O sangue de Aurélio fervia enquanto entrava no seu carro. A sua vontade era de voltar para a festa e enforcar o homem com a gravata que ele usava. Ele tinha entendido que Oksana havia feito aquilo apenas na tentativa de fazer ele desistir dela, mas Aurélio lhe mostraria que ele não era um homem de poucos palavras.
Pegando o seu telefone ele liga para o seu subchefe Bernardo.
_ Oi chefe, do que precisa? - pergunta ele com a voz sonolenta.
_ Preciso que me mande toda a informação que puder sobre a máfia mexicana, principalmente sobre um tal de Carlos. - diz ele pronunciando o nome do outro homem como se fosse um palavrão.
_ Pode deixar chefe, até amanhã você terá tudo o que precisa sobre eles. - responde Bernardo.
_ Ótimo, não me faça esperar. - diz ele desligando.
Aurélio corta a noite ensandecido com o seu carro, ele sabia que Oksana estava jogando com ele, mas ele mostraria a ela que também sabia jogar, e começaria por Carlos, o seu escolhido.
Quando ele chega no seu apartamento vai direto para o banheiro tomar um longo banho, o simples pensamento de Oksana no vestido apertado daquela noite fazia o seu m****o ganhar vida, ele olha para baixo chateado, desde que tinha posto os olhos nela ele não desejava mais nenhuma outra mulher, os seus únicos pensamentos eram para ela.
Com um suspiro ele termina o seu banho frio e cai na cama, ele tinha negócios a resolver no outro dia e estaria voltando para a Itália, não sem deixar alguém de olho na sua bela dama, é claro.
Aurélio estava sentando num velho armazém, um cigarro entre os seus dedos enquanto observava os seus soldados se movimentarem a sua volta. Fazia alguns dias que ele tinha descoberto que havia uma organização roubando parte das suas cargas, e ninguém roubava Aurélio e vivia para contar.
Para ele não era uma questão de dinheiro, ele ja tinha mais do que poderia gastar na sua vida, era uma questão de respeito. Ele tinha um nome a zelar, uma reputação, e ninguém arruinaria o nome que ele havia criado no submundo. Ele sempre havia usado o nome do seu pai, mas tinha uma parte da sua vida que era desconhecida para todos, até mesmo para seus amigos mais próximos.
_ Eu juro que não fiz isso. - dizia o homem a sua frente. O seu rosto estava uma completa bagunça depois que Calebe tinha o encontrado tentando fugir.
_ Acha mesmo que eu me importo com isso, não sou nenhum moleque para saber quando alguém esta tentando mentir na minha cara. - diz ele exalando a fumaça do cigarro.
_ Eu juro! - insiste ele.
_ Eu não sou nenhum santo para você estar jurando aos meus pés, apesar que seria divertido ver você fazer uma oração para um dos meus soldados. - diz ele com um sorriso de canto.
Todos ali tinham entendido bem o que ele queria dizer, e o sorriso sugestivo que havia surgido no rosto dele deixava bem claro caso alguém tivesse alguma dúvida. O homem gela, os seus olhos arregalam-se e ele começa a tremer na frente de Aurélio.
Aurélio não dispensava um bom soldado, e ele tinha um que era especial, ele gostava de homens, e aquilo nunca incomodou Aurélio, pelo contrário, o homem era insano quando estava em campo, e era fiel a família.
_ Ele é todo seu, Esra. - diz Aurélio sorrindo.
Um soldado enorme se aproxima e pega o homem pela camisa e o sai arrastado, instantes depois os gritos dele enchem o lugar que eles estavam, aquilo era música para os ouvidos de Aurélio.
O caos.
O caos atraia Aurélio como uma abelha para o mel, ele gostava da desordem e enquanto o homem gritava os seus risos enchiam o velho armazém. Aquilo também era uma forma de ele extravasar tudo o que estava sentindo nos últimos dias. A ira que sempre estava no seu peito o fazendo ser mais insano do que de costume.
Assim que tudo fica em silêncio Aurélio deixa o armazém, não sem antes explodir o lugar com todos dentro. Aquilo era um aviso para todos que quisessem lhe desafiar no futuro.
Quando chega em casa encontra Dandara na cozinha com a babá, ele sorri ao ver a pequena tentando cozinhar. Ele havia aprendido muito nos últimos dias, as suas habilidades na cozinha estavam melhorando e Aurélio se sentia feliz por ver que parte da sombra que havia no seu rosto estava sumindo.
_ Olá meninas. - diz ele indo até elas e dando um beijo na testa de cada uma.
_ Eu já sou velha menino. - diz ela sorrindo.
_ Para mim você é apenas uma garota babá. - diz ele piscando para ela.
A velha senhora ri daquilo, Aurélio era incorrigível, mas ele amava cada pequeno detalhe do menino que tinha ajudado a criar, e olhando para ele ela sentia se coração se encher de amor.
_ Espero viver o resto dos meus dias ouvindo você com essa alegria querido. - diz ela passando a mão no rosto dele. Ela conhecia cada detalhe da vida de Aurélio e sabia bem o que ele tentava esconder de todos, algo que ele jamais conseguiria fazer com ela.
Dandara observa a conversa deles sabendo que havia bem mais do que eles estavam dizendo, ela podia ver aquilo pela forma que a senhora a sua frente olhava o seu padrinho, mas ela não interferiria não tinha esse direito e respeitaria a vida particular deles.
No tempo em que estava ali, ela já tinha percebido que havia muito que não era dito, mas que o sentimento sempre estava presente, e havia descoberto que o homem a sua frente era bem mais que o sádico que todos pintavam, e algo que sempre a deixava curiosa era a sombra que sempre havia nos seus rostos, Dandara queria poder saber o que o atormenta durante as noites. Várias vezes ela o tinha encontrado na sala ou na cozinha sozinho e aquilo a deixava triste, pois sempre que olhava nos seus olhos ele não vai felicidade, era a penas a resignação com algo que ela não sabia e que tinha certeza que ele jamais lhe diria.