Soley
Meus olhos não poderiam estar me enganando. Como era possível isso? Ele não saiu do coma e já estava em outra cidade com a Katarina Charlie, sua amante, ou melhor, sua namorada e mãe do seu filho. Não quis que o Léo percebesse alguma coisa, não queria estragar o nosso momento, mas eu já não consigo olhar para o Marcelus sem sentir uma terrível ânsia de vômito. Ele me dá nojo, não consigo mais ficar no mesmo ambiente em que ele estiver, a não ser que eu não o veja.
Precisei ir ao banheiro não para fugir, mas senti uma fisgada na barriga, semelhante a dor de cólicas e fui conferir se não havia descido nada.
— Soley? Está tudo bem? — Era a voz de Leonardo.
— Esse é o banheiro feminino, não deveria entrar aqui… — O repreendi, porque poderia ser r**m pra ele se alguém o visse entrando.
— Quero entender o porquê do seu nervosismo. Eu o vi entrar acompanhado de uma mulher, uma bela mulher pra ser mais sincero. — Era esse tipo de comentário que fazia com que qualquer pessoa se sentisse diminuída, como se fôssemos inferior a qualquer coisa.
Hesitei em responder e ele continuou na porta, percebi porque o cheiro do seu perfume não havia se distanciando ainda. Já passava dos dez minutos, ele não falou mais nada e eu estava faminta, precisava comer alguma coisa antes de dormir ou não conseguiria dormir.
— Me desculpa, você é a única mulher que sempre encheu meus olhos. A única que eu desejo, até mesmo quando está longe. Estarei esperando você na mesa, alguém pode me pegar aqui. — Ouvi seus passos se distanciando e então sair, mas me enganei quando pensei que ele já havia se afastado, pois estava ao lado de fora me esperando.
— Não estou me sentindo bem aqui. Após o jantar irei subir. — Disse sorrindo para ele que assentiu e não insistiu.
Fechei os olhos e pensei em um turbilhão de coisas. Eu poderia ter poupado tudo que tive com Edgar, poderia ter prevenindo a minha saúde mental de tantos problemas.
Abrir os olhos e Marcelus estava à nossa frente. Com uma das mãos apoiada na mesa enquanto a outra segurava sua muleta.
— Soley, será que podemos conversar?
Marcelus
Era inevitável continuar com aquela ideia de que ela iria continuar cuidando de mim. Ela agora tinha sua vida, pessoas legais ao seu lado e o meu pior pesadelo que era Leonardo. Ele sempre tudo que quis, menos Soley.
— Acho melhor você sair daqui, está me dando enjôo ter que olhar na sua cara. — Ela soou ríspida e não me olhando.
— Não precisa me olhar, apenas me ouvir. — Continuei olhando em seu rosto, mas ela não me olhava.
— Qual é a p***a do seu problema, Marcelus? Fodeu a vida da Soley e agora que dá um de arrependido? Qual é? Dá o fora daqui e vai fazer companhia pra sua mulher, que não é a minha Soley.
Quando eu conheci Leonardo, eu o odiei desde aquele momento. Mas, eu gostava da Soley e queria ficar com ela só pra mim, embora eu ficasse com outras, mas no final do dia eu só queria f***r com ela e todos os meus problemas acabariam. Mas Leonardo sempre esteve em sua mente, ela nunca o tirou de seu coração e eu sempre soube disso. Queria acabar com o nosso noivado no dia do acidente, falar sobre a gravidez de Katarina e que eu já estava arrependido de tudo, mas não saiu como o planejado. Tudo aconteceu de repente e quando achei que ela fosse me abandonar, todos o fizeram e somente ela ficou. Ouvia ela chorar algumas vezes, se lamentando que já não suportava mais.
Ela estava linda, achei que ela não tinha como superar sua beleza, mas ela tinha sim. Passei as mãos em meu cabelo, puxei o ar e tentei mais uma vez.
— Por favor, Soley. Eu só quero agradecer e quero pedir perdão a você por tudo que a fiz passar. — Tentei mais uma vez, e ela por fim virou seu rosto, mas na esperança de uma resposta, ela apenas pegou a sua bolsa e segurou a mão do Leonardo.
— Vamos, Leonardo. O ambiente aqui ficou nojento. — Ela falava sem me olhar e Katarina sentia vergonha na mesa à frente. — Por favor, não procure mais, ou eu terei que acionar a polícia. Uma pena não poder devolver o anel que me deu, tive que vender para pagar o hospital.
Ele pegou a conta e ambos saíram, me deixando plantado feito um i****a.
— Eu disse que ela te daria um fora! — Katarina levava o garfo até a boca sem dizer mais nenhuma palavra.
O garçom nos serviu um vinho tinto, e nós bebemos em silêncio.
Soley
Suas mãos se posicionaram em minhas costas que logo sentiu o frio na espinha.
Assim que estávamos próximos à saída, Marcelus quis chamar atenção novamente, mas eu não estava com a menor paciência para isso. Novamente sozinho. Ele usava uma muleta e não tenho dúvidas que combinaram no hospital para me dizer que ele não iria conseguir andar nem tão cedo. ó eu que não percebi que era a única i*****l esse tempo todo. Deveria ter ouvido Leonardo e Mel, eles sempre…
— Você não perdeu tempo mesmo não é? Me diz, Soley. Há quanto tempo está transando com esse cara? — As palavras de Marcelus fizeram meu estômago embrulhar, mas eu não era uma mulher de ficar calada quando me faziam alguma pergunta. Então, lhe encarei, sorri e respondi:
— Quando a coisa é boa a gente perde a noção do tempo, Marcelus. Então, não faço a mínima ideia de quanto tempo a gente t*****r, digamos que… — Leonardo franziu o cenho e manteve calado, apenas esperando terminar para irmos embora. — Podemos dizer que, umas 12 vezes por semana, quando estamos indispostos. Era só isso
— Acho que a única i****a foi apenas eu durante todos esses anos. — Falei baixinho para que apenas Léo ouvisse.
— Eu te amo. Vamos para algum lugar bacana, você está muito linda pra ficar triste hoje. — Sua mão desvia da minha cintura até a b***a, dando um leve aperto, que me fez deixar escapar um gemido baixinho. — É isso que eu quero ouvir, mas não em tom de sussurros. Vamos?
Amélia
Estava dando os últimos ajustes na maquiagem quando Edgar adentrou o banheiro.
— Sabe, Amélia. Eu tenho muita sorte por ter encontrado você. Você é tão doce, tão meiga e além disso é uma mãe perfeita. Eu não tenho filhos, embora sempre sonhei em ser pai, mas jamais tive o privilégio. — Suas palavras me fizeram parar o que estava fazendo, me virei e o encarei por alguns segundos.
Eu ainda não sei como consegui me deitar com Edgar. Não que tenha algum problema com ele, mas sim comigo. Sempre fui muito tímida, para tudo, até que John ganhou a minha confiança e depois me traiu. Mas, com Edgar eu me sinto à vontade para expressar meus sentimentos, não querendo esperar mais nada, sempre me entrego a ele, e ele sempre a mim. E além de tudo ele ainda ver as qualidades de uma mulher, me ver como uma boa mãe é a melhor coisa que eu já poderia ter ouvido de alguém e ele, além de Soley é claro, é a primeira pessoa que falava tal coisa.
— Por que não tem filhos? Nunca foi casado? — Perguntei colocando o salto e por fim estava pronta, mas ele não respondeu e seguiu me encarando.
— Sim, durante oito anos, mas não sentia amor por ela e sem amor as coisas não funcionam, principalmente quando envolve uma vida além da sua na jogada. — Quem dera eu pensasse assim também…
— Sei como é. — Não quis prolongar a conversa, isso era um assunto no qual eu não tinha o que conversar. Cometi um erro ao perguntar tal coisa. — Estou pronta, vamos?
— Diferente das mulheres, que são quase sempre tão inocentes e confiantes, nós homens, não temos rótulos na testa, sendo assim, impossível distinguir um que tenha um caráter de certo confiável. — Suas mãos entrelaçaram minha cintura, roçando sua barba em meu dorso, me fazendo fechar os olhos e jogar a cabeça para trás. — Quero conhecer cada curva desse corpo. — Seus dedos deslizavam subindo dentre meus s***s. — Assim como não quero ter segredos com você.