Hadassa corria, usava um vestido longo e branco, depois o vestido se transformava em uma roupa colorida e ela se via com um lenço na mão.
Corria, corria, mas parecia não sair do lugar, e o homem estava cada vez mais perto.
Era um homem grande, forte, de cabelos longos e um capacete na mão.
Um homem cigano.
Nem sabia o nome dele.
Hadassa acordou do pesadelo.
Sentia calor ..
Se sentou na cama..
Por causa do calor, foi beber água, mas quando voltou para o quarto escutou o som, a música e alguns risos, trancou a porta do quarto e abriu a sua janela, deixando somente a grade fechada com o cadeado.
Mais uma vez, o homem cigano estava olhando para lá, como se não tivesse mais nada para fazer.
O que aquele homem desejava olhando para sua janela daquela forma?
O que ele queria?
Nem o conhecia.
Ele acenou com um lenço vermelho para ela.
Hadassa puxou a cortina.
Hadassa puxou a cortina, assustado.
Mas depois, usou a mesma cortina para se proteger dos olhos masculinos, mas ficou observando, ele era muito diferente dos homens com quem conviveu.
Muito diferente..
Tão diferente dos homens da igreja.
Uma chuva fina começou, mesmo assim o homem continuou ali, sentado na moto, com uma garrafa na mão, como se conseguisse ver cada detalhe dela.
Hadassa ficou curiosa sobre aquele homem, mas segurou a bíblia, sua fiel companheira.
E foi orar.. Não podia desejar saber daquele homem, não podia. Ele era a representação do pecado na terra.
Devia se casar com um bom rapaz da igreja, a sua mãe estava certa, era melhor do que cair em tentação.
Naquela madrugada, Hadassa não se deitou mais, orou e orou para que o mall desaparecesse de perto dela, para que o pecado não a tentasse..
Orar silenciosamente não pareceu surtir efeito, orou em voz alta:
“Neste momento de oração, coloco diante de Ti o desejo sincero do meu coração. Tu és o Deus que conhece cada pensamento e anseio mais profundo da minha alma. Peço-Te, ó Senhor, que guies os meus passos e me afastes do caminho do pecado e do mundo profano.Dá-me discernimento para reconhecer as tentações que surgem em meu caminho e fortalece-me para resistir à influência do m*l. Que a Tua luz ilumine o meu caminho, revelando as sendas da retidão que devo seguir. Concede-me a sabedoria para fazer escolhas que estejam alinhadas com a Tua vontade, afastando-me das seduções do mundo que buscam desviar-me do Teu propósito.
Senhor, eu reconheço a minha fraqueza, mas confio na Tua força. Que o Teu Espírito Santo habite em mim, capacitando-me a viver uma vida que te honre e glorifique. Que o Teu amor me envolva, protegendo-me das armadilhas do inimigo e guiando-me para a santidade que provém de Ti.
Eu me entrego a Ti, Senhor, pedindo que transformes o meu coração e me conduzas pelo caminho da retidão. Em Teu nome, eu oro, confiante na Tua graça que perdoa, restaura e conduz para a vida eterna.
Acabou dormindo de joelho, quando acordou um lenço vermelho que estava ao seu lado.
Fechou os olhos para que a visão sumisse, mas quando os abriu, o lenço ainda estava ali.
Pegou o lenço para jogar for a, mas levou ao nariz, esperou que o estômago embrulhasse, com o cheiro do pecado, mas o cheiro era bom, doce e convidativo.
Deixou o lenço cair com o susto..
Como aquele lenço foi para ali?
Pulou quando a mãe bateu na porta, a chamando para o café da manhã.
– Eu já vou. Só vou tomar banho, mamãe.
Colocou o lenço dobrado dentro da bíblia, nem sabia porque fez isso, mas parecia o lugar certo.
Talvez fosse a sensação de mistura entre o sagrado e o profano.
Depois do banho, ela se vestiu e arrumou a cama, foi abrir a cortina, o motoqueiro cigano estava ali, e dessa vez sem o lenço vermelho.
Ela puxou a cortina de novo.
Clamou o nome de Deus, só ele podia a proteger.