E agora, será um fantasma?

1553 Words
— Se você não me responder, não terei outra opção além de machucar. Não é minha intenção, mas você não me deixa escolha. — Falei ao no conseguir nenhuma resposta. Entrei no closet com cuidado. Havia algumas coisas bagunçadas, mas não parecia ter ninguém. Haviam mais roupas do que eu pensei, a maior parte eram vestidos. Todos de marca. Me pergunto como ele conseguiu tantas roupas em tão pouco tempo. Será que já estava preparado para verdadeira Estér? Faria sentido. Hades não pareceu realmente hostil em nenhum momento, nem mesmo quando estava com aquela arma enorme em sua mão. Revirei boa parte do closet com cuidado procurando a pessoa que deveria estar ali, mas para minha surpresa e medo, não havia ninguém. O que só deixa uma opção. Aquele quarto só podia ser m*l-assombrado. Por isso ele me colocou ali. Eu deveria ter imaginado. Quem já viu um sequestrador bonzinho. Ele apenas me fez acreditar que estava em um lugar bom, mas na verdade, tem um fantasma para me causar terror diário. Talvez ele seja ainda pior do que eu imaginei. — Oh, senhor fantasma, eu não sei o motivos de você estar preso nessa casa, mas vamos negociar, ok? Eu vou sair daqui, ao menos, tenho planos de fugir de alguma forma. Se você prometer ser bonzinho, não me causar medo, posso encontrar alguém que fale com fantasmas e descobrir o que você precisa. Assim você pode passar dessa para melhor em paz. O que acha? — Nunca pensei que negociaria com fantasmas, mas preferia que ele aceitasse sem falar ou aparecer, não sei se o meu coração aguentaria. — Se você concordar, peço que não fale ou apareça. Tenho o coração fraco. Capaz até de passar dessa para melhor e ficar nós dois aqui assombrando esse quarto agora sempre. Se topar, apenas derrube algo e saberei que concorda. Dei dois passos para trás, se fizesse barulho, eu com toda a certeza iria correr dali e me esconder na cama, por baixo dos lençóis, talvez não fosse o melhor plano ou mais seguro, mas ao menos eu não iria ver o dito cujo se aproximando de mim. Só de pensar sinto o meu corpo tremer. Quando menos esperei, ouvi um barulho alto, um vestido caiu no meio do closet, só Deus sabe de onde veio. Ao presenciar uma cena daquela, fiz o que qualquer pessoa normal faria no meu lugar. Corri com as mãos para cima, gritando com todas as forças do meu pulmão, me joguei na cama e me enrolei dos pés à cabeça. Sempre tive muito medo dessas coisas, o meu irmão para me acalmar, costuma dizer que devemos ter medo dos vivos, não dos mortos. Fácil falar, difícil fazer, ainda mais quando estou trancada com um fantasma. Quando pensei que não tinha como ficar pior, ouvi uma risada de criança vindo do quarto e alguns passos. O meu coração estava batendo tão rápido, que não conseguia nem ouvir os meus pensamentos. Pronto. Era meu fim. Eu ia morrer de susto por causa de um fantasma de criança. Mantive os meus olhos fechados, me enrolei mais ainda no lençol. Podia sentir que estava se aproximando de mim. — Você é engraçada. — Ouvi uma voz infantil, parecia estar na frente da cama. Não tinha nem coragem de olhar. — Nunca vi alguém ter tanto medo de mim. Se você não me responder, vou puxar o lençol. — Não! Para! Como é que você não quer que eu tenha medo. Desde quando fantasmas andam conversando e ameaçando pessoas. Isso é errado. E é super normal eu ter medo de fantasmas. — Respondi ainda sem abrir os olhos. Preferia falar com o fantasma do que sentir ele puxando o meu lençol. Como ia me proteger sem? — Ah! Mas eu não sou um fantasma. Sou apenas uma criança. — Ouvi a menina dizendo entre uma risada e outra. — Você é mesmo bem medrosa. — Como é? — Tão surpresa que eu estava, tirei o lençol de cima de mim e olhei para frente. Não era mentira. Havia uma pequena menina na minha frente, magra, super arrumada e bem cuidada. Não parecia ser qualquer criança. — Viu? Não sou um fantasma. — A menina disse rindo. — Definitivamente, você não é um fantasma, mas uma boneca. — Respondi surpresa com o semblante da menina. Era uma criança encantadora. — Quem é você? — Ah, eu sou a Rubi. E você deve ser a Estér, não é? — Na mesma hora que ouvi a menina falando o seu nome, me dei conta do que se tratava. Aquela era a filha do Hades, que os três patetas comentaram, mas a grande pergunta era... O que ela estava fazendo aqui? — O que você está fazendo aqui? Como entrou? — Tenho certeza que o seu pai não estava sabendo disso. Ele pode não ter nenhuma intenção de me ferir, mas não confiaria a sua filha a refém. A menina parou de sorrir na mesma hora, como se tivesse se dado conta que algo não estava certo ali ou que estava enrascada. Vi ela dando alguns passos para trás, como se estivesse assustada, mas quando ela ouviu o som da chave rodando na porta, fez sinal de silêncio para mim e correu em direção do closet. Por pouco os três patetas não viram ela, por sorte, ela conseguiu se esconder antes. — O que aconteceu? — Márcio perguntou, enquanto Edson olhava o redor como se tivesse buscando alguém coisa. — Como é? — Estava tão focada em Rubi, que esqueci do que tinha acontecido antes, para acabar chamando a atenção daqueles três. — Você estava gritando desesperada. Parecia que o mundo ia acabar. — Edson respondeu apanhando do chão o jarro que eu havia soltando enquanto tentava fugir do suposto fantasma. — Ah! Foi que... — Poderia dizer que encontrei a menina e me assustei, mas não sei exatamente a razão da menina ter se escondido, talvez eles machuquem ela, não sei. Acho melhor não colocar a garota em uma situação r**m. Se eles acharem ela, posso fazer nada, fingirei que não sabia e apenas me assustei com algo. Era a melhor opção para nós duas. — Acabamos de subir você, não acredito que você já está aprontando. Eu disse que ela era complicada. O chefe deveria deixar ela no galpão. Essa mulher ainda vai trazer problemas. — O pateta mais velho, que estava na porta olhando ao redor, como se estivesse preocupado de que algo surgisse. — Me desculpa por causar problemas, não era minha intenção. Apenas vi uma barata. Tentei matar com o jarro. Quando ela percebeu a minha aura assassina e a sua morte aproximando, em uma tentativa de fuga, passou a voar. E, nessa altura, ela venceu. Enquanto ela voava na minha direção, eu corria desesperada. Não sei para onde ela foi, mas me enrolei no lençol como podem ver pela bagunça que eu fiz e apenas esperei ela desaparecer. — Foi a única mentira que acreditei que poderia ser ouvida. — Você realmente tem cara de quem teria medo de barata. O seu jeito não n**a. Fiquei surpreso que conseguiu se aproximar para tentar matar ela. Não esperava mesmo por isso. Talvez Cláudio esteja certo, você é perigoso. — Edson disse me olhando. Para ser sincera, eu nunca iria ter me aproximado de uma barata, elas sabem voar. Como posso ser oponente de um negócio pequeno que voa. Só se for para ser humilhada. — Seu i****a! Você não tem jeito mesmo. Esqueça a barata. Se ela aparecer novamente, faça amizade, assim você não vai se sentir solitária. Não vai ser muito diferente de conversar com o seu irmão. Talvez a barata seja até mais limpa que ele. — O pateta mais velho disse, acredito que ele se chama Cláudio — E vocês dois, vamos embora. Precisamos achar o tesouro que desapareceu. Se Hades sonhar que fugiu novamente, ele vai pendurar os três de cabeça para baixo. Seguindo o comando do mais velho, Cláudio, os outros dois patetas, Márcio e Edson, acompanharam sem dizer nada. Fiquei pensando que tipo de tesouro desaparece assim. Que dizer, ele disse que fugiu, não é? Será que há mais gente sequestrada assim como eu? É assim que ganha dinheiro? Me pergunto o que vai acontecer quando o irmão de Ester negar o sequestro da irmã e mandar que Hades me exploda. — Oh! Eles já foram. Não devem voltar tão cedo. Estão me procurando. Enquanto eu estiver aqui, será Impossível de me achar, não é? Tudo bem eu ficar brincando aqui um pouco? Estou entediada. — Rubi surgiu completamente despreocupada. De alguma forma, ela me lembrou minha sobrinha mais velha, Lisa. — Seu pai não faz ideia que você está aqui, não é? — Com toda a certeza não saberia, mas me pergunto como ela entrou. Quando chegamos aqui, Mário abriu a porta com a chave. Não havia forma dessa menina estar aqui a tanto tempo, não é? — Posso comer os seus lanches? — Rubi ignorou totalmente a minha pergunta enquanto vistoriava a pequena geladeira do quarto, buscando algo para comer. Era estranho ver a cena de uma boneca atacando a geladeira — Podemos comer, depois te conto como vim parar aqui e você me conta quem é você e porque está aqui. Combinado?
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD