Capítulo 4 - Sorriso sincero.

2100 Words
Farinha Eu já estava a ponto de fazer um escândalo dentro da sala. Já não estava mais aguentando ver a Emily se acabando de tanta d0r e não poder fazer nada. Fiquei de boca fechada para não passar por cima da ordem dela, ela já tinha me pedido para não tratar ninguém m4l, mas confesso que estava fod4. Estou tão nervoso quanto ela para escutar o choro do Felipe e pegar ele nos braços, mas o bagulho aqui está mais demorado do que quando foi a vez da Vitória. Estou impaciente e com os nervos a flor da pele, transpareço confiança para ela e a encorajo, acho que funcionou. Sinto a pressão e a força que ela está colocando nas minhas mãos e vou soltando aos poucos quando escuto o choro dele. Emily suspira fundo e fica chorando, eu vou até as enfermeiras e deixo minhas lágrimas escaparem também quando vejo ele, não deixo elas segurarem por muito tempo, só até cortarem o cordão umbilical. Depois disso, eu pego ele e vou mostra-lo a Emily. A felicidade estampada no rosto dela, reflete a minha felicidade também. Um sorriso sincero, carregado de lágrimas, quem diria que ela ia aguentar passar por tudo isso, eu não dava nada para essa mina, e olha o tanto de momento bom que ela já me proporcionou nesse tempo que estamos juntos. Meu lugar é do lado dela, e agora dos nossos filhos. Beijo a testa dela e ficamos conversando por pouco tempo, até a enfermeira chamar o Felipe para dar banho nele. Eu tenho que ir junto, só assim eu vejo como estão tratando o meu filho, fora que não tem ninguém melhor do que eu para acompanhar ele. Deixo a roupa da Emily na maca e saio do quarto com enfermeira, mando uma mensagem no grupo que a Emily fez, semana passada. Aviso que o Felipe já nasceu e acompanho a enfermeira até outra sala. Observo o jeito que ela está banhando ele e tiro a mão dela da cabeça dele. A filha da put4 me olha e eu começo a passar devagar o shampoo nele, igual a Emily me ensinou, enquanto a enfermeira só segura as costas do Felipe. Farinha: Pô, tu tava passando a mão rápido demais, o moleque tá chorando sem parar – Digo nervoso, balançando a cabeça neg4tivamente. Enfermeira: É normal ele chorar, acabou de nascer. Ele se tranquiliza mais quando mamar. Eu estava passando certo o shampoo, ele nasceu com um pouco mais de cabelo, então eu tava esfregando bem. Farinha: Eu tô esfregando bem também e por acaso tô passando rápido igual tu tava? Não. O pivete acabou de nascer, tem que ter cuidado. E “pó” deixar que eu “mermo” troco ele – Digo fazendo ela me entregar ele. Enfermeira: Tudo bem, como você quiser. Tá aqui a toalha, assim que você enxugar, eu vou pesar ele. Assinto com a cabeça e ela deixa a toalha ao meu lado. Quando termino de dar banho, começo a enxugar ele. Agora que meus olhos já não estão mais marejados, eu percebo o quanto ele se parece comigo, tem muitos traços meus e a pele aparentemente é quase igual. Levo ele até a balança e o coloco. Enfermeira: 3 quilos e 500 gramas – Fala e se aproxima para medir – 50 centímetros – Tira ele de lá e me entrega – Já pode troca-lo e qualquer coisa você pode procurar ajuda, eu tô indo pra outro parto agora. Farinha: Beleza – Falo e ela sai. Levo Felipe para o trocador e abro a bolsa, pego fralda e uma das roupas dele, Emily encheu isso aqui de roupa, parece até que vai passar uma semana no hospital. Coloco a fralda nele e depois a roupa azul, penteio o cabelo dele com a escova que ela colocou na bolsa, guardo e fecho. Meu celular toca e é a Milena ligando para mim, atendo. LIGAÇÃO ON Farinha: Oi. Milena: Oi, como tá o Felipe? Me manda foto dele. Ocorreu tudo bem? A Emily tá bem? Farinha: Tá tudo bem aqui, vou mandar foto dele pra tu. Milena: Tá bom, amanhã eu dou uma passadinha aí. Farinha: Provavelmente já “vamo” tá em casa. Milena: Se Deus quiser. Farinha: Vou desligar aqui pra te mandar a foto e vou levar ele lá pra Emily. Milena: Tá bom, tchau. Farinha: Tchau. LIGAÇÃO OFF Tiro uma foto do Felipe e mando para ela, que responde “Lindooo demais, parece com você!!! Não vejo a hora de pegar ele no colo”. Sorrio de lado e mando um coração, desbloqueio a tela do celular e o guardo no bolso. Pego a bolsa colocando a faixa dela no ombro e pego Felipe no colo, saio do quarto e dou de cara com Priscila, Natasha, Micaelly e Júlia no corredor, era só o que me faltava. Não fazem nem 30 minutos que eu avisei no grupo e elas já estão aqui? Não curto essas coisas. Vejo elas se aproximando e eu passo o outro braço em volta dele, para nenhuma das 3 pegarem ele. Priscila: Gente, que coisa mais fofa! Micaelly: Muito lindo – Fala sorrindo. Júlia: Ele é a sua cara, como pode parecer tanto? Natasha : Posso segurar? Farinha: Não, ele tá mole, ainda nem mamou. Júlia: Mas é normal, só queremos segurar essa coisa linda um pouco. Natasha: Ele é sério, né? Carinha de marrento. Farinha: Acabou de nascer, não tem como rir. Priscila: Cadê a Emily? Onde ela tá? Farinha: Tá em outro quarto, não pode receber visitas. Priscila: Sério? – Assinto. Júlia: Ah, que pena! Micaelly: Mas ela tá bem? Farinha: Tá, não vê a hora de amamentar o Felipe, por isso vou levar ele. Priscila: Fala que mandamos lembranças. Júlia: É, e avisa quando ela receber alta. Natasha: Sim, queremos vê-la. Farinha: Aviso, tchau. Elas dão “tchau” em uníssono e eu saio dali. Não quero saber de ninguém vindo visitar a gente aqui no hospital. Porr4, ele acabou de nascer, não deram tempo nem de ninguém respirar direito e já vieram aqui, fiz voltar. É o nascimento do nosso filho, só a mãe e o pai tem que estar presente, é um momento único, só nosso, não cabe terceiros. Trombo com uma enfermeira no corredor e ela me informa o quarto que a Emily está, vou até lá e fecho a porta, vejo ela sorrindo quando eu entro e eu sorrio também. Observo que ela já tomou banho e trocou de roupa, agora está estendendo as mãos para pegar o Felipe. Emily: Vem cá, coisa linda da mamãe. Ela pesou ele? – Pergunta o ajeitando no seu colo e eu deixo a bolsa na cômoda. Farinha: Pesou, 3 quilos e meio – Respondo sentando na poltrona. Emily: Meu Deus, que bebêzão! Deve tá morrend0 de fome – Fala colocando o peito para fora do vestido – Ele é a sua cara cuspida e lavada – Diz passando a mão no cabelo dele, enquanto o Felipe já está mamando. Farinha: Milena e Júlia também falaram isso. Emily: A Mi veio aqui? Farinha: Não, viu por foto. Emily: E a Ju? Farinha: Veio com a Priscila, Micaelly e a Natasha, mas já coloquei pra vazar. Emily: Ah, cara. Não acredito que cê expulsou as meninas. Farinha: Não expulsei nada, só falei que tu não podia receber visita. Emily: Você é chatão, amor – Fala rindo. Farinha: Não sou nada, o povo que abusa muito. Emily: Tô boba com esse garoto, sério. Farinha: Se tu tá boba, imagina eu, parceira. O moleque é uma cópia minha, cê é louco. Emily: Sim, eu fiz uma miniatura sua – Eu rio e ela cheira o Felipe – Tô muito feliz, mas já imagino o trabalhão que vão ser as primeiras semanas, não vamos conseguir dormir, praticamente. Farinha: Isso não é problema pra mim, foi do mesmo jeito com a Vitória e a gente levou numa boa. Emily: “A gente” não, né? Eu, porque você... Farinha: Não precisa lembrar dessas paradas. Emily: Enfim, espero que amanhã eu já receba alta e possa ir pra casa, só assim a gente fica mais confortável. Você vai dormir aqui comigo hoje? Farinha: Claro. Emily: E a Lara? Ela pode ficar com a Priscila. Farinha: Não, melhor deixar ela com a Milena, pelo menos ela se comporta lá e vai tá segura. Emily: Tudo bem. Ajuda aqui por favor, amor. Me levanto e ajeito o Felipe nos braços dela enquanto ele ainda mama, arrumo o cabelo da Emily e dou um beijo na cabeça dela. Passo a mão nele e aliso a sua bochecha, ele fica me olhando e ela sorri. Emily: Foi a gente mesmo que fez? Farinha: “Caprichamo”. Emily: Sem sombra de dúvidas. Espero Emily terminar de amamentar o Felipe e pego ele no colo, ela se ajeita na maca e eu o devolvo para ela. Pego um copo d’água para ela e mando uma mensagem para a Maria, peço para ela arrumar a Vitória e deixar a bolsa dela pronta. Emily: Acho que ele tá com sono, né? Farinha: Acho que sim, tá abrindo a boca. Emily: Fecha as cortinas dessas janelas e liga o ar condicionado, por favor. Faço o que ela pediu e o quarto fica escuro, fico no pé da maca, olhando para os dois. Ela balança ele um pouco, até dormir. Eu o pego com cuidado e coloco na cama de bebê, pego um lençol pequeno dentro da cômoda e cubro ele. Emily me dá a mão e sorri para mim, aperto de leve a mão dela e beijo em seguida. Emily: Vai lá na Larinha? Farinha: Vou deixar ela lá na Milena e volto pra cá em dois pulos. Emily: Tá bom, fala pra ela que mandei um beijo. Farinha: Certo, quer alguma coisa? Emily: Se bem que agora deu vontade de comer um açaí gigante e completo. Farinha: Será se tu já pode comer? Emily: Se puder ou não, eu não vou ficar morrendo de fome. Vai deixar sua mulher passar fome? Farinha: Longe de mim, vou mandar deixarem aqui. Tchau, te amo. Emily: Beijo, te amo. Deixo a sala e sigo até o estacionamento, vejo a Paola chegando no hospital e ela sorri para mim, apenas cumprimento assentindo com a cabeça e entro no meu carro. Gordão: Vai pra casa, chefe? Farinha: Vou, me deixa lá. Gordão: É pra já! – Diz dando partida. Salsicha: Como tá o menor e a patroa? Farinha: Tão bem. Gordão: Tirou foto? Salsicha: Se tirou, mostra pra nós. Tiro o celular do bolso e mostro para eles a foto que eu mandei para a minha irmã. O Felipe é um bebê bonito demais, igual o pai dele. Não é à toa que ele nasceu a minha cara. Gordão: Pivete é a tua cara, hein chefe? Nasceu pra tá no topo. Salsicha: Bonitão o menor, a cópia do patrão. Dou um sorriso de lado mas logo trato de fechar a cara. Estou gostando do Felipe ter nascido parecido comigo, e o meu ego de pai babão só aumenta quando as próprias pessoas falam da nossa aparência. Desço do carro com eles e mando o Gordão deixar uma barca de açaí no hospital. Entro em casa e vejo Vitória já pronta no sofá, ela corre para me abraçar e beija a minha bochecha. Lara: Vou poder ver o meu irmãozinho, papai? Farinha: Só amanhã, minha princesa. Lara: Que “tliste”! Farinha: Tua mãe mandou um beijo, e o pai veio pra te deixar lá na tua tia, vai dormir lá hoje. Lara: A “Malia” me falou. Farinha: Bora? Lara: “Bola” – Fala pegando a sua mochilinha. Saio de casa com ela e tiro do bolso a chave de um dos meus carros, destravo e deixo ela na cadeirinha do banco de trás. Entro no banco do motorista e coloco o cinto, dou partida pelo atalho até Heliópolis. Estão organizando as ruas para fazer baile hoje, faz mó tempão que não vou para esses bagulhos, e agora é que não vou mesmo, Felipe acabou de nascer, ele e a Emily precisam da minha assistência. Não gosto muito de vim aqui, não me faz muito bem ver a Milena junto do Terror. Eu sei que os dois se amam e vivem bem, mas algo dentro de mim ainda cisma um pouco com o relacionamento deles, mas eu já devia ter me acostumado com isso. Espero que ao menos ela esteja em casa, já que eu não avisei nada, só vim de surpresa.
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