Alguns anos depois…
Soley
— Ah, fala sério, Solzinho! — Amélia retrucava ao pé do meu ouvido enquanto voltamos para casa após o nosso turno.
Segundo ela, nós ainda estamos inteira para ir a uma balada, mas eu não estou com a menor vontade disso.
— Fala sério, Mel. Eu também preciso descansar. — Amélia após o divórcio estava querendo viver intensamente. Yan ficava com a avó enquanto ela trabalhava, mas ele já estava com 7 anos e era um rapazinho. — Quer dormir lá em casa? Leva o meu bebê e a gente vê um filme e faz pipoca.
— É né, fazer o quê? Deixo o Yan na casa da mãe hoje, também preciso de um tempo. O canalha do pai nunca mais veio buscá-lo. — Comenta meia desanimada por tudo isso. Nem eu pensei que o John fosse capaz de trair Amélia, mas…
— Se acha melhor assim, pra mim tudo bem.
Mel pegou algumas coisas na casa dela e ligou avisando que dormiria lá em casa hoje.
Leonardo já havia me mandando várias mensagens perguntando como foi meu dia, que na verdade foi uma merda. Marcelus não acorda e eu decidi então fazer alguns trabalhos como acompanhante de luxo, assim sempre tenho dinheiro para custear tudo até que ele acorde. Mas é tudo às escondidas e só quem sabe disso é Amélia, que não me apoia, mas também não me julga.
(...)
Leonardo
Hoje seria mais um dia de vitória, se Soley aceitasse sair comigo hoje, mas pelo que estou vendo terei que comemorar sozinho novamente.
Soley não quer um relacionamento sério enquanto Marcelus não acordar, ainda continua indo visitá-lo sempre que pode (quase todos os dias). A mãe dele e toda família mudaram-se de cidade e ninguém sabe onde eles estão! Soley então vem sustentando toda a barra, mas estou sempre a disposição e lhe ajudando em tudo que posso. Marcelus e eu já havíamos nos afastado há algum tempo antes do acidente acontecer, nunca concordei com ele traindo Soley, a mulher que eu sempre desejei e quis para mim.
— Então, fiquei sabendo que hoje a noite vão dar uma festa cheia de mulher gostosa e bebida de graça, procede? — Markim perguntava empolgado, guardando o celular dentro do bolso.
— Eu não tô afim de nada disso, na real, só quero descansar e pronto. Amanhã será um novo dia, com mais trabalhos a serem feitos. — Disse entrando no carro e me despedindo dele ali mesmo.
Hoje casei minha empresa, a Haney's com a empresa da Srta. Watson, uma senhora que tem um nome a zelar no ramo da beleza e rejuvenescimento. Sempre gostei de trabalhar com o público, mas tenho apenas uma agência de modelo funcionando na Turquia, as outras empresas são de cosméticos e afins…
Ligação Ativa
— Boa noite, desculpa por não ter respondido antes, acabei de chegar em casa. — Era Soley, com a voz cansada e parecia triste.
— Sem essa! Como você tá? Está melhor das dores de cabeça?
— Estou, mas isso não importa. Vai sair hoje?
— Estava querendo sair para comemorar, mas sem você não vai rolar… — Disse e ouvir ela estalando a boca do outro lado da linha.
— Sabe que não precisa se privar de nada por minha causa. Você é um cara bacana demais e não quero que se deixe pensar que eu sou alguma pessoa importante para você. Você merece se divertir! Encontrar alguém que o mereça. — Suas palavras frias eram ditas de forma espontânea, mas no fundo eu sei de suas dores.
— Eu não vou a lugar algum e sem você, Soley. Não adianta insistir. Nós dois nos amamos, por que tanta recusa a mim de sua parte?
— Não é recusa, mas não quero te colocar no meio da minha vida de merda e te fazer sentir as mesmas coisas que eu. Eu te amo demais pra isso… — Um silêncio se formou e ambos desligaram sem falar mais nada.
Ligação Inativa
Soley há 4 anos atrás era uma pessoa alegre, feliz, cheia de positividade e de repente tudo mudou. Começou primeiro com algumas cervejas todos os dias, depois adotou outras drogas e hoje é quase totalmente dependente delas. Ela não quer ser ajudada e somente Deus sabe o quanto eu desejo que Marcelus acorde logo, e Soley volte a ser aquela mulher tão cheia de vida. Ela estava faltando demais ao trabalho, quase sempre que a vejo ela está bêbada. Aproveitei que hoje ela não iria sair, em duas horas eu estou em sua casa, o melhor de tudo vai ser pegar ela sóbria.
Amélia
Eu e Leonardo nunca deixamos e jamais deixaremos nossa Soley sozinha, ela é maluquinha e entrou em coma junto com o Marcelus, uma pena, pois ela era boa demais para ele, e por culpa dele, ela se encontra neste lamentável estado.
— A relação de vocês anda bacana? — Pergunto a Soley que se faz desentendida.
— Sugiro que não falamos disso, você sabe o quanto eu amo o Léo, mas… não quero nada do que eu vivo para ele. Meu amor é cinza, o dele é um vermelho sangue!
— Você o ama? — Vi Sol ficar vermelha e me jogar uma almofada.
— É complicado! Vamos mudar de assunto?
— Agora não. Soley, o amor não machuca e vejo que Leonardo te ama. Sempre esteve ao seu lado e… não existe essa de "complicado", você pode estar com uma pessoa sem ama-lá, nem por isso vai deixar de gostar dela. Entendeu? Você pode amar o Leonardo e sem saber disso, quando Marcelus acordar será um grande alívio, pois eu nem preciso falar o porquê.
— Eu não quero falar sobre isso, tá legal! Vamos… vamos beber alguma coisa que eu mereço, pelo belo dia de estresse que passei.
— Olha, a gente ficou de se divertir, mas não contamos com a bebida! Qual é, Sol? Você vai mesmo se deixar levar pela bebida?
Soley
Antes que eu pudesse responder a Amélia, meu celular vibrava com ligações do Sr. Dant, um velho rico e bonito que adorava me encontrar, o bom é que sempre saio com o valor a mais do que eu cobro, quando me encontro com ele.
Minha vida estava uma terrível confusão, nem eu mesma né reconhecia mais e f**a-se!
Ligação Ativa
— Oh, minha Sol, por que demorou tanto a me atender? — Sua voz era rouca e bastante grossa. Dant era um homem cobiçado, não apenas pelo dinheiro, mas ele também tinha uma beleza surreal.
— Estava um pouco ocupada. — Respondi em meio ao riso.
— Precioso que me encontre hoje, querida!
— Hoje não posso, hoje meu trabalho foi exaustivo e eu estou morta de cansaço. Amanhã nos encontramos, hoje não estou com disposição para lhe dar prazer.
— Ok… amanhã na hora que estiver se sentindo bem, ligue-me, estarei a sua disposição e manterei o mesmo valor.
Ligação Inativa
— Então, era ele? — Amélia pergunta já sabendo de quem se trata.
— Sim, era ele! Preciso de algo para beber ou acabarei enlouquecendo.
Peguei uma garrafa de whisky e sentei ao lado de Amélia que comia pipoca de microondas e bebia refrigerante. Minha vida está um caos, eu nem me reconheço mais. Não sei se sou a Soley que algum dia conheceu a felicidade, hoje só me resta amargura.