Capítulo 21 — Desconfiança

1170 Words
Soley — Edgar me disse que vocês se conhecem de longa data, mas aí que está, por que nunca me apresentou ele antes? — Amélia tagarelava ao meu pé de ouvido enquanto fazia questão de falar sobre sua relação com Edgar, que já estava bem envolvido na dela. — Há coisas que a gente não pensa, Mel. Eu não poderia pensar que vocês dois se dariam tão bem juntos, e o pessoal diz que tudo é coisa do destino, você também não acha? — Claro que não, Soley. Destino é apenas uma coisa fantasiosa que as pessoas criam com preguiça de correr atrás daquilo que elas querem. O destino nunca esteve ao meu lado, não há de ser agora que estaria. — Dividimos até quase os mesmos pensamentos. Também sempre achei essa coisa de destino uma tremenda ilusão. — Enfim… agora que estão juntos, sabem como vai ser quando a gente voltar? — Ela suspirou e me olhou com os olhos marejados, eu a conhecia bem e sei perfeitamente o que estava se passando em sua cabecinha nesse momento. — Mel, meu amor, não significa que todos são cafajestes porque um foi. Olhe para mim. — Segurei seu rosto, enxugando suas lágrimas e a vendo sorrir sem vontade. — Independente do que aconteça eu vou estar aqui, como sempre foi, mas você precisa seguir em frente. Você é linda, uma mãe maravilhosa, cozinha bem pra c****e e sabe lidar com as dores do próximo como ninguém. Me diz como um homem pode não querer uma mulher como você? — Eu tenho medo de me entregar demais e no final das contas acontecer tudo de novo, Sol. — Não tiro a sua razão, mas você só saberá se tentar. Ele já disse alguma coisa sobre relacionamento sério? — Quando ela deu aquele sorriso eu já deduzi tudo que ela estava sentindo. Amélia era medrosa, em seu primeiro beijo ela quase arrancou um pedaço dos lábios do menino e depois disso ele mudou de escola, na época tínhamos 17 anos e nunca havíamos ficado com ninguém, exceto Leonardo que sempre estava com uma mulher diferente dentro do carro do seu pai, ele já era maior de idade, então era bem mais fácil. Após me contar detalhe por detalhe sobre sua relação com Edgar, eu cheguei a conclusão que ambos se completavam. Ele era um cara cheio de grana, com o coração bom e solteiro. Amélia era uma pessoa que se doava por completo a outra e estavam dispostas a tentar viver o amor novamente, mesmo que, ainda em sua cabeça tudo não passasse de mera ilusão. — Mas e você e o Léo, como estão? — Suspirei lembrando da noite anterior e me joguei na cama, Amélia fez o mesmo e apenas rimos no momento. — Eu sabia que uma hora ou outra vocês dois iriam se acertar, sabia? — Ninguém sabia disso, Mel. Você sempre que eu sempre o amei, por isso nunca forcei nada nem mesmo para impedir que ele fosse feliz, quando pude pedir para que ele ficasse comigo, mas ao invés disso, pedi que ele seguisse em frente e ele assim fez. — Isso é uma coisa que vai me perseguir, eu acho! Acho que seria trocada facilmente novamente, e só em pensar nisso já me bate uma ansiedade. O medo de passar por tudo novamente ainda me atormenta. Eu não sei se estou preparada para viver um novo romance com o homem que eu amo, e se ele não me ama igualmente? E se ele apenas estiver querendo diversão? Eu nunca sei o que ele pensa. — Estávamos procurando por vocês e… — Leonardos e Edgar pararam onde estavam e viraram-se de costas. Amélia e eu estávamos bem a vontades, usávamos apenas um pijama de short e blusa, que ambos eram curtinhos. — Eu pensei que estavam prontas pela demora, ou vão me dizer que esqueceram? Leonardo Edgar queria cuidar de Amélia e seu filho. Ele não tinha nenhum herdeiro, nunca foi casado e sempre viveu de momentos e aventuras. Assim como minhas intenções com a Soley. Eu amo aquela mulher e também tenho inseguranças. Ela é linda, gostosa, independente, responsável e um c*****o de outras coisas e mesmo assim ama a mim, um cara tão errado, pelo menos assim que me vejo sem seu amor. Entrando no quarto de Soley e estava ela e Amélia juntas, deitadas na cama de bruços e com pijamas muito curtos. Havíamos combinado de ir jantar fora e aproveitar esta noite, já que amanhã estávamos de partida. Edgar e Mel decidiram ficar, Soley vai ficar com Yan enquanto Amélia não volta, ela insistiu nisso. — A gente só vai trocar de roupas, já tomamos banho. — Amélia veio até mim e fechou a porta por nossas costas. — E se comportem. Se não, já sabem… Edgar me olhou e sem opção voltamos para a sala de jogos do hotel, vamos dar mais meia hora para as garotas… — Há quanto tempo vocês se conhecem? Achei bem bacana a amizade de vocês, coisa rara hoje em dia. — Somos amigos de infância. Mas Amélia e Soley cresceram juntas, desde pequenas são amigas e eu as conheci no tempo da escola, até hoje somos amigos. — Soley e Amélia são amigas desde a infância, eu as conheci na escola e desde então, somos amigos. — Acho que deu pra entender. — Você sempre gostou dela? — Eu não sei qual é a do Edgar, mas já percebi que ele conhece a Soley é de outros rolês. — Da Soley? Sim, sempre gostei dela, mas vacilei muitas vezes e se hoje ela me quer, eu sou um cara muito sortudo. E vocês dois se conheceram como? — A gente se conhece da vida, faz um tempo e eu acho que foi em uma festa, desde então somos amigos até hoje. Eu sei bem o que Soley aprontava, as pessoas não são cegas e me diziam tudo. Edgar e ela não são apenas amigos e isso me preocupa, mas ele está com Amélia agora e espero que continue assim. — Eu sempre questionei pouquíssimas coisas em toda minha vida e essa é uma delas. Sei lá, é estranho como eu e a Mel não conhecemos você, conhecemos todos os nossos outros amigos e somente você foi um caso a parte, deve ser muito importante para a Soley. — Posso negar que estou com ciúmes, mas do que isso adiantaria? Afinal, eu estou louco de ciúmes mesmo e me controlando para não me aprofundar nesse assunto e descobri coisas que não iria gostar. — As pessoas têm segredos e não pense besteiras, somos apenas amigos e nada mais que isso. Eu moro no Brasil, portanto, deve ser por isso que a gente não se conhecia, mas acho que isso não é mais um problema, não é? Por mais que eu quisesse saber mais sobre isso, também queria aproveitar a noite. As duas estavam vindo em nossa direção com um mini vestido, ambas e nos deixando loucos.

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