Capítulo 13

1013 Words
O resto da semana de Aurélio passou voando, ele e Bernardo trabalhavam arduamente para conseguir encontrar o último homem que frequentava a casa de Luciano, o desejo de vingança ainda queimava nas suas veias, mas o homem era cuidadoso e já tinha fixado sabendo do que tinha acontecido, então ele sabia que ele devia estar se escondendo em algum buraco. Ele passa a mão por seus cabelos frustrado, o seu peito queimava com o desejo de sangue, mas ele se negava a ceder aos seus impulsos, nunca terminava bem quando ele sedia. Resmungando ele sai do seu quarto, usava apenas uma calça de moletom, no seu peito havia uma tatuagem de uma fênix bem em cima do seu coração. Ele havia feito aquela tatuagem com a permissão de Ricardo, ele agora era oficialmente m****o da Fênix, mesmo que esteja envolvido com outras coisas. Ao chegar na cozinha ele caminha em direção à geladeira, mas esbarra em alguém no escuro da noite. Ao olhar para baixo ele encontra os olhos assustados de Dandara, ele podia ver todo o pavor dela ao encará-lo. Aquilo não devia-lhe incomodar, afinal, ele era o monstro da máfia, a suas mãos pingavam sangue e contaminava tudo o que tocava, mas ver a forma que ela o olhava o incomodava, ele se perguntava se todas as mulheres o via da mesma forma que ela. _ Eu... eu... - ela tentava formular uma frase, mas as palavras não deixavam os seus lábios. _ Não se preocupe Dandara, - diz ele desviando dela e acendendo a luz da cozinha. - Aqui ninguém vai tocar em você, tem a minha palavra. Aurélio pega um pedaço de bolo na geladeira e se senta num banquinho. Ele não olha mais para ela, um olhar de nojo para ele já era o suficiente por uma noite, então quando ele ouve o banquinho a sua frente ser puxado ele fica surpreso, mas mesmo assim não ergue a cabeça e continua comendo. _ Obrigada. - diz ela chamando a atenção dele. _ Por quê? - pergunta ainda sem olhá-la, Aurélio imaginava que ela se sentiria melhor se não olhasse nos seus olhos. _ Por não me vender. - responde ela com a voz tremula. Aurélio ergue a cabeça e encontra os seus olhos marejados o fitando, havia tanta dor estampado neles que por um momento Aurélio apenas se calou enquanto a observava. _ Faço muitas coisas ilegais, mas trafico humano não é uma delas. - diz ele antes de se voltar para seu prato novamente. _ Quando a doutora me disse que o senhor queria que eu me casasse achei que estava me vendendo. - diz ela tirando coragem de onde não tinha para o questionar. _ Estou te casando, porque é a única forma de mantê-la segura e intocável. Calebe mataria qualquer um que olhasse para você. - diz ele de forma tranquila, como se aquilo fosse apenas mais um detalhe. _ Eu entendo, - diz ela com um suspiro. Aurélio se levanta, pega um prato e vai até a geladeira, corta uma fatia de bolo e coloca na frente dela junto com um copo de suco. Em silêncio ele volta para o seu lugar e continua comendo. Dandara olhava para o prato com um sorriso no rosto, era a primeira vez que alguém lhe servia algo e vindo do Don da máfia ela sentia-se muito honrada com aquele gesto. _ Posso fazer uma pergunta? - diz ela após um longo silêncio. _ Faça. - responde ele. _ Por que o Calebe? - fazia dias que Dandara pensava naquilo, mas ainda não tinha tido coragem de perguntar, mas naquele momento enquanto observava o homem a sua frente ela resolveu se arriscar. _ É bem simples, - responde ele levantando-se e indo lavar o seu copo na pia. - Ele passou pelo mesmo que você. De tudo que ela havia imaginado, não pensou que era justo por aquele motivo. Sempre que olhava para Calebe ela percebia o quanto os seus olhos castanhos estavam escuros, como se uma sombra sempre pairava por eles e agora ela entendia o porquê. _ Boa noite Dandara. - diz ele saindo da cozinha depois de lavar o seu prato. Aurélio sacudia a cabeça pensando no que tinha dado nele para ter aquele tipo de conversa, enquanto subia as escadas ele encontra Bernardo na varando fumando, ele caminha até ele e toma o cigarro da sua mão dando uma longa tragada. _ Noite difícil? - pergunta Bernardo. _ Infernal seria a palavra correta. - responde ele soltando a fumaça do cigarro após uma longa tragada. _ Quer dar uma volta? - pergunta Bernardo. Ele sabia que quando Aurélio estava daquele jeito só tinha uma coisa que o acalmava, sair para caçar. _ Não, vai dar merda se eu sair agora. - responde se encostando nas grades da varanda. _ O casamento e amanhã, deve ser por isso. - responde Bernardo o lembrando do casamento de Calebe com Dandara. _ Merda! Já tinha me esquecido disso. _ Não se preocupe, já liguei para o padre, será apenas nós na cerimónia. - Bernardo era sempre muito atento aos detalhes e havia percebido que a mente do seu chefe estava em outro lugar nos últimos dias. _ Melhor assim, ou vamos acabar com um padre a menos. - diz ele rindo. No último casamento na organização Aurélio tinha se estressado com a demora do padre e ele tinha acabado dando um tiro no homem para adiantar a cerimónia. _ Não tem medo do castigo divino? - pergunta Bernardo com um sorriso de canto. _ Não, ou se esqueceu que o céu é apenas para os bons meninos. - responde ele virando as costas e saindo. Ao longe ele ouvia a risada de Bernardo. Aurélio não se iludia, as coisas que ele fazia eram imperdoáveis aos olhos da sociedade. Ele não era um herói, gostava de dinheiro e trabalhava muito para aumentar a sua riqueza todos os dias, ele era aquele que aparecia na noite escura para matar o mocinho de um romance, e o fazia sorrindo.
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