer coisa que pedir, desde que dentro desse quarto. Temos que tratar como uma convidada que não tem direito de sair do quarto. — Márcio explicou parecendo realmente preocupado. — Se você foge, os três aqui perdem a cabeça. Hades é um cara assustador quando vão de encontro às suas ordens. Por isso você está presa aqui. Seu irmão achou que poderia passar por cima de Hades. Olha o que vocês ganharam. — Edson explicou. Todos os outros dois olharam para ele. Como se quisessem dizer que ele tinha ido longe demais. — Ah! Mas não há razão para se preocupar. Não conseguirei fugir. Vocês são profissionais. Nunca que poderei enganar homens do nível de vocês e desaparecer desse lugar. Eu nem sonho com algo assim. Sei que é totalmente impossível. Sem contar que Hades só vai brigar se ele descobrir que a gente foi. Vamos em silêncio e voltaremos sem que perceba. Assim ficarei alimentada e vocês fora de problemas, né? Se eu contar para Hades que estão me deixando morrer de fome, algumas cabeças vão rolar desse lugar, mas não será a minha. — Fingi não prestar atenção no que Edson havia dito. Minha meta é recolher informações sem levantar qualquer atenção em minha direção. Preciso que pensem que não sou razão para preocupação. Quanto mais pensarem que não sou um risco, menor será a barreira de proteção deles. Assim terei facilidade maior de escapar. — Ou será que estou enganada? Talvez não tenham confiança de fazer isso, que podem me manter sem escapar das mãos de vocês. Será que vocês não são tão bons na função como estavam se gabando antes. Tudo bem. Eu compreendo. — Eu apostei nisso. Precisava bater pessoas no orgulho dele, se eu quiser que tudo acabe como planejo. O ego deles tem que falar mais alto. — Ela está certa. Somos profissionais. Se a gente não fosse bom no que faz, não teríamos sido contratados por Hades. Ele acredita na gente. Não há como essa mulher conseguir escapar nem de nós três separados, quanto mais junto. Não há razão para gente não concordar com a sugestão dela, de quebra, a gente ainda come alguma coisa. O chefe mandou passar a madrugada de olho se algo acontecia. Vamos ao menos comer. E não tem como ele pegar a gente. Ele saiu para a vila. — Edson ganhava com toda a certeza o troféu boca grande. Estou conseguindo todas as respostas sem precisar nem fazer nada. — Se a gente concorda com ela, não vamos está quebrando a confiança dele? A ordem dou não deixar ela sair por nada. Acredito que é uma péssima ideia. Se Hades descobrir não vai gostar nada disso. — Cláudio alertou. Ele era o mais velho, parecia um pouco mais focado que os outros, mas não ficava para trás quando se tratava de serem desajeitados. — Ele também disse que não deveríamos deixar ela passar dificuldade. Esquecemos de alimentar o dia inteiro. A gente só lembrou quando Hades perguntou se o jantar dela já havia subido. Por conta disso, a pobrezinha desmaiou sem comer. E o que tinha pronto, a gente derrubou. Não fará m*l levar ela na cozinha. Tenho certeza que vai ser mais prático e evitar problemas. — Edson estava decidido a se livrar do problema. — Você derrubou, mas o fato é que esquecemos mesmo de alimentar ela. Estamos com problema real. Acho que tenho que concordar com Edson. Se Hades não está em casa. Rubi está dormindo. Não haverá ninguém por toda a casa para ver a gente indo até lá. Alimentamos ela e voltamos como se nada tivesse acontecido. É mesmo a única forma de fazer tudo isso. — Márcio concordou com o amigo. Cláudio ainda tentou argumentar um pouco e tentar fazer com que mudasse de ideia, mas os dois tinham decido que a melhor escolha era me deixar ir fazer a minha comida. Depois de algum tempo discutindo sobre a melhor forma de fazer aquilo, saímos finalmente do quadro. Andamos em uma espécie de fila. Cláudio ia na minha frente, Edson ao meu lado e Márcio atrás. Quando passava pela escada abaixo, a minha vontade era empurrar um por um, mas era bem óbvio que eu seria pega antes de tentar fugir. Não fazia ideia de nada naquele lugar. Logo estávamos na cozinha, passamos pela sala de jantar, entramos em uma porta à esquerda e chegamos finalmente na cozinha. Sendo sincera, ela era absurdamente equipada, mas eu não fazia ideia de como usava todas aquelas coisas. — O que a senhorita está pensando em fazer? — Cláudio perguntou enquanto os outros dois vigiavam a entrada e janelas. Não sei se era com medo que eu fugisse ou de Hades voltar. Talvez os dois juntos. — Ah! Vou fazer um misto quente com queijo. — Não sabia fazer muita coisa. A torrada aprendi com Natália, ela me ensinou para fazer para os meus sobrinhos. — Torrada? Sério? Se eu soubesse que o seu objetivo era uma torrada, eu mesmo teria feito e levado. Não sou bom na cozinha, mas sei que só precisa colocar na torradeira. — Cláudio respondeu incrédulo. — Não sabia. Também não me perguntaram nada. Eu amo comer torrada. Posso pegar as coisas na geladeira? — Sei que a cozinha não é dele, mas era mais confortável pedir autorização para alguém antes de mexer na geladeira dele como se fosse minha casa. — Ela está certa. A gente nem perguntou o que era. Deixa ela pegar o que quiser na geladeira. Torrada é ainda mais rápido. Melhor ainda. Rápido, prático e delicioso. Me parece uma boa escolha — Edson disse aos amigos. Cláudio apenas acenou concordando qua estava tudo certo. A geladeira era enorme. Me surpreendi com a quantidade. Parece que alguém estoca comida para o inverno. Demorou um pouco, mas consegui achar tudo que eu precisava. Logo eu estava fazendo as torradas do jeito que aprendi. Com as suas fatias de tomate para dar um toque diferente. Preparei tudo em uma vasilha para comer no quarto. — Termi...— Me virei segurando a vasilha. Estava de costas para a porta da cozinha. Me surpreendi ao ver os três patetas ajoelhados ao redor de Hades que estava na porta, enquanto o homem me olhava com fogo nos olhos. — O que a refém pensa que está fazendo fora do seu quarto? Não me diga que tem mania de ter larica de madrugada? E vocês, o que tem para falar sobre esse incidente? — Hades parecia irritado com a situação. Os três patetas estavam de cabeça baixa preocupados em acabar se envolvendo com essa guerra. — Que tal lanchar comigo? Fiz várias torradas e encontrei esse suco de laranja. Quer vir? Vai se surpreender quando experimentar. A minha torrada é perfeita. — Convidei Hades ansiosa para que pudesse me acompanhar no lanche e me deixar ganhar aos poucos o coração dele.
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