CAPÍTULO 3
GIULIANNA
—Você acabou de fazer uma reverência para mim?— a voz rouca ecoa pelo corredor.
Levanto os olhos e encontro um enorme sorriso no rosto dele. Ele acha isso divertido.
—Bem, o que diabos você deve fazer com a realeza da máfia?
Eu suspiro quando percebo que acabei de dizer o meu pensamento interno.
Os seus olhos escurecem quando focam em mim.
—Quem disse a você que eu sou da realeza da máfia?
Eu respiro fundo algumas vezes.
—Você parece, mas eu estou apenas fazendo palpites aqui. Os seus homens parecem obedecer a todos os seus comandos. É apenas uma conclusão a que cheguei.
—Você é nova aqui?
A raiva diminui quando vejo a curiosidade surgir.
—Eu me mudei para cá há seis meses com o meu tio.
—Seis meses? Eu não te vi e você está aqui há seis meses? Como isso é possível?
—Bem, você não come aqui com frequência. Talvez, se você viesse, tivesse me visto mais cedo.
Um pequeno sorriso brinca no seu rosto, ele parecia um predador, cercando a sua presa.
—Talvez esteja certa.
—Bella!
O tio Guido corre para a corredor e para de correr, pensando que vai morrer.
—Está tudo bem aqui?— o meu tio pergunta.
—Está tudo bem, Guido. Eu estava apenas conhecendo a sua sobrinha. Ela é uma menina doce. Eu acho que gostaria que ela me servisse pessoalmente hoje à noite. Ninguém mais. ———Claro.
Lucca entra pela porta dos fundos e aguarda o próximo passo do seu chefe.
—Podemos?— ele gesticula para eu ir à frente dele. Eu hesito. Eu odeio dar as costas a um homem, especialmente alguém que se sente tão perigoso quanto este. A última vez que fiz, quase morri.
—Vamos lá, Bella—Tio Guido gesticula para mim.
—Continue Giulianna. Eu não vou te machucar— o meu nome saindo da boca dele quase como um sussurro.
Olho de volta para o homem e aceno com a cabeça enquanto vou para o meu tio.
Quando estamos na área de jantar, o meu tio me leva para a sala de reuniões. Ele dá um passo para o lado e me puxa para perto dele. O homem entra em seguida enquanto todos os homens na mesa se levantam. Eles esperam até que ele esteja no seu assento, e um por um vão até ele, apertam a sua mão e depois beijam a sua bochecha.
Quando todos terminam, ele se senta e eles seguem.
—Quem é ele?—eu sussurro para o meu tio e quando ele está prestes a sussurrar de volta, o homem se vira e encontra os meus olhos. Ele pisca uma vez quando o meu tio sussurra para mim. —Nicollo Caccini, chefe da máfia italiana.
A minha boca se abre e eu posso ver a diversão aparecendo no seu rosto.
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— O que diabos, foi aquilo Bella?— o meu tio me olha.
Servimos o jantar e as bebidas. Agora eles estão tendo a sua reunião, super secreta, enquanto todos nós sentamos na cozinha.
—O que?— eu pergunto a ele, fingindo não saber sobre o que ele está falando.
—O que aconteceu naquele corredor? Por que você estava sozinha com ele? Eu disse para você ter cuidado. Ele é perigoso, Bella.
—Eu estava indo para a sala guardar o meu celular. Eu não sabia que ele estaria lá. Inferno, eu nem sabia quem ele era.
—Bella. Você precisa aprender mais sobre essas coisas. Em vez de enfiar a cabeça na areia, você poderia ter estudado e conhecido. O que você disse a ele?
Ele só havia perguntado o meu nome e se eu era nova aqui— decido omitir a maior parte da história. Tenho certeza de que o tio Guido me mataria se soubesse.
—Ele poderia ter matado você. Você precisa ter muito cuidado com o que diz sobre esse homem.
Eu quero rir, mas não posso. A morte não me assusta como costumava assustar.
—Ok, tio. Deixa comigo.
Ele solta uns palavrões antes de pegar Isabel e arrastá-la para o escritório dos fundos. Eu me encolho ao pensar no que eles vão fazer. Cada um de nós teve o infeliz prazer de pegá-los no flagra antes.
É quase um rito de passagem para trabalhar aqui.
Mila e Liz me cercam quando Edu vai para o banheiro dos fundos para fumar.
Aparentemente, as portas para este lugar não podem abrir até que saiam todos, o que significa que estamos presas aqui até que esses homens resolvam ir embora.
—Então o que aconteceu? De verdade?
Conto todos os detalhes para elas e, no final, ambas parecem chocadas.
—Merda, Giu. O seu tio está certo. Ele poderia te matar por isso— Liz deixa escapar.
— Liz! Você vai assustá-la. Tenho certeza que você está bem. Quero dizer, ele pediu que você o servisse e somente ele— Mila diz.
Reviro os olhos para as duas.
—Ele não parecia querer me matar. Eu acho que está tudo bem.
—Ele acha que você também está bem— Mila mexe as sobrancelhas—Talvez ele queira que você o sirva mais tarde também. Na cama, ou num carro. Ou em cima daquela mesa.
Sinto um arrepio na espinha por suas palavras, não posso dizer que o pensamento não seja empolgante, mas já tive a minha chance com um homem perigoso e isso terminou horrivelmente. Eu não preciso de outra decisão r.uim, não quero me envolver com alguém assim de novo e nem entregar a minha virgindade para alguém como Nicollo Caccini.
—Isso não é uma opção— eu digo mais para mim do que para elas.
—Você não pode dizer a ele que não!— Liz exclama.
—Claro, eu posso, e vou. Não estou a venda. E não vou me entregar a um homem assim, mesmo que seja tão bonito quanto ele.
—Vamos apenas torcer para que não seja nada disso— Mila diz em voz baixa.
— Certo. Agora vamos jogar algumas cartas para passar o tempo— Liz diz enquanto tira um baralho de cartas do avental.
Horas depois, eles finalmente mandam alguém para nos buscar.
Voltando para a sala, tudo o que posso ver é fumaça. É óbvio que eles passaram as últimas três horas fumando nesta sala, como pode ser evidenciado não apenas pela fumaça, mas pelas várias pontas de charuto em um prato ao lado de cada homem.
—Você pode ir— Nicollo diz uma vez que estamos na sala.
No começo, pensei que ele estava falando de mim, ele estava olhando diretamente para mim quando disse isso. Em vez disso, dois homens se levantaram, apertaram a sua mão e beijaram a sua bochecha novamente antes de saírem da sala. Os outros se dividiram em grupos e começaram a conversar.
— Giulianna — Eu ouço a sua voz chamar e os meus olhos estão de volta nele.
Ele me chama na sua direção, e eu lentamente vou até ele sem tirar os olhos dele.
—Sim senhor. Como posso ajudá-lo?
Seu sorriso me diz que ele sabe o quão nervosa eu estou em pé na frente dele. Não sei por quê. Eu digo a mim mesma que é por causa do meu passado, mas, no fundo eu sei que é algo completamente diferente.
—Eu gostaria da sobremesa— ele diz com naturalidade enquanto os seus olhos examinam o meu corpo.
—Claro. Temos cannoli's ou um lindo bolo de rum italiano. Acho que ainda temos biscoitos pequenos também.
Seus olhos acendem um fogo no meu corpo, que não consigo entender, e claro eu sabia o que era isso mesmo sendo uma garota virgem, eu conhecia os sinais do meu corpo. No momento em que os seus olhos lêem meu rosto, posso dizer que é tão vermelho quanto uma beterraba.
—Eu estava pensando em algo com um pouco de mordida. Talvez algo que você tenha pessoalmente.
Eu estreito os meus olhos para ele, mas mordo a minha língua.
—Claro. Tenho certeza que se você gostaria de algo picante, temos um pouco de limoncello. Ou desde que você disse algo do meu estoque pessoal, tenho chiclete de hortelã na minha bolsa— eu digo a ele com o meu sorriso mais doce.
Os seus olhos enrugam quando ele sorri. Tomo um momento para admirar a sua beleza. Parte de mim se pergunta quantos anos ele tem, enquanto a outra parte me repreende por ser fraca. ——Isso é o que você recomendaria? Você acha que não há mais nada que eu possa aproveitar mais?— ele diz isso enquanto olha descaradamente para os meus s***s.
—Se você está pedindo a minha recomendação, recomendo que experimente o cannoli, é o melhor da cidade—então, em voz baixa, eu digo—Não estou sobre a mesa e agradeceria se você me olhasse nos olhos em vez dos meus s***s—dou um sorriso no meu rosto quando os seus olhos batem nos meus.
—Você é m*l-humorada. Eu gosto disso. Traga-me um cannoli.
— Por favor? — digo.
—O que?— ele parece confuso.
Aposto que esse homem nunca teve que usar boas maneiras em toda a sua vida. Tão acostumado a ter tudo entregue a ele também. Eu não me importo se isso me faz estúpida. Ele deveria ser educado.
—Traga um cannoli para você, por favor.
Ele abre um sorriso.
— Giulianna, você poderia me trazer um cannoli?
—Claro, Nicollo. Trarei logo— eu mostro a ele meu sorriso de um milhão de dólares quando me viro e me afasto.
Eu ouço a sua risada até a porta.
Olho de volta no tempo para vê-lo olhando para minha b.unda. Eu me viro e continuo andando com um pequeno sorriso no rosto.
Não queria achá-lo divertido, mas algo nele apenas falou comigo. Não posso deixar de ficar um pouco curiosa com ele, não importa o quão perigoso ele seja.