Capítulo 3 - Felipe Valentim.

2530 Words
Emily Santory Tento me controlar para não dar uma boa resposta para o Farinha, mas estou sentindo tanta d0r que acho que essa não é a hora certa para repreender ele sobre as atitudes da Lara. A garota pede, ele vai e faz, parece um cachorrinho de coleira dela. Isso não pode continuar assim, criança não pode ser mimada demais, porque quando cresce, nem o próprio pai que mimou, consegue segurá-la. E eu já me cansei de falar para ele o quanto isso pode prejudicar na criação dela, mas ele não me dá ouvidos, acha que está fazendo a coisa certa, depois vem as consequências. Estou cansada de repreender ela e ele fazer o que ela quer, tirando minha autoridade como mãe, isso tem me estressado muito nos últimos dias. Eu não tenho voz ativa com a Lara e isso acaba me dando med0 de perder a moral com o Felipe, que ainda nem nasceu. Mas acaba me causando gatilh0. Pelo menos ele tem que ser criado do jeito que deve ser, do meu jeito. Farinha não sabe lidar com criança, ele acha que tem fazer tudo que ela quer e não é assim que funciona. Por isso, eu vou ser mais rígida depois do nascimento do Felipe, não quero isso acontecendo com o meu filho também. A Lara é minha primeira filha, eu era mãe de primeira viagem quando tive ela, não sabia de muitas coisas, mas com o tempo eu fui aprendendo. Não quero que o Felipe tenha a mesma criação que ela está tendo, e “ai” do Farinha se ele ficar interferindo nisso. Até ele está parecendo uma criança, todo bobo com a Lara, isso não devia estar acontecendo. Peço para ele subir com ela porque já não estou aguentando tanto mimo desses dois, fora as d0res que eu estou sentindo. Me levanto da cadeira e vou até o banheiro fazer xixi, mas as d0res continuam. Vou para a lavanderia e pego um vestido limpo e soltinho, coloco por cima do biquíni, e amarro meu cabelo em um coque. Caminho até a piscina e respiro um pouco melhor, aqui é mais ventilado. Me sento em uma espreguiçadeira por alguns minutos. Como se já não bastasse as d0res na barriga, agora as minhas costas que estão doendo, melhor subir para deitar na cama, é mais confortável. Saio de lá e passo pela cozinha, bebo um copo d’água e Maria pergunta se eu preciso de alguma coisa, apenas neg0 com a cabeça e vou até as escadas. Antes mesmo de pisar no primeiro degrau, eu sinto um líquido escorrer pelas minhas pernas, meu coração acelera e eu fico sem conseguir falar por alguns segundos, mas logo trato de gritar pelo meu marido. Emily: AMOR, AJUDA AQUI! Acabo tendo uma pequena crise de riso com a reação do Farinha ao me ver, acabo rindo de nervoso. Ele está paralisado olhando para mim, está em choque porque a bolsa estourou, isso me faz lembrar do chá revelação do Felipe, ele reagiu desse mesmo jeitinho. FLASH BACK ON Sorrio para todo mundo que está aqui em casa hoje. Priscila e Natasha foram as responsáveis pelo chá revelação, que com muito sacrifício e pedido, o Farinha deixou fazer. Mas, com uma condição. Pouca gente, claro. Ele não queria que a cena do chá revelação da Lara se repetisse, então aqui só está quem realmente faz parte das nossas vidas. Maria, Terror, Milena, Arthur, Priscila, Cobra, Enzo, Micaelly, Bagunça, Natasha, Gordão, Salsicha, Júlia, Jacaré. E obviamente, não podia faltar a nossa Lara, que já está devorando um cupcake. Eu estou mais animada do que nunca, o Farinha está louco para que venha um menino, e eu também! Mas, o que vier, vai ser muito amado por todos nós. Estamos de mãos dadas, depois de estourarmos muitos balões juntos e os confetes serem todos brancos. Farinha: Put4 que pariu, isso não acaba nunca? Eu já tô com o coração quase saltando pela boca, jão - Fala fazendo todos rirem, inclusive eu, que aparentemente estou mais calma do que ele. Priscila: Segurem e abram - Fala nos entregando uma garrafa preta de vinho e um saca rolhas. Passei todo esse tempo ansiosa para saber o sex0 de bebê, e agora chegou a hora. Farinha então, nem se fala… Não dormia direito, não comia, falava pouco durante o dia, ele deseja muito ter um menino, a pesar de amar muito ser pai de menina. Eu também torço por um menino, porque provavelmente é uma experiência nova e bem diferente de ser mãe de menina. Deus já escolheu, e eu estou disposta a dar muito amor e carinho para quem está vindo, seja menino ou menina. Minha mão está tremendo tanto que eu m4l consigo segurar a garrafa enquanto Farinha tenta abri-la. Daqui eu consigo ver o quanto as suas mãos estão suando, ele está a ponto de infartar. Ele joga o saca rolhas no chão e eu dou um sorriso nervoso quando vejo a rolha indo para longe e um líquido azul saindo da garrafa e molhando nossas roupas brancas. Nossos convidados gritam e o Farinha paralisa olhando para mim, ainda sem acreditar. Ele grita “Caralh0” bem alto, enquanto está chacoalha a garrafa. Ele joga no chão e me abraça forte, envolvo minhas mãos em seu pescoço enquanto choro no seu ombro. Ele passa as mãos trêmulas no meu cabelo e sussurra no meu ouvido um “Eu te amo, tu é a mulher da minha vida”. Sinto Lara tocando em mim e faço ela se juntar ao abraço, depois a deixo no chão, e o Farinha me pega no colo. Confetes azuis caem sobre nós e eu vejo que ele está com os olhos lacrimejados. Fixo ainda mais as minhas pernas na cintura dele quando percebo o que ele está prestes a fazer. Farinha pula comigo na piscina e me beija. Sorrio durante o beijo, sentido a sua camisa molhada. O meu vestido branco cola no meu corpo. Emily: Te amo! Farinha: Só tenho a te agradecer por mais um presente na minha vida - Fala beijando a minha cabeça. O abraço novamente inalando seu cheiro e ele passa as mãos na minha barriga, Felipe logo começa a chutar e eu sorrio novamente em meios as minhas lágrimas. A felicidade mora aqui, dentro de mim, e logo estará nas minhas mãos. FLASH BACK OFF Farinha desce as escadas e me pega com cuidado no colo, logo vejo Lara descendo as escadas também e se agarrando na perna dele, sem querer soltar. Emily: Amor, vamos logo. Essa d0r tá absurd4! Lara: “Quelo” ir com vocês. Farinha: Solta o pai, tu não vai poder ir - Fala, mas mesmo assim ela continua o segurando. Agradeço quando Maria vem e a pega no colo. Emily: A bolsa de levar pro hospital tá lá em cima, no meu quarto. Farinha: “Vamo” indo pro carro. Maria: Já levo a bolsa pra vocês. Farinha sai de casa e me leva até o carro dele, Gordão e Salsicha abrem a porta de trás e nós dois entramos. Eu me deito com a cabeça no colo do Farinha e vejo ele fazendo um coque no meu cabelo, que estava espalhado. Estou suando de calor, o Felipe chuta como nunca, sem falar nas d0res que está me dando, Farinha abre os vidros do carro e só assim eu consigo respirar melhor. Gordão senta no banco de motorista e Salsicha no banco de passageiro, Maria chega com a Lara chorando e entrega a bolsa para os meninos, eles seguem para o hospital na maior velocidade. Farinha desce comigo e envolve o braço na minha cintura, eu me apoio nele e vejo ele pegando a bolsa com o Salsicha, que permanece no carro com o Gordão. Farinha: Tu consegue andar? Se quiser, eu te pego no colo. Emily: Não amor, fica em uma posição ru1m. Só vamos direto pra uma sala, por favor. Farinha: Beleza, qualquer coisa tu me fala. Emily: Certo. Tenta ser paciente com os funcionários, não grita com o médico nem com as enfermeiras, tá? Essas pessoas tão aqui porque precisam e são elas quem vão ajudar a trazer o nosso menino pro mundo. Farinha: Tá bom, prometo me comportar, só coloca logo ele pra fora quando chegar na sala, eu não vou aguentar ficar muito tempo te vendo chorar e se sacrificar naquela cama. Sorrio fraco e entramos no hospital, indo direto para a sala de parto. O médico nos acompanha e chama logo uma equipe de enfermagem, não foi preciso nem falar nada, eles já sabem como as coisas funcionam com o meu marido. Tiro o meu vestido ficando só de lingerie e eles começam a manejar. O médico me informa que estou com 8 centímetros de dilatação, e que com 10, nós podemos começar o trabalho de parto. Para isso, eu tenho que fazer alguns procedimentos por mais ou menos duas horas. Eu faço com a ajuda deles, enquanto Farinha fica desesperado na sala do hospital. Ele não vê a hora do filho nascer. O conhecendo bem, ele está se segurando para não mandar o médico fazer com que esse menino nasça agora, de um jeito ou de outro. Tiro a calcinha e depois de muito sacrifício, o médico já consegue ver um pouco da cabeça do Felipe, isso só me faz ficar ainda mais nervosa e ansiosa. Ele coloca um pano por cima das minhas pernas e eu as abro totalmente. Agora chegou a hora de colocar força. Dai-me coragem, Deus. Emily: Amor, confesso que eu tô com med0 - Falo querendo chorar. Farinha beija a minha mão e a segura forte, coloco a outra mão no ferro da maca do hospital e sinto as mãos da enfermeira na minha intimid4de. Enfermeira: Você já pode começar a colocar força, a dilatação tá certinha, o seu bebê já está esperando por você. Farinha: Vai Emily, acaba de vez com essa ansied4de da gente, mano. Eu não aguento mais esperar esse pivete. Emily: Cê não tem noção do quanto dói - Digo com os olhos lacrimejados. Farinha: Sei que tu aguenta, assim como tu aguentou colocar a Lara no mundo. Agora chegou a vez do Felipe. Suspiro nervosa e assinto com a cabeça, o médico me deixa em uma posição melhor e eu deito totalmente minha cabeça no travesseiro. Começo não fazendo muito esforço, mas é impossível ficar só no banho Maria, tem que tirar força até de onde não tem. Médico: Apoia bem os pés aqui na maca e pode começar. Faço o que o doutor pediu. Grito de d0r enquanto faço força, é nessas horas que eu desejaria uma cesária. Continuo me sacrificando por uns 20 minutos. Emily: Socorro, eu não tô mais aguentando - Falo me sentindo uma fracassada, está demorando muito. Enfermeira: Força! Ele está quase vindo, tenta só mais um pouco. Farinha segura meu braço com as duas mãos e isso me encoraja ainda mais. Coloco força enquanto seguro forte a mão dele e solto um grito alto quando sinto o Felipe começando a passar pela minha vagin4. Médico: Não desiste, tá muito perto! Continua, se concentra, e coloca força. Enfermeira: Ele já tá quase vindo, continua dando o seu melhor, pode botar força. Farinha: Vai em frente, Emily. Eu tô com você, mano. Eu confio em você. Traz logo ele pros nossos braços, a gente desejou pra caralh0 um menino, ele tá quase vindo, só depende de tu. Assinto com a cabeça e dou um sorriso de lado sem mostrar os dentes, ele tem razão. Continuo colocando força, minha testa já está pingando de suor, e olha que a sala tem ar condicionado. Médico: Falta só mais um pouquinho, você não pode parar. Já consigo sentir a cabeça dele querendo sair, é agora ou nunca. Faço o dobro de força que estou fazendo e não demora muito para o corpinho do Felipe passar pela minha vagin4. O choro dele sai junto de um suspiro de alívio que eu dou, até cair no choro junto do Farinha que já está todo emocionado. Respiro ofegante tentando me recuperar da longa força que eu acabei de colocar. Farinha solta a minha mão e vai ver o Felipe, enquanto eu continuo no mesmo lugar, chorando, tentando ver ao menos o rostinho dele. Depois dos 3 minutos, o médico corta o cordão umbilical e entrega ele para o pai. Vejo Farinha vindo com ele no colo. Farinha está com um sorriso estampado na cara, em meio as lágrimas. É notório que ele está morrend0 de med0 de estar segurando errado o Felipe. Se antes eu já estava chorando, agora eu choro mais ainda quando ele deixa o Felipinho um pouco abaixo dos meus sei0s, e eu coloco minhas mãos no bebê, que ainda está sendo segurado pelo Farinha. Minha mão vai por cima da dele, e eu só me certifico mais ainda do quanto ele está nervoso. Reparo rápido os traços do Felipe, olho para Farinha e dou um sorriso, parece muito com o pai. Farinha se aproxima de mim, colando nossos rostos um no outro, misturando nossas lágrimas. Olhar para ele aqui, nesse momento, acaba se passando um filme na minha mente. Um filme que começa desde o dia em que eu subi toda molhada em Paraisópolis, cenas de tudo que a gente passou, todos os perrengues, todas as dificuldades, até chegar aqui, no nascimento do nosso segundo filho. A sensação de “missão cumprida” é inexplicável. Farinha: “Conseguimo”, minha patroa - Fala enxugando a minha teste e dando dando um beijo, em seguida. Emily: Conseguimos - Concordo chorando e dou um cheiro nele. Nós dois sorrimos olhando para o nosso filho, Felipe Valentim. Valeu a pena todas as d0res que eu senti, acabo de colocar no mundo mais um presente de Deus. Enfermeira: Hora do banho - Fala se aproximando. Queria ficar ao menos mais um pouquinho com ele, mas não quero ser chata nem ir contra o trabalho da equipe que foi bem prestativa, então entrego o Felipe para ela. Farinha: Vou junto - Diz pegando a bolsa e eu assinto. Emily: Avisa ao pessoal. Farinha: Beleza. Emily: Eu trouxe uma roupa na bolsa. Tira e deixa aqui, por favor. Farinha tira um vestido e uma calcinha da bolsa e deixa na maca. Farinha: Já venho - Sela nossos lábios. Farinha sai da sala com o Felipe. O médico começa a tirar o resto de parto em mim, junto da equipe de enfermeiras. Eles finalizam o trabalho e deixam tudo limpo, depois saem da sala e fica apenas uma enfermeira comigo. Ela pega a minha roupa e me leva até um outro quarto. Nele eu tomo banho com a ajuda dela, depois vou para a maca e me deito. Enfermeira: Eu vou avisar ao seu marido o número do quarto que você está. Emily: Tá bom, agradeço! - Digo e ela sai. Já estava ficando entediada e nervosa esperando por eles. Até o Farinha abrir a porta com o Felipe nos braços, já trocadinho de roupa. Dou um sorriso de orelha a orelha, chegou a hora da primeira amamentação dele.
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