Continuação da história da Júlia.
Eu só conseguia ficar realmente tranquila quando os meninos escaparam e conseguiram ir para o sítio.
Quando chegamos lá, os outros caras ligaram para algumas meninas irem para lá e eu fiquei revoltada.
Júlia: Por que que vocês não ligaram pras meninas entrarem dentro do carro e passar o mesmo sufoco que eu? Eu que tive que passar sufoco com vocês e agora que tá todo mundo bem vocês querem chamar elas? s*******m do caralh0 - Falei cheia de marra.
Mestre: Porque não ia caber no carro, pô. Tu deu sorte ainda que tu foi sozinha e conseguiu se jogar no chão do carro porque se fosse com todo mundo, eu queria ver como que tu ia se jogar no chão do carro, ou tu ia ficar por cima ou alguém ia morrer dentro do carro.
Fiquei emburrada e fui para um dos quartos, esse sítio já foi muito visado, a qualquer momento podia ser invadido porque a polícia já conhecia a localização dele, logo em seguida o Mestre entrou no quarto.
Júlia: Tô muito estressada, preciso t*****r.
Mestre: Essa é das minhas.
Fizemos um sex0 gostoso, depois tomamos banho, colocamos a mesma roupa e fomos para a sala se sentar no sofá com os meninos.
Escutei uma barulhada no portão e me tremi na base.
Júlia: Caralh0, é os canas.
Todos se levantaram e o Mestre entregou a Glock para mim e pegou um fuzil.
Mestre: Qualquer coisa tu atira, luta pela tua vida. Eu não vou deixar nada acontecer com você mas você atira, não se entrega fácil porque vão querer te torturar porque você tá comigo.
Eu só conseguia pensar: Me Deus, eu vou ter que atirar em policial? Eu não sei fazer isso, me protege daí de cima, Jesus.
Um vaporzinho foi abrir o portão, porque se a gente escutasse o primeiro tiro, já íamos sair da casa atirando.
Suspirei pesado quando o vapor gritou que estava tranquilo porque eram as minas, os outros caras saíram da casa indo de encontro a elas e eu fiquei na casa com o Mestre.
Júlia: Porr4, tô tensa de novo, preciso ir pro quarto trans4r.
Mestre: Meu Deus - Riu - Então vamos.
Fizemos o mesmo processo, rolou todo aquele babado lá que vocês sabem, né? Quando nos sentamos no sofá novamente, bateram no portão.
Mestre: Caralh0, saporra já tá ficando de graça. Saporra já tá virando puteiro.
Quando outro vapor abriu o portão, ele gritou: "ACHO QUE A ÁREA TÁ LOMBRADA, PORQUE PASSOU DOIS CARROS AQUI EM CIMA OLHANDO PRA CÁ".
Já comecei a ficar nervosa de novo, depois de alguns minutos deu no rádio que estavam procurando os caras do carro vermelho, que era a gente.
Mestre: Vai embora Júlia, vai embora que vai lombrar e você vai tá aqui.
Júlia: Tá bom.
O vapor que olhava de uma janela falou para eu não ir, porque o carro preto estava indo embora dali. Disso que o carro passou, todo mundo ficou de boa, as meninas sentadas e eu sentada lá com eles também.
Mestre: Bora todo mundo pra praia.
Júlia: Cê tá de brincadeira com a minha cara?
Eu morrendo do coração porque quase morri com vocês e vocês tão querendo ir pra praia e ainda me carregar? Ah, eu hein, tomar no c/u, vou pra praia nenhuma, eu vou é embora - Falei me levantando.
Mestre: Qual foi pô? Fica aqui, o bagulho já tá de boa.
Júlia: Tô com um pressentimento r**m, quero ir embora. Eu pego a estrada de terra e quando chegar na cidade eu pego um ônibus, mas preciso ir embora daqui, já vai dar dez horas da manhã, tenho que ir pra casa.
Mestre: Beleza então Júlia, vou te deixar no portão.
Júlia: Tá bom.
Mestre me deixou no portão do sítio e me deu o dinheiro da passagem, me despedi dele com um selinho e saí dali.
Andei por toda a estrada esquisita com medo e quando cheguei na cidade peguei um ônibus. Nunca tive sensação melhor do que quando cheguei em casa naquele dia.
Tomei um banho, tirei a roupa e me deitei para descansar. Por volta de umas onze e meia da manhã, a minha comadre que era mulher de um dos gerentes da boca, bateu na minha porta. Me levantei para atender ela e abri a porta.
Júlia: Fala comadre.
Jamile: Garota, tu não sabe da maior!
Júlia: Conta.
Jamile: O TH acabou de me ligar falando que a tropa do Mestre tava no sítio com umas minas, a polícia chegou lá e cercou o sítio, pularam o muro de trás e as meninas que tavam no sítio foram tudo presa.
Júlia: Não brinca! – Respondi boquiaberta.
Depois que eu recebi essa notícia da minha comadre, eu vi que tinha me livrado novamente, Deus me deu dois livramentos em um só dia. Quase morri, mas não morri. E quase fui presa, mas não fui. Graças ao meu Deus.
Depois de alguns dias, o Mestre me procurou e me contou o que tinha acontecido.
Mestre: Caralh0 garota, tu é mandada, rapá. Papo reto, tu saiu do sítio não demorou nem cinco minutos os canas bateu no portão, a sorte foi que deu pra nós pular. As minas que ficou lá pô, bateram nas minas, falaram que iam levar elas presas se não dessem a gente.
Júlia: Nossa!
Mestre: “Conseguimo” se safar por pouco, “deixamo” o carro do parceiro lá e “corremo”, como era que nós ia se entregar por causa de umas porras dessas? Nem mulher da gente era, elas que se fod4m, porr4. Foram atrás da gente porque queriam, poucas ideias.
Essa fala dele me fez refletir bastante, já imaginam se eu estivesse ficado lá? Acham mesmo que ele iria se entregar por causa de mim? Nunca! Nunca que iria se entregar por causa de mim, e eu teria me fodid0 na cadeia ou em um cemitério.
Notas da Júlia: O conselho que eu deixo é que as pessoas não devem se envolver com trafic4nte, porque trafic4nte tem uma vida incerta, né? Uma hora tá ali, outra não tá. Pode ir preso ou também pode morrer a qualquer momento. O que mais importa para eles são as pessoas da família deles, se você for qualquer comidinha, você se f0de toda. Então, por experiência própria, eu digo a vocês que não vale a pena, as vezes pagamos o parto por algo que não é nosso, e as vezes, pagamos com a vida! Se cuidem, meninas/mulheres.
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Publicado dia 05 de Dezembro de 2021, ás 22:10.
Espero que tenham gostado da história da Júlia, próximo capítulo teremos uma nova história.